quinta-feira, 31 de maio de 2018

Que a sorte nos proteja!


"Os problemas económicos e financeiros portugueses não estão ultrapassados, como sempre aqui se tem dito. Os efeitos que sofremos com a crise política italiana mostram até que ponto continuamos vulneráveis ao mais pequeno abalo político ou económico. Ninguém quer ouvir, mas corremos riscos de pagar caro o facto de não termos dado ainda maior prioridade à descida da dívida. Uma crise que obrigue, de novo, a cortes nos salários da função pública e nas pensões será catastrófico para Portugal. Resta-nos a esperança de António Costa continuar a ter sorte, para nós termos também.

... A perspectiva de crescer menos está presente desde finais do ano passado reflexo do abrandamento externo e da incapacidade que a economia portuguesa tem revelado em aumentar a produtividade. Juntou-se a isso a subida do preço do petróleo.
... Como se tudo isto não fosse suficiente, a situação política italiana veio colocar de novo Portugal no radar dos financiadores. Lá está a taxa de juro da dívida pública portuguesa a subir nas comparações com Itália e Espanha...

... O que se está a passar demonstra que devíamos ter sido mais prudentes no passado recente, dando desde logo maior prioridade à redução da dívida pública – e não apenas agora -, para nos aproximarmos o mais depressa possível do porto seguro da solidez financeira. Assim como devíamos ter na mão uma lista de medidas das chamadas políticas estruturais, em vez de termos para apresentar reversões.

... A gestão económica e financeira de António Costa só passa no teste se Portugal conseguir ultrapassar, sem problemas de maior, uma crise económica ou uma tempestade financeira. Os efeitos que já tivemos da crise italiana não são sinais positivos para este Governo passar na avaliação da sua política económica. Como sempre se disse aqui, a combinação de políticas seguida pelo Governo foi arriscada e, ao mesmo tempo, pouco ambiciosa. Sim, sabemos que a política de conquista e manutenção do poder assim o exigiu. Esperemos agora que a sorte continue a proteger António Costa para não pagarmos um preço elevado por essa falta de prudência."

                     ( Helena Garrido in Observador )

Está aqui feito um retrato do que pode acontecer-nos se continuarmos a assobiar para o lado. E a prova de que basta um vento lá fora para podermos ter uma tempestade cá dentro...

HSC

sábado, 26 de maio de 2018

Franz


                          

Sou uma apreciadora do realizador François Ozon. Por isso, fui ver o seu filme Franz que tem, entre outros prémios, o Leão de Ouro.
É uma história muito curiosa - passada no clima do pós guerra e do ódio entre franceses e alemães -, que aborda um tema a que poderemos chamar do "valor da mentira” e conta as repercussões que a mesma teve sobre a vida das personagens retratadas.
Talvez seja uma película um pouco lenta e longa, talvez até demasiado melancólica. Mas é certamente uma bela obra a branco e preto, que revela dois novos excelentes atores – Paula Beer e Pierre Ninney -, para mim, até agora, completamente desconhecidos.
Saí do cinema tocada pela forma hábil como o autor narra aquilo que muitos de nós sabemos de antemão, isto é, que a mentira, por norma, arrasta consigo outras tantas. A fita não pretende fazer juízos morais e talvez esteja aí um dos motivos pelo qual, julgo, ela prende os espectadores.
Para quem gosta da sétima arte, eu diria que esta vale mesmo a pena!

HSC

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Desilusões

“...Na Espanha em 2012 Pablo Iglésias publicou no twitter uma crítica ao Ministro da Economia do PP perguntando: "Entregarias a economia do país a quem gasta 600 mil euros num apartamento de luxo?". Agora foi ele próprio gastar 615.000 euros num apartamento de luxo.”

Em Portugal o Primeiro Ministro, aquele que tanto pugna pela habitação dos velhos "também comprou a um casal de idosos um apartamento na Rua do Sol ao Rato, que vendeu 10 meses depois pelo dobro do preço”.

                     Luís Menezes Leitão in Delito de Opinião

A aquisição de António Costa era para a filha que gostava muito de ficar na zona. Entretanto, por algum motivo, a jovem deve ter-se desiludido. 
Convenhamos que há desilusões que valem mesmo a pena...

HSC