sexta-feira, 25 de abril de 2014

Cabelos brancos

De acordo com o Eurobarómetro, os portugueses são os europeus que mais descontentes estão com a sua democracia. O jornal i revela que os dados recolhidos indicam que apenas uma fatia de 14% da população está satisfeita, ou muito satisfeita com o regime democrático do país. Ao mesmo tempo, apenas 36% dos inquiridos entende que pertencer à União Europeia é uma “coisa boa”.
No polo oposto encontra-se a Dinamarca com uma percentagem de 89% dos seus cidadãos satisfeitos face à democracia no seu país.

Julgo que ninguém se espantará com este resultado face a uma média europeia de satisfação que se situa nos 52%. A causa, a meu ver, está no funcionamento dos partidos que continuam, na sua maioria e há quarenta anos, a serem representados por caras que todos conhecemos há muito. Talvez por isso não evoluíram, não se rejuvenesceram, enfim, mantiveram-se iguais num mundo feito de permanente mudança. E mesmo naqueles que catapultaram gente mais jovem, as figuras tutelares continuam a ser as mesmas.
Julgo que a vitalidade de uma democracia não é compatível com a manutenção de figuras sobre as quais passaram quatro décadas. Os velhos precisam de dar lugar aos jovens para que o mundo de amanhã não seja a continuação daquele que é hoje e para que o futuro deles seja uma escolha própria e não dos seus pais ou avós. 


HSC 

15 comentários:

Anónimo disse...

Não será, na actualidade, o caso do PSD, nem do PS (apesar de ser visível o ataque implícito que aqui se faz a Mário Soares), nem mesmo do Bloco. Talvez do PCP, mas seguramente do CDS, onde Paulo Portas tutela o Partido há anos! Que não pensa sequer na sua substituição (que já deveria ter sucedido há algum tempo, antes deste governo se ter formado, no que se teriam poupado uma data de sarilhos e confusões políticas a que ele deu origem). Pelo contrário. O CDS é Paulo Portas e vice versa.
Seja como for, ter cabelos brancos não é defeito. Não é saudavel pensar-se assim. Há bons e maus cabelos brancos e bons e maus jovens. Quanto a estes, olhe-se para alguns deles, hoje, e veja-se o resultado. Passos a devastar o país, Gaspar ao ter “desenhado” esse desastre, Mota Soares a destruir a Segurança Social, os jovens assessores de Gabinetes a usufruirem, sem experiência, de situaçõess priviligiadas (até a nível fiscal), para depois se catapultarem para lugares na Política e no mundo do empresarial, assim sem mais nem quê.
Por fim, não é por acaso que as pessoas preferem os mais velhos para, por exemplo, o cargo de PR. Já houve melhores e piores (como o actual), mas, apesar de tudo, a experiência e a idade é levada em linha de conta pelo eleitorado.
Daí que pense que por detrás destas palavras estava a imagem de Mário Soares, a figura tutelar, para si (que o detesta, no que está no seu direito, mas a quem muito esta Democracia deve), do PS. O que não é verdade. Seguro, mal ou bem, pensa pela sua cabeça. E não pela de Soares.
Jaime Gonçalves

zia disse...

A democracia europeia penso que seja muito diferente da que se pratica por este fundo marginal da Europa...
Um abraço, Zia

Helena Sacadura Cabral disse...

Jaime Gonçalves
Se lê o meu blogue com atenção, terá já visto post's em que falo da dívida real que o país tem para com Mário Soares. É indiscutível. Penso - talvez mal - que essa dívida está paga. Mário Soares tem o tratamento dado a todos os ex- Presidentes, tem a Fundação que leva o seu nome e até se candidatou, de novo, a Presidente da República.
O que questiono em Mário Soares é a sua actual falta de oportunidade.
Odiar Mário Soares? Mas o senhor julga-me capaz de odiar alguém? A afirmação é para mim tão surpreendente que nem sei que lhe diga. Apenas que não tenho ódios pessoais a ninguém e muito menos a alguém que não conheço pessoalmente. Acresce que estimo João Soares, seu filho e Maria Barroso, sua mulher.
Quanto ao resto não me referia a governo mas aos políticos que andam pelos 70 ou mais. Basta olhar para eles - Cavaco, Barreto, Jerónimo, Angelo Correia, Almeida Santos, Freitas e muitos outros - e ver o trabalho que 40 anos fizeram neles. Tanto como em mim, pelo menos.
Mas os cabelos brancos eram uma metáfora para os políticos que, como os meus filhos - diz bem -, andam na política desde os 12 anos e deviam reformar-se por mais de 40 anos de trabalho consecutivo nesse domínio.
Finalmente, as figuras tutelares são tanto Soares, como Cunhal, Sá Carneiro ou Sampaio. São eles as reais "consciências" dos partidos que lideraram. Fiz-me entender?

Anónimo disse...

Tem toda a razão dra Helena.

http://ciclovivo.com.br/noticia/estudante-de-14-anos-propoe-mudanca-tipografica-que-reduz-gasto-com-impressoes-em-34

Só um exemplo da capacidade de um jovem.


Glória Vieira disse...


Sra. D. Helena

Fui incapaz de lhe dar uma palavra de conforto no dia de ontem e anteontem.
Não deixei, porém, de estar consigo e com o pensamento no seu Miguel.
Quanto aos "Cabelos brancos", em minha opinião, o problema está na falta de coerência, honestidade, ganância, e necessidade de pôr em prática politicas de empobrecimento de alguns à custa do enriquecimento de outros. Se quem nos tem governado implementasse politicas erradas mas tivesse seguido um caminho de seriedade, transparência e integridade naturalmente que as sondagens resultavam de forma diferente. Os abutres não agem ingenuamente...
Bem haja, muita coragem e força.
Glória Vieira

Maria disse...

Gostei da frase: "...fundação que LEVA o seu nome..."
Gostaria de ver contada, por gente isenta e que não faz parte das "sinecuras", a VERDADEIRA história do pós 25 Abril, porque não é certamente por acaso que um país conhece 3 bancarrotas em 40 anos...

Anónimo disse...

Madame il y a des choses trés belles!
Oblié lês chevaux blanches et regarde cette merveillheuse.
Bonne fin de semmaine.
François

Anónimo disse...

Por estarem longe de serem patetas alegres, os inquiridos lusos sabem bem o que vai mal na Republica de Portugal.
L.L.

Anónimo disse...

Madame,excuse moi.
Et alors - voilá que j'oblié.

http://youtu.be/tsnVJfp-fmc

rmg disse...


Entre outras coisas que não vêm ao caso evitei que duas empresas fossem à falência e que cerca de 400 pessoas (no conjunto) caíssem no desemprego , a maioria já muito pouco jovem .
Era a minha obrigação , ninguém me ficou a dever nada e deixei sempre isso bem claro .

Saí de qualquer uma delas pelo meu próprio pé e pela porta da frente antes que o tempo e a memória das pessoas começassem a achar que eu estava lá a mais e me fizessem saír pela porta de trás .

Por isso é uma festa para todos quando lá vou ou telefono .
E quando alguém se queixa de que no meu tempo aquilo estava melhor respondo sempre que o mundo e as circunstâncias mudaram muito e está por provar (e vai continuar ...) que eu faria melhor .

Mas os portugueses gostam de ficar agarrados às grandes ou pequenas glórias (?) passadas e isso está bem patente a todos os níveis e em todos os meios , desde a política à blogosfera.

Relembro assim sempre os versos de uma canção do Aznavour (de que a Drª Helena também gosta e já trouxe aqui) :

Il faut savoir
Quitter la table

Sans s'accrocher l'air pitoyable
Et partir sans faire de bruit

RuiMG

Helena Sacadura Cabral disse...

Nem mais RuiMG!

Fatyly disse...

Concordo consigo e é pena que tantos jovens políticos só "tenham feito porcaria e nem sequer admitem o erro" e mais grave ainda: longe da realidade da actual situação em que vivem cerca de dois milhões de portugueses.

Quanto a Mário Soares e às suas politicas de então e pelas tristes figurinhas que anda a fazer, não aplico a palavra "ódio" porque não sei odiar ninguém...mas para mim e para muitos...não temos "qualquer dívida de gratidão para com ele". Uma péssima descolonização e a desgraça que foi de 1980 a 1986, (já para não ir lá mais atrás), seis anos de uma tremenda penúria, cortes e mais cortes e mais uma vez a enorme demandada de portugueses para fora do país.
Tem uma Fundação e acho uma afronta receber ainda um milhão de euros dos três milhões que recebia (se é que cortaram mesmo, o que já duvido) que cortem a muitas mais, porque quem as tem que seja inovador, empreendedor para "angariar" fundos.
Todas ou quase todas as Fundações não servem para nada, mas apenas e tão só...porque sim.
Que apliquem essas verbas na ciência e tecnologia, na educação, na saúde e sobretudo no estado social de famílias que de um dia para o outro...enfim, a Dª. Helena sabe melhor do que eu.
Depois querem nos comparar com a Dinamarca e outros países onde "os políticos VIVEM para a política e NÃO VIVEM da política como TODOS os nossos...o que marca toda a diferença". Podem ganhar mais, mas são governos com menos "personagens", as reformas têm um tecto e tudo que usufruíam como "governantes", chofer etc e tal...terminou funções, acabou.

Porque não pertenço a nenhum partido,mas tento sempre andar informada, afirmo que em todos os partidos há gente credível, gente empenhada, novos e velhos...mas infelizmente e cada vez mais "são apenas excepções" abafados pelos "tubarões"! Depois cada um "defende a sua dama" sem ouvir versus aceitar a opinião dos outros. De uma vez por todas, deveriam ser mais conscientes e sentarem-se para dialogar. Ouvir um debate parlamentar...é de bradar aos céus...e ainda falam dos "estudantes"?
A democracia está em coma, fome e miséria graça por todo o lado e quando sou assolada pelo desânimo que me tentam impor, agarro-me a algo que ouvi do seu filho Miguel

"Sonhamos? Não sonhamos nada, somos mesmo os únicos realistas deste filme”

e vou à luta, porque ainda ACREDITO!!!

Um abraço Dª. Helena

TERESA PERALTA disse...

Qualquer cidadão, consciente, tem o dever de se interrogar sobre os valores que aqui refere. Se, consultarmos os dados de auditoria da bqd, anteriores a 2011, verificamos que já era grande a percentagem de insatisfação, em relação ao funcionamento da democracia em Portugal. Certos partidos, para alem das figuras tutelares que mantêm há 40 anos, mantêm também os mesmos regulamentos, que seriam aplicados noutros contextos, sem evoluírem para as actuais necessidades. Os políticos e os próprios cidadãos deviam questionar-se, todos os dias... Os cidadãos em primeiro lugar, porque são eles que escolhem os seus governantes. Vai-se persistindo na bela demagogia, esquecendo-se a responsabilização, de parte a parte.

Muito obrigada pela partilha.

Um abraço

Anónimo disse...

O grande Estaline

"As obras teóricas do grande Estaline são contribuições valiosas. Por elas estudaram e estudam o marxismo-leninismo milhões de operários em todo o Mundo. Com elas o Partido Comunista da China e o Partido do Trabalho da Albânia educaram os seus quadros, com elas formaram milhares de bolcheviques na União Soviética. (...) O camarada Estaline está demasiado vivo nos corações de todos os explorados e oprimidos do mundo inteiro para que oportunista algum o possa fazer esquecer. A vida, a obra, a actividade do grande Estaline pertencem aos Comunistas de todo o mundo e não apenas aos soviéticos, pertencem à classe operária e não apenas ao povo da URSS. Na pátria do Socialismo, a União Soviética, o Socialismo vencerá, uma nova revolução surgirá tarde ou cedo. Os autênticos comunistas soviéticos já se organizaram e, juntamente com a classe operária e o povo da URSS, erguerão bem alto a bandeira vermelha de Estaline, instaurando de novo o poder proletário. Força alguma o poderá evitar. QUE VIVA ESTALINE!".
(Este artigo foi assinado pelo camarada Abel, no "Luta Popular" de Setembro de 1975.

O camarada Abel era, à época, José Manuel Durão Barroso, militante do MRPP e agora militante do PSD, ex-primeiro-ministro e actual presidente da Comissão Europeia).
Cabelos que mudam...

Anónimo disse...

Rui MG OBRIGADA pelo testemunho do seu exemplo. Há, seguramente, mais alguns e nunca se fala deles... o que é pena, porque são realmente um exemplo - gerir uma empresa não é assunto fácil e a desgraça de muitos dos nossos ex e actuais governantes é, não um problema de habilitações, mas sempre faltar-lhes a escola da vida, do mundo do Trabalho, digno e com preocupações sociais. Dessas figuras, que passam a vida a dar «receitas», chega a ser obsceno o que afirmam e o que escrevem.