terça-feira, 26 de maio de 2009

Pobreza mental

Por muito que me custe e custa muito, lá vou aqui e ali assistindo à pobreza dos debates eleitorais para as europeias. Custa a perceber que se esteja a debater a Europa, as suas instituções, a sua política. De propostas nem vislumbre.
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado nosso.
Nem quero pensar no que vai ser a abstenção, partido em que me filiaria, não fossem outros valores mais altos a levantarem-se.
O mais grave é que não é por acaso que isto acontece. Cada um de nós anda cansado. De si, dos outros, do próprio país. Como é que não andará cansado duma Europa que cada vez se afasta mais do portuga, agora que os fundos, mal aproveitados, deixaram de aparecer?
Vivemos a fugir de males maiores, convencidos de que com os menores vamos podendo. Triste convencimento de quem já nem sequer acredita em alternativas.
E será neste espírito de pobreza mental que caminharemos para três actos eleitorais. Onde em lugar de se discutir o que é importante, aceitamos o cadafalso que retrata o inferno do nosso descontentamento...

H.S.C

4 comentários:

  1. E que descontentamento Este!







    .......

    ..........

    Um abraço grande para si destes lados da insanidade.

    ResponderEliminar
  2. É verdade sou daquelas pessoas que se encontra descontente com a política e os políticos é engraçado vibrei mais com as eleições americanas do que propriamente com as nossas. Há um desgaste generalizado....Vou votar, pois é um direito e um dever mas será em branco.

    ResponderEliminar
  3. Compreendo a questão que aqui é suscitada. Creio, todavia, que em muitos outros países, por essa Europa fora, o problema da falta de debate sobre o significado e o que está em causa nestas eleições seja semelhante, talvez com a excepção de países que há muito fazem parte desta “União” (ou “Mercado Comum” em tempos recuados). Há, por razões que me escapam, uma certa vontade por parte dos Partidos nelas envolvidos, em fazer deste tipo de eleições palco de crítica aos governos em funções, pela sua política interna e não tanto pelos seus objectivos (e posições) para com esta tal Europa. Já quanto à questão, pertinente, aqui levantada, da abstenção, se vier a ser, como se diz, maioritária, podemos ter aqui um caso de “legitimidade”, ou seja, o Partido vencedor terá apenas uma legitimidade exígua perante o eleitorado. Complicado. Ainda a propósito deste interessante tema que HSC aqui nos trouxe, permitia-me relevar uma pequena, mas elucidativa, reportagem que recentemente vi na TV. Jovens estudantes universitários, de diversas Faculdades, de um grupo etário entre, digamos, 19 e 25 anos, foram entrevistados, sendo-lhes perguntado se conheciam os nomes dos candidatos a estas eleições, depois se conheciam as caras dos mesmos, tendo-lhes sido mostradas as respectivas fotografias. E por fim se iam votar e se sabiam o que estava em causa. Começando pelo fim, nenhum (!) dos interrogados soube responder ao que estava em causa. Nenhum foi capaz de explicar o que era o Parlamento Europeu. Quase nenhum reconheceu as fotografias (!) e alguns confundiram as caras dos poucos candidatos que reconheceram com outros Partidos a que não pertenciam (!). Quase nenhum lhes sabia os nomes, nem de cabeça, nem mesmo através das fotos (!). E poucos, ou quase nenhum se disse disponível para votar, com “explicações” de que “de política não percebo nada”, “não quero saber”, “não sei nada disso”, etc. Confrangedor! Já identificar os jogadores de futebol e mesmo actrizes de novelas, quer por nomes, ou fotos, foram sublimes! Espantoso! E um tipo vê e ouve isto e fica a pensar! Culpa também dos políticos por não conseguirem “agarrar” estes jovens? Também, em parte. Mas só em parte. Culpa sobretudo deles que não se interessam. Hoje debatem ou interessam-se pouco pela Política interna (saúde, justiça, questões sociais, economia, sei lá!), o Ambiente, o que se passa no Mundo, etc. Enfim, são peritos em telemóveis, consolas, computadores. É assim. Fiquei desapontado, confesso. E na família, primos, sobrinhos, etc, tenho igualmente destes “exemplos”. Portugal vai ser como daqui a 20 anos, quando forem eles a “mandar”? Não estou a criticar, tão só a constatar e a interrogar-me. Só isso.
    P.Rufino

    ResponderEliminar
  4. Bom tema...
    E também assisti àquela confrangedora 'sondagem' ontem...
    Dizia um que não explicavam nada.
    'Não explicavam?' Mas em que mundo é que aquelas criaturas se movem?
    Informação é o que não falta! Talvez não a desejável, mas que existe, não haja dúvida!
    Jornais, revistas, blogues, noticiários, debates, reuniões, o diacho e ainda acham pouco?!
    Não sabem porque não querem, tenham lá paciência!
    E são 'universitários'..., se não fosse tão dramático, até dava para rir, que figuretas...
    A génese é a falta de ideais, de valores, de espiritualidade, até, que tanto faltam nestes tempos.
    É tudo oco, veloz, superficial e banal.
    É tudo...'fácil'. Mesmo quem reclama com (alguma) propriedade tem uma panóplia de 'soluções' sociais que os aguentam e lá vão vivendo da caridade institucional e da particular, também.
    E vivem melhor que muitos que se esfalfam a labutar.
    Isto está um labirinto do qual será dificílimo sair...
    A facilidade sempre trouxe laxismo e a vida de hoje, apesar de tudo (e nas sociedades ditas 'ocidentais'), é muito mansa...
    Depois carece-se de outros valores, outrora tão vívidos: humildade, respeito, brio, parcimónia, razoabilidade.
    E Fé.
    A crescente ideia de que não há 'além', de que não existe justiça que não a humana e esta é risível e se pode tripudiar à vontade, transforma o tecido social num molde de invertebrados, de ávidos, de desleixados e de vis.
    É urgente um regresso a certas raízes do 'ser'.
    É fundamental corrigir com sentido da verdade. Não da 'moral', não da 'punição': da Verdade.
    O resto seguir-se-á.
    Que ainda vejamos tal, é o que desejo.

    ResponderEliminar