quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um ano de Obama

Na entrevista que concedeu à sua apoiante Oprah, esse colosso da televisão americana, o actual Presidente dos EUA classificou-se com B+. Não pode dizer-se que seja humilde...
Passaram 365 dias sobre a sua nomeação. Independentemente do alto conceito em que ele próprio se tem, que podem os outros dizer dele? Não sou obamista. Por isso vou tentar ser realista.
Obama herdou uma guerra em duas frentes, uma economia em colapso e o prestígio do país profundamente abalado. A sua resposta à situação, que mobilzou dois milhões de pessoas ao Capitólio, foi ouvi-lo falar de esperança, com o seu célebre "Yes we can".
Mas os problemas não se resolvem com slogans e um ano decorrido Obama confronta-se com uma das mais baixas taxas de aprovação de presidentes americanos: ou seja, 50%.
Aconteceu o mesmo com Reagan. E não foi isso que o impediu de ganhar dois mandatos, nem tão pouco, de ser considerado um dos mais influentes presidentes smericanos.
Só que 2010 vai ser marcado pela próximas eleições para o Senado e o partido democrata está perder agressivamente terreno por causa do desemprego e do défice. Ora Obama "precisa" da maioria dos votos do Congresso para fazer passar as medidas que pretende levar a efeito. E, o que parecia fácil, devido à maioria democrata, pode vir a tornar-se um pesadelo. Porque é no seio do seu próprio partido que grassa a desilusão. Como um mal nunca vem só, os independentes - essa outra sua grande base -, estão também a desertar.
Obama vai ter vida dura nos próximos tempos e nem o Prémio Nobel - recebido um pouco inesperadamente - lhe vai facilitar a batalha. Quase arricaria dizer "pelo contrário".
É o que acontece quando colocamos as expectativas muito altas e nos consideramos excelentes...

HSC

14 comentários:

  1. As expectativas foram grandes em todo o mundo e continuam a ser - fora dos EUA. A sua popularidade interna caiu 20 pontos percentuais por três ordens de razão:
    Primeiro, a implementação do novo sistema de saúde que desabilitava 40 milhões de americanos de ter acesso a cuidados médicos mínimos e decentes (parece que os outros 268 milhões não são lá muito solidários...);
    Segundo, em um único ano não há milagres, e questões tão fundamentais, que perpectuam em todo o mundo dito desenvolvido, como o desemprego e a subsequente pobreza, jamais são para ser resolvidas neste curto espaço de tempo;
    Last but not the least, um presidente americano só pode tentar convencer persistentemente, e nunca mandar e transformar, toda uma máquina inimaginavelmente gigantesca de interesses político-económicos há muito, ou desde sempre, instalada desde o Plano Marshall...
    Falamos daqui a quatro anos, se Deus quiser.

    Abreijo,

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  2. É curioso que não simpatizava com todo o conceito à sua volta, nem especialmente com ele, mas agora, que as coisas não correm tão de feição, que as críticas se levantam agudas, que a realidade se ergue dura e áspera face ao inicial cenário tão colorido, sinto... solidariedade.
    Sinto empatia com a vontade que ele (e toda a entourage e, no fundo, toda uma grande nação) demonstra(m).
    Porque tudo se ajustou à verdade do concreto, do posível, do palpável, dissipando aquela neblina irreal, e surgindo o homem. Foi-se o mito.
    Queira-se que um dia se torne, sim, mito desmesurado, porque aí a vitória não seria só dele, mas de todos.
    Só que... já não há heróis.
    Talvez alguns mártires.
    Que Deus o proteja.
    E a nós.

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  3. Não sendo igualmente “Obamista” (ainda que respeite o homem), julgo, porém, que o passado recente nos EUA (daquela que foi uma das mais aviltantes Administrações norte-americanas) foi no mínimo condenável. Por razões de política externa e política económica interna. Daí que o que me ocorre dizer, de momento, a este propósito, é: “há que dar tempo ao homem!” E os Republicanos deviam era pôr a mão na consciência. Aquilo que foi o mandato do Sr. Bush junior (já o pai tinha sido outra lástima) não serve de referência. Quanto ao facto de Obama se auto-qualificar de B+ , haverá que compreender que se um Presidente for o primeiro a colocar-se numa posição diminuta perante o seu próprio povo, então que esperança pode essa mesma população ter no futuro do seu país? Acho que fez bem. Os EUA precisam de ânimo, ainda que assente na verdade do que se está a passar por lá, daí que é essencial manter a moral em alta! E “nós por cá?”
    P.Rufino

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  4. Helena: poderá parecer que o que vou dizer a propósito do seu artigo sobre o Obama é descabido. Sê-lo-á. Imagine que, depois de o ler, a minha mão esquerda (sou dextro), cheira a tabaco! Não fumo há 20 anos, mas, pergunto, por que é que este artigo me fez voltar a ter esse " déseo"? Fiquei curioso. Digo-lhe, Helena, este cheiro a tabaco (bom) mata-me saudades. Quel plaisir! Raúl.

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  5. Raúl seja criativo e utilitarista nos vícios. O do tabaco mata...
    Paulo vamos dar tempo ao tempo.
    P.Rufino o Irão e o Afeganistão não o preocupam? Há outros aspectos, aliás que me preocupam. Mas falarei deles noutro post.

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  6. A importância de se chamar RAUL...

    Sempre leva a resposta...

    VIVA O VICIO...

    EHEHEHEHHEHE...

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  7. Bem, minha cara Helena, tudo mata. Um existencialista diria que o facto de se estar vivo mata... Mas, como disse, só ficaram as saudades porque não fumo há vinte anos... Mas que sou um hedonista, lá isso sou! Raúl.

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  8. Cara Helena,
    O Irão e o Afeganistão preocupam-me sobremaneira! Agora qual o sentido da pergunta? Que a “coisa” está ser mal conduzida por esta Administração (demasiado “Soft”)? Ou que se deveria ir pela tese reaccionária e radical de Israel de “escavacar” Teerão e o seu regime e ser mais “pro-active” no Afeganistão? Obama, tanto quanto deu para perceber, agirá nesses conflitos em conformidade com o que quer a Nato, ou as NU pensam sobre ambos os conflitos e não o que interesses instalados como os da Indústria o Armamento, Petroliferas e “quejandos” entendem, como sucedia até há pouco. É certo que os EUA aumentaram a sua presença militar no Afeganistão, contrariando o que ele, Obama tinha prometido, que Guantanamo ainda continua, etc, etc. Mas por outro lado, julgo ter sido um acto de coragem e de preocupação social a defesa (e subsquente aprovação) do novo sistema se saúde, que ele fez, por exemplo.
    Estimada Helena, nao tenho, nem nunca tive, ilusões sobre os EUA. Ali impera apenas e só o interesse privado, da empresa privada, de cada um por si e “os outros que se lixem” (desculpe-me a expressão), do vale tudo para se obter o que se quer, o individualismo sobre o colectivo (sem com isto estar a defender teses extintas praticadas por regimes autocráticos, de um passado que já algo distante). Não, os EUA não me seduzem, longe disso. Todavia, há que ser razoável e perceber que algo mudou e, em minha opinião, para melhor. Oxalá não me engane, mas não me parece. Quanto ao Nobel da Paz...enfim, se olharmos para outras atribuições anteriores, veremos que o problema não é de quem o recebe, mas reside em quem o atribuí. Quanto ao desemprego, só o tempo poderá dizer se as medidas tomadas pela sua Administração foram as ideais. Há que dar algum tempo. Tal como aqui pela Europa. O déficit é outra coisa. Enquanto se insistir em”esbanjar” na Defesa (como com a indústria do Armamento e tudo o que directa, ou indirectamente com ela esteja relacionado) biliões e biliões de USD, desnecessários e não se cortar radicalmente com essas e outras despesas (a indústria Farmacêutica beneficiou outros tantos milhões e milhões com contratos estatais, por exemplo), será sempre difícil combate-lo. Sobretudo, quando se sabe que se pode financiar essa dívida com recurso à emissão de mais papel moeda. O USD não é propriamente o peso argentino. É a moeda de pagamento ao FMI, ao Banco Mundial, do valor do Petróleo, de referência internacional. Mas apesar de muita asneira, anda dou o benefício de alguma dúvida. O que nunca dei quanto à anterior Administração logo no primeiro dia. E nunca me arrependi um momento que fosse (o que se passou ao longo desses 8 anos deu-me razão). Tornou o Mundo mais perigoso e afundou a herança económica deixada por Clinton. E meteu-se em aventuras perigosas que tiveram como consequência “estimular” o ódio de radicais islâmicos contra os EUA e o Ocidente. Sem necessidade.
    Abraço!
    P.Rufino

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  9. "... É certo que os EUA aumentaram a sua presença militar no Afeganistão, contrariando o que ele, Obama tinha prometido, que Guantanamo ainda continua, etc,".
    Tocou exactamente no ponto que eu queria abordar.
    Não sou de direita nem de esquerda, tenho dito. Ãcha que eu defenderia o escavacamento do Irão e do Afeganistão? Acha que eu sou reaccionária? Não sou não, mas não me revejo minimamente nas políticas que têm vindo a ser seguidas e temo que, no futuro, Obama se veja forçado a ceder, agora que não possui a larguíssima maioria que detinha e que lhe permitiria fazer passar as medidas que deseja implementar.
    Assim pergunto-lhe meu caro P.Rufino: o que pensa que Obama vai fazer?

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  10. Anónimo, viva o vício...mas morto que prazer lhe dá? Dá mas é uma série de trabalhos a quem tenha de o tratar até dizer "adeus"!

    EH!EH! :))

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  11. Vai continuar no Afeganistão, não vai resolver o conflito Israelo-Palestiniano, manterá Guantanamo, falhará no combate ao Terrorismo, etc. Julgo que conseguirá "levantar" gradualmente a economia norte-americana, todavia. O Mundo será menos perigoso e talvez ainda venha a perder, a exemplo do pai Bush, a sua recandidatura. Ou talvez não, quem sabe! Mas, de momento, continuo a dar-lhe o benefício da dúvida. Um país daqueles, leva tempo a mudar. Muito tempo. Quando digo mudar, quero dizer melhorar. Porque para fazer pior é fácil. Basta ir de encontro a uns determinados Lobyies e satisfaze-los. E depois vem a asneira. Com Obama fico a aguardar.
    Renovo abraço de muita consideração,
    P.Rufino

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  12. No meio de tudo isto, este filme foi bem apanhado. :)

    http://video.yahoo.com/watch/6686597

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  13. Caríssima Senhora Drª Helena Sacadura Cabral, tem toda a razão ao falar de efeito de Sebastianismo salvífico na conjuntura da grande crise internacional 2008/2009 e nacional dos EUA. Foi, aliás, a aura de carisma e a mensagem de Esperança que lhe granjeou o Prémio Nobel da Paz, pois até à data pouco se tinha visto de uma estratégia pragmática! A Academia Sueca deverá ter pensado que seria mais mobilizador dos povos de Boa Vontade agir contra o infórtunio da grande crise global. Considero, também, que Obama tem este património de subjectividade emocional que poderá servir de catalizador da mudança social no sentido de algum apaziguamento internacional.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  14. Caríssima Senhora Drª Helena Sacadura Cabral,

    tem toda a razão ao sublinhar o efeito de Sebastianismo salvífico universal na adesão generalizada de grande parte da opinião publica mundial à causa de Obama na conjuntura da grande crise económico-financeira internacional de 2008/2009 e nacional dos EUA. Foi, aliás, o seu carisma e a sua mensagem de Esperança num mundo de crescentes incertezas que o catapultou para o Prémio Nobel da Paz, ao invés de ter sido uma obra concreta eivada de pragmatismo, pois pensou-se que ele poderia ser o factor mobilizador para agir contra o infortúnio da crise global, como o Senhor Dr. Mário Soares tinha vindo a chamar a atenção nos seus artigos publicados em vários jornais e compilados em livro no início de 2009 (Mário Soares, Um mundo em mudança, 2009). Considero ainda que este património de subjectividade emocional, introduzido pelos Obamistas, poderá ser um catalizador da mudança no sentido de algum apaziguamento internacional pela via da introdução da inteligência emocional às relações internacionais.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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