terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O admirável mundo novo!

Em 1998, a Kodak tinha 170.000 funcionários e e a sua quota de mercado do papel fotográfico andava pelos 85%. Em poucos anos, o seu modelo de negócios  desapareceu e a casa abriu falência.
O que aconteceu com a Kodak irá acontecer com outras empresas nos próximos 10 anos. E a maioria das pessoas não se apercebe  disso. Será que alguém poderia imaginar, em 1998, que 3 anos mais tarde, se abandonaria o registo de fotos em papel? E no entanto, as câmeras digitais foram inventadas em 1975. As primeiras só tinham 10.000 pixels, mas as actuais têm14 milhões, no mínimo.
E à semelhança do que acontece com todas as tecnologias exponenciais, elas foram decepcionantes no início mas tornaram-se imensamente superiores e dominantes em poucos anos.
Hoje a maior parte das pessoas abdicou da máquina fotográfica e de filmar para usar o seu smartphone. O mesmo acontecerá com a inteligência artificial, saúde, veículos autónomos e eléctricos, com a educação, com a impressão em 3D,  a agricultura e os empregos.
Bem-vindos então à quarta Revolução Industrial. Aqui o que importa não será mais a propriedade dos meios de produção, mas o uso das ferramentas de software postas a nossa disposição. A 

Inteligência Artificial irá comandar a nossa vida. Neste ano, um computador derrotou o melhor jogador de GO do mundo, 10 anos antes do previsto.  Nos Estados Unidos, os advogados jovens têm dificuldade de arranjar emprego porque com o WATSON, da IBM, cada um pode conseguir aconselhamento legal (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de segundos, com 90% de exactidão.
Aliás o WATSON já está a ajudar a diagnosticar o cancro, quatro vezes mais exatamente do que pelos meios tradicionais.
Os veículos autónomos, em 2020, alterarão de forma marcante a indústria automobilística  Ninguém desejará mais possuir um automóvel e os nossos filhos jamais necessitarão de uma carta de condução ou serão donos de um carro. 
Isso mudará as cidades, pois necessitaremos 90-95 % menos carros para isso.  Poderemos transformar áreas de estacionamento em parques.  Cerca de 1.200.000 pessoas morrem a cada ano em acidentes automobilísticos em todo o mundo. Temos agora um acidente a cada 100.000 km, mas com veículos auto-dirigidos a taxa cairá para um acidente a cada 10.000.000 de km, o que salvará mais de 1.000.000 de vidas a cada ano.

  E as Companhias seguradoras terão problemas enormes porque, sem acidentes, o seguro se tornará 100 vezes mais barato. O modelo do negócio dos seguros de automóveis irá  desaparecendo.


Os negócios imobiliários mudarão. Pelo simples facto de se poder trabalhar enquanto se viaja, as pessoas irão viver para mais longe  e escolherão vizinhanças mais agradáveis.


As cidades serão menos ruidosas porque todos os carros rodarão eletricamente. A eletricidade tornar-se-á incrivelmente barata e limpa e a energia solar terá grande impacto com o seu preço a cair de forma significativa.
Com eletricidade barata teremos água abundante e a baixo preço. Finalmente na saúde o preço do Tricorder X será anunciado este ano. Teremos companhias que irão construir este aparelho médico que trabalha com o nosso telefone, fazendo o escaneamento da retina, testando a  amostra de sangue e analisando a respiração (bafômetro). Ele analisará 54 bio-marcadores que identificarão praticamente qualquer doença. Vai ser barato e em poucos anos cada pessoa deste terá acesso a medicina de padrão mundial praticamente de graça.
A impressão 3D permitirá no final deste ano, que os novos smartphones tenham capacidade de scanear o seu pé e imprimir sapatos perfeitos em sua casa. Na China, já imprimiram em 3D todo um edifício completo de escritórios de 6 andares.
E no t
rabalho 70-80% dos empregos desaparecerão nos próximos 20 anos. Haverá novos empregos, mas não é claro que haja haverá suficientes empregos novos em tempo tão exíguo.
A agricultura terá, no futuro, um robô agricultor que permitirá ao 3º mundo tornar-se gerente das suas terras ao invés de trabalhar nelas todos os dias. A AEROPONIA necessitará de bem menos água. A primeira vitela produzida “in vitro” já está disponível e vai se tornar mais barata do que a vitela natural ao redor de 2018.

 Atualmente, cerca de 30% de todos as superfícies agricultáveis são ocupados por vacas. Imagine - se tais espaços a deixarem de ser usados desta forma. Há já muitas iniciativas de trazer proteína de insetos para o mercado. Eles fornecem mais proteína que a carne. Deverá ser rotulada de FONTE ALTERNATIVA DE PROTEÍNA. (porque muitas pessoas ainda rejeitam ideias de comer insectos).


Finalmente o BITCOIN (dinheiro virtual) pode tornar-se dominante e constituir mesmo uma moeda-reserva padrão.


Actualmente, a expectativa de vida aumenta uns 3 meses por ano.  Há quatro anos, a expectativa de vida era de 79 anos e agora é de 80 anos. Ao redor de 2036, haverá um aumento de mais de um ano por ano. Assim, talvez possamos todos viver vidas longas, possivelmente bem mais do que 100 anos.


Na educação os smartphones, mais baratos, permitirão em 2020, que 70% de todos os humanos tenham o mesmo acesso a educação de classe mundial.  Cada criança poderá usar a academia KHAN para tudo o que uma criança aprende na escola nos países de Primeiro Mundo.
                     
                                Extratos de um texto que me enviaram

Não sei se o panorama é assustador ou não. Mas sei que é a altura de recomendar aos nossos filhos e netos que comecem a pensar em todas estas transformações.
Quanto à nossa geração, talvez só nos reste assistir, relendo Huxley  e o seu Admirável Mundo Novo.

 HSC                       

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Igreja: O silêncio de Deus

Enquanto uma parte do país descansa ou goza os festejos de Carnaval, outra, que se sente católica, prepara-se para viver quarenta dias de forma especial, dando assim inicio ao que chamamos de Quaresma.
Na missa de hoje, por intenção do meu irmão mais velho que faleceu recentemente, a prédica recaiu sobre o silêncio de Deus. Este silêncio é, talvez, uma das mais duras provas a que os crentes podem ser sujeitos. Com efeito, apesar de Deus nos ter prometido que não nos abandonaria, como viver as injustiças quotidianas sem o seu apoio? Como aceitar que Ele nos ama, perante tanta fome, doença, calamidade, solidão?
Penso muitas vezes nesta questão e muita gente me pergunta como consigo ser católica no mundo de hoje, em que a Igreja,  feita por homens, arrasta nos seus ombros as limitações desses mesmos homens? A única resposta que encontro tem a ver com um sentimento de confiança, a que muitos de nós apelidam de fé. Talvez por isso, a única resposta àquela pergunta, seja afinal outra, a de como seria possível viver neste mundo sem confiar que haverá, à nossa espera, um mundo melhor?

HSC

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Rápidos no gatilho

A vida política portuguesa não será muito diferente da que funciona nos restantes países europeus. Mas talvez sejamos mais rápidos no “gatilho”. Com efeito, basta que alguém se ausente por uns dias para que saia com um problema do governo e entre com um problema da oposição.
Assim, na ultima semana a problemática era o folhetim da CGD. Nesta semana a questão central são os offshores. É quase impossível acompanhar o desenrolar destas “estórias”, que mudam de rumo à rapidez do tiro de pistola.
Algo, porém, parece evidente. Trata-se, na maior parte dos casos, do sistema bancário nacional. E também parece evidente que nenhum partido está, neste campo, isento de responsabilidades. Continua a haver em Portugal – sabe-se lá porquê - uma espécie de subserviência do poder político à figura do banqueiro ou, se preferirmos, ao sistema financeiro. O que tem permitido aos bancos e aos que os comandam uma “ética” diferente daquela que se aplica ao comum dos mortais.
Talvez seja a altura de olhar para este comportamento de maneira diversa e dar a César o que é de César, ou seja, de delimitar muito bem o que é poder económico e o que é poder político e estabelecer regras claras no seu relacionamento, de modo a evitar que casos como os que referi, se tornem moeda corrente no nosso país. É que já nos bastam as complicações da banca internacional, que acabam sempre por afectar todos nós!

HSC 

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Uma petição

Assumi, há dois dias, aqui neste blog, a minha mágoa por não ver reconhecido a dois heróis da aviação nacional – Gago Coutinho e Sacadura Cabral – o que me pareceu ser um justo  louvor ao feito que os guindou ao reconhecimento internacional. Foi um desabafo de quem sente uma injustiça e entende não dever cala-la. 
Pois houve quem fizesse o que não ousei fazer e tenha aberto uma petição para dar ao aeroporto do Montijo o nome de meu tio.
Fiquei, como seria natural, bastante comovida. Já a assinei. Compete-me, agora, o dever de dar conhecimento dela. Assim, quem esteja disposto a assina-la, poderá faze-lo no endereço


Que o novo aeroporto possa consagrar o nome dos dois heróis. E que a vossa assinatura corresponda a um imperativo de  consciência é o meu sincero desejo. 


HSC

Pelo país

A semana começou com críticas do PSD a Marcelo Rebelo de Sousa e aproxima-se do fim com críticas do PS a Marcelo Rebelo de Sousa.
Prova evidente de que o Presidente da República está a cumprir bem o seu papel.

                           Pedro Correia in Delito de Opinião

HSC

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O namoro ficou tremido...

Declarações do deputado João Galamba

"O Presidente da República está profundamente implicado nisto. O que ele tentou fazer na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se disso e tentar desresponsabilizar-se de algo que é também responsabilidade sua", afirmou ontem o deputado socialista no programa "Sem Moderação", emitido pela TSF (minuto 16 da emissão) e pelo Canal Q.
"Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português ser, ipsis verbis, acusado exatamente da mesma coisa", defendeu.
... João Galamba sustentou que, "das duas, uma": ou o Presidente pretendia incluir a obrigatoriedade da entrega da declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional na alteração legislativa introduzida no estatuto do gestor público e foi "convencido pelos argumentos do Governo" de que não havia necessidade disso, ou concordou com o executivo de que a lei de 1983 que obriga os gestores a entregar a declaração de rendimentos "era válida" e não foi preciso incluí-la no decreto.
… Já mais tarde (minuto 33), Galamba reafirma a sua posição, considerando que o presidente da República "esteve mal, está profundamente implicado nisto". E repete: "As responsabilidades de Mário Centeno, quaisquer que elas sejam, são também as de Marcelo e Marcelo tentou sacudir a água do capote".

Há afirmações que não merecem ser comentadas porque elas próprias já são comentário. Ontem, no "Frente a frente", na Sic, o deputado Galamba tentou dar uma interpretação mais suave das suas palavras, dizendo que se Centeno não cometera nenhuma irregularidade, o Presidente, pelo mesmo motivo, também a não teria cometido...
Tudo isto é lamentável e cada um tirará as suas próprias conclusões. Esperemos é que a CGD e os seus depositantes não venham a ser seriamente prejudicados e o actual Presidente se não canse com esta "telenovela ao jeito mexicano"!


HSC

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Aeroportos


Nao costumo fazer auto elogios. Muito menos de natureza familiar. Mas, hoje, vou abrir uma excepção e enaltecer o apelido que me identifica e identifica a minha família. 
Com efeito, quando se mudou o nome do Aeroporto da Portela para Aeroporto Humberto Delgado apeteceu-me escrever alguma coisa a esse respeito. Não o fiz por contenção pessoal e pensar que, um dia, noutra oportunidade, havia de faze-lo.
Chegou agora, ao tomar conhecimento da proposta do Senhor Presidente da Republica que visava dar o nome de Mario Soares ao Aeroporto do Montijo. É que julgo não dever calar mais, algo que sinto como injusto e profundamente revelador da forma como o país trata os seus heróis. Neste caso específico, heróis da aviação.
Gago Coutinho e Sacadura Cabral caminham para celebrar o centenário de um feito que pode considerar-se, no campo aeronáutico, uma efeméride de que todos  nos devíamos orgulhar.
Pois bem, parece que assim não é, pois não mereceram, até à data, mais do que a associação do seu nome às denominadas vias terrestres. Concluo que para que tal pudesse ter acontecido importava, não que fossem heróis, mas sim, que tivessem sido políticos. Todavia, confesso, tenho pena que a primeira figura da nação assim pense!

HSC

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

À bon entendeur, salut!

João Gomes de Almeida, no ECO:

"Mas numa coisa concordo com Fernanda Câncio: uma fação da sociedade não tem o direito de impor à maioria dos cidadãos a sua vontade. É por este motivo que acredito que os temas socialmente fraturantes, ou como a jornalista refere as “escolhas do domínio da ética”, devem ser decididas por todos. Ou seja, através de referendo, tal como aconteceu com a Interrupção Voluntária da Gravidez. Isto porque nunca uma minoria deveria ter o poder de sobrepor o seu interesse ao da maioria. Certo? Não é isso que significa ser de esquerda?
Mas quando chega à hora de dar a palavra ao povo, a esquerda normalmente encolhe-se e gosta de disparar um dos argumentos mais falaciosos do jogo democrático: “os direitos não se referendam”. O tanas é que não! O povo afinal não é soberano? Foi à conta desta retórica que os partidos de esquerda têm conseguido, na maioria das vezes à pressa e atabalhoadamente, fazer passar na Assembleia da República diplomas sobre os temas que dividem a sociedade. Socorrendo-se sempre da falácia de que “estes temas só dizem respeito a quem é afectado por eles” – o que é imperativamente mentira, se partimos do princípio de que todos vivemos em sociedade e de que as transformações que se operam na mesma dizem respeito a todos."

                                   Diogo Noivo, in Delito de Opinião

Ha temas, assuntos, matérias, sobre os quais ninguém tem o direito de se apropriar, fazendo da sua posição uma verdade universal. Também há quem não goste de referendos por receio de que os seus resultados se não coadunem com o que tomam por única verdade. Mas viver em sociedade raramente se coaduna - a não ser em ditadura - com uma visão exclusiva do mundo. 
Aceitemos, então, democraticamente, a posição da maioria. Para isso é necessário ouvir todos. Ouça-mo-los. E depois de os ouvirmos, procedamos em consciência, já que essa maioria não nos obriga a seguir os seus passos. Apenas nos concede a liberdade de o fazer ou não, de acordo com a nossa consciência!

HSC

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Política de A a Z


Pedro Correia foi e é, manifestamente, alguém que gosta de política. E arriscaria até dizer que “acredita” nela. Como se pode deduzir, estamos perante o oposto da autora destas linhas. Felizmente para nós que é um homem culto e se interessa por muitas outras coisas e mundos.
O seu último livro POLÌTICA DE A a Z, é uma espécie de glossário sobre a matéria, escrito de parceria com Rodrigo Gonçalves. Na sua badana fascinou-me, logo, uma frase de Jorge Luís Borges, que jamais esqueci, porque me identifico inteiramente com ela.
De que se trata? Da resposta dada pelo escritor ao seu colega Mario Vargas Llosa, quando este lhe pergunta o que é para ele a política. A resposta veio incisiva e directa: “é uma das formas do tédio”!
O livro, que vai da Abstenção ao Zé Povinho - ou seja todos nós -, consegue a façanha de percorrer, sem falhas, todo o jargão político conhecido, sem sequer lhe faltar a célebre “gerigonça”, sempre atribuída a Paulo Portas, mas cuja paternidade pertence, de facto, a Vasco Pulido Valente que a criou num momento de particular inspiração.
Eu que li o livro porque sou amiga do Pedro, só posso aconselhar a sua leitura. É que se eu, que sou nula no assunto, aprendi com gosto várias coisas, que prazer não irá ele provocar em quem seja um adicto na matéria?!


HSC