terça-feira, 22 de julho de 2014

O tacto


Cada indivíduo tem as suas particularidades. Eu, por exemplo, quando conheço alguém, o que primeiro chama a minha atenção são as mãos. Não porque sejam bem cuidadas ou maltratadas. Não é esse o sinal que elas me dão, dado que, neste caso, quando muito, a diferença entre ambas, seja a origem social. 
É com as mão que faço quase tudo que respeita ao tacto, um dos sentidos mais importantes do ser humano, embora face aos outros quatro seja, muitas vezes, menorizado. Por isso elas me falam tanto. Gosto de mãos vigorosas, que quando pegam as nossas o fazem de modo firme e caloroso.  
Seria capaz de reconhecer entre muitas, mas mesmo muitas, as mãos das pessoas que amei, as mãos dos meus filhos, as dos meus pais. Não sei exactamente a razão desta minha preferência, mas sempre tive a leitura de que as mãos reflectem muito dos seus proprietários. 
Para além de tudo isto, o tacto dá-me o lado sensual da vida, aquele que, por muito que o desvalorizemos, é uma parte importantíssima dela. E esta forma de sensualidade estende-se aos mais diversos campos. No meu caso, a impressão táctil vai do papel dos livros à textura dos tecidos, ao contacto da pele do corpo. Se entre mim e aquilo em que toco não houver o "clic" que torna essa espécie de rasto agradável, a reacção de recusa é imediata. Mas se, ao contrário, esse toque me apraz, ele vai ser o fio condutor do meu interesse, o qual pode, até, transformar-se numa descoberta. Como acontece com os invisuais, também para mim, o tacto é uma outra forma de olhar. De que gosto e de que preciso!

HSC

6 comentários:

Maria Joao Morgado disse...

Nunca procurei saber porquê, mas eu também é das primeiras coisas que reparo quando conheço uma pessoa. As mãos!!! Transmitem sensações fortes. .. Agora vou ter que perceber porquê. :-)

Anónimo disse...

Se eu soubesse escrever, era assim que o diria. As mãos, são também, o que primeiro "vejo". Obrigada pela sua generosidade.
Ana

Xi Coração disse...

É realmente uma pessoa de afectos.
Bem haja por transmitir estes ensinamentos a quem precisa ainda muito de aprender .
Maria

Joana Lemos disse...

Toda a mulher gosta de sentir umas mãos masculinas grandes, viris, quase rudes. Tanto afagam como podem proporcionar delícias :))

Anónimo disse...

Bom dia Helena!!
Sempre tive essa particularidade, reparar nas mãos, sejam de homem ou mulher nem sei porquê, e claro sempre gostei de ver umas mãos bem cuidadas.
Não concordo com o Diderot em relação à vista, os olhos transmitem muito, num simples olhar pudemos observar muitos adjectivos, doçura, desejo,amor, ódio é através da visão que 2 seres se atraem...
Gostei da sua descrição para cada um deles a Helena é uma pessoa de afectos, disso não tenho duvidas e o melhor sabe os transmitir da forma mais pura, é transparente como a água!
Tenho uma curiosidade em relação a si, está no seu direito de responder ou não...ficarei a gostar de si na mesma, já entrou no meu útero mental como dizem os psica. os seus textos são uma terapia, uma aprendizagem para mim.
Consegue perdoar alguém que a desiludiu?
Que não soube pedir desculpa por ter errado? Que foi injusto?
Como lida com estas situações?
Não sei se é virtude ou defeito, mas não consigo perdoar uma pessoa que foi injusta que não soube reconhecer o erro, passo a ignorá-la,no fundo fico mágoada, sinto que fui injustiçada!
Aprendi a ter amor próprio, como diz o velho ditado "Quem não se sente não é filho de de boa gente"

Carla

Carochinha disse...

Partilho exactamente da mesma opinião e dessa forma de ver pela primeira vez.