terça-feira, 23 de julho de 2013

Da tolerância

“…O apartheid entretanto acabou e Nelson Mandela algum tempo mais tarde foi eleito Presidente da República, revelando-se um político a todos os títulos excecional e de uma enorme humanidade.
Tive o privilégio de o conhecer e admirá-lo, salvo erro, antes e depois de ser Presidente. Lembro-me de um jantar em sua honra em que participei e em que estavam presentes dois dos seus carcereiros. Homem excecional. Mandela foi um dos mais notáveis políticos do século vinte, sem esquecer Roosevelt, Churchill, Mendès France, Mitterrand, Suarez, Willy Brandt, Olof Palme e alguns outros.
Nelson Mandela voltou a casar-se, com a viúva de Samora Machel, uma senhora excecional, que o tem acompanhado com enorme atenção e carinho. Oxalá Mandela volte a melhorar e viva ainda alguns anos. Continue a ser um exemplo único para um mundo hoje tão complexo e difícil. É um símbolo único com uma dimensão humanista e humana, como político, de que o mundo precisa."...

(Semana Parada, crónica de Mario Soares no DN)

Seria Mario Soares, algum dia, capaz de jantar com os seus carcereiros?

HSC

11 comentários:

Anónimo disse...

Contundente.

Admiro-a.

Beijinho
A. Malheiro

Carlos Fonseca disse...

Não sei se Mário Soares seria capaz de jantar com os seus carcereiros.

Mas, como no caso de Mandela, suponho que depende muito do que falamos quando falamos de carcereiros, bem como das circunstâncias em que estamos encarcerados.

Afinal de contas, até foi o "carcereiro-mor" de Mandela, F. W. de Klerk, quem, com o antigo encarcerado, iniciou o processo democrático que levaria ao fim do apartheid, e que daria a ambos o Nobel da Paz.

Julgo que a maior parte dos políticos que conheço, e isso inclui M. Soares, jantaria com os seus carcereiros se achasse que isso renderia uma mão cheia de votos.

P.S. - E se falo na "maior parte dos políticos que conheço", é porque pode haver algum que eu não conheça bem.

Dalma disse...

Respondendo à pergunta: poucos dos grandes têm o dom da humildade...

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores
Por isto tudo entendi muito oportuno referir em outro post a frase do Embaixador Seixas da Costa relativa à intolerância. Aplica-se aqui plenamente!

Maria disse...

Todos sabemos a resposta,não é verdade? Como sempre, certeira!...
Um abraço
Maria (s. int.)

Teresa Peralta disse...


Mário Soares não tem tolerância para com os seus pares, muito menos terá para com os seus carcereiros...

Anónimo disse...

Mário Soares em plena campanha de Marketing seria capaz de jantar com os carcereiros portugueses mas também é verdade que os carcereiros portugueses são mais propensos a essa rejeição do que os carcereiros sul-africanos por razões "lateiras". (quem andou na tropa sabe bem o que são os lateiros).
A nossa sociedade desde 1536 que é telecomandada por oportunismos espirituais e quem ficou a ganhar com isso foram os ingleses e os holandeses daí que sejamos um povo um pouco à deriva com pequenos intervalos de lucidez mas a decadência perpetua-se. Hermano Saraiva pouco tempo antes de morrer meditou tristemente sobre o futuro de Portugal.
JM

mmm´s disse...

Nelson Mandela é para mim o último herói da luta pela Liberdade e pela Igualdade. Duvido que haja alguém, ainda que em potência e neste momento, capaz de honrar de forma tão nobre os seus ideais.

http://www.lavarcabecas.blogspot.pt/

Anónimo disse...

…E vem-me a 'velha senhora' mencionar um Jesus Cristo em que - sei bem - não acredita nada! Ou é do excesso de Alvarinho ou de imperativos de rimalhice - penso eu de que…

perdoa mandela aos seus carcereiros
um cristo perdoa e morre na cruz
de tanta bondade que em ambos seduz
nem eu nem soares fingimos de herdeiros

de tanto perdão que inveja me faz
inveja que em raiva em mim se traduz
tão longe eu estou de mandiba e jesus
será que a helena seria capaz?

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Velha Senhora
Passe a imodéstia, talvez mais capaz do que Soares, cuja maior virtude está longe de ser o perdão ou mesmo a tolerância...
Admiro muitas das qualidades do político que foi - insisto no "foi" - mas não aprecio o seu estilo.
O respeito é algo muito mais sublime. Merece-se. E eu reservo-o aos que nós não conhecemos, mas, na solidão da sua vida, trabalham pelo nosso bem estar. Dois exemplos: Sobrinho Simões e Alexandre Quintanilha. São grandes e não o apregoam!

Anónimo disse...

Entre dois copos (diz ela) e com voz de riso (oiço eu), dita-me a velha senhora ao telefone:

se não grama helena soares
simões ama e quintanilha
apesar pois dos pesares
meus gostares compartilha
por má sorte ou bons azares
consigo estou minha filha
admiro-a porque sempre há de
ser riso e frontalidade