sábado, 13 de julho de 2019

E as legislativas?!

As legislativas aproximam-se, de mansinho, sem que delas nos estejamos a dar conta. Sob o efeito do calor abrasivo, os nossos neurónios só acordam sob a acção de certo tipo de notícias, como desastres, de preferência com ambulâncias e mortes à mistura - e, claro, o inefável questionário a um cidadão que por acaso passava ali na ocasião e tem, nesta entrevista, o seu grande momento televisivo - ou de uma qualquer efeméride inesperada, que permita manter em lume muito brando, até Outubro, o necessário esclarecimento político. 
Assim, quanto menos os partidos falarem dos seus programas, melhor para António Costa que pode falar quanto baste do seu e, com o seu talentoso jeito nos convence de que o caminho que trilhou é o único que nos pode levar à redenção. Habilíssimo político - dos melhores que já conheci ao longo da minha também já longa vida - o que lhe interessa, mais que tudo, é a possível maioria absoluta que o liberte de compromissos muito difíceis de alcançar.
Um "fait divers" como aquele que criou o infeliz texto de Fátima Bonifácio, foi o sopro inesperado, que estava a faltar, para que o país se pusesse em pé de guerra e não fizesse nem ouvisse ou pensasse noutra coisa. Iremos, provavelmente, ouvir falar do tema durante os próximos meses, já que isso convém a todos, dando-lhes folgo para se esfolarem nos últimos 15 dias de campanha. E nós, ansiosamente  desejosos de sermos politicamente correctos, nem daremos conta da "marosca"!
Enfim, esperemos que os neurónios de alguns cerebros menos sobreaquecidos, acordem a tempo de perceber que a altura é de esclarecimento sobre os programas de cada partido que pretende governar e não para abrir a caça às bruxas, que não leva a lado nenhum!

HSC

10 comentários:

Anónimo disse...

Não se deixe tomar pela febre da política pela política, distante da realidade social, (influenciada pelas construções hábeis de Pacheco Pereira), não chame fait divers à caça feroz feita por MFBonifácio à comunidade cigana, estimada em cerca de 45 mil, num Portugal de dez milhões. O que está em causa é a pobreza, a exclusão do mercado de trabalho e habitacional, o analfabetismo e baixa escolaridade- um círculo vicioso gerado pelo nomadismo, que por sua vez deriva de facto de serem escorraçados e perseguidos. Mesmo as feiras e venda ambulante estão a desaparecer. Não vi caça às bruxas no caso Bonifácio, apenas vi críticas saudáveis, (processo criminal, que considero exagero, só houve um) determinadas pela caça implacável, essa sim, da catedrática, que condena as minorias, pela sua inassimilação, e parece estar no seu texto implicitamente, um «aparthaid» ou «extermínio», que outras saídas estão lá implicitamente propostas?

Anónimo disse...

a direita desorientada e em pânico

Anónimo disse...

Não vire tudo ao contrário quem fez caça às bruxas foi Filomena Bonifácio.

Anónimo disse...

Exatamente! Então a "cena" da empregada...😠

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores
Fátima Bonifácio é caso encerrado.
Se os comentadores quiserem falar e atacar a historiadora podem faze-lo nos múltiplos blogs que gostosamente se vêm ocupando do assunto. Aqui não.
Vamos mas é às legislativas que estão à porta e de que pouco se fala!

Anónimo disse...

Mas falar o quê das legislativas? O povo português já não é enganado como antes!Eu já sei muito bem em quem vou votar. O que sucede e se comenta no País, não me altera o voto.

Anónimo disse...

Para se votar com os neurónios todos, é favor ouvirem o discurso de um "camarada" da UDP nos idos de 1975-03-09. Está nos Arquivos da RTP -" Montijo 1º Congresso". São cerca de 14 minutos de "cassette", mas para quem não tiver paciência, que ouça a partir do minuto 11.
Depois é só mudar a sigla UDP com a sua voz revolucionária, para BE mas agora o tom é melífluo. E concluir que nada mudou. Não por acaso, o mandatário que acaba de ser escolhido pelo BE provém precisamente daquelas bandas. Um tal Major Tomé.
A frase lapidar era: "atacar juntos quanto possível, mas marchar separados". Isto lembra alguma coisa?
E estamos assim. De novo.

Anónimo disse...

Uma vergonha o que estão a fazer a MFB, que só disse a verdade. Voltamos ao tempo da censura e da perseguição.

Anónimo disse...

Não vou falar de MFB. Se achar bem, falo dos ciganos, esses desconhecidos.

O problema maior dos ciganos é o estigma da pobreza, que não permite que estas nossas sociedades mercantis, olhem para eles como potencial nicho de consumidores, como potencial mercado, o que, por artes mágicas, logo os tornaria atraentes.

A comunidade cigana já não é a fotografia a preto e branco, encarquilhada, amarelada e desbotada, do tempo do outro senhor. As coisas foram mudando, muito lentamente é certo, mas hoje vão surgindo nos media, rostos reais das mulheres ciganas portuguesas, à frente de associações de emancipação da mulher cigana, ligadas a movimentos internacionais.
Por orientação de Bruxelas penso que c. de 2010, foi criada a figura o mediador cultural que tem sido importante.

A internet, as conversas de rua e de café, engendraram mais uma MENSAGEM FALSA, servida com a conhecida invejinha à portuguesa- os ciganos receberiam todas as regalias e não fariam nenhum esforço: rendimento social de inserção, T4 mobilado dado pelo estado, assistência médica gratuita, sem contribuirem com um cêntimo. Recentemente o programa Polígrafo Sic, carimbou esta mensagem de MENTIRA. O RSI é sobretudo para crianças para idosos, e tem permitido o aumento da escolaridade, porque as famílias não querem perdê-lo e não retiram as crianças e os jovens da escola.

Em Portugal e noutros países europeus, os ciganos são o grupo étnico mais pobre e mais discriminado, contudo Espanha, no Sul, na Andaluzia, soube integrá-los melhor. O flamenco, com origem cigana, é mesmo um dos símbolos de Espanha.

Digo isto da minha giratória, mas há gente a trabalhar no terreno, bravo!

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 8;29

Percebo perfeitamente o que diz. A mim , enquanto mulher, preocupam-me tradições que nos memorizem, impondo casamentos dentro da etnia, com adolescentes cuja alfebatização é muito condicionada. É muito difícil respeitar este tipo de tradições com a nossa forma de viver. Claro que há excepções. Quaresma é uma delas. Mas isso só foi possível porque ele é homem e futebolista.
Conheço histórias de fazer doer o coração com o que é imposto à vida da mulher cigana que acaba por assimilar com destino aquelas exigências.