No Correio da Manhã, na sua crónica de hoje, escreve sobre um tema que me é muito caro. Trata-se da necessidade que o nosso país tem, urgente a meu ver, de não rotular, à partida, pessoas ou decisões. O facto de alguém ter filiação partidária não deve ser impeditivo do apoio que possa dar a uma proposta de outro partido, desde que, em consciência, entenda tratar-se de uma medida correcta.
O mesmo se pode dizer a nível do julgamento pessoal. O facto de idelogicamente se ser de um determinado sector da vida partidária do país não qualifica eticamente ninguém. Não se é bom ou mau por se ser do PS ou do PCP.
Depois de mais de trinta anos de democracia, os labéus continuam a florir entre nós, tornando os consensos cada vez mais difíceis e estratificando uma sociedade que se deseja paritária.
Estranha vida partidária e bizarra democracia, esta nossa...
H.S.C
Helena Sacadura Cabral,
ResponderEliminaré tudo uma questão de cultura.
Nós somos da mesma geração. Esta geração de charneira na vida do nosso país. Viemos dos anos 40 e assistimos a tudo o que a vida nos proporcionou, de bom e de mau, mas nunca nos podemos esquecer, por mais avançados que que nos propuzessemos ser, que a nossa formação foi feita naqueles anos todos de cinzentismo e má consciência cívica. Por mais evoluídos que tivessem sido os nossos educadores, também eles eram fruto de um Portugal civicamente atrasado.
Creia, no entanto, que os nossos netos vão ser diferentes, até pelos pais e avós que têm.
Pelo menos eu luto, e creio que também a Helena, para que assim seja.
Saudações.
Cara Helena, um Post oportuno este. Concordo com o que ambas, HSC e PTC, dizem a respeito deste assunto. O problema é que este tipo de questões é transversal na nossa Sociedade. A larga maioria das pessoas é incapaz de analisar com distância. Veja-se, por exemplo, o futebol, essa actividade menor. Um adepto de um Clube é esquizofrenicamente incapaz de ver razão no Clube do adversário, se a tem e por aí fora. Na Política, infelizmente, sucede o mesmo, muitas das vezes a começar pelos seus responsáveis. Tem havido propostas interessantes dos vários Partidos, perante os diversos problemas dos País, como encontrar-lhes a melhor solução, todavia, subsiste a incapacidade, na maioria dos casos, em conseguir ver estes aspectos. É lamentável, mas, infelizmente, é assim que vemos, sentimos e participamos na Política. Daí, em boa parte, a minha profunda desilusão e cada vez maior distância relativamente a ela. Dou cada vez menos crédito aos responsáveis políticos, em geral. Um recente caso foi o que se passou outro dia na AR, quando uma líder partidária fez uma observações do maior interesse relativa a uma eventual situação de corrupção e foi “fustigada”, aliás de forma pouco elegante, pelo Partido “atingido” (ou supostamente). E estou à vontade para afirmar isto, na medida em que já tive, aqui, oportunidade de demonstrar que tipo de ideias, mais liberais, professo. Da mesma forma, não me custou nada reconhecer que o discurso do líder do CDS na AR, por ocasião da discussão do programa do Governo, foi excelente e tanto poderia ser desse Partido, com de outro à sua esquerda. Reconhecer qualidade num projecto, numa ideia, numa proposta política vinda de alguém que se encontra num universo político diferente do nosso é tão simlesmente maturidade política...que ainda não possuímos e só se adquire com o tempo. Talvez como no R.U. cuja Democracia tem séculos. Enfim, haja esperança!
ResponderEliminarP.Rufino
Aos meus dois comentadores o meu imenso obrigada. Julgo que se hover muitos a insistir, a falar, a escrever, a intervir, outros nos lerão e a esses outros ainda. Pode, mesmo, acontecer que se crie uma cadeia de bom senso - porque é disso, sobretudo, que se trata -, e consigamos despertar consciências.
ResponderEliminarPor isso eu gosto de movimentos cívicos, independentes de partidos, que nascem para resolver um caso concreto, o qual, uma vez resolvido, dá fim à sua missão. Juntam-se assim pessoas de ideologias diversas e ópticas distintas, que enriquecem o diálogo e os modos de intervir!
Uma coisa que eu constato na nossa sociedade, a portuguesa, é que o maldizer é muito bem visto. maldizer a torto e a direito parece ser o ideal. Denunciar o que está mal concordo, agora o que se passa é que a maledicência vigora. É muito difícil para um português elogiar... porque os outros pensam logo no termo, dar "graxa". Um elogio na hora certa, independentemente de quem é o visado ou a sua cor política. pode ser crucial, para a pessoa que o ouve e não só. Pode ser um exteriorizar do que sentimos de bom, um incentivo para que se continue no bom caminho, também. Dar apoio a quem faz bem, ainda mais se estiver em minorias, é muito saudável para essa minoria.
ResponderEliminarO "bota abaixismo" é exactamente para desculpar mentes, que possam estar tentadas, ou votadas à tentação da bajulação e do servilismo. Isso passa-se em todos os contextos da sociedade portuguesa, sendo a política um espelho dessa forma de pensar.
Se denunciar, se confunde com crítica desonesta, ou o tal "bota abaixo", o que muito aqui acontece, neste rectângulo, então está tudo mal. Se elogiar algo que foi bem feito, se conota com fraqueza de espírito, bajulação, ou interesses, então está tudo mal na mesma. Como a Educação hoje em dia, quase é posta de lado e as pessoas têm dificuldades em fazer a destrinça, inevitávelmente seremos sempre um povo medíocre, sempre a exigir mais daquilo que somos capazes de dar. Assim não vamos a lado nenhum, nem sabemos o significado da palavra Democracia. É que todos julgam, atiram as pedras e depois escondem a mão, na hora da verdade. Temos de perder o medo de fazer críticas construtivas e o medo de elogiar quem faz bem, acusar também quem faz o mal, o que terá de ser sustentado e por isso mais difícil. O resto, é lixo e maledicência.
VER PARA ALÉM DA CEGUEIRA A QUE CHAMAM LEALDADES
ResponderEliminarO seu partido é todo bom? O seu clube é sempre prejudicado? Tem sempre razão nas suas opiniões? Raramente tem dúvidas e nunca se engana? É um desses homens a quem Deus pôs a mão?
À resposta a esta pergunta respondeu Paula Teixeira da Cruz, devidamente secundada por Helena Sacadura Cabral.
Falta de maturidade política? Desportiva? Falta de civismo e educação? Falta de cultura? Falta de sentido comunitário? Falta de senso? Tradição? Incapacidade crítica? Uso de pallas? Intolerância? Falta de ouvido? Falta de sentido comunitário? Falta de racionalidade? Fado?
Porque não são capazes os Portugueses de uma auto avaliação crítica e séria, fora das suas irracionais lealdades?
Gostaria também que esses labéus, como lhes chama, seguidores acérrimos do políticamente correcto, me explicassem, na sua perspectiva o que significa tal conceito, tão usado em Portugal!...
ResponderEliminarComo a Helena permita-me a que a trate assim?-Admiro a Paula Teixeira Pinto e não sou da cor partidária da Srª. Os movimentos cívicos, independentes de partidos são muito importantes para ajuda no nosso país, como estamos acho que toda ajuda é bem vinda.
ResponderEliminarPaula lopes
Gostaria de partilhar das mesmas convicções dos comentadores que me antecederam, mas, infelizmente, vivemos numa sociedade em que não se privilegiam os valores.A base da educação é o espaço familiar e a escola mas, de uma maneira geral,a juventude está orientada para o "salve-se quem puder".Claro que há excepções,mas os casos são tão restritos, num universo tão vasto de má criação, que dificilmente o país se desenha com perfil optimista,no tempo que há-de vir. E a escola sem exigências também não salva ninguém.
ResponderEliminarNo entanto,em relação ao seu post,estou em sintonia ideológica consigo, Helena.
Temos essencialmente, de perder o medo de dizer errei... e pedir PERDÃO.
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