quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Breviário de sentimentos

Acabei hoje a primeira versão do meu novo livro. Nem o ar condicionado salvou a dificuldade com que o escrevi. Porque o calor desliga-me os neurónios que funcionam melhor - fico só com pavios - e porque os temas escolhidos eram difíceis.
Inicialmente queria fazer - ainda quero - um livro de orações. Isso mesmo, um livro para rezar. Que fosse útil para todos aqueles que crêem que existe algo donde partimos e para onde voltamos. Não queria que fosse exclusivamente para católicos.
Depois a editora começou a pedir-me mais coisas e este foi ficando na lista de espera. Será a seguir, se for capaz.
O que agora acabei é um olhar - o meu - sobre uma série de emoções que perpassam os nossos dias e sobre as quais talvez precisemos de pensar um pouco. Eu precisei. 
É o resultado de muitas tardes e muitas noites em que me ponho a dialogar comigo mesma e tento acertar o que faço com o que penso. Não é, ainda, senão um conjunto de meditações para ler em página e meia, talvez ao deitar. Ou, quando estamos sós connosco, a tentar acertar os ponteiros dos nossos relógios.
E, apesar de ter sido uma encomenda, a partir de certa altura, tornou-se uma necessidade própria, uma espécie de balanço sobre os valores da minha vida, enfim um breviário de sentimentos !

HSC

17 comentários:

Tété disse...

Venha mais este...
Para quando?
Grande beijinho
Teresa

João Menéres disse...

BREVIÁRIO DE SENTIMENTOS ?

Vou querer ler e ter.
Ando carenciado...
Mas com tantas decisões incrédulas, não admira que assim me sinta.

Melhores cumprimentos

Anónimo disse...

Um livro de orações! Que bela ideia. Há muitas do cancioneiro que foram passando de geração em geração e foram-se diluindo no tempo.
Tenho algumas da minha preferência (a de S. Jorge, por exemplo). Mas tenho uma história curiosa.

A minha tia avó, falecida há 6 anos (aproximadamente) ensino em nova uma oração aos filhos e aos sobrinhos quando estes iam dormir a casa da tia. Só uma filha a memorizou mas com a passagem do tempo também ela acabou por perder, lembrava-se apenas de certas passagens que eu anotei, como recordação daquela tia-avó tão especial (até lhe chamava avozinha). Um dia, peguei nos excertos que tinha da oração e escrevi-os no motor de busca da Google, para surpresa da família era essa a oração, na íntegra que a minha tia-avó ensinou. A comoção foi geral quando todos a ouviram e hoje, passada a papel, impressa, gravada em pen. Guarda-mo-la e lem-la sempre que sentimos falta da anciã.

Era assim...
Abre santos, abre santos
Três dias antes da Páscoa
Veio o Redentor ao mundo
Por seus discípulos mandou chamar;
Um a um os ajuntou
A dois a dois os lavou,
O Senhor lhes perguntou:
Qual de vós é meu irmão
Morre por mim amanhã?
Viraram-se uns para os outros
Nenhum lhe respondeu nada;
Respondeu são João Batista
Que pelas montanhas pregava:
Ó Senhor e ó Senhor!
Eu para vós morrerei
E o cálice da minha amargura
Já para vós preparei.
Amanhã por esta hora
Já o Senhor caminhava
Com a santa Cruz às costas
De madeira bem pesada.
Chegou ao monte calvário
Três Marias lá estavam
Todas três a confessar
Todas três a comungar.
Uma era Madalena
Outra era Virgem pura
Outra era santa Maria
Que de mais alta se punha.
Uma lavava-lhe as mãos
Outra lavava-lhe os pés
Outra amparava-lhe o sangue
Que do seu rosto caía.
O Senhor assim dizia:
O sangue que de Mim sai
Cairá num cálice sagrado,
O homem que o beber
Fica bem-aventurado,
Neste mundo será rei
No outro, anjo coroado.
Quem o sabe não o diz
Quem o ouve não aprende
E no Dia do Juízo
Veremos quem o compreende.

Espero que tenha gostado, como os demais que a lerem.

Helena Oneto disse...

Minha querida Helena,
Invejo-lhe muitas coisas, mas acima de tudo a sua arte em sublimar e de nos transmitir as suas emoções.
Este novo livro é, não tenho a menor duvida, mais um grande sucesso e já tem lugar reservado ao lado dos meus "livres de chevet".

Um grande, muito grande e forte abraço!

Anónimo disse...

Uma tia do lado do pai ensinou-me esta, para a noite de Natal

Noite de Natal, noite de tanta alegria! Caminhando vai José, Caminhando vai Maria. Foram juntos p'ra Belém já toda a gente dormia. Porteiros, abri a porta! Porteiros da portara. Estas portas não se abrem a gente desconhecida. Comei dessas ervas, Bebei dessa água fria. S. José a por o lume, era o que ele mais temia, quando S. José chegou já a virgem tinha dado o menino à luz do dia. Tamanha era a pobreza! De paninhos se cobria, lançou as mãos à cabeça, rasgou o véu que trazia em três paninhos o fez e Jesus Cristo embrulhou.
Porque choras minha mãe? Porque choras madre minha? Choro por um corpo santo que a cruz pregaria .
Desceu um anjo de Céu, paninhos d'oiro trazia, voltou a subir ao Céu rezando Avé-Maria. Perguntou-lhe o Padre Eterno como lá ficou Maria. A Maria ficou boa numa sarja recolhida. Uma sarja não é nada para o que Mara merecia, mandou fazer um mosteiro de pedra toda ladrilha. S. José a recortar, S. Pedro a contornar. Quatro coisas Deus nos deu, todas as quatro a seu mando: a 1ª é este mundo onde andamos enganados; a 2ª é o Purgatório onde se pena o pecado; a 3ª é o Inferno, para onde vai o condenado; a 4ª é o Céu para onde vai o bom Cristão.
Quem a sabe não a diz, quem a ouve não a aprende, lá no dia do Juízo saberá o bem que perde. Ainda que tenha tantos pecados como de areia tem o mar e ervas têm os campos, todos serão perdoados pelo poder de Deus e da Virgem Maria.
Pai Nosso
Avé-Maria

Alcipe disse...

E verdade que o que conta na vida e o amor que soubermos dar e que merecermos receber. Mas um livro novo e uma alegria eterna ... que dura ate ao livro seguinte. Sabe, acho que tem razão, afinal melhoramos com a idade. E aprendemos (aHelena se calhar sempre soube...) que a alegria e uma forma superior de resistência ao mal do mundo e a burrice dos humanos.

andré maia disse...

Os diálogos - sobretudo aqueles que decorrem no aconchego de quatro paredes - acabam, bem vistas as coisas, por ser muito mais do que isso.

Podem ser, talvez, uma conversa com o silêncio. E elas, por vezes, são tão necessárias!... Não são, de forma alguma, monólogos, já que, à nossa volta, sempre hão-de estar os que fazem parte da nossa vida.

...Os que, para sempre, continuam a fazer parte dela!

rmg disse...


Cara Drª Helena

Permito-me subscrever inteiramente a última frase do comentador Alcipe.

Assim , tal como dizía Amália , eu "não sou feliz mas sou bem disposto" .

E isso é muito mais que meio caminho andado para algo que se pode aproximar da felicidade .

RuiMG

Anónimo disse...

O ano passado uma simpatica e inteligente profissional de saude, adepta do paganismo, descreveu-me um dos seus rituais preferidos.
Agradeci-lhe e acrescentei que preferia usar o poder das palavras para comunicar com a Alma do Mundo. Ela concordou que era outra via mas quando lhe recitei o principio do Pai Nosso ficou muitissimo embasbacada.
L.L.

Isabel Mouzinho disse...

Concordo inteiramente com o que diz Alcipe e tenho a certeza que um livro seu sobre emoções e sentimentos só pode ser interessantíssimo.
Aguardemos, pois, que ele chegue às nossa mãos... No Natal?

Beijinho, Helena! ;)

ERA UMA VEZ disse...

Oração de deitar das minhas netas gémeas(de 4 anos)

Anjo da guarda
minha companhia
guarda a minha"aula"
de noite e de dia

--------------------------------
Fico muito contente com a notícia.
Apetecia-me dizer um piropo...mas já agora aguardo pela legislação...

Um abraço grande.

Teresa Peralta disse...

Uma grande trabalhadora, é o que é!... Ora agora, vem à estampa reflexões úteis à própria consciência. Porque já li muitas, daquelas que nos oferece, amiudadamente, penso estar apta a considerar que (aqui vai mais um comentário elogioso e, sem graxa... ☺) a ser um “breviário de sentimentos” idênticos àqueles que a Helena costuma partilhar, só pode ser dado ao sucesso.

Nota: O comentador Alcipe tem muita razão....

Anónimo disse...

Cara Helena,

Que capacidade de organização!

Quando for grande quero ser assim :))

Isabel BP

Anónimo disse...

Piropos não, seus machistas!

a) Feliciano da Mata, paladino de todas as causas fracturantes e ortopedista

CF disse...

Não há nada como reflexões importantes para delas retirarmos referências de vida. Mas não esqueça as orações, não. Todos rezamos pelas nossas crenças, ainda que possamos nem saber bem em quê. Não há mundo interno pleno sem oração. Aguardemos. :)

Um beijinho

( e tudo de bom neste novo livro...)

Helena Sacadura Cabral disse...

Ò Feliciano da Mata, pese embora a Senhora Engenheira, digo-lhe que na próxima Encarnação nos vamos encontrar e eu, descarada, vou piropá-lo. É que nem ginjas!

Anónimo disse...

Com carinho para si Drª Helena,esta pérola.

Se me amas não chores!
Se conhecesses o mistério imenso do Céu onde agora vivo,este horizonte sem fim,esta luz que tudo reveste e penetra,não chorarias,se me amas!
Permaneçe em mim o teu amor,uma enorme ternura que nem tu consegues imaginar.
Vivo uma alegria puríssima.
Nas angústias do tempo pensa nesta casa onde um dia estaremos reunidos para além da morte,matando a sede na fonte inesgotável da alegria e do amor infinito.
Não chores se verdadeiramente me amas.

Sto Agostinho