segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus 2012

Em 2012 perdi um filho. Perdi três grandes amigos, dos quais o último, ainda ontem. E estive à beira de perder o quarto.
Mas sobrevivi. E estou grata Aquele que assim me pôs à prova, porque me tornei mais consciente - e já era muito - da relatividade das coisas e da importância dos afectos.
Todavia também me aconteceram coisas boas e inesperadas. Que não esqueço.
Não sou, é evidente, a mesma pessoa. O meu ritmo alterou-se e tenho uma distância do que acontece à minha volta que, antes, não possuía. Mas ganhei liberdade, por mais bizarro que tal possa parecer. Explico-me.
Levei anos consecutivos a condicionar o que dizia - não o que pensava, entenda-se - à circunstância de, primeiro, ter sido casada com um homem que tinha um peso intelectual muito grande e, depois, por ter sido mãe de dois políticos que militavam em campos opostos. 
Medi, assim, palavras e gestos para que, em circunstância alguma, pudesse servir  como arma de arremesso útil contra qualquer deles. Não estou arrependida. Se voltasse atrás, faria o mesmo. Quem tenha acompanhado este blogue desde o seu início poderá perceber melhor o que digo. 
Há oito meses, com a morte do Miguel, fechou-se esse ciclo. Passei, finalmente, a ser apenas eu própria, no pleno uso das minhas liberdades. De pensar, de dizer e de viver como quero. Na política, como fora dela. Felizmente, o filho que me resta tem por esta atitude o maior respeito.
Em 2012 perdi o mais importante. Por muito mau que seja o próximo ano, deixarei o que agora termina, sem qualquer saudade. E risca-lo-ei do meu calendário, na meia noite de hoje.
Para aqueles que me visitam o voto que aqui fica para 2013 é que ele possa ser menos mau do que aquilo que todos esperamos!

HSC 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Verdes Anos

Era o amor

Versos de Pedro Tamen para música de Carlos Paredes, a relembrar Paulo Rocha, cineasta que acaba de nos deixar.

HSC

Uma nova Anna Karenina

Li o livro. Vi o filme protagonizado por Greta Garbo. E por uma qualquer razão não me apetecia ver esta versão. Por duas vezes estive nessa iminência e de ambas consegui fugir. À terceira, hoje, foi de vez. E vim maravilhada. É um filme belíssimo e a história, apesar de ser sempre a mesma, acaba contada, vivida, de formas diferentes.
Há, nesta versão, uma sensualidade que atravessa toda a película e que atinge momentos de rara beleza nas cenas do baile - lindíssimas - e nas imagens de corpo a corpo entre os protagonistas, que são de um enorme erotismo.
A luz e também a cor, emprestam ao filme um dramatismo que a primeira versão - também ela magnífica - não podia ter. Keira Knightley, a Anna de agora, consegue, a meu ver sem prejuízo, ser uma Garbo do século XXI. Jude Law, que não aprecio particularmente, tem aqui, no papel de marido enganado, um desempenho que reputo sem falhas.
O amante, Aaron Taylor-Jonhnson, talvez seja demasiado imberbe. Mas consegue, nas cenas de amor, na fusão dos corpos, fazer esquecer isso, tal a impressiva convicção com que as desempenha...
Um filme a não perder e de que o vídeo acima é um pequeno aperitivo!

HSC

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Arthur e a tavola redonda...

Fernanda Câncio escreve hoje, no Diário de Notícias, e com humor um artigo de reflexão sobre o "caso" Baptista da Silva, que reproduzo abaixo:

"Shakespeare, lembrava ontem Rui Pereira no Correio da Manhã, pôs a verdade na boca de um bobo. Podia também ter escrito que não há fúria na terra como a dos jornalistas gozados.
Sim, o sentido de humor faz muita falta. Se o usássemos mais veríamos como esta parábola do Artur nos faz o retrato, na sua genial redução ao absurdo. Com o seu "nós lá na ONU" e o seu discurso ouvido com reverência e sem contraditório, Artur faz alguma diferença de António (Borges) e o seu 'nós lá na Goldman Sachs" ou "nós lá no FMI", o "nós lá na troika" de Abebe (Selassie), ou o "nós lá no BCE" de Vítor (Gaspar)? Num caso é falso e nos outros é verdade, direis. Mas é o lugar de onde se fala que conta, ou o sentido que faz o que se diz, sua verdade e efeito?
Que o que o Artur dizia são disparates, ouvimos agora. Admitamos que sim; que é "o que as pessoas querem ouvir", como ontem o diretor do Diário Económico, António Costa, afirmava no Twitter. Mas há dois anos, quando os media clamavam pelo pedido de resgate para a seguir cantarem loas às "soluções" e ditados da troika, e logo depois, durante a campanha eleitoral, repetirem, sem a questionar, a conversa das "gorduras do Estado", era de quê, factos indesmentíveis, que ninguém queria ouvir, que se tratava? Onde estavam os jornalistas económicos quando PSD e CDS juravam que, uma vez no poder, bastaria "cortar no supérfluo" e nada de aumentar impostos, nada de fechar centros de saúde, escolas, racionalizar o Estado, tudo isso que o Governo anterior fazia, claro, por pura maldade? E onde estão agora, que até o Pedro admite ser a generalidade da despesa do Estado com prestações e serviços sociais, os reconhecimentos de terem sido levados ao engano, os mea culpa por não terem feito "o trabalho de casa"? Onde estão as acusações de burla e os apodos de burlão a quem vendeu a história falsa?
Difícil encontrar hoje um analista ou jornalista que não faça pouco das previsões do Vitor, não é? Mas quem não se recorda de ter sido apresentado como "um técnico brilhante e apolítico", "uma infalível máquina de contas", e a sua austeridade como "o único caminho"? E já não se lembram de como o Pedro era "um homem sério", "sensato", "bem falante" (!), que "não enganava ninguém", e o Álvaro um brilhante académico que trazia do Canadá a saída para todos os problemas?
Artur mentiu, arranjou uns cartões falsos, pretendeu ser autor de um estudo que não é dele e pertencer a uma organização prestigiada que, de resto, nada faz - para não variar da sua atitude geral - para se defender de tal reivindicação. E assim fez discursos, deu entrevistas e chegou à TV. Foi uma bela partida; se fosse a ele fazia disto tese académica ou reportagem, com o título "Como enganei os media portugueses, como são fáceis de enganar, e como enganam quem os consome". Às tantas ganha o Pulitzer. Merece. Até porque, ao contrário dos outros burlões, e tantos são, não nos fez mal algum."

Eu sou amiga da Fernanda. Gosto dela mesmo quando não concordamos. Este texto ilustra bem como o humor é uma arma terrivelmente eficaz.
Só me surpreende a tranquilidade e inércia de uma instituição como a ONU. Ou do verdadeiro autor do estudo plagiado, que também não reagiu. De facto, somos todos uns paladinos dos brandos costumes...

HSC

O precipício fiscal...


O "Fiscal Cliff" tem vindo a pôr a América à beira de uma crise de nervos. Com efeito, se até 31 de Dezembro não houver acordo orçamental, entram automaticamente em vigor aumentos de impostos generalizados e cortes na despesa equivalentes a uma redução de cerca de 5% do PIB dos EUA.
A América parece, assim, encontrar-se dividida em duas correntes de pensamento. De um lado, os democratas – de que a Europa também tem os seus representantes –, que julgam que o país está cheio de multimilionários que vivem à grande e, do outro, os republicanos, para  os quais qualquer aumento de impostos é inaceitável e para quem à excepção da Defesa, toda a despesa pode ser cortada.
Mas se é verdade que a Administração Obama tem aumentado muito a dívida pública, não é menos verdade que os multimilionários que existem não chegam para suprir o deficit federal e que os 5% que mais rendimento têm já pagam sobre ele cerca de 85% de imposto federal. 
Assim há que encontrar um acordo, mesmo que parcelar. Todavia se tal for o caso, ele não será mais do que o protelar de um problema e, quem sabe, o desencadear de acontecimentos bastante desagradáveis. 

HSC

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Onde está Baptista da Silva?

Foto e título roubados - o humor é a mais corrosiva das armas - do blogue do Paulo Abreu Lima em http://assimterraceu.blogspot.pt/
Dá-se um prémio a quem não descobrir. Ele há com cada foto...

HSC

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Em vez de Passos...

Mais outro, lembrado por uma comentadora e oferecido como presente a quem não ouviu Passos Coelho...

HSC

Neste fim de dia de Natal


Roubada à Maggie Pereira, aqui fica uma das minhas canções favoritas de Chris Rea, em jeito de pequena prenda, no rescaldo deste fim de dia de Natal, em que acabamos sempre muito cansados!

HSC

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Caminho

"Que a estrada se erga ao encontro do seu caminho.
Que o vento esteja sempre às suas costas.
Que o sol brilhe quente sobre sua face.
Que a chuva caia suave sobre seus campos.
E até que nos encontremos de novo,
que Deus o/a guarde na palma de Sua mão."

(Bênção irlandesa)

Que assim seja, na noite de hoje, são os meus votos para todos os que têm tido a paciencia de visitar este blogue.

HSC 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Plano pós Festas

Our  Holiday Workout Plan ....

We all must all try to stay in shape over the festive-overeating period.
Here's an easy 1..2...3 plan.


HSC

sábado, 22 de dezembro de 2012

Presépio 2012

UM TEXTO DE FREI FERNANDO VENTURA
Presépio 2012
"Este ano não faço o presépio!
O meu presépio de 2012 deixei-o na Índia há poucas semanas atrás.
É esse que quero colocar no centro deste Natal.
Deixei-o num vão de escada de Bombaim.
Não, não fiz fotografias.
Há coisas que não se fotografam, por pudor, por vergonha, por respeito, pela dignidade humana aviltada; por vergonha de mim, por vergonha da minha impotência, por raiva.
O meu presépio deste Natal 2012 que deixei na Índia. Não tem vacas de discórdia, nem burros de teimosia, nem menino, nem Maria, nem José.
Não, não tem. Não tem nada disso. Quando muito tem duas Marias e um José pequenino.
É, é isso! Tem duas Marias e um José.
Pouco se importando com vacas, por mais sagradas que sejam, ou com burros, por mais inteligentes que são do que muitos humanos.
As minhas duas Marias e o meu José, estão ali, por causa de alguns camelos… isso mesmo!
O meu presépio, esse que deixei em Bombaim, esse que existe e é real para além e por causa de todas as crises, é o presépio que levo dentro neste Natal.

Cabana também não tem!
Era só um vão de escada! Uma das Marias, a mais velha, estava deitada numa manta, doente! A outra, muito mais nova, 15 anos, estava de pé, olhava a mãe, olhava-me a mim e esperava o seu milagre. O meu José com os seus 6 anos de olhos tristes, empurrava o carrinho de brincar e, de vez em quando olhava as Marias. Uma doente, a outra triste, sozinha numa solidão digna de respeito, em pé no espaço que o vão da escada permitia ser ocupado, também ela ocupada a tratar daquele presépio, com a mãe e com o irmão, ali, em Bombaim ou em Camarate onde estive ontem… ou em qualquer lugar, onde alguns camelos não deixam que seja Natal."

HSC

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O tempo cura

Entre as perplexidades que assolam a minha vida - e não são poucas -, a da juventude tardia é das que seguramente mais tem ocupado o meu espírito.
Já fui nova e já sou velha. No meio fui assim assim. E é aqui que reside o problema. Não para mim. Mas para um grande número de pessoas. Explico-me.
Nasci numa época em que a idade era posto. Depois veio um novo vento, em que a juventude era a salvação de um mundo que os velhos não haviam sabido construir. Foram os anos setenta, foi o make love not war, a que se seguiu o make sex, os partouse, os swinger, as drogas cada vez mais refinadas, o aborto assistido, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
A que se seguirão as barrigas de aluguer e a adopção por casais homo. É a lei da vida. Uns concordaram, outros não. Uns aderiram, outros não. Outros experimentaram, outros não. É, também, a lei do livre arbítrio.
A tudo isto assisti sem grandes sobressaltos e fazendo apenas o que considerava certo para mim. Nunca me considerei detentora da verdade universal e sempre estive aberta à mudança, se reconhecesse haver errado.
Aquilo para que estava menos preparada, confesso, foi para ser comandada por uma classe cuja definição se confina ao que em francês se chama de jeunisme. E de que se trata, então? Trata-se de uma nova classe social que não sendo já nova, ainda está longe de ser velha. Algo, como podem calcular, que dificilmente se define, a não ser por um desejo imenso de não se envelhecer. Ora a velhice é um caminho irreversível no plano físico, embora possa ser bem mitigado no plano intelectual, quando as pessoas são inteligentes. 
Estes "jeunistes" dominam a sociedade actual. Daí essa permanente necessidade de prolongar a juventude. Sem que qualquer deles se aperceba que ela é a única doença que o tempo cura...

HSC