terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sabores com Histórias


Maria de Lourdes Modesto - a quem devo tudo o que sei de cozinha e de quem sou amiga e admiradora - acaba de lançar um novo livro intitulado Sabores com Histórias (Alimentos, Preceitos e mais de 60 receitas). 
Admirada por várias gerações ela é a inspiradora dos melhores chefs da actualidade e consegue reunir à sua volta uma unanimidade verdadeiramente invulgar.
O novo livro revela várias curiosidades sobre pratos e ingredientes e inclui conselhos de confecção que fazem parte da nossa memória colectiva. Mas é também um livro de receitas. Precisamente sessenta – de entradas, de peixe, de carne, de massas e de doces - com o selo da qualidade a que a autora sempre nos habituou. 
Maria de Lourdes Modesto iniciou a sua carreira televisiva em 1958, apresentando ao longo de doze anos, o mais popular programa culinário de que há memória no país. Foi, sem sombra de dúvida, a pioneira portuguesa do live cooking e a primeira profissional a ter um programa no horário nobre da TV nacional.
A sua paixão pela cozinha alentejana, levou-a a alargar horizontes e a estudar a culinária francesa e as nossa tradições gastronómicas. Conhecida, entre nós, como a Diva da Gastronomia Portuguesa, veria o seu nome agraciado em 2004 com a Comenda da Ordem do Mérito.  
Adepta da simplicidade na cozinha e na vida pessoal, Maria de Lourdes Modesto é, para mim, um exemplo de como se pode ter sucesso sem, jamais, perder de vista os valores essenciais!

HSC

12 comentários:

Virginia disse...


Aqui está uma pessoa a quem o apelido assenta como uma luva. Tenho vários livros seus e quando preciso consulto-os sempre, mesmo que dê à receita o meu cunho pessoal. Os livros estão com ar usado, sujos em certas páginas de tanto os usar....ficarão para os filhos um dia em que me for.

Anónimo disse...

"Modesto! no nome e na sua maneira de ser...Uma SENHORA!

Anónimo disse...

...Apresentendo...

Gralhas

Isabel disse...

Obrigada pela dica HSC. Vou tratar de o comprar. Tb tenho o 'Cozinha Tradicional Portuguesa' q considero ser a minha bibila sagrada!

Anónimo disse...


Bom dia Helena!!
Não esqueci uma receita que ela fez, em que colocava vários ingredientes dentro do pão já desmiolado, tão simples, com um aspecto delicioso!
Sempre gostei de ver os seus programas, o livro deve estar repleto de receitas e conselhos mágnificos!

Carla

Anónimo disse...

Dra 1958?

Anónimo disse...

Dra 1958,tanto tempo passou e ninguém diria.Sempre cheia de vida e é realmente uma inspiração para muitos em Portugal e não só.
Bem haja! e vai ser mais um livro para engrandecer a minha coleção.

Helena Sacadura Cabral disse...

Anonimo das 22:30
Sim 1958, quando tinha 28 anos, dado que nasceu em 1930.

Anónimo disse...

Um dos aspectos que mais gostei no que se refere a Mª de Lourdes Modesto, foi ter sido pioneira na promoção de uma alimentação mais saudável mas muito saborosa, por vezes até mais do que a tradicional (com excesso de sal, de gorduras e de açúcar, com poucos vegetais). Não deixou de investigar também (investigou sobretudo) esses 'pecados' que nos fazem às vezes perder a cabeça.

Lembremos que ainda hoje, embora muito menos do que há algumas décadas, muitas pessoas associam comida saudável com 'dietas' tristes e sem graça.

Em colaboração com o veterano Dr. Fernando Pádua, com o seu lacinho, e a Soc. Port. de Cardiologia, participou na prevenção das doenças cardiovasculares, ensinando a substituir o excesso de sal por ervas aromáticas (uma cozinha de que gosto muito mais).

Vivam a salsa e os coentros! E outras, mesmo que menos portuguesas.

Chegaram a desenvolver projectos em determinadas aldeias.

Pessoalmente gostaria de ver essas experiências documentadas.

O livro vermelho não me encantou, não sou muito estimulada pela culinária do 'segredo', mas mais pela criatividade, ver as imensas possibilidades tanto de sabor, como de formas e texturas, não exploradas, libertar a 'franga'.

As ilustrações de J.P.Cochofel são um pouco insípidas, taditas são chatinhas, ele não saboreou as receitas de MLM.

Gosto muito de ilustração e a ideia de usar ilustrações em vez de fotografia neste livro é excelente, mas do meu ponto de vista, os desenhos dos ingredientes poderiam ser olhados em toda a sua plasticidade surpreendente, com um olhar mais faminto ou mais saciado, ou mais reconfortado e deliciado.

Mas não, são uns ingredientes que estão para ali, sem que ninguém os cozinhe.

Muito gostava eu de saber o que é Cochofel come!

É que de vegetais ele não gosta muito!

Anónimo disse...

Quem diz que vai pôr 'os pontos nos is' (neste seu livro mais recente) relativamente a algumas receitas, não é tão modesta assim.

Mas pode permitir-se essa imodéstia (prefiro isso à falsa modéstia).

Das entrevistas que vi com ML Modesto, ela parece-me uma pessoa sincera que soube manter a sua autenticidade, a sua singularidade- numa entrevista disse com toda a limpidez e graça, que não sabia cozinhar, que não era dotada, mas tinha pena, ao contrário de pessoas que se gabavam de nunca ter estrelado um ovo.

Com seriedade e gosto registou tradições gastronómicas portuguesas que doutro modo acabariam por se perder.

Haverá algum realizador que faça um filme sobre MLM, ao estilo do filme sobre Julia Child (com a Meryl Streep)? Seria delicioso.

Quanto às ilustrações de Cochofel, que faz ilustração para literatura infanto-juvenil (Oliver Twist, etc. em BD) para quê fazer ilustrações com um olhar 'fotográfico' em relação aos ingredientes e pratos. Um desenho que copia a fotografia. Para quê, para isso existe a fotografia.


Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo/a
Parece ser um/a crítico/a muito exigente. Então para que se pintam retratos, se a fotografia já existe?!

Anónimo disse...

Não fui eu quem escrevi o comentário anterior, mas esta foi exactamente a polémica em torno do retrato de Mário Soares, de Júlio Pomar, para o Museu da Presidência, que muitos não consideravam digno de aí figurar.

Ao fazer a encomenda a um artista como Júlio Pomar, MS levou o retrato contemporâneo para o referido museu, em rutura com o convencionalismo e o academismo reinantes.

Antes de Júlio Pomar e de Paula Rego, à exceção de Columbano, os retratos estavam a cargo de pintores mais académicos como Medina e Malta (a quem chamavam o 'esmalta' porque fazia um 'botox' aos retratados, para os deixar favorecidos perante a eternidade e a solenidade, tal como hoje faz o 'photoshop').

O retrato de MS, como se sabe, é tudo menos um retrato convencional, com pretensões a 'copiar o real'(com o objectivo de reproduzir todas 'as pestanas'como se costuma gracejar).

E o retrato de Jorge Sampaio, de Paula Rego, é figurativo tal como a sua pintura, mas retrata mais o ser do que o estatuto, com uma paleta colorida e vibrante, nada convencional.

Dos desenhos, neste livro, de Cochofel, diria que são pobres, convencionais, certinhos e frios, e não trazem nada de específico das artes plásticas, não acrescentam nada a uma boa fotografia, muito pelo contrário. Talvez a ideia tenha tido pouco tempo de amadurecimento. Cochofel está mais habituado a fazer ilustração de livros para jovens, onde é muito melhor. E a ilustração sem recurso à cor, não era fácil, exigia muito trabalho, até chegar a outros resultados, mais plásticos, mais sensoriais.

Como todos sabem, depois da 'imitação' do real do naturalismo e do realismo, já tivemos o impressionismo, o expressionismo, o cubismo, o abstracionismo, o surrealismo, o informalismo, o neo-figurativo, o hiperrealismo, etc.

E cada um destes movimentos tem os seus retratos.

Embora as pessoas em geral, tenham a ilusão do contrário, nem mesmo a fotografia é uma cópia do real.