domingo, 26 de fevereiro de 2017

Igreja: O silêncio de Deus

Enquanto uma parte do país descansa ou goza os festejos de Carnaval, outra, que se sente católica, prepara-se para viver quarenta dias de forma especial, dando assim inicio ao que chamamos de Quaresma.
Na missa de hoje, por intenção do meu irmão mais velho que faleceu recentemente, a prédica recaiu sobre o silêncio de Deus. Este silêncio é, talvez, uma das mais duras provas a que os crentes podem ser sujeitos. Com efeito, apesar de Deus nos ter prometido que não nos abandonaria, como viver as injustiças quotidianas sem o seu apoio? Como aceitar que Ele nos ama, perante tanta fome, doença, calamidade, solidão?
Penso muitas vezes nesta questão e muita gente me pergunta como consigo ser católica no mundo de hoje, em que a Igreja,  feita por homens, arrasta nos seus ombros as limitações desses mesmos homens? A única resposta que encontro tem a ver com um sentimento de confiança, a que muitos de nós apelidam de fé. Talvez por isso, a única resposta àquela pergunta, seja afinal outra, a de como seria possível viver neste mundo sem confiar que haverá, à nossa espera, um mundo melhor?

HSC

24 comentários:

Tété disse...

Difícil por vezes querida Helena, aceitar tudo o que Deus nos dá na esperança de alcançar um mundo melhor.
Mas claro que o que nos faz ultrapassar tudo é realmente a fé. E o que é a fé? Mais difícil ainda quando, como diz, temos a sensação de que Deus não nos acompanhou tanto como prometeu ou tanto como nós queríamos.
Cada vez mais se nos apresentam situações que nos fazem balançar as nossas crenças.
Mas se formos vivendo com persistência na aceitação da Sua palavra, não importam os procedimentos da Igreja, por vezes tão postos em causa, mas sim tudo o que Dele recebemos de bom e até de menos bom, se pensarmos que poderia ter sido muito pior.
Abraços de muita amizade.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Sim, drª. Helena apenas a fé, o acreditar num depois...
Não conseguimos ter certezas absolutas.
Há tanto que nos interroga e que não encontramos respostas.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Anónimo disse...


Helena
Esta é o única vida,em que temos a certeza que existe, se há outra não sabemos. Nós adquirimos meios de defesa para as dores, suportes para seguir em frente. Na semana passada perdi uma tia, a missa de corpo presente foi cheia de palavras terapêuticas, gostei da esperança que o padre tentou devolver aos presentes. Não esqueci estas palavras " a vida é efémera e breve".
Sim vamos ter confiança que tudo vai melhorar, sim vamos acreditar num mundo mais justo para todos. Sim vamos ter fé ou confiança que os mais abonados se lembrem dos sem abrigo, das crianças com fome, das desigualdades entre os demais.

Abraço forte
Carla

Dalma disse...

"....acreditar que teremos um mundo melhor à nossa espera", diz a HSC. Eu pergunto: para todos, ou só para alguns?
O Papa Francisco, e segundo aprendi "in illo tempore" os Papas são infalíveis e ele já declarou que não há inferno! Assim sendo...

Cá está a incrédula, dirá a HSC.

Anónimo disse...


Na leitura de ontem , é dito que até Jesus na Cruz disse " Pai porque me abandonaste".

Tambem nós , terrenos humanos , por vezes deseperamos perante tanta "indiferença" (para não me alongar) .

Mas será sempre a Fé e apenas esta que nos animará , e nos faz crer que amanha será melhor.
Abraço de Fé

Anónimo disse...

"Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus."

Deus é Amor puríssimo!!

Quando amamos participamos da própria natureza de Deus!!

Deus é Amor que dá uma felicidade imensa!!

Deus ama a VERDADE, e por isso, "os verdadeiros adoradores são os que o adoram em espírito e em verdade."!!

Fátima Magalhães.

Anónimo disse...

Ainda não aprendemos que Deus está noutro plano. No mundo temos muito que sofrer, mas Jesus disse " O meu Reino não é deste mundo." E disse também " quem vê a mim, vê o Pai." Portanto, somos amados por Deus, mas Deus está num plano mais elevado do que o humano. Se a verdade é pureza, então Deus que é Amor tão puro, tão puro que não podemos imaginar jorra VERDADE. E como é Amor ama a VERDADE que é Ele próprio. Mas amar não é ficar fechado sobre Si, é doar se. O Amor é entrega

Dalma disse...

Não quero ofender as crenças de ninguém pois cada um tem as suas. O que acontece nos três comentários que precedem o meu é que ninguém argumentou de forma consistente sobre o "silêncio de Deus" !!

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma
A religião tem no seu seio pessoas muito inteligentes que decerto satisfariam as suas inquietações. Ou talvez não.
Este meu post apenas mostra que "acreditar" é um acto de vontade individual que não pode nem deve ser imposto. Como, aliás, acontece com montes de coisas que não vejo, não palpo, não cheiro. Mas que sei existirem.
Quem não acredita, vive com fé no homem. Quem acredita vive com fé em Deus. Mas o sentido da vida é curto, se apenas confiarmos na natureza humana.Tão simples como isto!

Dalma disse...

HSC, como eu gostaria de encontrar uma dessas pessoas inteligentes, que não acreditasse por acreditar!
Diz a HSC que "acontece com montes de coisas que não vê, não ouve, não cheira e sabe que existem" mas, agora acrescento eu, mas vê-lhe os resultados, não vê?
Esse SER superior de que se fala está então e tal como diz "em silêncio"... e simplesmente as pessoas acreditam sem precisarem de mais.

Seria para mim tudo mais fácil se eu não fosse tão racional, acredite.

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma
Acredito sim, Dalma. Já fui assim, racional, objectiva, eficaz. Levei imenso tempo a aprender a deixar a brisa passar, a ver Deus nos "outros", mesmo naqueles que me não estão próximos. Foram muitos anos a limar arestas, a aprender que também é importante "deixarmo-nos levar". Deus apareceu-me aos 20 anos , data em que me baptizei e decidi entregar o meu destino nas Suas mãos. Já lá vão muitos anos. Umas vezes sem disputa, outras com muita alegria e outras ainda com alguma divergência. Mas nunca pondo em causa a escolha que fiz aos 20 anos e que suavizou muito o meu coração e o meu destino.

Dalma disse...

HSC, gosto muito do seu contraponto e muitas vezes é-me difícil não objectar, acho que até "cultivo" um pouco a capacidade de argumentar. Procuro fazê-lo em todas as circunstâncias de forma clara, talvez como os ingleses dizem em "straight talking" e no caso presente escolhi esta frase da sua amável resposta "...aos 20 anos... decidi entregar o meu destino nas Suas mãos" . Não HSC, pelo que me é dado conhecer pelo que escreve, a não ser que sejamos como o F.Pessoa ,a nossa personalidade revela-se e a HSC tem uma personalidade forte " quero, faço, consigo" o que não é compatível com o "entregar o seu destino..."

Bom, sei que tem muito mais que fazer do que aturar alguém que com o passar dos tempos cada vez mais questiona e se questiona.
Obrigada pela paciência.
D

Anónimo disse...


Helena

...a aprender que também é importante " deixarmo-nos levar".

Como me faz sentido esta frase,mas não é aplicável somos racionais de mais para deixarmo-nos levar. Não falo da religião, mas de um leque de coisas que nos prende aos grilhões da racionalidade.
É fácil para si, libertar-se das normas impostas pela sociedade?
Ser uma livre pensadora agir/fazer ou acima de tudo a racionalidade está no pódio?
A racionalidade pode ser uma defesa importante, mas uma fraqueza também já pensou nisso?
A racionalidade, leva as pessoas a perderem n coisas, já em outras situações é com ganho.
Aqui está uma questão difícil, ter racionalidade ou deixarmo-nos levar?

Abraço
Carla

Fernando Antolin disse...

É esse "silêncio" que Scorcese nos faz enfrentar, no seu estupendo filme de nome homónimo.

Juntamente com Manchester by the Sea e Fences, uma trilogia que me fez reconciliar com o cinema.

Cara Helena Sacadura Cabral, uma Quaresma em paz e que a Páscoa nos faça renovar a esperança.

Este Blogue precisa de um nome disse...

Olá, Helena boa tarde:

Engraçado que li este post dia 26 de Fevereiro e deixei esta janela de comentários aberta no browser para refletir no que aqui queria escrever. Ora aqui estou, da forma mais simplista que sei sentir e viver Deus dentro de mim: efetivamente a fé não se explica: sente-se. Eu sinto-a em tudo o que me rodeia e no que trago neste lugar que tenho no centro do peito, ao qual teimo chamar de alma. Deus está em todo o lado e não está em silêncio - como acima referem - Deus está vivo e deixou-nos muita coisa relatada aquando do envio de Jesus à Terra. Deus dotou o Homem de uma ferramenta que poucos dão valor: o livre arbítrio. Deus não é culpado das catástrofes: Deus deixou-nos ensinamentos para que muitas delas não ocorram. A noção do bem e do mal talvez seja o maior deles.

Aqui há um ano, na missa, ouvia um missionário que dizia algo tão simples como: « Deus é Pai de nós todos, nós é que não sabemos ser irmãos uns dos outros». Esta frase, na minha opinião, define a Igreja no momento. Se olhássemos uns pelos outros com o amor com que Jesus nos olhou há 2017 anos, talvez muitas das «desgraças» que estão a acontecer e que aconteceram ao longo de todos estes anos não tivessem acontecido, pelo menos: não da mesma forma. Isto digo eu que ao fim de 43 anos ainda ando em fase de construção do meu ser espiritual e que espero continuar a construir até ele me chamar para junto dele. Um abraço e obrigada por me pôr a pensar :-)

Anónimo disse...

🌷

Portuguesinha disse...

Deve ter sido nos programas sobre crimes de homicídio que «encontrei» a resposta para essa pergunta. Após tantos casos com desfechos quase sempre terríveis e procurando o «porquê», «como é possível»?, acabei por perceber que muitos podiam ter sido evitados. Existiam «sinais», alertas, avisos. Que foram ignorados não só por autoridades mas por todos nós como sociedade: amigos, pais, filhos, vizinhos...

O sofrimento, a miséria, a tragédia existe para aprendermos a melhorar como seres humanos e a ter os olhos abertos ao invés de os fechar. Até os abrirmos de vez, não se irradicam certos males.

Da tragédia mais hedionda é capaz de brotar uma acção há muito necessária, há muito negligenciada, que teve muitas oportunidades de ser erradicada mas acabou não sendo. A tragédia serve então um propósito. As nossas vidas fazem parte de um todo. As tais linhas tortas (e torturosas).

Justo? Injusto?
Não nos cabe a nós.

Anónimo disse...

"Existe no silêncio,uma tão profunda sabedoria que ás vezes ele se transforma na mais perfeita resposta"
Fernando Pessoa

:-)

Anónimo disse...

"Existe no silêncio,uma tão profunda sabedoria que ás vezes ele se transforma na mais perfeita resposta"
Fernando Pessoa

:-)

Anónimo disse...


https://youtu.be/e-2T5TkKojM

Ghost

Anónimo disse...


https://youtu.be/e-2T5TkKojM

Ghost

Anónimo disse...

A Fortiori
Amor,ergo sum
Amor est vitae essentia
"Sic enim dilexit Deus mundum, ut Filium suum unigenitum daret, ut omnis, qui credit in eum, non pereat, sed habeat vitam aeternam".
Ioannem 3,16
Amor Vincit Omnia

ANÓNIMO

Anónimo disse...

A Fortiori
Amor,ergo sum
Amor est vitae essentia
"Sic enim dilexit Deus mundum, ut Filium suum unigenitum daret, ut omnis, qui credit in eum, non pereat, sed habeat vitam aeternam".
Ioannem 3,16
Amor Vincit Omnia

ANÓNIMO

Anónimo disse...

É o " barulho" do silêncio que me faz atordoado.

Zé ( sempre com fé )