quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Por onde vamos


Ontem, o programa "Por Onde Vamos", da Sic Notícias, decorreu nas instalações da Imprensa Nacional -  Casa da Moeda e teve como mote o Orçamento do Estado de 2015. Contou com João Salgueiro (economista, antigo ministro das Finanças, ex Presidente da CGD e da APB), Octávio Teixeira (economista, ex-deputado PCP), Alberto de Castro (professor da Faculdade de Economia da Universidade Católica do Porto) e José Manuel Fernandes (empresário, Frezite – fábrica de ferramentas de precisão).


Como já tenho dito, vejo muito pouca televisão nacional. Mas ontem ao ouvir o tema e os convidados, decidi que talvez valesse a pena assistir. Pessoalmente julgo que me foi útil. Não porque se tenha discutido o Orçamento, mas porque a primeira intervenção, feita por João Salgueiro, teve o enorme benefício de "situar" logo a discussão no que verdadeiramente deveria interessar ao país e sem o que, este ou qualquer outro Orçamento, mais não seriam do que peças soltas de um comboio cujo motor e motorista não tinham um objectivo definido.
De facto, o mais importante para Portugal e para os portugueses seria considerar o crescimento económico como uma prioridade e então discutir publicamente os caminhos possíveis para o alcançar. Assim, os portugueses teriam sido envolvidos na escolha, sabendo antecipadamente qual o preço que ela implicaria. Ao contrário, este governo, apresentou-nos desde o início as suas opções como as únicas possíveis sem definir qual a sua política de crescimento. 
Deste modo, os orçamentos não podem constituir mais do que um mero  exercício contabilístico, cujas parcelas servem para que as contas dêm certas. E isto vem sendo assim desde os anos noventa. Não é apanágio apenas daqueles que agora nos governam. 
Todavia, se há três anos este exercício de escolha do caminho tivesse sido feito, talvez as soluções encontradas pudessem ter sido diferentes.
Dir-se-á que nada disto é novidade. Não será. Mas os últimos acontecimentos ao nível da UE, mostram que Portugal, apesar da sua insignificância, ainda pode ser uma pedra no sapato daqueles que estão demasiadamente habituados à nossa complacência.
Foi um programa útil, no qual, pese embora ter-se falado de política, se abordaram os temas que verdadeiramente nos interessam. Seja com esta equipa ou aquela que vier a seguir. Por uma vez, não dei por mal empregue uma hora do meu descanso ligada a um debate televisivo!

HSC

8 comentários:

Virginia disse...

If,if,if....passamoa a Vidal a .conjugar o conditional no passado hipotetico.
Um a taco do aerporto de. Sf

Fatyly disse...

Também estive a ouvir e gostei, embora um deles falasse mais para "entendidos".

Muda alguma coisa? Não, mas ajudaram a perceber que para o ano a "guilhotina está ainda mais afiada".

Anónimo disse...

Que pena que os srs que vão à televisão "botar faladura" não tenham posto em prática todas as ideias fabulosas que agora apregoam.

Anónimo disse...


Bom dia Helena,
Infelizmente os orçamentos são feitos a pensar em números ( baixar o défice) não nas pessoas, na população que contribui para o desenvolvimento de um país.
Concordo, com a politica de crescimento, tenho visto alguém :), em alguns países da América Latina a promover as exportações de produtos portugueses, a apostar na internacionalização das empresas portuguesas, a meu ver um trabalho muito bem feito!

O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.
Oscar Wilde

Carla


Pipocante Azevedo Delirante disse...

Vejo este tipo de debates há anos... os mesmos problemas, as mesmas propostas... e nada muda. Felizmente este ano não houve incêndios por aí além, caso contrário teríamos a mesma lenga-lenga: ordenamento, limpeza das matas, preparação dos bombeiros, meios insuficientes...

Anónimo disse...

''Por uma vez, não dei por mal empregue ...''. Permita-me corrigir: ''Por uma vez não dei por mal empregado ... ''. Não leve a mal. Muito boa gente se deixou contaminar por esse deslize, muito usado na oralidade, mas creio que no seu caso foi distracção.

Anónimo disse...

Bom dia Helena!
Visitando outros posts seus, descobri este http://hsacaduracabral.blogspot.pt/2012/12/camara-clara.html, também gostava muito do Camara Clara, a RTP2 para mim é um dos canais melhores portugueses.
Deixo-lhe uma entrevista, que já vi vezes sem conta, feita a Coimbra de Matos.
Homem inspirador, transcendente no seu ser.

http://www.youtube.com/watch?v=KLTPfatO1-Q

Bom fim de semana
Carla

Paulo Abreu e Lima disse...

Só vi a parte final do programa com considerações mais políticas.

A ideia do crescimento económico só se poderá colocar agora, depois de cumprido o memorando de entendimento e sempre tendo em conta a diminuição do défice. Como disse, tem um preço e não creio que a Europa nos queira ajudar por mais pedra no sapato que possamos vir a ser. Talvez nesta campanha eleitoral o PS nos indique o caminho para o crescimento sem comprometer a consolidação orçamental. É que por enquanto ainda não vi ninguém dizer como se faz e todos os caminhos "sugeridos" apontam para o aumento da Despesa ou a diminuição de Receita.