segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Jacques Delors

Jacques Delors não precisa de apresentação. Trata-se de um mito, que o é pela simples razão de que muito do que de bom se alcançou nos últimos decénios tem, de uma forma ou de outra, a sua marca.
Na notável entrevista que concede ao El País de hoje, o ex Presidente da Comissão Europeia tece uma série de observações sobre a Europa, que devem ser lidas com a maior atenção. Num post dum blog não é possível abordar todas. Por isso, permiti-me transcrever, apenas, as chamadas que o jornal faz, para dar uma pálida ideia do muito que lá se afirma. Assim:
  • O dolar é corrosivo e indispensável. Convém um sistema monetário mundial baseado numa cesta de moedas;
  • Criar valor converteu-se numa ideologia com desprezo pelo risco; hoje cria-se riqueza antes de a produzir;
  • A Alemanha governa em Berlim, a França toma-se pela "Grande França" e o Reino Unido é cada vez mais anti europeista;
  • Necessitamos de lideres que tenham visão a longo prazo e que defendam interesses comuns;
  • A UE ainda não alcançou a minha esperança: um espírito de autêntica cooperação;
  • A crise de valores consiste no facto de que neste mundo tudo se compra. Nós defendemos os sonhos que o dinheiro não compra.

Finalmente, e em sub título da entrevista, aquilo que sobressai em toda ela: "Se a Europa não se integrar, serão os Estados Unidos e a China a mandar".

A tradução do espanhol não será a mais correcta, mas tudo o que aqui escrevi está lá. Aconselho vivamente quem possa, a ler na íntegra toda a entrevista. Vale mesmo a pena!

H.S.C

18 comentários:

  1. Jacques Delors aqui quase parece um anti-europeu. Mas afinal o que é que falta à Europa, ou o que é que sobra? O RU, já sabemos, mesmo antes da UE (olhe, o "Mapa cor-de-rosa", por exemplo) sobra, como sobra, agora, a Polónia. A Hungria parece-me bem estar "parmi ces lieux!"

    Mas regresando ao J D: o § é essencial? Bem, Helena, eu não sou economista, mas, egocentricamente, gostava do €, "pour une fois", em alta, i.e., mesmo acima, e sobretudo, da £ (são tão bons....inhos., logo desde o casamento do D. João I com uma Princess of the House of Lancaster...

    ResponderEliminar
  2. Li a entrevista toda. Para mim, não passou de um arrazoado de clichés de alguém, como tantos outros, que ainda não percebeu que a união política europeia foi, é e será sempre uma utopia, A Europa, sob a capa de algum verniz diplomático, não consegue esconder uma passado recente banhado de sangue. E há mais de dez anos que os EUA são suportados pelos BRIC. E atenção, os chineses não prescindem do seu yuan: «A China atrelou o yuan a uma cesta de moedas estrangeiras, composta pelo dólar, pelo euro, pelo iene e pelo won (moeda sul-coreana). O valor final do yuan passou a ser anunciado a cada dia pelo banco central do país e esse valor será a média para a negociação do dia seguinte.» Resta saber a dimensão de sua massa monetária...

    ResponderEliminar
  3. Que coisa magnifica par ser dita:

    La crisis de valores consiste en que en este mundo todo se compra. Defendamos los sueños que el dinero no compra"

    Vale a pena pensar nisto, por ter sido dito por quem foi...

    ResponderEliminar
  4. Quero acreditar que a Europa pode não ser uma utopia e mesmo esta palavra não significa semanticamente "impossibilidade real", como se tem querido dar a entender... Mas, enfim, deixem-me ter esta crença. E luto por ela, como luto por todas as minhas crenças. Raúl Mesquita.

    ResponderEliminar
  5. vi-a na SIC que é o seu aniversário.... parabéns e que possa ter uma longa vida de qualidade.

    ResponderEliminar
  6. Raul quem me dera ter a sua crença na Europa. Mas não tenho!
    Paulo está muito intolerante e olhe que eu sou uma céptica da Europa. Mas a entrevista não é um arrazoado de clichés. Pode não se estar de acordo. E eu até nem estou com muito do que se lá diz. Mas respeito Delors.
    Quem me dera respeitar tanto os meus governantes...
    Quanto ao M3, isso dava uma longa conversa!

    ResponderEliminar
  7. Conceição obrigada. Eu continuo a gostar de fazer anos...

    ResponderEliminar
  8. Serve o presente comentário só para dizer:

    MUITOS PARABÉNS, BELOS ANOS PASSADOS, PRESENTES E FUTUROS DE VIDA!

    BEIJINHOS FIRMES! DIVIRTA-SE MUITO, AS USUAL!

    (Mais tarde voltarei aqui à discussão para responder ali ao "primo" e prezado Raúl e à aniversariantE...)

    ResponderEliminar
  9. Todas as senamas tento vê-la na SIC e hoje é um dia do seu aniversário, parabéns que a sua alegria que nos contagia seja por muitos anos
    Paula lopes

    ResponderEliminar
  10. Parabéns pelo seu Aniversário Querida Helena! :)
    Um abraço grande.

    Quanto ao que penso da UE, é que não está à altura de uma cooperação e muito menos, que os seus líderes tenham objectivos comuns. A única coisa que penso que já têm como fim comum, é que estão mais fortes em relação aos seus cidadãos. Apenas isso. Quando tudo começar a correr mal, quando a fome se alastrar, os refugiados das catástrofes ambientais a aumentar, as fronteiras irão fechar-se. Os recursos estão a esgotar-se.
    Pelo que ouvi numa entrevista sobre o Tratado de Lisboa no 2º canal e se a Europa não se coloca numa posição de força, face ao exterior, como afirmaram nessa entrevista, fica mais forte em relação a quem? Ao cidadão.
    Devemos pois contar com um Estado Federal Europeu, policial muito semelhante ao Chinês. Por alguma coisa é que o Durão e o Obama estão constantemente a viajar para a China. Talvez queiram tirar o modelo do Regime (?). Algo me diz que tanto armamento armazenado, não é de todo bom sinal. Como sabemos o ano 2008, Ano da Crise, foi o ano em que a China, seguida dos EUA e depois UE, mais investiram em armamento, excepto a Alemanha.
    Veremos se os líderes são o que penso, no final desta cimeira em Copenhaga e se estão preocupados com os cidadãos do Mundo e/ou Europa e não apenas com dinheiro.
    Penso mesmo que a China é quem vai mandar... desde miúda. São muitos e trabalham como formigas, numa super-organização. Ainda há poucos dias, ouvi uma chinesa dizer em português toda orgulhosa, que o Estado Chinês sempre foi forte e irá ser o mais forte. Acredito nisso. Ainda tantos se preocupavam com a Guerra Fria USA/URSS e já eu dizia, que a China iria ser a potência a liderar o Mundo... sempre a trabalhar à porta fechada e em silêncio... Acredito que os EUA equilibrem as forças.

    ResponderEliminar
  11. Com 5 minutos de atraso : Feliz Aniversario, Cara Helena.

    ResponderEliminar
  12. Não sabia: Muitos Parabéns Helena! Também gosto muito de fazer anos!

    ResponderEliminar
  13. Caro Raúl,
    Vamos então falar semanticamente da palavra "utopia", mas antes morfologicamente: Foi inventada por Thomas More pela agregação de duas palavras gregas que significam "não-lugar". Na sua desambiguação significam mesmo impossibilidade; realidade fantasiosa; crível, mas impossível de lá chegar. É o título da mais conhecida obra daquele autor em que se baseando na ilha Fernando de Noronha, escreveu sobre uma comunidade, uma sociedade dita perfeita. Politicamente, foi uma obra precursora do Marxismo e do Anarquismo (uma com Estado, outra sem Estado). Posteriormente, surgiram movimentos distópicos. No Parlamento Britânico é famosa a frase de Stuart Mill: «É, provavelmente, demasiado elogioso chamar-lhes utópicos; deveriam em vez disso ser chamados dis-tópicos, ou caco-tópicos. O que é comummente chamado utopia é demasiado bom para ser praticável; mas o que eles parecem defender é demasiado mau para ser praticável.»

    Mas, por favor, Raúl, as crenças não se discutem! Abraço.

    Cara Helena,
    Não tenha dúvidas que respeito Delors e toda a sua obra em prol da União Europeia; aliás, ele é parte dela. Mas sou suficientemente céptico para pensar que a Europa nunca passará de uma União Económica (nem sequer o é hoje totalmente), com alguns pontos de intercepção políticos e judiciais, mas jamais chegará, federativamente falando, a qualquer Estados Unidos da Europa. Os impedimentos são de tal forma pesados, intrínsecos e visíveis para colocar mais de quinze línguas diferentes e mais de 27 países (por ora) a seguirem uma só política interna e externa concomitantemente. Sua existência enquanto União económica só assume valor acrescentado na formação de uma só moeda e seu peso perante as outras três mundiais. Mesmo assim, sabe perfeitamente que a velocidade de circulação do euro é muito inferior à do dólar ou à do yuan e se com isso somarmos o produto e a massa monetária (M0-3) de cada bloco, céus!, estamos conversados.

    Desculpem a "seca".

    Cumprimentos,
    Paulo

    ResponderEliminar
  14. Meu caro Paulo
    "Les bons esprits se rencontrent toujours", direi eu, que hoje estou dada a finuras, depois de levar um almoço de aniversário - o meu - a falar do antigo e actual Ministro das Finanças.
    Não somos uma família completamente maluca, mas andamos lá próximo. Tinhamos só... três opiniões completamente diferentes. Eu detestando a mentira que nos foi impingida e eles, políticos, a tentar lobrigar um lado positivo, mínimo que fosse, para uma ponte triangular. Nada feito. Eu não estava para contemporizar...
    Vi o seu post e regalei-me. Também eu não acredito nos Estados Unidos da Europa a falarem inglês a 27 e a dividirem o poder a três, todos com vontade de deglutir os dois restantes, dado que os 24 remanescentes já foram "comidos" há muito tempo, salvo seja!
    Pois é, pensamos os dois o mesmo nesta matéria por motivos que, somados, até davam uma boa tese.
    Ooop's a seca, agora, foi minha. Desculpem!

    ResponderEliminar
  15. Caro Paulo:

    Não discutirei crenças, mas então o que é se pode discutir: factos?
    Tem razão quanto à morfologia da palavra: " oú + tópos" (a não-região), mas o livro de Thomas More, como sabe, descreve Utopia como "a melhor das repúblicas", um lugar onde, em vez de propriedadede privada, existe uma comunidade de bens e uma total tolerância religiosa. Semantica e morfologicamente também há quem pense que o étimo é " eú + tópos" (a região feliz). E, como sabe também, pensemos em Platão, em Santo Agostinho, em Campamnella e, pelo menos ainda, em Francis Bacon. Digo-lhe, é sempre com enorme prazer que falo com pessoas que pensam nestes assuntos importantes.

    Raúl.

    ResponderEliminar
  16. Seria bom meditar nisto...
    Tratado de Lisboa.

    http://www.youtube.com/watch?v=agI5ePlxGgo

    ResponderEliminar
  17. Querida Helena,
    Eu também confesso que a minha esperança anda um pouco por baixo e, não se deve apenas à minha situação profissional inexistente, apesar de ser impossível que não se reflicta, mas o que vejo acontecer no meu país, na Europa e, afins, sinceramente não auspicio grande coisa e, algumas coisas para mim já são "utopias"..., sou sonhadora, mas gosto de sonhar com os pés assentes e, há assuntos demasiado sérios que mexem com toda uma estrutura que toca a todos. Quanto a Delors e, ao que diz tem pontos em que acerta, outros nem tanto, gostava de poder acreditar em muito do que se diz, mas economicamente e, não só, não sei se o consigo...

    Tem um mais um presente/desafio num dos meus espaços, no www.atomovida.blogspot.com, se quiser aceitar é só ir buscar.
    Espero que o dia de aniversário tenha sido em pleno independentemente das opiniões diferentes, é saudável :)
    Enviei um postal via Plaxo, espero que o tenha recebido.

    Grande beijinho sempre com Luz
    ElsaTL

    ResponderEliminar
  18. Muitos parabéns, ainda que atrasados, que tenha muita saúde e mantenha a boa disposiçaõ e a fibra que a caracterizam.Descobri que a Helena (atrevo-me a tratá-la simplesmente pelo seu nome que para mim tem algo de heróico) faz anos a 7 de Dezembro, porque fui tia no dia 7 de Dezembro de 2008 e foi uma das maiores alegrias da minha vida. Ao pesquisar sobre este dia descobri que é igualmente o dia de aniversário de duas personalidades que admiro: o seu e o de José Carlos Ary dos Santos.

    Eu acho que é sempre bom fazer anos e quantos mais, melhor, desde que se tenha saúde e cabeça "fresca".

    Um grande beijinho para si!

    ResponderEliminar