domingo, 27 de dezembro de 2009

Lição exemplar

Recomecei a vida que, neste período natalício ficou, como sempre, em suspenso. Lembrei os que partiram mas, finalmente, a tristeza começou a desaparecer.
Hoje era o aniversário da morte de um grande amigo meu. Fui à missa em sua intenção, como ontém fora à de minha mãe. Nada de surpreendente, portanto.
Só que em ambas as ocasiões sucedeu algo de inesperado. Refiro-me ao coro que acompanhou ambas as celebrações. Exactamente. Um coro de cinco negros fabulosos que, de forma perfeitamente inesperada cantaram, em batuque, os vários cânticos de Natal, surpreendendo tudo e todos. A vertigem do ritmo foi tal que, em ambos os casos, levou - pelo menos, a mim - a que a lembrança da morte fosse sentida como uma verdadeira glorificação da vida.
Saí dali aturdida. Mas em paz e, de novo, conciliada com a alegria. Aquele quinteto - que estava longe de ser de jovens -, numa espécie de sinal, havia-me mostrado que era chegada a altura de honrar os meus mortos com alento e não com tristeza. Lição exemplar!

H.S.C

8 comentários:

  1. E o Espírito Criador, faz das mãos e das vozes humanas o seu "veículo" para que o possamos percepcionar e partilhar a alegria de viver, mesmo com quem já partiu... o Dom da Vida está em todos os pormenores, mas o Homem através da arte, consegue impor o que a Natureza lhe exige ... Alegria para poder criar, aperfeiçoar e partilhar.

    Bem haja pela partilha desta experiência, Helena! :)

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  2. Nem sempre é fácil honrarmos os mortos com alento. Uns dias sentimos energia suficiente para isso. Outros há em que a tristeza abre de novo a cicatriz da saudade deixada. Resta-me o conforto de considerar-me uma privilegiada por um dia ter feito parte da vida de alguém tão especial (o meu pai), que fez de mim (também) quem sou hoje!
    Obrigada pela partilha!
    Ana

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  3. ...é mesmo
    uma lição exemplar.

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  4. Acabo de fazer um estudo histórico sobre um cemitério algures neste país. Com ele mudou-se radicalmente a minha concepção sobre a morte. E tive a sorte de ter encontrado um pequeno poema que me explicou essa viragem e o que a Helena(permita-me a ousadia de me dirigir assim) sentiu nessa missa cantada. É de um poeta africano, julgo que moçambicano e reza assim:

    Os mortos também se amam
    Acasalam-se à terra
    E fazem-se lenda
    Para que novas gerações
    Se amem mais e melhor…

    Filimone Meigos

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  5. CARA HELENA

    Saudade dos que partiram, essa dolorosa provação da nossa curta existência.
    O Natal deixa-nos entre a bruma do real e o inatingível...
    Que paz essa que impõe presença quase forçada...
    Com elevada estima
    Desta sua Admiradora
    Que bom que está de volta

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  6. Caríssima Helena,
    quero dizer-lhe que foi um gosto conhecer este blog e apreciar o que aqui se publica.
    Desejo um ano de 2010 repleto de inspiração, paz e muita saúde.
    Um beijo
    Helena Figueiredo

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  7. Sem dúvida uma fantastica lição. Depois de ler este seu texto até vou repensar a minha maneira de honrar quem já partiu.
    Acredito que o coro fosse fantastico e só tenho pena que no norte não bafejem esses canticos.

    boas entradas em 2010.

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  8. Sorte a sua cara Helena em ter ido à missa e ter ouvido um excelente coro.
    Eu também fui à missa no dia 24 às 18 h, fui nao, fomos todos. Mas a senhora que da o tom aos cânticos, canta "comme une casserole" e o pior é que ninguém tem coragem de lhe dizer. Depois nao é de admirar que so 4,5% dos catolicos em França vao à missa (resultados de uma sondagem realizada na semana passada).

    Bom, o que salvou aquilo tudo (fala a mae galinha) foi que a minha filha Inês com a sua voz melodiosa de 9 anos fez uma leitura e como France 2 estava la, a pequena abriu o telejornal das 20h. Dona Clara, a super irrequieta (4 1/2 anos) também apareceu no boneco sentada no chao, no altar. Enquanto que o Raphaël fez bem o seu papel de adolescente resmungando cada vez que Mme. Elisabeth F. recomeçava a cantar.
    Com eles, nem na missa se tem paz...e como nem a musica ajuda...

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