quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Lauren Bacall


Chamaram-lhe The Look, brilhou com uma insolência que nunca se vira antes na Hollywood dos anos 1940 e 50. Era dura, sem paciência para a falta de carácter, e democrata até ao osso. Ensinou Bogart a fumar e a fazer outras coisas. Foi uma working girl até ao fim. 
Morreu ontém, aos 89 anos, na sua casa em Nova Iorque, vítima de um acidente vascular cerebral a que não resistiu. 
Chamaram-lhe The Look, e basta olhar para as suas fotografias para perceber porquê. 
A mulher do realizador Howard Hawks viu-a, um dia, numa capa da Harper's Bazaar e recomendou-a ao marido. 
Betty Joan Perske não tinha ainda 19 anos, estudara dança, faltava às aulas para ver filmes com Bette Davies, era manequim e contava no seu portfolio com dois ou três fracassos na Broadway. Mas perante a foto da Harper's Bazaar,  Hawks soube o que fazer. Contratou-a. 
E assim apareceu uma rapariga de 19 anos que era tão insolente como a mais insolente das estrelas do firmamento de Hollywood daquele tempo: Humphrey Bogart. Casariam e seriam o casal ícone da sua geração. 
Tornou-se célebre uma frase que a define: "Feliz? Essa é uma palavra grande, talvez a maior que vem no dicionário". "Percebi que, se tiver saúde, conseguir pagar a renda e tiver os meus amigos comigo, estou satisfeita. 
"Satisfeita, contente, e não feliz, dizia, considerando que a felicidade que apaga todas as preocupações e se sobrepõe a todas as emoções só é possível quando se tem 20 anos. "Nessa idade não tens experiência suficiente para saberes que tens de ser cautelosa. Esse tipo de felicidade é impossível de duplicar."
HSC

7 comentários:

Virginia disse...



Grande senhora....e linda Mulher. Gostei sobretudo dos filmes policiais que vi já há muitos anos. Sempre a achei uma actriz com classe, como há muitas da sua geração e não muitas nas mais novas. Ela e o Humphrey faziam realmente um par icónico, ambos com olhares expressivos....

Mais uma....

bea disse...

Madame Lauren não era bem uma ternura, mais um bater de pé a marcar presença. Mas gosto dos seus filmes - a bem dizer, aprecio o cinema que então se fazia. Morreu uma senhora de trabalho; ouvi-a há pouco na Tv afirmar que os amigos são muito importantes mas que sem trabalho é que não vivia.

Concordo, a felicidade é uma palavra difícil que vulgarizou com o sentido de bem estar e estar bem, e é abusada por aí mesmo e arredores. Acontece muito com as palavras, as situações e até as pessoas e chama-se, talvez, adequação à realidade. Como sublinhou a actriz, aos 20 anos talvez seja possível essa imediatez de pensamento, beatífica e inocente. E no entanto, suponho que éramos felizes na infância, quando não pensávamos nisso. O que coloca um duplo problema: talvez o pensamento, que até é distintivo humano, seja impedimento à inocência feliz; por outro lado, que espécie de felicidade menor é essa que para o ser ou é inconsciente de si, ou exige uma inocência tal que parece ingenuidade burra.

E por que não escolher um estado de boa disposição sem querer ser feliz, salvaguardando que infeliz é que nunquinha, excepto nos bocadinhos de tristura que não se conseguem evitar e nos fazem até bem. Todas as cores são cor.

K disse...

Sem dúvida uma mulher à frente do seu tempo e que soube utilizar as armas que tinha à sua mão para marcar a diferença. Dentro e fora do espectáculo (cinema ou teatro).

Anónimo disse...

Uma das minhas cenas preferidas desta grande senhora!

http://www.youtube.com/watch?v=wG9OoVeaaWc&feature=youtu.be

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 17:37
Tem razão!

Anónimo disse...

Uma mulher lindíssima!
Um olhar felino indelével.Sensual,enigmática,elegante e com classe.Uma inspiração.
Paz á sua alma.Que descanse em paz.
FT

Anónimo disse...

Um pequeno video desta grande senhora onde fala de alguns dos seus filmes (a reacção a Confidential, um filme que não gostava é engraçada), o seu legado e o desejo de trabalhar com Almodovar.

http://www.youtube.com/watch?v=LJfKELw83I0