domingo, 31 de março de 2013

A minha Páscoa

Tempo houve em que, na semana santa, se visitavam as Igrejas, todas de roxo vestidas. E depois na missa de sábado da Aleluia, à meia-noite, no adro, lançava-se uma pomba branca, sinónimo de paz. Recordo estes cerimoniais que encantavam os olhos da criança que eu então era. E, confesso, nesta época, tenho alguma saudade dessa urbe tão rural.
Hoje muito desta tradição está perdida e a que ainda existe é apenas praticada pelas pessoas mais velhas. Por mim, consegui felizmente, uma missa pascal lindíssima sábado à noite!
Neste Domingo almocei com a Família num restaurante onde há vinte anos o fazemos. E lá encontrei conhecidos que há muito têm o mesmo hábito.
Era um dos locais de eleição do meu filho Miguel, contrariando um pouco a ideologia. Mas como era eu que pagava a consciência política ficava queda e muda...
Hoje o meu outro filho decidiu que lá deveríamos voltar numa espécie de homenagem póstuma ao irmão. Primeiro hesitei, mas depois compreendi e desta vez foi ele a convidar e a querer que o meu sobrinho e a minha cunhada Paula também estivessem connosco, uma vez que o meu mano mais novo teve de prolongar a estadia em Moçambique, essa terra onde nasceu e onde se sente sempre em casa.
Foi tudo muito agradável e de algum modo constituiu também uma espécie de compensação pelo próximo dia 24, data da morte do Miguel e o início de uma via sacra que só eu e Deus conhecemos!

HSC

11 comentários:

Isabel Mouzinho disse...

Um grande beijinho, Helena! :)

Isabel Mouzinho

Anónimo disse...

Que belo texto, querida doutora Helena! Mais um com que nos privilegia.

A minha Páscoa... hoje, também é muito diferente da da minha infância (que não vai assim há tanto tempo: só tenho 28 anos). Tenho saudades do tempo em que a família se reunia e beijava o compasso... amêndoas coloridas, ovos de chocolate, tapetes de flores. No entanto, para mim a Páscoa faz hoje muito mais sentido.
Ando há dez anos num grupo coral e a semana santa é uma verdadeira "estafa"
Segunda e Terça > Ensaio geral (09:30 - tem hora para começar mas não tem hora de acabar)

Quinta, Sexta> missa (21:30 - 23:00)
Sábado> (21:30 - 00:00)
Domingo> Coro todo a missa das 10:00 é às 09:00 (este ano coincidiu com a mudança horário por isso foi como se fosse às 08.00)
10:00 - 13:00> Visita Pascal (Já fui vários anos levar Cristo Ressuscitado às pessoas que não podem sair ou às que o querem receber em casa)

19:00> missa onde participo habitualmente.

Cansa o corpo mas retempera a alma.
Por mim, esta Páscoa fez me muito bem.

Um beijinho
Vânia

zia disse...

Obrigada por mais uma vez partilhar o seu Domingo de Páscoa!
Há pouco, quando regressei de um agradável almoço com uma das minhas filhas e neto (28 meses - um sonho!), estive a ler o Público e o artigo do Frei Bento que muito diz sobre a passagem pela morte e o AMOR imensoooo de Deus, é de uma Fé imensa mas que faz bem à alma, lembrei-me de si da ausência do Miguel... É tão difícil conseguir aceitar e viver a ausência dos nossos queridos e no seu caso de um filho deve ser terrível. Que o Senhor a acompanhe sempre!
Um grande abraço,
lb/zia

Glauciane Carvalho disse...

Que depoimento emocionante, querida !
Sempre sensível e trazendo postagens que nos remetem à profundas reflexões, espcialmente, sobre a data de hoje. Que Deus esteja contigo sempre dando forças para suportar e confortar teu coração, como Maria!
Um beijo carinhoso desta brasileira que te acompanha há 5 anos.

Um Jeito Manso disse...

O tempo passa a correr, é impressionante. Mas esta correria significa que temos que usar bens tão preciosos como a vida e o tempo, com muito rigor, muita inteligência. Não os gastarmos com gestos mesquinhos, com ideias menos nobres, por exemplo, deverá ser uma coisa que deveremos ter sempre muito presente. Gostei, por exemplo, do seu gesto de elogio para com Silva Peneda, tal como gosto das suas observações pertinentes, justas, tantas vezes generosas.

E desejo que essa sua temperança esteja sempre presente na forma como vive com a memória do seu Miguel que se afastou mais cedo do que devia mas que está ainda tão presente em todos nós. Está apenas um pouco mais longe do que era costume. Pense nisso, Helena. Pense que o sorriso dele, um sorriso de menino traquinas, ainda está muito vivo em todos nós. (Espero que saber isso alivie um bocadinho a sua saudade).

Além disso, o carinho e a presença da sua família também ajuda muito e, portanto, aqui estaremos todos para acompanhar as suas palavras e para constatarmos que, aconteça o que acontecer, uma mulher de fibra arranja sempre maneira de se manter de pé, inteira.

Um abraço, Bárbara Helena!

Brown Eyes disse...

Serão dias sofridos como o têm sido desde o passado dia 24 de Abril...um beijinho para si.

Paula Ferrinho disse...

É um prazer tão grande lê-la, Helena. Uma Santa Páscoa!
Paula Ferrinho

Paula Ferrinho disse...

http://agridoceedoce.blogspot.pt/2013/04/ovos-de-coelho-hoje-tive-casa-cheia-de.html
Tomo ainda a liberdade de lhe enviar, assim, os votos de uma Santa Páscoa, porque sei que é uma mulher de convicções muito fortes, sabendo justificar sempre em quê que acredita!
Paula Ferrinho.

Anónimo disse...

Obrigada pela partilha principalmente dos seus sentimentos:)

Um beijinho
FL

Maria disse...

Minha querida Helena, o tempo passa a correr, mas o luto demora tanto a fazer... A Senhora é um exemplo de força admirável... Que Deus a ajude nessa via Sacra até dia 24 de Abril e depois também! Sabe, minha querida, eu costumo comparar a perda de alguém que nós amamos muito, com uma ferida em carne viva; enquanto assim estiver a dor é imensa e "sufoca-nos", mas cada um vive-a à sua maneira. Depois, à medida que vai ganhando crosta,a dor continua, mas começamos a saber lidar melhor com ela. Quando a crosta cai, fica a cicatriz.E esta sim, é para toda a vida.Fica lá, apesar de estarmos mais "aptos" para saber lidar com a dor da perda. Ficam as recordações, boas, as memórias... Enfim, fica para cada um o que é mais importante recordar com muita saudade...
Minha querida, um grande abraço para uma MULHER maravilhosa.
Beijo grande da sua admiradora intermitente.

Anónimo disse...

Em minha casa quando há um lugar a mais na mesa (em geral ao meu lado) dizemos (numa brincadeira, que já leva anos) sempre que é para o seu filho Paulo....!!! mas eu também não me importava que fosse para si!

Uma "anónima"