terça-feira, 20 de maio de 2014

A vantagem da idade...


O facto de, ao longo da minha vida, ter ensinado na Universidade, permitiu-me conhecer jovens cuja idade variava entre os 18 e os 25 anos. E isto ao longo de muito tempo. Assim, pude ir assistindo ao que foram sendo estes grupos etários durante mais de três décadas. 
O Professor Sedas Nunes, um sociólogo hoje infelizmente muito esquecido, e de quem fui muito amiga, dizia-me com frequência que este era um campo que me facilitaria muito a compreensão do país, quando fosse mais velha.
Com efeito, quatro décadas de ensino sobrepostas a quatro décadas de revolução dão-me uma visão muito particular do mundo que me cerca. Basta pensar que os jovens, então com 20 anos, são hoje sexagenários. E por uma qualquer razão que não sei explicar, mas que é real, um número significativo desses alunos foram para a política ou para a gestão de grandes empresas. Esta circunstância faz de mim uma observadora com especial sentido do humor, quando relembro o que eles eram como alunos e a pose com que às vezes os oiço. Sim. porque uma parte significativa deles, faz-se ouvir!
É esta a única vantagem da idade. Ela permite-nos relativizar muito daquilo que os outros consideram importante...

HSC

10 comentários:

Maria João disse...

O seu texto fez-me lembrar os comentários da minha sogra quando vê antigos alunos na televisão. Hoje com 88 anos foi professora de matemática nos liceus de Lisboa e terminou a carreira na Amadora.
A matemática foi para alguns uma carga de trabalhos e as histórias contadas por são uma delícia. Alguns ficariam corados com os seus actos.
Gostei muito do seu livro.
Obrigada
Maria João

Isabel Mouzinho disse...

Apesar de não ter a sua experiência ou vivência, não posso estar mais de acordo com a sua sempre sábias palavras.

(E acho que o Cícero também está certo - eheheh!)

Quanto ao resto, espero que esteja tudo bem, dentro da medida do possível, e mando-lhe um abraço muito apertado.

E um beijinho

Isabel

Helena Pardelinha disse...

Bom Dia! Srª Drª Helena
Antes de mais desejo que esteja bem! Desejo as melhoras, para o seu familiar...
Só diria á cerca do assunto o seguinte: " A ganância, leva á desumanização", "O poder, pode corromper", " a soberba, leva ao egoismo".
Todas estas consequências, levaram-nos, levam-nos, ao mundo "podre" de valores em que vivemos...e digo isto sem nenhum tipo de conservadorismo, pois sou bsatante liberal...
Apenas, para mim contam muito mais as boas pessoas e tambem a Natureza...
beijinhos! de muita admiração.

Anónimo disse...

Por que motivo uma pessoa como Sedas Nunes é tão esquecido?
Ministro da Coordenação Cultural
e da Cultura e Ciência no V Governo Constitucional, sempre ligado às ciências sociais, muito trabalho, de ral valor pela vida fora.
Ele tem 63 anos, não está a morrer, felizmente.

A idade tem algumas vantagens, não apenas uma.

O seu "muito tempo" é muito tempo.
O suficiente para, por direito, estar no patamar em que percebemos que está. Merece, inquestionavelmente.

Cumprimentos

Anónimo disse...

E não só cara,dra Helena!
com as Senhoras passa-se o mesmo...
Por isso a Senhora é uma delícia rara.
De uma "colheita"especial e de uma "reserva"limitada.
:-)

Virginia disse...

Sabe, Helena, quando fiz o meu Estágio no Pedro Nunes para professora de Alemão e Inglês, coube-me em sorte uma turma dos chamados FM ( filhos de Ministro).
Estávamos em 71 e os Ministros eram todos conotados com a situação, os meninos ( bétinhos, como agora se chama) muito bons alunos, muito bonitos ( beautiful people) e bem falantes. Pressagiava-se já um futuro risonho na chefia dum banco, na política ( O Nobre Guedes era um deles), na gestão de empresas. Aliás, a turma era toda de Direito, curso nobre na altura a par de Medicina.

Também os vejo agora na TV, cheios de prosápia, completamente instalados, a rolar os rrs...e penso que nada mudou, não parece ter havido uma revolução em Portugal.

Bjo

Helena Sacadura Cabral disse...

Observador
Referia-me a Adérito Sedas Nunes, infelizmente falecido em 1991 e que é pai do também sociólogo João Sedas Nunes, filho do seu casamento com a escritora Maria Velho da Costa.
Adérito Sedas Nunes, a quem o país bastante deve, foi o verdadeiro iniciador dos estudos de sociologia em Portugal.

Anónimo disse...

:-) 16:58
E não só,cara dra Helena!
A vírgula saíu ao lado.
Aproveito para rematar que o seu "trave" é doce qb.

Anónimo disse...

Percebo, Helena.
Adérito já faleceu e fui atrás do João, também Sedas Nunes, no que diz respeito à idade.

Desculpe qualquer coisinha.

Unknown disse...

Já estou a imaginar o seu sorriso e a sua gargalhada.... valha-nos isso que ficamos com a cara sem rugas de tanto sorrir!