sábado, 9 de maio de 2015

A vida como ela é


"Cameron deu a vitória ao Partido Conservador com 36,9% dos votos expressos e 331 deputados. Miliband, entretido a deixar-se entrevistar pelo humorista Russel Brand, não conseguiu mais que 30,4% e 232 deputados. Nada disto surpreende. Cameron tem carisma, Miliband é boring. Cameron prometeu injectar 11 mil milhões de libras (mais de 15 mil milhões de euros) no Serviço Nacional de Saúde, contra os 2,5 mil milhões de libras (cerca de 3 mil milhões de euros) prometidos por Miliband. Não é um detalhe. Os Lib-Dem implodiram, passando de 57 para 8 deputados. Com maioria absoluta, os tories dispensam a bengala de Clegg.

A grande vencedora destas eleições é Nicola Sturgeon, 44 anos, líder do Scottish National Party e primeira-ministra da Escócia, a mulher que fez subir a representação parlamentar do SNP de 6 para 56 deputados. E o grande derrotado é Nigel Farage, líder do UKIP, a extrema-direita xenófoba, anti UE e anti-imigrantes, que não conseguiu ser eleito (embora o partido tenha obtido um lugar). Enfim, os Verdes também só lá puseram um.

O resultado destas eleições, como antes o das eleições comunais francesas, ilustra de forma clara o desfasamento entre a realidade e os números das sondagens. No Reino Unido, Nigel Farage obteve 4 milhões de votos, igualando o score de Marine de Len em França, que em Março também não passou de 4 milhões de votos, sem conseguir eleger um único presidente de Departamento. Contudo, quem lesse os jornais, mesmo os respeitáveis, dava como certa uma onda xenófoba dos dois lados do Canal. Felizmente nada disso aconteceu. Ficamos a saber que há 4 milhões de fascistas declarados no reino de Sua Majestade, e outros quatro milhões na Pátria de Voltaire, mas a larga maioria de votantes mantém-se fiel aos valores da Europa. Nem tudo está perdido."


                Eduardo Pitta no blog Da Literatura (http://daliteratura.blogspot.pt)

Aqui fica uma boa análise das eleições inglesas que me permiti roubar e publicar aqui. É clara e concisa como sempre acontece com o que Pitta escreve.

HSC

3 comentários:

Virginia disse...



Há quem diga que o futebol tem magia por causa dos imprevistos...

Neste caso, as eleições foram uma autêntica surpresa e um soco no estômago da esquerda britânica. Embora o sistema deles seja diferente do nosso, não há dúvidas de que a figura principal do partido é quem arrasta as multidões.
Pode ser que me engane , mas entre Passos Coelho e António Costa, vai haver quem prefira p erfil do primeiro ao do segundo. Passos Coelho é inapto, mas directo e realista. Costa é todo sorrisos, mas não se vê nada....nem sequer no seu mandato pro Lisboa.
É uma pena o PSD não ter mudado de leader nestes 4 anos, estou certa de que a direita ganhava se tivesse um 1º ministro-to-be com mais carisma.

Anónimo disse...

O que contou, mais do que carisma, foi a memoria, ainda muito recente, da porcaria que os trabalhistas( que no poder viraram ditadores arrogantes) fizeram quando governaram.
L.L.

Anónimo disse...


Helena
Sou uma leiga, em matéria de politica estrangeira, logo não opino.
Veja este trabalho de caracterização.

http://cabaredogoucha.pt/sou-mesmo-eu/#comment-59719

Carla