quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

À bon entendeur, salut!

João Gomes de Almeida, no ECO:

"Mas numa coisa concordo com Fernanda Câncio: uma fação da sociedade não tem o direito de impor à maioria dos cidadãos a sua vontade. É por este motivo que acredito que os temas socialmente fraturantes, ou como a jornalista refere as “escolhas do domínio da ética”, devem ser decididas por todos. Ou seja, através de referendo, tal como aconteceu com a Interrupção Voluntária da Gravidez. Isto porque nunca uma minoria deveria ter o poder de sobrepor o seu interesse ao da maioria. Certo? Não é isso que significa ser de esquerda?
Mas quando chega à hora de dar a palavra ao povo, a esquerda normalmente encolhe-se e gosta de disparar um dos argumentos mais falaciosos do jogo democrático: “os direitos não se referendam”. O tanas é que não! O povo afinal não é soberano? Foi à conta desta retórica que os partidos de esquerda têm conseguido, na maioria das vezes à pressa e atabalhoadamente, fazer passar na Assembleia da República diplomas sobre os temas que dividem a sociedade. Socorrendo-se sempre da falácia de que “estes temas só dizem respeito a quem é afectado por eles” – o que é imperativamente mentira, se partimos do princípio de que todos vivemos em sociedade e de que as transformações que se operam na mesma dizem respeito a todos."

                                   Diogo Noivo, in Delito de Opinião

Ha temas, assuntos, matérias, sobre os quais ninguém tem o direito de se apropriar, fazendo da sua posição uma verdade universal. Também há quem não goste de referendos por receio de que os seus resultados se não coadunem com o que tomam por única verdade. Mas viver em sociedade raramente se coaduna - a não ser em ditadura - com uma visão exclusiva do mundo. 
Aceitemos, então, democraticamente, a posição da maioria. Para isso é necessário ouvir todos. Ouça-mo-los. E depois de os ouvirmos, procedamos em consciência, já que essa maioria não nos obriga a seguir os seus passos. Apenas nos concede a liberdade de o fazer ou não, de acordo com a nossa consciência!

HSC

13 comentários:

João Menéres disse...

Então OUÇA-MO--LOS !

Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...


Helena
Que delicia trabalhar e ouvi-la, há pessoas que nos acrescentam :)

http://www.rtp.pt/play/p2234/e253232/grande-entrevista

Abraço forte
Carla

Silenciosamente ouvindo... disse...

Têm medo que o povo diga o que pensa,
sobretudo quando "eles falam sempre
em nome desse mesmo povo".
Os meus cumprimentos,drª. Helena.
Irene Alves

Dalma disse...

HSC, será assim? Ponhamos duas hipóteses: SIM à morte a pedido do doente e NÃOÉ a essa possibilidade.

1ª hipótese: (ganha o SIM a pedido) neste caso haverá a liberdade de escolha, tal como diz, de o fazer ou não.

2ª hipótese: (ganha o NÃOÉ permitido) neste caso já não há liberdade de escolha porque a lei não o admite.

Para tornar mais clara a minha argumentação à cerca do que escreveu, vejamos este exemplo ainda que o designe de académico: 49%a favor do SIM , 50% contra... e aí se vai a minha liberdade de escolha!

Ora como este é um assunto muito propício a populismo, em caso de referendo, será muito fácil que não - "nos concedam liberdade de o fazer ou não, de acordo com a nossa consciência" (palavras suas).

Nota: espero ter-me feito compreender porque o resultado do referendo me pode tirar a liberdade de escolha...

Helena Sacadura Cabral disse...

Dalma
O seu raciocínio pode aplicar-se a multiplas opções para as quais não há opção. O referendo como o voto pode sempre ser manipulado. Este governo não ganhou as eleições mas governa legitimado por via diferente da eleitoral. Então pergunto "para que é que se vota?"
A liberdade também pode ser manobrada e usada para fins mais amplos do que os consignados na lei. Acredita mesmo que só se fazem abortos nos prazos e condições legalmente estipuladas?!
Nesta matéria sei como votaria. Mas não me passa pela cabeça impor o meu ponto de vista seja a quem for!

Anónimo disse...

Eutanasia / Tabu !

Tema sensível !

Cada ser humano sem descriminação de raça ou religião tem o direito de decidir o que será melhor para si em caso de uma doença incurável e de sofrimento doloroso sem a mínima perspectiva de recuperação.
O indivíduo tem o direito de viver e de morrer com dignidade ! Só a ele/ela cabe decidir !

A morte assistida já existe em vários países só que agora em Portugal é que se debate este tema .
O que noto é que existe pouca informação, mesmo assim entrevistam pessoas na rádio, Tv etc. todos gostam de opinar sobre esta nova descoberta !

Lia

Anónimo disse...

O povo chegou ao poder através da geringonça,qual é a dúvida?!
Mas saibam que:
"Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito" -
Cardeal de Retz

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Ze
Ora aí está uma grande verdade!

Dalma disse...

Sim, HSC, os seus argumentos ( subrepticiamente ignorar a lei ou manobrá-la criando esta e outras gerigonças é sempre possível),parece que nos levam a um caminho sem saída. Qual a solução que a seu ver, podia substituir o voto que damos aos partidos ou o que depositamos no referendo? Acho que aqui estamos no dilema "entre a espada e a parede" embora eu deduza pelo que me escreveu que a HSC não pensa assim! Se discorda dos dois caminhos e se imagina que há outra saída, qual é então a "3ª via"? Porque opinião tem com certeza! Para mim só o SIM me dá a liberdade de legalmente escolher o não fazer, enquanto que o NÃO nunca me dá (a mim) a liberdade de escolha.
D.

Anónimo disse...

Dictum et factum
Cui pudor non est, orbi dominator.
Mali principii malus exitus.Consensus tollit errorem.

Anónimo

Anónimo disse...

Dictum et factum
Cui pudor non est, orbi dominator.
Mali principii malus exitus.Consensus tollit errorem.

Anónimo

Anónimo disse...

Merci beaucoup Madame.
Salut

https://youtu.be/CSh3MCOiiCs

:-)

Anónimo disse...

Ah pois é!
Quando os/as lagartixas chegam a jacaré,o resultado é este - abocanham as/os outras/outros lagartixas.
Esqueçem rápido o que foram.

Moral da história
"Nunca sirvas,a quem já serviu"

MM