sexta-feira, 18 de outubro de 2019

O enorme valor dos amigos!

Depois da passagem pela TVI fiquei mesmo cansada, pese embora todos me tivessem tratado como uma princesa. Tudo o que pedi foi satisfeito e senti que todos compreenderam que eu só aceitara fazer aquelas cinco semanas, por amizade com a Felipa Garnel. 
Há muito que me vêm convidando para voltar à televisão e há muito que venho recusando, por saber muito bem qual é o formato em que eu mais renderia e o que me têm pedido não corresponder às minhas expectativas. Para ser inteiramente verdadeira um deles, bem recente, estaria lá muito próximo, mas como em tudo na vida, houve um senão, que foi a negociação das condições financeiras. E, aí, não chegámos a acordo.
É que eu prefiro não trabalhar, a faze-lo por um preço que não corresponda àquilo que eu entendo ser o meu valor. É um critério que sigo há muitos anos, talvez porque me posso, ainda, dar a esse luxo.
Este longuíssimo intróito vai explicar o que vem a seguir.
Vivo num prédio onde somos quatro condóminos. Difícil seria, não ter com qualquer deles relações de grande correção. De facto, assim é. À excepção de um, que está sempre alugado pelo proprietária, em termos de grande rotatividade e do qual não conhecemos nem inquilinos, nem dona.
Porém, desde que ali vivo, já lá vão perto de 30 anos, um dos andares trouxe-me sempre gente, que se havia de transformar, com o tempo, no que chamo de grandes amigos. Os últimos, chegados há 3 anos - a Rita decoradora e o António advogado -, foram mesmo o que chamo de algo especial e que se assemelha muito com a que tive com os primeiros proprietários, que continuam, para mim, a ser elementos de uma família escolhida.
Pois bem, quer a Rita quer o António, quando me vêem mais cansada, levam-me com eles para o Alvito onde têm duas casas maravilhosas, que gostam de ter sempre cheia de amigos, parte dos quais hoje já são, também, meus. A sua qualidade humana é tão rara que decidiram fazer de um palheiro um quarto, para que eu ficasse na sua habitação e não na das vistas.
Fui estrea-lo este fim de semana. É uma suite encantadora toda forrada a madeira, onde não falta nada de que possamos carecer. Para além disso e dos repastos em casa, saltitamos também a comer em sítios que só eles conhecem.
Este fim de semana teve, porém, um happenning. É que o António levou-me a passear, montada numa moto quatro,  perante a rizada de todos os amigos presentes. E eu, com esta idade, adorei... Foi um fim de semana de luxo, que só a muita amizade deste casal me poderia proporcionar.
Acresce que a casa, linda, e os seus donos, sempre que lá estão, atraiem montes de amigos, que ali se sentem bem tratados e em total à vontade. E eu que já tenho pouca familia, quando estou com eles, volto ao tempo da minha infância rodeada de primos e primas.
Bem hajam, Ritinha e António, pela  já muito rara amizade que ambos me dispensam!

HSC

12 comentários:

Anónimo disse...

«Torne-se amigo das pessoas
que não têm a sua idade
Saia com pessoas
que não falam a sua língua
Conheça alguém
fora do seu círculo social
Só assim conhecerá o mundo»

Anónimo disse...

Dra Helena
Quem tem amigos desses é porque os merece!

Amadeo

Anónimo disse...

Creio saber - Lisboa é tão pequenina - quem possam ser esses seus maravilhosos amigos. E se são quem eu julgo, toda a estima que lhes dedica e eles lhe retribuem tem toda a razão de ser. São pessoas que sabem partilhar e têm nisso muito gosto!

Anónimo disse...

Os amigos são a família que nós escolhemos. Felizmente!
Porque na do sangue, às vezes nem percebemos como temos o mesmo sangue.
A Dra Helena deve merecer esses seus amigos que de certo dão muito valor à sua companhia. Conserve-os por muito tempo, é o que vos desejo.


Inês Themudo

Anónimo disse...

Que bom conseguir, na sua idade, continuar a fazer amigos. Às vezes penso que sou mais nova e vou ficando sem eles. É, de certo, um dom especial que eu, sempre fechada na minha concha, adorava ter!


Madalena

Silenciosamente ouvindo... disse...

Ainda bem que a Drª. Helena teve essa possibilidade
de passar uns dias num sítio agradável e junto de pessoas
muito agradáveis.

E faz bem em não aceitar um preço justo pelo seu trabalho.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Anónimo disse...

Ora aí estão duas grandes verdades: o valor dos bons amigos que partilham connosco o que têm de melhor e a decisão, por vezes muito muito difícil, de não aceitar trabalhar abaixo daquilo que entende ser o seu valor.
Quem trabalha na sua idade, tem competência e qualidade. Logo tem direito a um "preço"justo. Essa é uma regra de ouro. Faz muito bem em a manter. É também por isso que merece o respeito dos outros.
Conheço quem já trabalhou consigo e diz que é de uma disciplina férrea, sendo a primeira a dar o exemplo. Acredito, por isso, que não vá em falinhas mansas. Mas também sei que se algo corre mal, nunca revela quem cometeu o deslize e assume sempre todas as culpas.

Dalila

Anónimo disse...

Dra Helena
Sou um homem de 70 anos, profissionalmente bem sucedido e que segue tudo o que escreve desde que, num Congresso da Roche, a ouvi falar sobre a saudade.
Acredito que naquela altura a morte recente do seu filho Miguel pudesse estar na origem do tema escolhido. Mas estava enganado.
Em muito poucas ocasiões terei ouvido alguém falar sobre um assunto tão delicado com a qualidadee delicadeza com que o fez. Obtive posteriormente esse texto, que conservo na minha mesa de trabalho.
A partir daí julgo que terei acompanhado tudo o que escreveu e não perdi nenhuma das suas entrevistas. Conheço-a socialmente, mas nunca me atrevi a falar-lhe da minha admiração por si, com risco de ser mal interpretado.
Mas hoje, quando li este seu post, entendi que era a altura de lhe dizer que tem bons amigos, porque decerto os sabe cativar. E, confesso, fiquei com pena de nao pertencer ao grupo dos que convivem consigo, porque a alegria e o gosto com que vive a sua vida não pode deixar de os contagiar!
Creia Dra Helena que escrevo este comentário com o maior respeito e uma pontinha de inveja.

Pedro

Anónimo disse...

Drª Helena:
Não sei se é uma ousadia da minha parte fazer-lhe este pedido, mas seria possível todos termos acesso ao seu texto sobre a "Saudade" aqui referido de uma forma tão elogiosa e tocante por um comentador de nome Pedro?
Muitos cumprimentos,
OM

Anónimo disse...

Não desista, aceite o valor mas com uma participação na tv mais espaçada.
A remuneração é importante mas, tal como as coisas estão, o formato e o conteúdo do programa ainda são mais importantes.
Eu sei que a exposição é muita, assim como o esforço para fazer alguma coisa que valha a pena.
Tudo tem prós e contras. Com o programa «E o resto é conversa» muita gente me tem falado de si, pessoas de várias idades que gostaram de a ver, que acharam que era a «aposta» do programa e, não me leve a mal, mas a vida é mesmo assim, que se relembraram de si, e acharam que a sua presença faz falta.

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara/o OM

Vou tentar descobri-lo e se o encontra voltarei a publica-lo.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Pedro
Bem haja pelas suas palavras.
O que sou é produto da educação que pais e avós me deram, dos professores que tive e dos amigos que escolhi. Muito possivelmente sem eles seria uma pessoa muito diferente. Por isso jamais esqueço quanto lhes devo.
E não queria deixar de relembrar, porque seria muito injusto esquece-lo, o quanto devo aos meus dois filhos que, cada um a seu modo, também ajudaram a desmistificar muito da sociedade na qual, ao longo dos anos, tenho vivido.