sexta-feira, 27 de março de 2015

O trabalho como prazer



Por norma, tento que tudo o que faço, seja por gosto. É uma característica pessoal que advém da educação que tive. Os meus Pais tinham pouca tolerância para pieguices e obrigavam-me, quando as ensaiava, a olhar para quem tinha bem menos do que eu e não se queixava.
Assim o “epicurismo” só apareceu tardiamente na minha vida. Mas tive a vantagem de tomar por prazeres, a maior parte dos meus deveres.
Chegada a esta bela idade oiço, com frequência, a pergunta calista “mas porque é que trabalhas tanto e te divertes tão pouco?”. Costumo responder com um gargalhada e a frase “ porque o trabalho me diverte”.
Mas há dias conversando com um grande amigo acerca da sobreocupação de alguém de quem ambos gostamos muito, ele saiu-se com esta expressão “ou não sabe fazer mais nada, ou não quer encarar a vida que tem”. Embora não concordasse inteiramente com o que ele disse a propósito da pessoa de quem falávamos, a verdade é que, pensando bem, a sua frase encerrava uma boa parte de verdade.
Há, de facto muita gente que não sabe dar valor à preguiça. Como há também muito boa gente que não preguiça, porque ignora ou não é capaz de estar sem fazer absolutamente nada. São atitudes que têm algo de estranho, de incomum e que, julgo, vale a pena perceber o que escondem ou porque é que acontecem!


HSC

4 comentários:

Benó disse...

Há pessoas que não conseguem deixar de trabalhar porque não sabem fazer outra coisa. O trabalho, a ocupação profissional ocupa-lhes todo o tempo e é assim que se sentem realizadas. Preguiçar ou fazer outra coisa como viajar, conviver para além das obrigações profissionais não está dentro dos seus planos imediatos apesar dos anos já terem passado há muito da idade dita de reforma. Eu conheço casos assim, de amigos. trabalhar é o seu divertimento, é a sua distração.

Anónimo disse...

É bom quando se pode dizer: 'Faço o que gosto e ainda me pagam por isso'. Não é verdade? O pior é que nos dias de hoje, são poucos os que podem fazer o que gostam.
Maria L

Anónimo disse...

O trabalho como atividade feliz do ser humano é, se pensarmos não em privilegiados, mas num país, numa cultura, numa comunidade, numa população, um objetivo porque que se tem de lutar.
O que temos: desempregados, pessoas que são exploradas, mal remuneradas, que não recebem há meses (pagam para trabalhar), pessoas que não fazem aquilo que gostariam de fazer.
Temos também os 'workaholics', pessoas que se não seguirem um horário, um dever, etc., não sabem o que hão-de fazer. Conheço uma pessoa, que não conseguia fazer férias, com a mulher e os filhos, ficava deprimido.
Trabalhar não tem o mesmo significado para todos nós. Pode ser, ter de enfrentar ambientes tóxicos, em que se é vítima de assédio e de bullying, em que se convive com intrigas e calúnias.
Pode ser um constante stress para manter o lugar, em que nunca se é reconhecido. Pode ser ter vários empregos, transportes, ir buscar os filhos, fazer o jantar enquanto vê a novela, deitar os filhos, passar a roupa, deitar tarde e levantar cedo, não ter férias. É muito duro!
Temos de lutar por sociedades democráticas e justas, só assim o trabalho será uma atividade feliz do ser humano. Não quero acreditar que isso seja uma utopia!
Vivemos tempos em que o trabalho é uma ocupação (ou uma desocupação) muito demolidora para muitos.
Mesmo assim, muitas pessoas ficam felizes só por terem um emprego, mesmo que muito mau. São fantásticas as pessoas, com o seu sorriso, a sua atitude de solidariedade.

Anónimo disse...

🌷