segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Tempos críticos...

Parece que Puigdemont e os cinco ex-secretários – Borràs, Comin, Forn, Bassa e Serret - se terão deslocado para Bruxelas, um dia após o ministro de Asilo e Migração belga, Theo Francken, do partido nacionalista flamengo, ter provocado ampla polémica ao abrir a possibilidade de concessão de asilo ao ex-presidente, oferta logo depois negada pelo primeiro-ministro.
A viagem veio a público poucas horas depois do procurador-geral do Estado, José Manuel Maza, ter anunciado a existência de uma ação judicial formal contra Puigdemont e todos os ex-membros do governo catalão, por crime de rebelião, sedição e desvio de dinheiro público. Os quais dão, a meu ver, com esta "fuga", um triste exemplo de abandono, aos confiantes nacionalistas da Catalunha. 
E, mesmo o argumento de que se poderia estar a encarar a possibilidade de formação de um governo catalão no exílio pouco colhe, nas actuais circunstâncias. Como bem disse a Rainha D. Amélia quando embarcou com D. Manuel na Ericeira, do exílio não se regressa.
A representação catalã perante a União Europeia, cujo responsável assumiu, nesta segunda-feira, a destituição por parte do Executivo espanhol, afirmou não ter informações sobre aquela viagem. O partido nacionalista flamenco negou-se a confirmar ou a desmentir se representantes seus se reuniram com o ex-presidente da Generalitat.
Confesso achar estranho, que um país membro da União Europeia, possa ter recebido, nestas condições, estes eventuais "fugitivos". Mas se o fez, não consigo descortinar como o governo irá explicar à UE a situação. O que adivinho, sim, é que se o gesto pega, se avizinham tempos críticos...



HSC

domingo, 29 de outubro de 2017

Solidariedade


Ricardo Araújo Pereira começou esta semana, sozinho e por iniciativa própria, uma série de espetáculos solidários de apoio às vítimas dos incêndios. Vai no seu carro, sem qualquer espécie de acompanhamento e percorrerá as zonas mais sinistradas, para lhes trazer o conforto do humor, de que tanto devem carecer. Humor esse que que se irá transformar em dinheiro, integralmente destinado a minorar o sofrimento dessas gentes.
Confesso que sempre me impressionou quem mete mãos à obra, sozinho, usando e oferecendo aquilo que tem. No caso de Ricardo Araújo Pereira, a decisão que tomou merece, da minha parte, os maiores elogios, porque não sei se haveria muita gente capaz de fazer o mesmo. Para mim, ele ganhou um lugar muito especial no campo da solidariedade, porque não só contribui, mas também se envolve diretamente na acção.  
Eu que até não simpatizava muito com ele em determinada altura da minha e da sua vida, dou a mão à palmatória. Trata-se, de facto, de uma pessoa que merece a minha admiração, num campo em que sou sempre muito cautelosa. Aqui fica, portanto, o meu testemunho!

HSC

sábado, 28 de outubro de 2017

Igreja: Nada a acrecentar(13)

Consta que o perfil sexual dos seminaristas vai passar a ser investigado para evitar a ordenação de padres com tendências homossexuais. Nada tenho contra os pruridos da igreja católica com o sexo, como nada poderei ter contra a castidade e celibato dos padres. Não sou católico nem padre, nada disso, portanto, me diz respeito. Não significa, porém, que, enquanto ser racional que me esforço por ser (embora tantas vezes falhado), não estranhe a discriminação de que são alvo os putativos padres homossexuais. Se a igreja católica proíbe os seus padres de terem relações sexuais ou refrear as pulsões sexuais com que a natureza os dotou, que diferença fará um padre ser homossexual ou heterossexual? O que deve fazer um padre atraído por uma mulher? Refrear, anular ou sublimar a sua pulsão sexual e seguir em frente para cumprir as suas tarefas eclesiásticas. O que deve fazer um padre atraído por um homem? Refrear, anular ou sublimar a sua pulsão sexual e seguir em frente para cumprir as suas tarefas eclesiásticas. Se é suposto castrar o ser sexuado que há em cada padre, o que distingue então um padre homo de um padre hetero? Um padre sexualmente castrado será apenas um padre sexualmente anulado e o que não existe não pode ter graus ou naturezas.”
               
              Jose Ricardo Costa em https://ponteirosparados.blogspot.pt/

Para mim esta análise está correcta e a Igreja deve pensar seriamente antes de tomar uma medida discriminatória de tal natureza. Os casos de pedofilia que têm abalado recentemente a instituição, não se devem à opção sexual dos padres, mas sim à forma como vivem a opção de vida que fizeram.

HSC

As minhas futuras noites!

O ano de 2017 foi o meu pior ano, desde a morte do Miguel. Tive três intervenções cirúrgicas, tive uma pneumonia e tive a perda de amigos que me fazem cada vez mais falta. A estes, acredito que os vá encontrar  de novo, mais cedo ou mais tarde. Mas as mazelas decorrentes dos tratamentos daquelas maleitas teimam em subsistir e vão mesmo obrigar a mudanças na minha vida, que só de pensar nelas, o pelo se me iriça todo.
Baseei sempre a minha existência na independência física e económica. Vivi sempre do meu trabalho e creei sozinha os meus filhos. Não recebi pensões, ajudas ou contributos. Ainda bem, porque fui livre de fazer o que me deu na gana. Mantenho, ainda, confesso, uma certa mágoa de não ter ido para a OCDE trabalhar, porque o pai das crianças a isso se opôs, pese embora ele se tivesse ausentado durante cerca de seis anos e eu nem tivesse sido ouvida. Os tempos eram outros. Havia de ser hoje...
Tudo isto a propósito da minha familia entender que é chegada a hora de eu ter uma empregada interna, o que manifestamente me incomoda. Gosto de viver como vivo e não quero partilhar a minha intimidade com uma assalariada. Está portanto instalado um "diferendo" familiar, porque quer filho, quer irmão mais novo, sempre ausentes do país, decidiram que eu devo estar acompanhada...à noite, pouco ou nada nada sabendo das mesmas!
Enfim, as longas conversações travadas - em que eu vejo sistematicamente uma pessoa a perguntar-me o que  vai fazer -, estão a encaminhar-se para uma situação mais aceitável, que será arranjar uma pessoa empregada, que dorme aqui em casa, sai para o trabalho e volta quando o mesmo termina. Mesmo assim, só de pensar nisso, sinto calafrios...

HSC

Alain Demoustier


Éramos amigos há mais de 50 anos. Conheci-o em Vila Viçosa onde o Pai trabalhava em mármores com o meu querido e saudoso sogro. A Friquette haveria de surgir, linda, prática, original, no meio daquela Vila para lhe emprestar um viço muito particular.
Fizemos montes de coisas juntos e divertimo-nos muito. Divorciei-me mas nunca ele deixou de ser meu amigo. Até nisso foi exemplar, comparado com uns outros que conheci e ele também. Costumava dizer-me que tinha sido uma sorte para mim que eles poisassem longe...
O Alain era das pessoas mais sagazes que conheci, com um humor muito particular e já influenciado pelas décadas vividas em Portugal. No fim da vida quis ser, também, português. Ele amava este canto e esta terra.
Seríamos, o António Monteiro e eu própria, os seus padrinhos, aqueles que constituíram o garante de uma série de compromissos. E o almoço de caviar - do autêntico, não do falso - que ele nos ofereceu, depois, na sua casa, ficará para sempre gravado na minha memória, como um exemplo da sua sadia gratidão. 
Foi o belga mais português que conheci. Morreu como um português que jamais esqueceu a Bélgica natal. Aos filhos e à doce Friquette o meu mais triste e sentido abraço.

HSC

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

As Farpas...


"Pedro Silva Pereira, o antigo braço direito de José Sócrates, faz hoje uma semana, em declarações à TSF, afirmava que «O Presidente da República está naquela posição fácil de poder alinhar com expressões de indignação e sofrimento do país sem ter que subscrever responsabilidade na solução de problema nenhum».


Na mesma data, numa intervenção feita na TVI 24, Fernando Rosas acusava o Chefe do Estado de se deixar «atrair pela intriga política» e «exceder o magistério presidencial».


Na mesma linha, Daniel Oliveira, na sua coluna da última edição do semanário Expresso, considerava que «O Presidente, uma raposa disfarçada de peluche, aproveitou. Distanciou-se de Costa no tom, o que é fácil para quem apenas tem a parte perfomativa da representação do Estado. (...) Não se enganem: o rei do teatro sensível tem uma frieza invejável no cálculo político.»


Porfírio Silva, membro do Secretariado Nacional socialista, rasgava as vestes perante o «inaceitável aproveitamento politiqueiro de uma enorme tragédia que o País viveu». O alvo continua a ser o Chefe do Estado.


E, qual cereja em cima do bolo, no jornal oficial do PS, já há quem chegue ao ponto de apontar tentações ditatoriais ao inquilino de Belém, lançando o toque a rebate. «A esquerda deve estar unida e coesa, para impedir esta caminhada preocupante e perigosa, combatendo a tentação presidencialista de Marcelo, que ameaça a democracia. E o presidencialismo, é bom ter presente, descamba, por vezes, em ditadura.»

                                        Fonte Pedro Correia no DO

A época da caça começou. Nem outra atitude seria de esperar. Assim, o tiro ao alvo a Marcelo disparou. Os excertos publicados são uma pálida imagem do que tem sido afirmado.
Não sou Marcelista e sempre chamei, aqui, a atenção para o risco de que o colo dado pelo PR ao governo, o pusesse numa perigosa "saia justa", que mais tarde ou mais cedo iria começar a estreitar. Está à vista...os barões já começaram a usar as suas munições. Talvez sejam as que não foram devolvidas a Tancos!

HSC 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Uma pontinha do véu...

"Na sequência dos incêndios de 15 de Outubro, foi noticiado que a Caixa Geral de Depósitos, onde estão depositadas partes dos donativos que os portugueses fizeram para apoiar as vítimas de Pedrógão Grande, irá doar cerca de meio milhão de euros aos hospitais de Coimbra para ajudar as pessoas afectadas pelos incêndios. Sendo Portugal um país onde há um sistema de saúde financiado pelos impostos pagos pelos portugueses, deve-se concluir que o Governo acha que pode tratar os donativos como um substituto de impostos.
Quando as pessoas fizeram estes donativos, decerto pensavam que o dinheiro iria ser directamente entregue às vítimas para as ajudar a reconstruir parte da vida que perderam – isto daria um bom inquérito aos portugueses, se houvesse algum meio de comunicação social para aí virado. Em vez disso, o governo achou por bem aumentar a capacidade dos hospitais de Coimbra em responder a incêndios. Um investimento em capital fixo permanente não faz sentido do ponto de vista de gestão dos hospitais, se o que se observou este ano é completamente anormal e fruto de vicissitudes meteorológicas combinadas com um excesso de optimismo na gestão dos recursos actuais".

                           Rita Carreira convidada do DO

Este excerto começa a levantar uma ponta do véu que paira sobre as dádivas feitas em dinheiro para as vítimas de Pedrogão Grande. Começa agora a perceber-se porque é que os tais 14 milhões de euros desapareceram das noticias nacionais.
Vale a pena ler o texto integral da Rita Carreira, que escreve como convidada no http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt - só não o reproduzi na íntegra, por ser mais longo do que os post´s que aqui costumo colocar - porque ele aborda outras questões de igual interesse, em particular as que respeitam o Orçamento do próximo ano para a Administração Interna.
Havemos de ir sabendo a verdade a prestações. Não sei se alguma vez a conheceremos toda. Mas há quem acredite que ela acaba sempre por vir à tona...

HSC

A mulher adúltera


É triste ver como certas expressões ainda continuem a usar-se na segunda década do sec. XXI. Mas também devo dizer que conheci muitos advogados do meu tempo, convertidos depois ao exercício de altas funções políticas no país, que usaram não só o vocábulo, como o seu conteúdo, para fazerem valer os direitos masculinos, nos casos de divórcio que à época, patrocinaram.
Quando se vive muito tempo, como eu, tem-se a vantagem de ter conhecido muita gente. À direita e à esquerda. E ficariam, quem sabe, muito surpreendidos, ao tomar conhecimento do modo como esta última apadrinhava, sem vergonha, a causa. Desde os católicos progressistas, às esquerdas mais variadas como o MES e o GIS. Eram socialistas na verve política. Mas no campo profissional, o adultério feminino do "make love not war" ter-lhes-á feito muito jeito.... Oxalá lessem este texto e se envergonhassem!
Caso não fosse triste, como disse no início, seria uma oportunidade para dar uma boa gargalhada, se aqui relembrasse alguns dos nomes que, à época, usaram essa bandeira para defender os interesses dos amigos que separaram. Veriam como além da inveja, a hipocrisia é uma das "qualidades" de alguns grandes homens deste país.
Hoje falam de galo e são arautos da moral. A posição alcançada permite-lhes a farsa. Mas bastaria uma pequena investigação aos seus currículos profissionais, para se ver os processos que advogaram e o modo como o fizeram. Teriam grandes surpresas. É que não se lapida uma mulher apenas com pedras. Lapida-se também com palavras, como esta!

HSC

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Porque será?!

Apetecia-me dizer que "estou a ficar velha". Mas seria profundamente ridícula, porque se há alguma coisa que sou, é velha. E, confesso, cada vez gosto mais de o ser...
É que os azares e as desventuras são tantas que, às vezes, tenho dificuldade em acompanhar o dia a dia, embora me considere uma pessoa interessada pelo mundo que me cerca. 
Não, não me estou a referir a Portugal em particular. Estou a referir também a Espanha, o Reino Unido - que de unido vai tendo cada vez menos-, a Alemanha, a Timor, enfim a esta sociedade actual, que parece regredir quando, surpreendentemente, a evolução tecnológica deveria fazê-la progredir.
Porque será que quanto mais evoluímos, menos humanidade revelamos?!

HSC

sábado, 21 de outubro de 2017

O amanhã

Ouvi, há minutos, o Prof João Duque falar, na Sic, sobre as medidas que o governo "vai tomar"relativamente aos incêndios que enlutaram o país e que terão sido aprovadas, hoje, no Conselho de Ministros extraordinário que, julgo, ainda decorre. 
Serei suspeita porque tenho grande admiração pelo que dele conheço como profissional e como ser humano. Mas o seu comentário abordou o imediato, o mais importante. E que é saber como comem e como dormem aquelas pessoas que ficaram sem nada, até que as medidas de agora, sejam exequíveis, o que demorará pelo menos dois meses? Como vivem estes nossos irmãos até lá? 
E se o dinheiro dado pelos portugueses para Pedrogão Grande, os famosos 14 milhões de euros, começasse já a dar de comer a quem tem fome, esteja ele onde estiver? Afinal, não foi para essa emergência que os portugueses o entregaram?

HSC

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Só por isso?


O país anda tão triste, que já nem reage às noticias que vem recebendo. Agora foi o armamento roubado de Tancos que apareceu, vejam lá, ali ao lado, ao que julgo na Chamusca, todo bem embaladinho. Todo, todo não, porque parece que ainda faltavam umas "balitas", daquelas que nas Glock parece que matam bastante rápido.
Enfim, como não sou especialista e tudo isto tem avariado  o meu coração, entre incêndios, Catalunha e armamento, até corro o risco de trocar o nome das regiões e o dos responsáveis. Se assim for, desculpem, porque é do stress em que tenho vivido desde de sábado.
O que não consigo é deixar de perguntar a mim própria - já que os "outros" não me respondem - como é que tudo isto aconteceu. Lembram-se que o ministro da pasta, há uns dias, até admitia que não tivesse havido roubo? 
Não tivesse havido roubo? Mas se o governante se atreveu a dizer isto, teve uma enorme premonição. É que o material estava tão pertinho de Tancos e tão bem acondicionado, que é bem capaz de Azeredo Lopes ter razão. Aquilo não foi roubado, foi apenas deslocado  E é por isso, por ter sido apenas deslocado, por esse pequeno movimento aleatório, que estão a pedir a cabeça do ministro? Francamente, com exigências destas daqui a pouco ninguém quer ser ministro!

HSC

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Para além dos afectos


O Presidente da Republica fez ontem o discurso que se impunha, face ao comportamento do PM António Costa relativamente a dois membros do seu elenco governativo.
Há umas semanas escrevi aqui que Marcelo Rebelo de Sousa criara, com o apoio dado ao governo, uma situação que os brasileiros chamam de "saia justa". E que, um dia, a saia apertava demasiado e seria a ele, que todos iriam pedir responsabilidades.
Ontem o discurso, curto e incisivo, correspondeu ao que muitos esperávamos dele. Correrão decerto muitas opiniões negativas sobre o mesmo. Em democracia é saudável que assim seja. Mas ele re-centrou, como devia, o problema. É à Assembleia e aos deputados que apoiam a solução encontrada, que compete decidirem o que fazer face à moção de censura que o CDS vai apresentar.
Ela não vai, decerto, passar. Mas os deputados serão obrigados a mostrar se as atitudes tomadas pelo governo face aos incêndios, merecem ou não o seu apoio. E isso é, a meu ver, um passo importante para clarificar a posição em que nos encontramos.

HSC

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Quatro meses depois...

“Hoje, quatro meses depois do incêndio do Pedrógão Grande que matou 65 pessoas, o Governo decretou três dias de luto nacional por mais 36 vidas perdidas para o fogo.

... Quatro meses depois, nada, ou quase nada mudou. A ministra da Administração Interna é a mesma, o comandante da Proteção Civil foi demitido por causa de uma licenciatura e substituído pelo numero dois que adulterou a fita do tempo da tragédia do Pedrógão e não houve uma única medida concreta no terreno. O Governo ficou quatro meses à espera das conclusões da Comissão Técnica Independente que António Costa prometeu ontem implementar. Só para relembrar as principais: criação de uma agência que faça prevenção e combate, bombeiros profissionais no combate ao fogo e guerra ao fogo durante todo o ano. Primeiro-ministro, ministra e secretário de Estado pediram "atitude madura", "proatividade" e "resiliência", que é o mesmo do que pedir paciência. Ninguém pediu desculpa. A não ser a representante das vítimas do Pedrógão que lamenta não ter sido mais dura com o Governo.”



                       Rui Gustavo em Expresso Curto, hoje

Para quê acrescentar algo ao que aqui ficou escrito? É completamente desnecessário. Basta pensar um pouco no verdadeiro luto que tudo isto representa para o país.

HSC

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Férias...na neve!


“Já não falo da ética da responsabilidade, a que alguns - de forma mais restritiva - preferem chamar ética republicana. Cada um faz a interpretação deste princípio de acordo com a sua formação e a sua consciência.
Até dentro da mesma maioria política há discrepâncias nesta matéria. Em 2001, por exemplo, Jorge Coelho renunciou dignamente à pasta ministerial que ocupava quando ocorreu a tragédia de Entre-os-Rios alegando que a culpa não podia morrer solteira. O País, mergulhado em estado de choque, compreendeu bem o que este gesto e estas palavras significavam.”

                                  Pedro Correia no Delito de Opinião

A única explicação que a titular da Administração Interna sabe dar ao país é a de que a culpa do que acontece nos fogos é sempre de terceiros.
Não bastou a tragédia de há três meses e todas as trapalhadas que marcaram, então, a actuação dos responsáveis. Portugal está, de novo, mergulhado no mesmo drama e pelas mesmas razões. Neste momento a tragédia alastra a dois terços do país e a mais 35 vitimas mortais.
A forma como Constança Urbano de Sousa se dirige aos portugueses não é admissível. Depois de já terem sido apuradas, em relatório oficial, as responsabilidades sobre Pedrogão Grande, o mínimo que esta Senhora deveria fazer era, primeiro pedir desculpa  pública aos familiares das vítimas e depois pedi-las ao país, pondo o seu lugar à disposição de António Costa e libertando-o de tomar as decisões que entendesse convenientes.
Deixa-la continuar a aparecer na televisão para dar as suas explicações ofende todos nós. E, se o Primeiro Ministro não percebe isto, então o Presidente da República não pode deixar de lhe chamar a atenção para o prejuízo que esta ministra está a causar ao elenco governativo.
É urgente que algum destes responsáveis sugira que a Senhora Ministra faça férias. De preferência férias na neve...

HSC

sábado, 14 de outubro de 2017

Um momento único!


Portugal vive um momento único e original. Se não relembremos sem ordem nem pontuação que o Ministério Publico concede entrevistas, os banqueiros e os empresários suspeitos de má conduta mantêm o mesmo estilo de vida, o Orçamento é apresentado antes de tempo, mas fora de horas, a reunião que se lhe segue decorre de madrugada, Madona vive em Portugal e diz-se encantada, os portugueses estão felizes como as cigarras costumam estar antes do inverno chegar, a dívida sobe paulatinamente mas ninguém parece lembrar-se da formiga que amealha no bom tempo para sobreviver na tempestade, os sindicatos só falam na função publica, esquecendo que há quem não tenha o Estado como patrão, o relatório sobre Pedrogão Grande é arrasador mas a ministra, tendo mesmo ao seu lado António Costa, afirma que se não demite, pese embora ja tenha demitido um responsável, que já fora readmitido e agora volta a ser demitido. Confuso? Nada! 
É o Portugal europeu, aquele que até já saíu do lixo de uma agência, pejado de turistas, comprado por chineses e paraíso fiscal para todos menos para aqueles que aqui tiveram a sorte de nascer e resolveram ficar. Amália e o Marceneiro, sim, é que nos haviam de cantar... mas azar nosso, já morreram e faltam-nos poetas para propalar o tal momento único e original! 

HSC

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

A Voz das Mulheres


A Inês Pedrosa e a Patricia Reis são as comissárias do primeiro encontro "Mulheres nas Artes - Percursos de Desobediência" que se realizará nos próximos dias 16 e 17 na Fundação Calouste Gulbenkian. A curadoria destas duas escritoras é garantia da qualidade do que ali irá decorrer. 
Para este encontro vem a escritora libanesa Joumana Haddad, que aproveitará a ocasião para lançar, pelas 19h, o seu livro "Eu Matei Xerazade: Confissões de Uma Mulher Árabe em Fúria", cuja apresentação estará a cargo de Nuno Júdice.
Este vai, também, ser  o primeiro título da nova editora Sibila, que a Inês se propõe agora lançar. 
A programação, extensa para um blog, pode ser consultada no site da FCG, ou através da net e está recheada de matérias de grande importância e actualidade. A não perder.

HSC

domingo, 8 de outubro de 2017

É o que há...



"Tendo em conta que o alvo da campanha para sensibilização da população para a vacinação contra a gripe são sobretudo os idosos, e entre estes, provavelmente, os com menos instrução serão os que mais carecerão ser sensibilizados, quem se lembrou de ir buscar a Guerra dos Tronos e um texto em inglês? Melhor: quem foi a besta que autorizou esta campanha?" 

                  Rui Herbon em Delito de Opinião

Alguém me explica porque é que se faz uma campanha pró vacinação em inglês?! Será que alguém considera que há mais turistas que portugueses? Ou, pior, que estes são mais importantes que nós?
Francamente, estas cabecinhas pensadoras, deixam muito a desejar...
É a vida. É, sobretudo, o que temos...

HSC

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Vulnerabilidades...

“Por mais que me custe admiti-lo, a verdade é que na presença de um médico, qualquer que ele seja, me sinto de algum modo intimidada. É inevitável. De todas as vezes, toma-me uma estranha sensação que nem sei explicar bem. Talvez seja a inquietação diante de um veredicto que se espera sempre feliz, o nervoso miudinho que traz o desconforto do que não é certo nem visível, a intuição de que sabem mais do que querem dizer(nos) temendo que não o possamos entender, ou a esperança no bom resultado do que advém dos seus diagnósticos, das suas decisões, do trabalho preciso das suas mãos.
Veja-se o caso do dentista: como podemos não nos sentir diminuídos e especialmente frágeis quando estamos em posição inferior, no sentido literal, com um "guardanapo" ao peito e o médico inclinado sobre a  nossa boca escancarada e cheia de tubos e os mais diversos instrumentos, que nos impedem de dizer o que quer seja? Não me parece que alguém possa sentir-se confortável nesta situação, sempre constrangedora, quase humilhante. Enfim, podia dar outros exemplos, mas não me parece necessário. 
Precisamos dos médicos, hélas, dependemos deles até para grande parte do que é o nosso bem-estar e a nossa saúde (o mais precioso de todos os bens), mas eu não consigo livrar-me desta coisa assim meio infantil de estar sempre a querer fugir deles”.

             Isabel Mouzinho em isabelmouzinho.blogspot.pt

Hoje é a minha amiga Isabel a dona deste espaço. Tudo o que ela escreve aqui em cima, eu assino por baixo. E só por alguma contenção, é que não falo no constrangimento que sentirmos, nós mulheres, perante uma consulta ginecológica...

HSC

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Auto promoção



Os Nove Magníficos tem uma nova edição, revista, que chega no dia 11 às livrarias. Aqui ficam as palavras que escrevi quando saíu e que continuam hoje inteiramente válidas.
"É evidente que, como seres humanos, cometeram erros e obtiveram sucessos. Porém, todos eles irradiaram, no seu tempo, uma luz que, definitivamente, os distinguiu dos simples mortais. Não ousarei dizer quais são os meus magníficos de eleição. Mas eles existem. E, provavelmente, cada leitor elegerá os seus, de acordo com valores muito próprios. Espero, até, que essa diversidade seja uma das mais ‑valias deste livro.
Os reis que aqui estão correspondem a uma escolha minha. Que, como tal, é discutível. Escolhi‑os não só porque foram magníficos homens de poder, mas também porque a sua existência os revelou seres humanos especiais!"

HSC

A sabedoria popular...

“Quando era pequeno, mesmo sabendo que os bolsos dos meus pais tinham muito pouco ar e ainda menos dinheiro, de tempos a tempos fazia, como qualquer criança, birras quando a resposta ao "quero" era "não". O meu pai nunca respondia "não" a qualquer "quero", respondia sempre com uma frase complicada que nos deixava a pensar: "Uma coisa é o que tu queres ter, outra é o que podes ter e outra é o que tens". Nunca descobri onde ele teria aprendido tal frase mas ainda hoje, na minha família, ela funciona como resposta a qualquer "quero". A coisa está tão interiorizada que quem tem mais de 2 ou 3 anos nunca diz "quero".

Marcos Dantas  
ISCTE-IUL comentário a uma notícia sobre uma eventual futura greve da Frente Comum

Curiosamente, a minha avó Joana sempre disse a mesma coisa aos seus muitos netos. Foi, talvez por isso, que este comentário que não comento - nem tal seria necessário - despertou a minha atenção. Há uma sabedoria popular que é, de facto, muito superior a certos manuais de economia!


HSC