terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

É a vida!

“É a vida!”.
Esta deve ser a frase que mais uso para explicar o que sei de antemão ser inexplicável.
Num texto de José Ricardo Costa publicado no seu blog “Ponteiros parados”, ele afirma que esta é, também, a expressão que mais ouve no lar onde a sua mãe se encontra.
Que quereremos todos, e eu própria, dizer com ela? Muito possivelmente, que sabemos ou sentimos – e sentir é outra forma de saber – que nem tudo à nossa volta tem explicação plausível e que pelo menos uma parte da nossa existência se situa no domínio de um insondável mistério.
Todavia é essa mesma vida que faz com que as pessoas se agarrarem a ela, sem qualquer justificação que não seja ela própria. E este facto, este amor à vida que se desconhece, é que continua a ser surpreendente.
É claro que há pessoas que se suicidam, atentando assim contra o seu bem mais precioso. Mas esses casos são considerados como fazendo parte do domínio da patologia. A realidade é que a maioria das pessoas gosta de viver, mesmo quando não gosta da vida que leva. E esta é que é, para mim, a chave da grande aventura do ser humano!

HSC

21 comentários:

Miss Smile disse...

Talvez se possa fazer a distinção entre viver e existir. E talvez se possa reformular a frase e dizer que a maior parte das pessoas gosta de existir, embora possa não gostar da vida que leva. Neste contexto, o viver diria respeito à nossa vida real, concreta. Vida essa que pode ser encarada como um direito ou um privilégio. Já o existir tem, na minha opinião, uma dimensão transcendental, pois encerra em si uma infinidade de possibilidades.

bea disse...

É. A vida tem seus (e nossos) inexoráveis. Que não lhe retiram atractivo. Essa força vital, felizmente, ninguém rouba de nós.

Anónimo disse...




Boa tarde Helena!
C'est la vie, esta é a expressão que uso.
Gosto de viver, gosto de gostar, aonde é, que eu já ouvi isto :)
Hoje, aconteceu na minha casa algo estranho, não vi só, a minha filha também viu.
Existem, mistérios do arco da velha, já dizia a minha avó.

Carla


A vida é muito importante para ser levada a sério.
Oscar Wilde

Fátima Costa disse...

Que lindo. Apetece-me tanto parafrasear Tolentino de Mendonça: #Ajuda-me, Senhor, a receber cada dia como um dom...."É que depois de ultrapassar uma fase menos positiva este texto assume-se como coroa de louros. A vida é assim...

Anónimo disse...

Todos utilizamos essa expressão que simboliza um conformismo para justificar na maior parte das vezes algo que não foi possível evitar.
Quantas vezes também já proferi essa frase! Eu adoro viver e concordo que a vida é uma aventura e o grande mistério da vida está em não se saber o que o futuro nos reserva.
Beijinho
FL

Live is life disse...

https://www.youtube.com/watch?v=EGikhmjTSZI

Fatyly disse...

Eu também gosto imenso de viver e sempre que converso com a minha mãe, ela escuta e no final arremata sempre com essa frase "É a vida", o que interpreto como um "aceitar tudo sem questionar, sem aborrecimentos porque não se consegue mudar uma vírgula do que nos impõem." Tem uma dose de razão, mas desde que me conheço como gente ela sempre aplicou essa frase quando via que o caldo fervia:)

Nos lares, nos hospitais ouve-se muito essa frase e houve uma senhora que me marcou muito: "criei uma família tão grande e sou visitada apenas pela menina, mas sabe? É a vida"! a tal aceitação que me incomoda tanto no ou do Outono da vida!



Isabel Mouzinho disse...

Tenho uns amigos espanhóis que dizem que esta é a expressão que os portugueses mais utilizam e que caracteriza um pouco a nossa maneira de ser que aceita o destino como uma fatalidade, o que está associado ao nosso fado.
E quando nos querem imitar, (o que fazem com alguma dificuldade) dizem sempre "é a vida!...)
Por isso o seu ponto de vista parece-me muito interessante: "o amor à vida que faz com que as pessoas se agarrem a ela sem qualquer justificação que não seja ela própria."
Gostei. E de certa forma tenho-o testemunhado também, todos os dias.
Acho que até vou mandar o seu texto aos "meus" espanhóis. ;)

Um beijinho
Isabel

Virginia disse...


Quando o meu filho andava no colégio alemão,um amigo dele usava muito a expressão É a vida, meu! entoado com sotaque germânico. Nós ríamos-nos de cada vez que ele pronunciava esta máxima.

Não gosto dela em especial, a Vida tem de ser exaltada com frases mais optimistas : A Vida é bela ou É bom viver...
No entanto sei que há momentos em que só sobrevivemos e sobreviver durante anos leva à depressão, se não ao suicídio.´

Somos privilegiados quando para lá de viver, podemos sonhar....

Anónimo disse...

Boa noite,
O seu texto "é a vida" fez-me recordar como a expressão, o seu significado e o que penso dele.
José Gil no seu livro “O medo de existir” elabora, num dos seus capítulos, um ensaio sobre o significado da expressão tão portuguesa “é a vida”.
Da leitura deste superior e elaborado texto decorre a vontade de o analisar de modo simples e não filosófico, mas da forma popular de quem o usa.
A expressão é, normalmente, usada no fim dum comentário, duma explanação, dum discurso ou duma conversa e, por norma, é sinónimo de resignação.
O “é a vida” significa que nada podemos fazer. É o resultado inexorável duma convergência de situações que não podemos controlar, de que somos vítimas.
Poder-se-ia dizer que “é a vida” tem o mesmo significado que “é o destino” ou ainda que “estava escrito”.
Gostamos de nos desresponsabilizar de tudo, até do nosso futuro.
É sempre mais fácil atribuir o não conseguir a factores externos que não controlamos, pois assim aliviamos as nossas consciências.
Raramente se perde por culpa nossa. Há sempre um factor que nos é estranho que, decisivamente, contribuiu para a citada perda.
Somos portugueses resignados no presente e no futuro porque um deus assim quis.
É a vida.
Contudo na taberna, no café, na tertúlia somos os mesmos que tudo resolvemos, que tudo sabemos, que tudo e todos enfrentamos incutindo-lhes, dizemos, medo.
Em resumo se quisermos que haja comiseração pelo que nos aconteceu dizemos “é a vida”; se, contudo, quisermos demonstrar o nosso poder, a nossa força, a nossa inteligência, dizemos “eles não sabem com quem se meteram”.
Somos assim.
Seremos assim no futuro?
Que alguém responda. Um país de brandos costumes? Talvez, mas não aposto.
Atentamente
Rui Carlos

Anónimo disse...

É a vida! O seu ciumento ter a sorte de a ter a seu lado,e eu não!

maria isabel disse...

Aprendi na quarta classe e ainda sei a poesia de João de Deus "a vida' .lá diz tudo, por isso quase toda a gente diz ,e eu também, "é à vida' .
Gostei das suas palavras doutora Helena e concordo
Um bom dia

bea disse...

Nem sempre "é a vida" sinaliza a tentativa de desculpa, a desresponsabilização pessoal (ainda que admita que muita vez, sim, será isso).

Pode ser apenas a constatação de uma força positiva que nos anima a continuar. Ou a verificação de que os caminhos que traçamos, por mais diferentes que os queiramos, são sempre semelhantes e em grande parte fogem ao programa.

A vida humana, qualquer que ela seja, também se faz de aceitação. Pode ser resignada. Ou não. Diria que resignar-se não é aceitar. Ou será uma aceitação amuada e sem entrega. Porque o bom de viver não é apenas a diversidade que a vida oferece, mas que sendo todos tão parecidos sejamos sempre e em cada momento, únicos nela. Mesmo se resignados:)

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Anónimo das 21:37 não será altura de olhar para a sua vida e dar graças a Deus por ela?!
A vida de cada um também se faz pelas escolhas de que foi capaz. Que tal pensar nas opções que fez?!
:-))

Anónimo disse...

Cara dra HSC
Prefiro dar graças a Deus e olhar pela sua.A minha foi,é ,e será sempre abençoada...
Obrigado,mas passado é passado e quem vive de passado - é museu.
Tulipas amarelas para si.
🌷🌷🌷
:-))

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 19:43
bem haja pelo seu atencioso cuidado. Mas, creia, eu olho bem por mim!

Anónimo disse...

Muito obrigado,mas,creia,que quatro olhos cuidam mais e melhor que dois...
Uma boa noite para si e seus leitores.
🌷🌷🌷
:-))

Anónimo disse...

Senhora,a vida é um insondável mistério,se é!...
não se esqueça do Shelltox.

Ambrósio

Anónimo disse...

Dizer que as pessoas que se suicidam são casos considerados como fazendo parte do domínio da patologia, é não perceber muito da vida real que existe para lá do seu "pequeno e confortável" Mundo.
A Sra. não percebe, e ainda bem, o que é uma Dor verdadeira, intensa, para lá do "politicamente racional" com que costuma abordar alguns temas.
Minha cara, fique no seu "mundo", mas por favor não faça juízos de valor sobre "coisas" que nãoconhece bem.
Mas continuo a gostar muito de ler os seus posts.
ASM

Helena Sacadura Cabral disse...

ASM
Não me venha falar de dor que eu não conheço.
Já lhe morreu um filho? A mim já. Portanto não faça afirmações sobre aquilo que desconhece do meu confottável mundo...
Já fez análise? Eu já. Por isso sei do que falo. Pode não concordar, mas não emita juizos de valor sobre quem desconhece.

José Ricardo Costa disse...

Já agora, as pessoas que se suicidam, fazem-no precisamente porque querem viver mas não conseguem. Precisam de encontrar um sentido mas sem o encontrar, quando a vida, ela mesma, é o próprio sentido. A haver patologia, neste caso, é uma patologia existencial, não psiquiátrica, que também existe mas com outras causas, seja ao nível da saúde mental, seja por fortes razões associadas à experiência de vida.

Cumprimentos,

JRC