quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Uma pontinha do véu...

"Na sequência dos incêndios de 15 de Outubro, foi noticiado que a Caixa Geral de Depósitos, onde estão depositadas partes dos donativos que os portugueses fizeram para apoiar as vítimas de Pedrógão Grande, irá doar cerca de meio milhão de euros aos hospitais de Coimbra para ajudar as pessoas afectadas pelos incêndios. Sendo Portugal um país onde há um sistema de saúde financiado pelos impostos pagos pelos portugueses, deve-se concluir que o Governo acha que pode tratar os donativos como um substituto de impostos.
Quando as pessoas fizeram estes donativos, decerto pensavam que o dinheiro iria ser directamente entregue às vítimas para as ajudar a reconstruir parte da vida que perderam – isto daria um bom inquérito aos portugueses, se houvesse algum meio de comunicação social para aí virado. Em vez disso, o governo achou por bem aumentar a capacidade dos hospitais de Coimbra em responder a incêndios. Um investimento em capital fixo permanente não faz sentido do ponto de vista de gestão dos hospitais, se o que se observou este ano é completamente anormal e fruto de vicissitudes meteorológicas combinadas com um excesso de optimismo na gestão dos recursos actuais".

                           Rita Carreira convidada do DO

Este excerto começa a levantar uma ponta do véu que paira sobre as dádivas feitas em dinheiro para as vítimas de Pedrogão Grande. Começa agora a perceber-se porque é que os tais 14 milhões de euros desapareceram das noticias nacionais.
Vale a pena ler o texto integral da Rita Carreira, que escreve como convidada no http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt - só não o reproduzi na íntegra, por ser mais longo do que os post´s que aqui costumo colocar - porque ele aborda outras questões de igual interesse, em particular as que respeitam o Orçamento do próximo ano para a Administração Interna.
Havemos de ir sabendo a verdade a prestações. Não sei se alguma vez a conheceremos toda. Mas há quem acredite que ela acaba sempre por vir à tona...

HSC

10 comentários:

Anónimo disse...


Fiquei danada, quando li essa notícia. Com que direito esses senhores decidem utilizar esse dinheiro, que não é deles, e que foi doado pelos portugueses (eu incluída)para ajuda directa às populações atingidas pelos incêndios??? Por essas e por outras não volto a entrar em campanhas destas. Fiz donativos directos a pessoas que conheço, almas generosas, que sei que vão entregar a populações necessitadas.
Maria F. Silvestre

Anónimo disse...

O que não convém é opinar de forma que até pareça que é o governo que gere os 14 milhões. sabe que não é assim. O fundo pelo qual o governo pode responder é o Fundo REVITA, e não são 14 milhões nem nada que se pareça. Sabe que foram várias as entidades a organizar linhas de solidariedade. E privadas, pois está claro. Dessas é que nada se sabe. E acredite, nestas coisas da solidariedade, desconfie é de privados. Ainda hoje apareceram imagens de casas já recuperadas e pareceu-me ver António Costa na entrega de uma chave. Vi a notícia na diagonal, mas que alguma coisa já se vê, é verdade. Foi algum dinheiro para a Saúde? Pois não sei. se calhar foi... mas não venham dizer que foram 14 milhões desviados para a saúde. Que é o que parece estarem a querer fazer. Poupem-nos. Batam lá no governo, mas ao menos de forma mais justa e sensata.
P




João Menéres disse...

Considero o desvio de um enorme crime !

Melhores cumprimentos, HSC.

Pedro Coimbra disse...

Por estas e por outras semelhantes tenho sempre muito cuidado com os donativos.
Ou tenho a certeza praticamente absoluta que vão beneficiar quem é suposto beneficiarem ou não contam comigo.

Silenciosamente ouvindo... disse...


Já fui lá ler o artigo.

Até parece que é bom haver certas calamidades

para ajudar as contas com Bruxelas e virem umas

verbas.

Desta vez os artistas não se mobilizaram e penso

que se deve ao descontentamento pelo que aconteceu

com o dinheiro que conseguiram e que foi perdido o

rasto.

As pessoas que morreram e outras que ficam em tais

estados para o resto das suas vidas, são danos colaterais.

Que tristeza de políticos.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro P
O texto transcrito fala de "partes dos donativos".
Eu referi-me aos 14 milhões porque o facto de ser o REVITA a administrar a "outra parte" está muito longe de esclarecer as minhas dúvidas. E os seus responsáveis também têm estado longe de esclarecer, ponto por ponto, como seria sua obrigação, o que foi gasto, onde e como.
Se tivesse passado por alguns dos locais completamente destruídos e ouvisse algumas pessoas que lá vivem como animais abandonados, e tivesse a minha idade, perceberia melhor a minha tristeza e luta.
Cptos

Teresa disse...

Pois,mas foram essas mesmas pessoas e algumas morreram,que provocaram isto!!Quem fez as queimadas?Não firam as pessoas das Cidades!Estava um calor enorme,vento também,os efeitos do furacão dias antes...foi o rastilho...e são pessoas experientes,deviam ter mais cuidado também!E continuam a ir de carro mirones a atrapalhar os Bombeiros enfim!E a juntar a tudo isto o falhanço da "Protecção Civil"!

Dalma disse...

HSC,o comentário que me fez na altura de Pedrógão vejo agora e infelizmente, que tinha toda a razão de ser!

Anónimo disse...

"deve-se concluir que o Governo acha que pode tratar os donativos como um substituto de impostos."

Ora, ora, mas qual é a dúvida? Qual é a surpresa? O Governo até acha que pode governar sem ter sido eleito. Faz-se um malabarismo e ultrapassa-se esse "pequeno" inconveniente que é não terem sido eles a vontade dos Portugueses expressa nas urnas.

Aqui é a mesma coisa: um pequeno malabarismo e o dinheiro doado às vítimas acaba a dar uma ajudinha nas contas públicas, as mesmas contas com que o Governo tem enganado os trouxas. Basta dar-lhe uma roupagem, ilusória, que associe essas contas às vítimas.

Onde é que está a surpresa? Mas ainda alguém acredita em António Costa? Sim, os trouxas.

Anónimo disse...

Em bom tempo decidi investir o que tinha destinado a transferir em dinheiro para essa conta da CGD em bens para as vítimas de Pedrógão.
A isto chama-se desvio e roubo descarado.
Assim que saiu a notícia fui pesquisar e a única notícia que encontrei com referência a vitimas ainda internadas é de 2 de agosto, 11 pessoas internadas, cinco em Coimbra, dois em Lisboa, um no Porto, um em Valência, um em Leiria e outro no Montijo. Isto em Agosto. Porquê Coimbra? Porque não ao hospital do distrito afectado, Leiria? 500.000€ dava para dar 5.000€ a cem famílias afetadas, por exemplo. Para quem ficou meses sem trabalhar, sem o seu sustento. O dinheiro foi doado pelos portugueses para ajudar as vítimas, não para o banco do estado o desviar para cumprir um papel que deve ser o do estado, garantir cuidados de saúde. 500.000€ para ajudar 5 (?) pessoas quando milhares foram afetadas.Como é que se
Pode achar isto legítimo?
Maria