quarta-feira, 15 de junho de 2016

Brexit

“Como nasceu o referendo nacional? O primeiro-ministro Cameron tinha um problema eterno no partido e decidiu renegociar os termos de permanência do Reino Unido na União Europeia - algo que aconteceu em fevereiro deste ano. O referendo era, portanto, uma espécie de tira-teimas. Mas David Cameron não só não conseguiu o que queria, como ainda perdeu a mão na Nação. E agora arrisca-se a ficar na história por três motivos: conservadores desavindos, Reino desunido e Europa amputada.
...Pode o Reino Unido deixar a União Europeia? Pode. Há meia dúzia de meses, a hipótese era bastante remota, mas hoje as principais sondagens dão vantagem ao voto no exit. Desde sempre, especialmente com Margaret Thatcher, os ingleses desafiaram Bruxelas, provocaram o eixo franco-alemão, chantagearam todos, puxaram o tapete a alguns e, no essencial, sempre agiram unilateralmente. Foi muitas vezes por causa dos britânicos que percebemos como era fraca e desinteressante esta Europa. Pior só a Europa (ainda mais) fragilizada com a saída deles.
...O que perde o Reino Unido? Perde, muito provavelmente, a união. Os escoceses, que estiveram à beira da secessão, esperam por um pretexto para retomar o referendo à independência - ao contrário de Inglaterra, a Escócia é pró-Europa, pois quanto mais forte for Bruxelas mais fraca será Londres. O brexit deixa a Irlanda à beira de um ataque de nervos, porque a paz entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte assenta num equilíbrio frágil e só possível num quadro de integração europeia. O Reino Unido até pode recuperar a soberania que à Europa cedeu. Mas pode paradoxalmente perder-se no próprio país. O brexit abre uma caixa de Pandora, de nacionalismos contidos a tensões religiosas a custo recalcadas...
...O que perde a Europa? Perde muito. Perde o seu principal centro financeiro. Perde a sua segunda maior economia. Perde a sua voz mais influente no plano internacional. Londres até pode ainda repartir com Paris um certo domínio na diplomacia mundial, mas é inegavelmente a maior potência militar da Europa Ocidental, o país da União que joga um papel mais determinante nas questões de segurança. A saída do Reino Unido deixaria a Europa mais pobre e menos relevante no mundo.”...

       Excertos do artigo de Sérgio Figueiredo hoje no DN

Sérgio Figueiredo faz no seu artigo uma análise mais extensa cuja leitura aconselho vivamente. Aqui limitei-me a escolher as questões que, do meu ponto de vista, são as que nos podem vir a causar maior turbulência.
Aguardemos, assim, o resultado da consulta que vai ser feita!.


HSC

5 comentários:

Anónimo disse...

Pois!Mas paz podre não traz saúde,nem econômica nem mental.
O Brexit vai ser um exit.A ver vamos...
Pedro

Silenciosamente ouvindo... disse...

Drª. Helena parece que a sair não é imediato,
será em 2018. Entretanto algo acontecerá que
anulará o efeito do referendo - penso.

Vamos seguindo com atenção.

Os meus cumprimentos.
Irene Alves

Anónimo disse...

Eu não disse que o Brexit ia ter êxito?
Pedro

Helena Sacadura Cabral disse...

Pedro
Nunca tive muitas dúvidas disso, confirmadas aliás desde que percebi que era desse lado que a Rainha estava.
Talvez seja uma lição para esta Europa em que há muito deixei de acreditar porque pouco ou nada tem com os fins para que foi criada pelos seus fundadores.

Anónimo disse...

A sabedoria que não tem uma Rainha...
Assim sendo,são duas.
Um fim de semana real.
Pedro