quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Hollande, um homem normal?

Acabei de ler, na semana passada, o livro "Merci pour ce moment", escrito pela ex namorada do Presidente François Hollande, Valérie Trierweiler, que nele conta não só como há pouco mais de sete anos se apaixonou, mas também como foi o seu ano e meio de Primeira Dama no Eliseu.
Interessa-me muito pouco a vida sentimental de quem exerce funções políticas, porque entendo que se trata do foro privado de cada um. Quando, porém, por vontade expressa dos próprios, ela transcende esse domínio e se torna peça pública, a questão muda de figura.
Este livro é muito menos violento do que eu esperaria e mostra como alguém psicologicamente frágil - contrária à imagem que dava de si - vive na dependência absoluta da atenção daquele com quem partilha a sua vida.
É, como muitas outras, a história de uma ruptura vivida por uma mulher duplamente atraiçoada. Primeiro, atraiçoando ela Ségolène Royal que, por sua vez, lhe dá paga, acabando como segunda figura do governo de Hollande, quando este já tinha expulsado Valérie. Segundo, provando ela própria, com Julie Gayet, o veneno que, antes havia instilado a Royal.
Aliás, o livro é muito mais sobre o casal político inicial, do que sobre a actriz que, de capacete de motard, o Presidente da França visitava e alimentava a croissants. É uma vendetta? É seguramente. Mas Valérie suspendeu até ao último momento a publicação do livro, na esperança de uma reconciliação que acabou, felizmente para ela, por se não dar. E mostra como, afinal, ao contrário do que afirmava, ela gostaria de ter sido a "legítima" do Presidente.
Hollande sai deste envolvimento como um mentiroso compulsivo, um homem que é capaz de se desfazer dos amigos em proveito próprio, alguém que não sabe assumir frontalmente posições. Confirmando, assim, tudo o que o ex ministro Arnaud Montebourg disse, há pouco tempo na televisão, a quando da sua saída...

HSC

6 comentários:

Anónimo disse...

Cara Helena,

Terá Trierweiler pensado que conseguiria "mudar" Hollande, tornando-o no homem decidido e fiel que até a conhecer ele nunca fora? Quereria os croissants só para ela? É feio não gostar de partilhar!

Anónimo disse...

E se Holland escrevesse um livro que título daria? Será que também diria Merci á sua ex?Perderia ele tempo com isso?Ou já torce a orelha por ter perdido a cabeça e ter deixado a sua legítima e os filhos?

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 23:34
Boa pergunta...

Anónimo disse...

Vi há 2 ou 3 dias, na Tv5 monde, a conferência de imprensa de François Hollande, no Eliseu.

Pareceu-me um homem esvaziado, que não tem outros recursos, senão um certo quixotismo: quando uma jornalista lhe perguntou porque é que, no final de Agosto, na ilha de Sain tinha falado debaixo de chuva, recusando proteger-se sob um chapéu, respondeu demagogicamente que, queria estar à chuva com (e como) os franceses.

Disse ainda que não tinha o poder de suprimir a chuva, nem de provocá-la.
Oh la la! E eu que julgava que tinha!

Mostrou-se auto-satisfeito com as suas opções, e auto-justificou-se.

Sobre a subida da extrema-direita na Europa afirmou serem os governantes os responsáveis.

Falaram tb do livro de V. Trierweiler, ou melhor Hollande recusou-se a comentar 'outra vez', mas não percebi bem o que disse.
Por acaso gostava de saber o que é que ele comentou da 'outra vez'.

Cabelo pintado, penteadinho, enfim a imagem tratada para dar o seu melhor, que não é mesmo assim grande coisa, nada mais do que a imagem!!

Se fosse só o Hollande esta marioneta contentinha consigo mesma!!


Anónimo disse...

Membros do Ps francês afirmaram que não leram nem iriam ler o livro de Valérie, acrescentando que toda a gente sabe que as separações não correm bem, mas que nem todas as pessoas têm a oportunidade de publicar o seu livrinho, com a sua 'petite histoire'

Afirmaram ainda que o livro não é bom nem para a democracia, nem para as mulheres.

No seu livro, VT descreve F Hollande como cínico e indiferente, e foi esse o aspecto que a oposição mais aproveitou, afirmando que esses defeitos não são nada indicados para um presidente.

All the world's a stage and all men and women merely players.

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 17:58
O ministro da Economia que Hollande acabou de despachar, disse o mesmo...
O livro é muito menos antipático para Hollande do que se poderia esperar, após a humilhação pública por que Valerie passou.
E hoje Hollande está com uma quota de 13%, algo que nunca se viu desde a I República e não é por causa de Valerie. É por causa do estado da França que ele não consegue corrigir...