sábado, 16 de maio de 2015

Algum dia havia de ser


Pertenço a uma geração que olhava a homosexualidade como uma doença. Vivo, felizmente, um tempo em que a visão é outra, embora subsistam, ainda, alguns nichos onde a evolução foi mais lenta.
Tive e tenho amigos gays. Ontem e hoje, sempre os olhei como homens ou como mulheres e nunca pela opção sexual que haviam feito. Antes fui criticada e isso nunca me importou. 
O caminho foi longo e não está terminado. O Luxemburgo deu, nesse sentido, mais um passo. Com efeito, Xavier Bettel, 42 anos, PM daquele país, casou ontem com o arquitecto Gauthier Destenay, seu companheiro há seis anos. 

HSC

9 comentários:

Anónimo disse...

Por que motivo a homosexualidade há-de ser tomada como uma doença?
Quem pensa assim tem, no mínimo, um nome agarrado a si: preconceituoso.

Cumprimentos, estimada Helena.

Silenciosamente ouvindo... disse...

Subscrevo as suas palavras. Não estou a ver tal coisa ser possível em Portugal. Absorvemos
muito, muito lentamente...
A eles só posso desejar felicidades e terem a sorte de
viver no país onde tal é possível.
Cumprimentos
Irene Alves

Helena Sacadura Cabral disse...

Observador
No meu tempo as mulheres não podiam trabalhar sem autorização do marido, nem podiam exercer certas profissões. Não entravam na carreira diplomática nem podiam ser juízes...
Assim, a homosexualidade ser considerada doença ia no mesmo sentido. O pior é que também o era em outros países mais avançados que o nosso. Você admira-se porque deve ser muito novo...

Anónimo disse...

A Alemanha nazi não exterminou apenas os judeus, mas tb homossexuais, e grupos étnicos como os ciganos, todos os que por qualquer motivo arbitrário consideravam não 'normais'.
À população considerada 'inferior', o regime nacional-socialista alemão, impôs nos anos 30, a esterilização compulsiva, o aborto eugénico e a eutanásia. Esta medida atingiu 400.000 alemães, crianças e adultos, classificados de 'raça inferior', 'doentes' e 'deficientes'. Cerca de 12 milhões eram considerados indignos de procriar.
Na Itália de Mussolini existia a punição do celibato e da mestiçagem.

Em Portugal tb existiram nos anos 30 do séc. XX, adeptos científicos das teorias eugénicas, devido ao que consideravam 'o depauperamento da robustez e da saúde da população portuguesa', sem terem em conta que o referido depauperamento se devia à miséria (com alta mortalidade infantil) com más condições de higiene, de habitação e de alimentação, e terríveis condições de trabalho feminino e infantil.
Em 1912 havia mulheres e crianças que trabalhavam 16h por dia.

O Estado Novo valoriza aparentemente 'o belo papel de mãe e esposa' mas 'na realidade a posição da mulher era inferior à do homem 'chefe de família', ao qual a mulher devia obediência, fosse a filha ao pai, ou a esposa ao marido, conforme mandava o Código Civil'.
A mulher não podia deslocar-se ao estrangeiro, nem exercer profissão, sem autorização do marido. Só podia exercer algumas profissões.
Nos anos 1930 'o casamento das professoras não poderá realizar-se sem autorização do Ministério da Educação Nacional'.
Antes de 1910, o adultério da mulher era punido com prisão de 2 a 8 anos, o homem adúltero, apenas era condenado a uma multa.
'A mulher tb não podia reservar para si a administração dos seus bens, mas apenas de um terço dos rendimentos, a título de alfinetes'.
Informações recolhidas no livro 'Mulheres Portuguesas' de Irene Pimentel

Anónimo disse...

Sob o manto da hipocrisia que caracteriza a sociedade portuguesa, a visão moralista, mais ou menos disfarçada, mantém-se hoje em relação à vida afectivo-sexual das pessoas.

É difícil as mentalidades libertarem-se do peso da igreja Católica, que via como pecado tudo o que estivesse fora da procriação, da Inquisição no séc. XVI, que perseguiu e condenou as práticas homossexuais, e da ideologia do Estado Novo que criminalizou a homossexualidade. Egas Moniz considerava a homossexualidade como doença e perversão.
Só em 1986, com a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, a criminalização e a patologização da homossexualidade foram alteradas.
Em 2010 o casamento entre homossexuais foi legalizado em Portugal, mas a adopção por casais homo sexuais não foi aprovada.
Hoje, em Portugal, os jovens, em geral, aceitam com naturalidade a homossexualidade.
Mas toda esta problemática e peso histórico contribuiram tb, certamente, para o conflito interno devastador, que esteve na origem do complexo do crime de Renato Seabra.

Anónimo disse...

Muito novo eu?
Olhe que não, olhe que não.

Helena Sacadura Cabral disse...

Observador
Então se não é "assim tão novo", talvez tenha ouvido falar que a própria OMS, no principio, também não era muito clara na classificação da homosexualidade.
Hoje caminhámos tanto que já tenho alguma dificuldade em estar actualizada nesta matéria que vai dos "bi" aos "trans". Felizmente para mim a sexualidade é um domínio que só aos próprios diz respeito. E nesse campo cada um é livre de fazer as escolhas que entenda, desde que haja consenso entre os envolvidos.

Anónimo disse...

Hetero, homo, bi, trans ...o que interessa é a felicidade. Viva a felicidade! :)
VW

Anónimo disse...

'a igreja católica via como pecado tudo o que estivesse fora da procriação'
via? vê?