domingo, 24 de setembro de 2017

Relato de uma trapalhada

O semanário Expresso fez manchete com um relatório dos serviços de informações militares que censuava Azeredo Lopes de ter gerido o roubo do armamento militar “com ligeireza quase imprudente”, acusando-o ainda de ter proferido “declarações arriscadas e de intenções duvidosas”.
O relatório secreto que o Expresso diz ter sido elaborado em Julho, qualifica o incidente de Tancos como “de extrema gravidade” e tece duras críticas ao poder militar e político, censurando Azeredo Lopes de ter usado uma atitude de “arrogância cínica” na condução de todo o processo.
António Costa, ouvido, fechou-se em copas com o argumento de estar no meio de uma campanha eleitoral, afirmando que "a única coisa que queria dizer é que desconhecia em absoluto esse relatório.”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cuja acção de minimização de estragos em Tancos foi, até, supostamente elogiada pelo documento garantiu, a partir de Serralves que não tinha lido o relatório ou sequer a notícia.
Por seu lado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas garantiu em comunicado que o seu Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) “não produziu qualquer relatório” sobre Tancos.
Horas depois, o Expresso reiterou que o documento “existia e era verdadeiro” e que a sua autoria nunca tinha sido imputada ao CISMIL, mas sim a serviços de informações militares. 
O porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, limitou-se, por seu turno, a sublinhar que este ramo militar “desconhece o documento”.
A crer nas declarações de Azeredo Lopes, nesta terça-feira, no Parlamento, as únicas consequências do caso foram, até agora, a abertura de três processos disciplinares e o esvaziamento daqueles paióis.
O que talvez se explique dado que o ministro declarara, dez dias antes, em entrevista ao DN e à TSF que, face à ausência de provas, “no limite podia não ter havido furto nenhum”.
Finalmente, neste sábado, o Presidente que, por inerência, é comandante supremo das Forças Armadas, aproveitou para lembrar que “há-de chegar o dia em que teremos de apurar efectivamente o que existiu naquilo que se configurou como uma actuação potencialmente violadora das regras fundamentais do direito português”.
Digamos que é preciso um enorme esforço para se perceber onde anda a verdade, em tudo isto. Como já é norma entre nós, esperemos para ver o que se prova, como se prova e quando se prova.

HSC


2 comentários:

Anónimo disse...

Os mentirosos ao pé destes "Senhores" são aprendizes de mentiras.
Haja VERGONHA!
José

Silenciosamente ouvindo... disse...


Realmente é tudo tão estranho...

Não quero acreditar que o Expresso ia fabricar

um relatório...

Não sei o que se está a passar a nível político

em Portugal: o que é verdade? O que é mentira?

Os portugueses merecem mais e o Presidente da

República deve exigir ao Governo que tenha para

com o povo um comportamento exemplar.

Será que o relatório só passará a ter existência

a partir de 2 de Outubro?

Os meus cumprimentos.

Irene Alves