quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Autopromoção

Pronto, sai amanhã para as livrarias, o meu novo livro. É um pouco diferente do que costumo escrever. São 31 textos - um por cada dia do mês - que resultam de muitas conversas laicas que mantive com o Miguel.
Depois dele desaparecer, esses temas constituíram o caminho de pedras que tive de percorrer sozinha. Não teria sido capaz de o fazer sem o apoio do Padre Tolentino a quem o livro é dedicado.
Quando desaparecem aqueles que amamos o "luto" faz-se de formas muito diversas. Esta foi a minha maneira. Que agora partilho com os meus leitores fiéis. 
No fim da dura caminhada, o ritmo da minha vida mudou muito. Tiro muito mais prazer das pequenas alegrias, sofro menos com aquilo que não tem importância, tolero mais o que é diferente e o meu olhar sobre o mundo que me rodeia suavizou-se. 
São as faces de que essa experiência se revestiu que tentei transmitir nesta nova VIDA E ALMA.

HSC

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A morte e a vida

"O final da tarde de ontem, é à Helena Sacadura Cabral que tenho que o agradecer. Porque foi o que ela escrevera há dias no seu blogue que me fez ir até à Universidade Católica. Para assistir ao lançamento de um livro que reúne cinco textos de Cicely Saunders, a pioneira do movimento moderno dos cuidados paliativos. Com duas aliciantes: a apresentação deIsabel Galriça Neto, que admiro muito e cujo filho, Francisco, traduz a obra (Watch with me no original) e do Padre Tolentino de Mendonça. Razões mais do que suficientes para valerem a deslocação.
Mas não só. Tal como dizia a Helena no seu post, esta é uma causa da maior importância, que nos implica a todos. Ainda bem que fui. Porque fiquei a saber mais sobre este assunto e, sobretudo, porque me emocionei com o discurso de ambos, feito com simplicidade, rigor e sentimento.
Mais do que a apresentação de um livro, aquela hora em que estivemos juntos foi uma partilha e uma reflexão conjunta sobre a vida e a morte, sobre a vulnerabilidade do fim de um caminho, visto não como uma derrota, mas como a possibilidade e o direito de viver tão intensamente quanto possível até ao fim, celebrando a vida. Dizia o Padre Tolentino de Mendonça "Sabemos tantas coisas úteis e inúteis. E ninguém nos ensina a morrer". É que a morte é, na sociedade moderna, um tabu, uma ideia que tentamos afastar de nós, como se ao não pensar nisso evitássemos que acontecesse. E depois, o magnífico e comovente testemunho dos momentos finais de vida do seu pai, de quando lhe pegava na mão e, em passinhos muito pequeninos, o levava até a uma janela do hospital, de onde se via o mundo. Naquele altura, dizia, "ele era simultaneamente meu pai e meu filho, mas a sua mão era, e ainda é, maior que a minha".
Foi mais ou menos com estas palavras que o Padre Tolentino terminou, de uma forma que me tocou muito especialmente, talvez porque, todos os Domingos, quando estou com a minha mãe, é também um pouco isso que sinto; quando lhe pego na mão e esse contacto silencioso com a mão que me ensinou a vida diz tanto do que não chega às palavras; e é uma forma de a amparar e de enfrentar a morte. E de a encarar com a maior naturalidade de que sou (somos) capaz(es). Ontem, tomei consciência do que de certo modo já sentia no coração: que aceitar a morte, por mais difícil que seja, é também aprender muito acerca da vida."

Permito-me reproduzir este post de uma comentadora que me visita muito - isabelmouzinho.blogspot.pt -, porque tive a oportunidade de a conhecer e porque a tarde de ontem foi uma lavagem da alma.
Nunca serei rica - nem quereria - mas sou milionária nos afectos que possuo. Disso não tenho qualquer dúvida!

HSC


Saber ouvir...

A economista e professora Manuela Silva, que coordena o grupo Economia e Sociedade da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, concedeu ao jornal Publico uma curiosa entrevista que pode ser lida AQUI.
Muitas das suas sugestões deveriam ser pensadas pelo actual governo cuja navegação à vista tem trazido os resultados que se conhecem. Mas em Portugal dialogar, ouvir quem pensa diferente, questionar as próprias decisões, não são apanágio da "partidarite bacoca" que se apossou do que entendemos ser a democracia. E isto, infelizmente, aplica-se tanto ao governo como à oposição.


HSC 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pensões milionárias de sobrevivência

O Correio da Manhã noticia que dez pensionistas recebem prestações de sobrevivência que custam aos cofres da Segurança Social 893 mil euros por ano.
A ser verdade e feita uma pequena conta de dividir, tal significaria que o/a sobrevivente casara e enviuvara de um verdadeiro “tubarão” salarial. Com efeito a viuvez permite que cada um destes pensionistas receba em média 89.300 euros anuais!
Há casos em que a viuvez parece compensar...

HSC


Eles "andem" por aí...

Só hoje ouvi Marcelo. Ontem foi um Domingo tranquilo e não me apeteceu macula-lo com bitaites televisivos. Aliás, raramente me apetece ser espectadora dos seus comentários. Faço-o por dever de ofício. Mas dever nem sempre é prazer...
De todos os actuais comentadores, o meu preferido é Louçã. Nem sempre concordo, muitas vezes discordo mas, por norma, dou-me conta de uma "outra" visão das coisas em que nem sequer tinha pensado. Logo, mesmo em discordância, é lucro garantido!
Voltando a Marcelo deu-me um ataque de riso quando, finalmente, teve de confessar que ele também andava por aí, quando fossem as presidenciais e que, se fosse preciso, mesmo preciso, não fugiria ao grande, enorme, sacrifício de poder vir a presidir ao país...
Vão ser muitos. Ele elencou-os. Talvez tenha esquecido um ou outro. Acontece. Mas o que vai mesmo acontecer é que são "muitos os que andem por aí"!

HSC

Reabertura de discussões sobre AO?

A senadora Ana Amélia Lemos defende a reabertura das discussões, entre todas as nações lusofonas, para a criação de um acordo que seja "fruto de um entendimento geral" e consensual em que nenhum dos países se sinta prejudicado.
Dois conceituados professores de língua portuguesa do Brasil reunir-se-ão, em novembro, em Lisboa, com representantes de Portugal, para avaliar a possibilidade de reabrir as discussões sobre o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, disse à Lusa fonte oficial brasileira.
De acordo com a parlamentar, o próximo passo será a reunião dos professores brasileiros Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto com os representantes portugueses para avaliar se há disposição em reabrir o debate sobre o acordo.
Em Portugal, por sua vez, existe uma petição na Assembleia da República, pedindo que o país se retire do Acordo.
Os representantes brasileiros pretendem também manter contactos directos com representantes dos demais países lusófonos atraves de um site na internet e de um sistema de videoconferência para divulgar e receber sugestões "simplificadoras"..
"O nosso objetivo é simplificar e facilitar o acordo", observou a senadora, acrescentando que a comissão do Senado brasileiro se preocupa com o facto de o acordo não ter sido de todo consensual e ter gerado insatisfação nos restantes países lusófonos, o que ficou demonstrado com o facto de Angola ter assinado, mas não ratificado o documento.
A senadora defende assim a reabertura das discussões, entre todas as nações lusófonas, para a criação de um acordo que seja "fruto de um entendimento geral" e consensual para que nenhum dos países se sinta prejudicado.

Haja, enfim, esperança para todos aqueles que, como eu, entendem este acordo como uma forma espúria de unificar a língua portuguesa.

HSC


domingo, 27 de outubro de 2013

Um Domingo tão simples

Ontem à noite andei pela casa a acertar os relógios que só daí a uma hora deveriam ser ajustados, na tentativa de prolongar o efeito do maravilhoso filme que acabara de ver. Acertadas as máquinas fui para o terraço e lá me deixei ficar estirada no cadeirão a olhar as luzes da cidade adormecida e a lembrar a conversa que, na véspera, havia tido com o Padre Tolentino de Mendonça, a quem fora levar o meu último livro que, como já qui disse, lhe é dedicado.
No silêncio da noite fiquei a pensar no filme e na conversa tida com o meu pastor, regozijando-me da chance enorme que tenho, por nesta idade, a vida ainda ter tanto para me oferecer.
Não me refiro a bens materiais - trabalho muito para manter o que tenho -, mas sim à liberdade de que gozo de pensar, de escrever, de dizer o que sinto e de ter um PadreTolentino que me ouve sem escândalo e que me ajuda neste meu último caminhar para Deus.
Muito possivelmente este texto não terá nexo para quem não seja crente. Mas isso não me inibe de confessar que o actual caminho que pretendo percorrer tem, sobretudo, em vista a aprendizagem do saber de que necessito para me entregar, com dignidade, nas mãos de Deus.
Porquê? Porque julgo ser a altura de aprender a saber morrer, já que julgo ter aprendido a saber viver. Estas palavras estão longe de ser tristes. Pelo contrário. Elas dão sentido ao que me falta ainda percorrer.
Considero que o saldo da minha vida, a diferença entre as dores que passei e aquilo que recebi é francamente positivo. Nada me foi dado gratuitamente. Mas é justamente esse custo benefício, esse preço anímico, a parte mais fascinante de tudo o que vivi.
A noite arrefeceu, eu voltei para dentro e, hoje, o sol entrava a jorros pelo meu quarto. Arranjei-me e fui deambular e rir com velhos amigos, a apanhar os bocados de vida que Ele, lá de cima, me ofereceu, num simples Domingo do início do Outono!

HSC

sábado, 26 de outubro de 2013

Hannah Arendt

Confesso que estava receosa do filme ser muito violento, porque Eichmann foi alguém que atravessou a minha infância e simbolizou os delírios hegemónicos da Alemanha. Mas venceu a pressão familiar, a troco do meio bife no Café Império da minha juventude. Cedência contra cedência portanto, ou como dizem os meus colegas de profissão, um caso de win/win.
Gostei imenso da película. Talvez porque me relembrou a importância de "pensar" - tantas vezes esquecida ou mal entendida -, a intransigência, a dureza, enfim, o lado claro escuro da vida.
Hannah Arendt foi uma filósofa que obrigou a rever muito do pensamento da época em que viveu - só muito mais tarde seria devidamente apreciada - e que prova bem como julgar as pessoas fora do contexto em que cresceram e viveram pode ser injusto.
Não se trata apenas do julgamento de Eichmann, nem sequer da incompreensão de que esta mulher foi, durante muito tempo, vitima. Trata-se de algo muito mais profundo, e que pode resumir-se dizendo que se pretendeu, de facto, fazer um julgamento da História.
Um filme a não perder, sobretudo por todos aqueles que, como eu, são fiéis leitores de Arendt. Iria dizer seguidores. Mas seria exagero, porque tenho algumas divergências com o seu pensamento filosófico. Mas isso será matéria de que, um dia, quem sabe, talvez me venha aqui a ocupar.

HSC

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Esperemos

Espera-se - eu pelo menos espero - que Barbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho se saibam separar em silêncio - atendendo a que existem dois filhos de nove e três anos e que um divórcio é um acto de natureza privada.
Infelizmente as notícias vindas a público não auguram que tal venha a acontecer, o que francamente lamento. E também seria bom que a comunicação social tivesse em atenção o que aquelas crianças, sobretudo o mais velho, possam vir a sofrer com o que leiam.

HSC

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Por que no me amas?!

"...Ó senhor deputado, eu não tenho amigos”, replicou, em resposta, o primeiro-ministro. “Não admira!”, exclamou de imediato o líder da bancada comunista, num aparte bem audível no plenário. “Eu não tenho amigos no Banif”, especificou Pedro Passos Coelho logo a seguir.

(Passos Coelho, ontem, no debate quinzenal em São Bento) 
Mas isso não impede que os bancos possam ser amigos de Passos Coelho, pois não?!
É que em política os casos de amizade não correspondida são frequentes...

HSC