sábado, 21 de março de 2009

Gran Torino ou a alma lavada...

Há fins de semana em que cada um se sente recompensado de cinco dias, quando não mais, de trabalho aturado. Ontém, sexta feira, fui convidada para assistir, na Fundação Oriente, a uma palestra sobre a India. Tinha muito que fazer e aquela quebra de trabalho ao fim da tarde, estava a procupar-me. Este meu lado germânico, dá-me sentimentos de culpa quando não cumpro todas as obrigações... Mas o orador era o Embaixador Marcelo Mathias e em boa hora aceitei o desafio, a que se seguiria, na mesma casa, um excelente jantar na muito boa companhia do Embaixador do México e da sua Mulher que é uma pessoa encantadora.
Aprendi mais sobre a India naquela conferência do que nos vários livros que li sobre o país. A visão de um diplomata culto e inteligente, acrescenta sempre algo àquilo que o comum dos mortais julga saber. Noite ganha, portanto!
Sábado, dia de convívio com o meu neto mais velho, um adolescente a entrar na juventude, com 15 anos de uma imensa cumplicdade entre nós. Não precisamos falar muito para sabermos que estamos próximos e bem. O que eu julgo ser a dádiva divina para contrapôr ao karma da carreira politica filial, que tanto me dói.
Almoçámos em conversa profunda sobre o que ele e eu achamos ser o futuro de cada um. Parece triste? Ao contrário. A nossa proximidade é tão grande, que nos rimos um do outro sempre que abordamos este tema. Depois marchámos para o cinema - somos ambos devoradores de filmes, música e livros - ver um filme fabuloso, do mestre Clint Eastwood. Refiro-me a Gran Torino, produzido, realizado e interpretado por este homem a quem a idade vem, sucessivamente, acrescentando mais qualidade.
Trata-se de uma pequena grande história que gira à volta de um Ford Gran Torino de 1972 e encerra em si um mundo de contradições só possíveis, diria eu, na América. Mas corrijo: numa certa América. Que viveu certas guerras das quais guarda, ainda, boa memória.
Saímos silenciosos e assim continuámos até casa dele. À despedida deu-me um abraço apertado e disse-me, quase num murmúrio, que estava com a alma lavada...

H.S.C

4 comentários:

  1. Ainda não vi o filme, mas já está na calha... tenho ouvido as melhores críticas a este último papel de Clint Eastwood no cimema (será?).
    As cumplicidades com netos continuam a ser um mistério para mim, mas vou ficando cada vez mais curiosa e interessada nesse tema.
    Um beijo, Helena.

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  2. Adoro lê-la e já me está a fazer falta...
    Cumplicidades boas de filhos, sei o que é, de netos, tenho a certeza que vou amar.
    Um xi coração

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  3. do fabuloso ao desfecho americano. Grande realização, grande interpretação, e excelente musica. Não se pode exigir mais de Clint Eastwood...de prever que Thao iria dar "umas voltas no Gran Torino"
    Perdoe-me entrar assim no seu blog, mas não pude deixar de o cuscar, e porque ontem vi o filme, tambem vou colocar-lhe a seguinte questão: Na "certa América" que refere, as guerras guardam boas ou más memórias? É que para mim, a má memória da Guerra da Coreia está bem patente no filme.

    Parabéns pelo blog

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