domingo, 30 de junho de 2013

Dois pesos, duas medidas

"...Recorde-se que Soares tem defendido reiteradamente que um governo contestado nas ruas e impossibilitado de comparecer em locais públicos sem que se gerem protestos, perde legitimidade para permanecer em funções. Pois bem, é altura de Mário Soares se pronunciar. Uma queda de 35% nas sondagens e a decisão de última hora de não estar presente na final da Confederações para evitar uma vaia monumental parecem ser, de acordo com a doutrina Soares, motivos suficientes para Dilma dar lugar ao próximo."
(Rui Rocha in Delito de Opinião)

Dilma Roussef impressionou muito Mario Soares, que a considerou sua camarada  de esquerda. Mas, de facto, perante os graves distúrbios no Brasil e a estrondosa queda de popularidade de Dilma, o que dirá agora o antigo Presidente?

HSC

O pós troika

Embora quando o tema foi lançado pelo Presidente da República tivesse parecido uma antecipação sem sentido, o certo é que a análise do periodo pós troika vai fazendo seu caminho.
Jorge Moreira da Silva e a sua "Plataforma para o Crescimento Sustentável”, já se ocupou dele e até a velha Sedes lhe não ficou indiferente. Afinal, o assunto não era tão extemporâneo quanto no início parecera.
Então iremos ter cima da mesa o acordo para o programa cautelar que trará da Europa o dinheiro que o mercado nos negar a preço razoável.
É evidente que os actuais mais de 6,5% de juros não são  comportáveis. E que irá, assim, chegar uma época em que o regresso ao mercado, nestas condições, se torna inaceitável. Basta lembrar-mo-nos que  se o dinheiro da troika, acima dos 3,5%, é caro, o dos mercados normais da dívida, esses, liquidam a economia.
Nessa altura - em que Portugal se irá comprometer com outro tipo de assistência, indispensável ao seu funcionamento -, o governo terá, por força, de congregar um amplo consenso nacional, do qual o PS não pode ficar alheio. Se isso vai ou não acontecer, é o que veremos. 
Mas o pós-troika - e, quem sabe, eventualmente o pós-Gaspar -, tem de merecer, muito, o esforço que ainda vai pedir a todos nós!

HSC

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A propósito da greve

"A greve de geral só tem o nome. Como tem sido hábito, a paralisação foi parcial. Acima de tudo, foi mais uma greve da função pública que afectou o sector privado porque muitas pessoas não conseguiram arranjar transportes para chegar ao trabalho.
...Como as próprias centrais sindicais reconheceram na sua contabilidade, a greve atingiu taxas de 70% e 80% nos serviços públicos. 
Os sindicatos vivem a sua própria crise. Uma recente tese de mestrado mostra que, entre os trabalhadores do privado, somente 10% é sindicalizado. Os sindicatos estão reféns do sector público.
...Quatro greves gerais contra o mesmo Governo, que ainda só vai a meio do mandato, são demais. É uma banalização da greve, que lhe retira importância... " 

(Bruno Proença, in Económico)

A greve é um direito e, por isso, não tem qualquer interesse moraliza-la. Seja no sentido de a criticar ou de a defender. Os direitos existem para serem usados. Porém, como em tudo na vida, se o seu uso for recorrente, o respectivo valor sofre depreciação.
Nunca saberemos, de facto, quem fez voluntariamente greve. Por isso considero sem qualquer base real, apresentar sucessos baseados em percentagens, sejam elas quais forem. Parece ser altura de sindicatos e governo compreenderem esta circunstância e não nos tentarem encher a cabeça com leituras deste tipo. É que todos nós já somos crescidinhos!

HSC

Os resgates bancários

Após uma maratona de sete horas, os ministros das Finanças da União Europeia chegaram a acordo sobre as regras que orientarão os resgates dos bancos em apuros. Serão os seus accionistas e os credores a pagar por futuras crises bancárias, e não os contribuintes como tem acontecido, mas haverá alguma flexibilidade por parte dos Estados na gestão destas crises.
Este acordo, fundamental para a futura "união bancária" europeia, visa garantir que não voltarão a ser os contribuintes a pagar – através de fundos públicos – o resgate de bancos falidos.

 Só em último caso, os depositantes com contas superiores a 100 mil euros serão envolvidos nas tentativas de salvar o banco.

 Os depósitos inferiores a 100 mil euros estarão sempre protegidos. As contas de particulares, de micro-empresas e de pequenas e médias empresas vão beneficiar de uma protecção mais elevada face à de outros credores e aos depósitos de grandes firmas.

Para o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem “a partir de agora, se um banco tiver problemas,  haverá um conjunto único de regras através do qual a Europa pode decidir quem paga a factura”,
Não foi fácil chegar aqui. A Europa dividiu-se. O governo francês, defendeu alguma flexibilidade, receando as consequências de uma regra inflexível que poderia pôr em risco os grandes depositantes e conduzir à fuga de capitais.

 Contudo, outros governos, como o alemão, consideravam preferível ter regras claras, comuns a todos, para evitar incertezas que poderiam assustar investidores e, sobretudo, garantir que os contribuintes não voltassem a ser chamados a salvar bancos.


No acordo alcançado, os Estados vão exigir aos credores e accionistas que garantam, pelo menos, 8% dos passivos bancários. Satisfeita esta condição, poderá ser utilizado um fundo nacional de “resolução” e, se necessário, serem solicitados recursos nacionais ou europeus com a possibilidade de recapitalização directa pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade. Este segundo nível de intervenção não poderá exceder 5% do passivo do banco.


A presidência irlandesa da UE espera que as novas regras estejam concluídas, o mais tardar, até ao início do próximo ano, prevendo-se que possam entrar em vigor a partir de 2018.
 

HSC 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Ninguém se dá conta?!

Os portugueses têm vivido estes últimos dias mergulhados nas discussões das greves, sejam elas gerais ou de classes profissionais.
Mas os credores estão pouco preocupados com as nossas greves dado que o programa de ajustamento ainda não está concluído, 


Os mercados e os investidores que financiam os países andam, sim, num clima de enorme tensão, desde  que o presidente da Fed, Ben Bernanke, anunciou que se vão acabar os estímulos monetários.
E quem está a pagar este clima negativo? A bolsa e a dívida pública nacional. Tornando, de caminho, duvidoso um regresso aos mercados que, deste modo, está longe de ser seguro. Nem para Portugal e restantes países periféricos, nem sequer para outros países do euro.
Todavia, perante a gravidade desta situação, à realidade interna só interessam as greves e as discussões sobre o fim da austeridade  e início do crescimento económico.


A consequência está à vista. Os juros da dívida pública nacional regressaram às subidas. Com, claro, os eventuais efeitos negativos nos resultados dos bancos que, nos últimos trimestres, até haviam beneficiado com a dívida pública.
Ou seja, numa altura em que se pretende mais financiamento e mais capitalização das empresas, ninguém parece dar-se conta do aviso feito pelos Estados Unidos. E os partidos parecem  alheios ao facto, grave, de que não haverá recuperação da economia se a crise financeira não estabilizar.
É evidente que este problema já não é dos partidos nem dos governos. É, sim, uma questão mundial, como se poderá perceber das consequências do discurso do presidente da autoridade monetária dos EUA, que pairam sobre nós. 
E nem a promessa de Mario Draghi, de que tudo fará para segurar o euro, está a surtir efeito, visto que em apenas  três dias, a bolsa portuguesa perdeu quase 10%!
HSC


domingo, 23 de junho de 2013

Sabiá um sucesso em português de Portugal!

Carminho e António Zambujo protagonizaram um momentos mais altos na 24ª edição dos prémios da música brasileira, que decorreu no Theatro Municipal no Rio de Janeiro na quarta-feira dia 12 de Junho.
Fui das primeiras pessoas que se encantaram com a voz de António Zambujo. Este dueto é lindíssimo e dá à musica brasileira uma tonalidade portuguesa que me encanta de modo particular!

HSC

Quarteto

Há dias em que toda a gente vai para a praia e uns poucos vão para o cinema. Foi o meu caso. Fui ver «O Quarteto», que reúne vários grandes actores e é a estreia de Dustin Hoffman como realizador.
Tom Courtenay, Billy Connolly, Pauline Collins e Maggie Smith, representam um quarteto que, na juventude, alcançou um enorme êxito, sobretudo devido a uma interpretação de Rigoletto. 
Esse sucesso foi interrompido devido ao ego da personagem representada por Maggie Smith, a recém-chegada a Beecham House, um lar em que vivem músicos aposentados e onde decorre a acção.
A velhice, a mágoa, o ego e o perdão são os temas centrais desta bela película que, em nenhuma ocasião, descamba para a tragédia e que procura aborda-los sempre de uma forma irónica, típica do humor britânico.
Hoffman realiza uma obra onde o equilíbrio entre o drama e o humor estão acima até da morte, assunto sempre presente em filmes deste género, e que aqui é deixada de parte. Ela está lá, mas de forma muito lsubtil, algo que, a meu ver, é uma das  virtudes da abordagem feita.
A fotografia é uma enorme mais valia deste primeiro cartão de visita de um actor que quer passer para o outro lado do seu trabalho.
Nunca fiz da velhice um drama. Quando era nova até não era desengraçada. Mas gosto muito mais de mim, hoje, já velhota. Julgo que com Dustin se passa algo de semelhante…

HSC