segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O silêncio como refúgio


Cheguei à conclusão de que, com o andar dos anos, o silêncio se me impõe. Não porque viva na solidão mas porque, em quase três anos, a morte de dois seres muito queridos, permitiu que de tal tomasse consciência.
Escrever é, como todos sabem, um trabalho muito solitário que, na maior parte dos casos, tento combater ouvindo boa música. Há dias disse-vos que a Paixão segundo S. Mateus me serenava e é verdade. Todavia, começo a dar-me conta de que há um outro tipo de silêncio que pode co-existir com certas melodias ou mesmo certos ruidos de fundo. Dito de outra forma, o silêncio contém em si uma harmonia que quase diria musical, um som que só quem medita sabe entender.
Hoje a minha estadia junto do meu irmão foi silenciosa, sem qualquer troca de sons. De mão dada com ele, ali fiquei na penumbra do seu espaço, e foi tão bom como os risos que na última vez trocámos.
Nesta fase da minha vida, o silêncio é um bálsamo de que dificilmente prescindo. Na sua infinita sabedoria, Deus deu-me a oportunidade de perceber agora muito melhor, uma ferramenta a que nem sempre consegui dar o verdadeiro valor.
Talvez por isso e ao contrário de alguns amigos meus que não param em casa e transferiram o seu mundo para as obrigações exteriores, aquela seja, para mim, o grande refúgio para  o qual fujo cada vez com mais satisfação.

HSC

19 comentários:

CF disse...

Pois. Estamos de acordo... :))

bea disse...

Também gosto da casa silenciosa, só assim sinto que me recebe. É no silencio que me abre os braços e neles me reconstituo para repetir a mesma em outro dia diferente.

A vida e os anos ensinam muita coisa:)

E os irmãos merecem os silêncios e tudo o resto. Sinceros desejos de melhoras

Maria do Porto disse...

Também eu, cada vez mais, aprecio o silêncio.É essencial para se refletir e sem reflexão na nossa vida, não podemos evoluir, acho eu.
Dizem, até, que o barulho perturba mais que o silêncio.
No caso da situação vivida com o seu irmão em silêncio,é possível assim estar e sentir-se bem acompanhado, pois um olhar, o toque e até os gestos podem dizer mais que muitas palavras! E foi esse o facto, tenho a certeza.
Cumprimentos.

TERESA PERALTA disse...

O silencio é precioso quando trabalho. Ele é necessário para a minha concentração e reflexão. A Helena já sabe como sou distraída… Quando acordo, bem cedo, fico na cama, no silencio, a pensar… E, a sensação que tenho, sempre, é de que esses minutos equivalem a horas esquecidas, transpostas para o burburinho dos dias.
No entanto, ainda considero imprescindível a divisão, pelo menos, em partes iguais, entre silencio e ruído acompanhado.
Compreendo a sua satisfação em estar de mão dada, no silencio, com o seu irmão e lembrei-me das horas que passei, na mesma situação, com a minha mãe, e que tanto prazer tive, e, que tanta falta me fazem… Aproveite bem querida Helena, mas cuide de si, também...
Beijinho de boa noite.

Virginia disse...



Amen!

100% de acordo.

Sou uma amante do silêncio há muito. Quando tinha 14 anos descobri a maravilha dos retiros em que não se podia falar durante três dias, nem mesmo ªas refeições. Fiz dois retiros, um no Rodízio na Praia Grande, outro num colégio em Santarém e nunca mais me esqueci. Em contrapartida detestei campos de férias, em que éramos obrigadas a socializar e a ser pro-activas mesmo nas brincadeiras.

O silêncio da Música é o meu preferido, pois cala o ruído de fundo....

Escrever Fotografar Sonhar disse...

O silencio é pouco valorizado.

Isabel Mouzinho disse...

Percebo-a muito muito bem.
Também preciso cada vez mais de espaços e de momentos silenciosos, apesar de ser muito "da rua" também. :)

Beijinho

Anónimo disse...

Hand on ...

A

Anónimo disse...

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Ghost Casper

Anónimo disse...


Bom dia Helena!
Uma das frases mais ditas, pelo meu irmão é " oiçam o silêncio ", é nele que descobrimos os mais variados ruídos, que nos passam ao lado.
O meu trabalho também é solitário, de concentração, por isso busco companhia, que me inspire,que me faça sentir acompanhada e ao mesmo tempo que aprenda algo mais.
Oiço muitas muitas vezes, o programa Alta definição, entrevistas com pessoas que admiro, a musica só a coloco, já no fim do dia de trabalho para relaxar. Em casa necessito mesmo de paz, o silêncio é algo que aprendi a gostar.

Carla

Virginia disse...


Vou só contar uma pequena história:

Passeávamos no Neuschwannstein nos Alpes alemães. Percorremos um longo caminho com neve e até de difícil acesso. Vínhamos todos calados.
A dada altura , a mãe da minha nora, que nos acompanhava, exclamou para o marido : Ó Raúl, este silêncio é tão romântico!" Resposta do marido: Então se ele é romântico, filha, cala-te!"

Anónimo disse...

Senhora,o som do meu silêncio aqui fica.

Ambrósio

Anónimo disse...


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.

Fernando Pessoa

Carla

Helena Sacadura Cabral disse...

Virgínia
O que me ri por causa deste seu comentário!

Anónimo disse...


Virgínia,
bela história :)

Carla


maria isabel disse...

Doutora Virgínia

Mais sincero não podia ser.

Muito bom

Parece uma daquelas anedotas curtas.

Virginia disse...


Os pais da minha nora adoram-se. O comentário fez-nos todos rir à gargalhada e ainda hoje o recordamos quando estamos em família! Ainda bem que a fez rir :)

Anónimo disse...

As estrelas hão-de guiá-la.

:-)

Anónimo disse...


Bom dia Helena!
Como é costume, visito-a antes de começar " con mi tarea " como dizem os castelhanos.

"Não posso imaginar que uma vida sem trabalho, seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas...
Freud

Carla