quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A imaginação ao poder

As pequenas poupanças aplicadas em Depósitos a Prazo nas instituições de crédito já eram taxadas a 25%. Agora passarão a se-lo a 26,5%.
Ou seja, todos os depositantes são tratados da mesma maneira, quer se tenha muito, quer se tenha pouco. O que significa que quem é rico se pode dispensar de trabalhar ou investir porque se aplicar todo o seu dinheiro a prazo a taxa de 26,5%, é manifestamente mais baixa do que a que pagaria se criasse uma empresa, postos de trabalho e corresse riscos.
Quem tem pouco dinheiro e o põe num banco, a prazo, para garantir uma doença ou uma velhice menos angustiada, face a esta taxa e aos baixos juros que remuneram as suas poupanças, decide te-lo à ordem ou, eventualmente, até gasta-lo.
Parece-me, por isso, que também aqui haveria que fazer alguma coisa que não castigue, de novo, aqueles que menos têm. E já não falo, claro, na velha tradição que, por esse país fora ainda existe de o pôr debaixo do colchão.
Porque não aproveita o governo as pequenas poupanças, que juntas já darão alguma coisa que se veja, e cria produtos atractivos de divida pública interna?
Mas com a garantia, claro, de que não muda, a meio do processo, os termos contratuais estabelecidos, como já se fez no passado com PPR's e quejandos.
Não seria de levar a imaginação ao poder...económico?!

HSC

26 comentários:

DD disse...

É demasiado. Já chega...

Alcipe disse...

Senhora Dona Helena eu sou um homem do povo e compreendo tudo o que a senhora diz. Diga-me de verdade: a senhora e mesmo economista?

a) Feliciano da Mata, empresario autodidacta.

Paulo Abreu e Lima disse...

Amiga Helena,

«Porque não aproveita o governo as pequenas poupanças, que juntas já darão alguma coisa que se veja, e cria produtos atractivos de divida pública interna?»

Foi exactamente isso o que MF disse, na entrevista à SIC, que ia fazer.

«Mas com a garantia, claro, de que não muda, a meio do processo, os termos contratuais estabelecidos, como já fez no passado com PPR e quejandos.»

Quem já mudou os termos contratuais nesta matéria foi o governo anterior. Este mudou muitos outros contratos entre o estado e os cidadãos e, imagine, com cláusulas secretas e blindadas, pelo governo anterior, entre o estado e os agentes das PPP...

Anónimo disse...

agoras as poupanças tendem a desaparecer, mas falemos de coisas mais felizes!
parabens para a mãe que nos deu homens com H.
beijinhos grandes,
lb/z

Anónimo disse...

Imaginação... e até já pensei em criar uma página nas redes sociais (tipo peditório virtual) como medida de auxílio a jovens que têm de abandonar os cursos por dificuldades financeiras.

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Feliciano da Mata
Sou de facto economista. E das boas - gaba-te cesto - daquelas que nunca pertenceu a administrações de empresas publicas ou privadas e que sempre viveu e vive do seu trabalho. Mas sou do tempo em que me ensinaram que a economia é uma disciplina que todos podem e devem entender.
Claro que, talvez por isso, o Feliciano me entenda e os "expert" nem me leiam!

margarida disse...

Os segredos não duram muito...
Mas que contente que fico por 'descobrir' a esência do estupendo, delicioso, formidável e imaginativo "Feliciano da Mata"; homem multifacetado e extraordinariamene luso!
;)

Anónimo disse...

Há quem garanta que a saída do euro já se tornou inevitável, mais tarde ou mais cedo. O que pensa disso?
MM

Helena Sacadura Cabral disse...

Feliciano
Esqueci-me da penitência: declarar que alguns economistas desta praça, até foram meus alunos...
Uns aprenderam e puseram em prática. Outros esqueceram ou, quem sabe, deveriam ter chumbado!

António Pedro Pereira disse...

Não me incomoda absolutamente nada o aumento de 25 para 26,5%, é irrelevante
O que me incomoda são os 25% que já existiam.
E porque existiam?
Porque foram existindo até atingirem esse montante, e agora o novo?
Com esse processo é que nos devíamos ter preocupado a tempo, pois avisos de (algumas) pessoas avisadas foram havendo desde muito cedo.
Mas deixámo-nos embalar, passámos a responsabilidade toda para os outros, os políticos, e a maioria dos que nos (des)governaram não esteve à autura dessa responsabilidade.
Ontem assisti ao lançamento do livro: O Fim do Euro em Portugal (Como chegámos à crise actual . A crise do euro é muito mais do que um problema financeiro), de Pedro Braz Teixeira.
Fica-se apavorado com as perspectivas apontadas, se se vierem a concretizar. Há infelizmente muitos indicadores que apontam para que se concretizem.
Infelizmente.
Veremos.

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Paulo
Ele disse de facto, depois do entrevistador insistir. E foi titubeante. Você não ficou com nenhuma informação concreta de "como" pensam fazer.
É inteiramente verdade que foi no anterior governo que os contratos foram alterados. Mas não fez já este governo o mesmo?
Não fiz nenhum post sobre a entrevista de Gaspar porque a parte tecnica não me convenceu. E a entrevista de Carlos Moedas logo a seguir também não.
Resumindo, há questões de sensibilidade em todo este discurso, que não foram asseguradas.
As pessoas precisam entender o que se lhes está a pedir e isso não pode ser reservado aos técnicos. Têm que ser os políticos a explicar, longamente se for preciso, porque é que se escolhe um caminho e não outro. O exemplo da TSU é paradigmático do que estou a dizer.

Paulo Abreu e Lima disse...

Perfeitamente de acordo, Helena! Já que o MF não é decididamente um político, caberia ao 1ºM dar todas as explicações. Detalhada e demoradamente, uma vez que ele até gosta tanto de discursar... e não fazer aquela figura na Sexta-feira passada e depois ir a correr comemorar os 50 anos de carreira do Paulo de Carvalho. Mas de uma coisa estou farto: ver tantas pessoas a dizer que as políticas são insuportáveis, sem com esta afirmação indicar um só caminho alternativo credível. O PS apenas diz que a alternativa é o governo cair; o BE e o PCP dizem o costume: não pagar, mandar a troika passear etc. Assim não dá! Já discuti detalhadamente as consequências da alteração da TSU noutro blogue. Pode, sim, ser uma solução ao nível do estancamento do desemprego e do financiamento da tesouraria das pequenas empresas. E pode ser muito mais. Mas ninguém quer ir muito além na discussão, porque toca realmente no bolso dos trabalhadores do privado e do público. Mas, afinal, depois da decisão do TC, estavam à espera de quê? Que os grandes depósitos fugissem para fora do país? Que as grandes fortunas se liquefizessem-se em impostos? Que deixasse de haver transações em bolsa? Não sei, se calhar acho que sim. Quando leio declarações como as do vice-Presidente da CGD, já acredito em tudo... Sabe de uma coisa, Amiga Helena? Se todos dizem mal e não apontam alternativas, é porque todos estão mesmo a sentir na pele o peso das novas medidas. É, sim, obrigação do governo atenuar o efeitos aos que realmente mais carecem. Diga-me sinceramente quem não está a ser afectado e se as verdadeiras alternativas seriam muito diferentes.

Anónimo disse...

Exactamente, o que está em causa é criar confiança entre Governo e cidadãos. Para tanto é condição necessária falar claro, linguagem que os cidadãos comuns possam entender, tal como a Justiça e o Direito têm de se apresentar como justos e equitativos para o letrado e para o não letrado, rico ou pobre. TODOS! Mas para que isso aconteça tem de haver humildade, sentido de serviço e experiência de vida. Infelizmente, ao que assistimos, com alguma frequência, nesta fase é que muitos dos políticos em vez de humildade usam a arrogância, em vez de servirem, servem-se e em vez de experiência de vida praticam escaladas meteóricas, quantas vezes sem curriculo laboral devidamente testado. Esquecem-se de que as pessoas podem não saber de economia e de finanças mas, normalmente, acabam por perceber quando estão a ser injustiçadas.
Deveria haver, de facto, mais imaginação no Poder, para que a equidade e a ética não fossem meras figuras de retórica.
José Honorato Ferreira

Anónimo disse...

John Lennon aconselhava o mesmo


John Lennon

Imagine
que não exista nenhum paraíso.
É fácil se você tentar:
Nenhum inferno abaixo de nós,
Acima de nós apenas o céu.
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje

Imagine não haver países,
Não é difícil de fazer
Nada para matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
vivendo a vida em paz

Você pode dizer
que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia
você se junte a nós
E o mundo será como um só.

Imagine sem posses
Eu me pergunto se você pode
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade dos homens
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo

Você pode dizer
que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Eu espero que algum dia
você se junte a nós
E o mundo viverá como um único.

Maria disse...

Dra.Helena

Estou aqui matutando : será que não explicam direitinho porque pensam que " para bom entendedor meia palavra basta" ? ..... veremos o que diz o PM,na entrevista de amanhã. Concerteza, o mais do mesmo.

Fatyly disse...

Infelizmente os políticos não dizem ao nada estendível ao povo, depois usam este meio mas esquecem-se que a maioria não tem internet.

Concordo consigo as "pequenas poupanças" num seu todo "fazem ou superam algumas riquezas" e "meter tudo no mesmo saco a todos os níveis...além de falta de imaginação é pura demagogia que assim chegam lá.

Não sou economista mas entendo o básico e o básico por exemplo foi demover a minha mãe de retirar do banco a sua "fortuna que nem sequer dá para a cova de um dente" porque se todos o fizerem é pior a emenda que o soneto... e os juros que recebe...são uma autêntica tristeza. O que lhe vale a ela, é que sabe gerir bem o pouco que recebe, não tem filhos penduras porque todos nós sabemos e fomos educados...que será sempre cada um por si e todos por ela!

Anónimo disse...

Helena

O dinheiro da poupança de cada um, depositado nos Bancos, é precisamente para ser aplicada no investimento.

Há de um lado quem não tem imaginação ou coragem para o investir e poupa-o. Ter incentivos para poupar é tão importante como ter empresários para usar a nossa poupança. Taxar demasiado pode levar a não poupar ou seja gastar a poupança em inutilidades.

E o que não faltou foi dinheiro barato: o resultado está à vista. A intenção era boa e veio de uma administração democrata americana: "affordable housing".

Agora evoluiu e chama-se "unfordable debt".

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro António P.Pereira
Quando aqui falei da subida para 25% e critiquei a medida já então com a necessidade de distinguir as poupanças reforma das poupanças capital verifiquei que a maioria das pessoas nem tinha dado pela medida...
Daí o ter voltado à carga.

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro/a MM
Vou responder. E é uma convicção pessoal. Não decorre de informação privilegiada que não tenho, acredite.
1º Estou convencida que só por milagre a Grécia não sairá do euro
2º Acredito que se Portugal saísse "agora", na actual conjuntura, do euro, isso seria gravíssimo, porque o grosso da nossa dívida está em euros
3º Há soluções alternativas às que estão a ser tomadas . Ainda hoje Martim Avilez na televisão deu um caminho possível. Mas há outros que não atacariam o rendimento mensal das famílias de forma tão violenta
4º É absolutamente indispensável que o governo diga porque escolheu este caminho e não outro
5º As medidas aplicam-se aos países. Mas estes são constituídos por pessoas e não por números. Há que "envolver" os portugueses nas soluções e não decidir e impor sem ouvir quem deve ser ouvido.
Fui clara? Espero que sim!

Maria Joao Matos disse...

Bom dia Dra. Helena, sou uma leitora assidua do seu blog e gostava de partilhar a minha forma de protesto. Sou uma cidadã deste país, que apenas é uma "expert" na sua economia doméstica e mais nada, mas que, ao olhar para a economia do país, apenas pode dizer que Não Concorda, deixando as pareces para quem é de facto "expert" no assunto.

Porque Voto em Évora, ontem resolvi mandar os emails abaixo para os deputados que estão na Assembleia da Republica que foram eleitos pelo Circulo de Évora.



Apelo, aos cidadãos, que, caso não concordem com as Medidas do Orçamento de Estado para 2013, Mandem um email para os Deputados do Circulo Onde Votam, Porque Eles Podem Dizer NÃO.



http://www.parlamento.pt/DeputadoGP/Paginas/DeputadosLista.aspx






---------- Mensagem encaminhada ----------
De:
Data: 12 de setembro de 2012 23:33
Assunto: Correio do Cidadão: Orçamento de estado de 2013 - Não concordo
Para: mjoaommatos@gmail.com


Para: Carlos Zorrinho

Mensagem:
Exmo. sr. deputado, venho por este meio informar que não consigo concordar com as medidas que irão constar no orçamento de estado de 2013. Certa que o sr. deputado, consciente que representa o povo do país, irá votar de forma a defender quem o elegeu, despeço-me com os melhores cumprimentos,

Maria Joao Matos

P.S. Eleitora em Évora




---------- Mensagem encaminhada ----------
De:
Data: 12 de setembro de 2012 23:37
Assunto: Correio do Cidadão: orçamento de estado 2013 - Não concordo
Para: mjoaommatos@gmail.com


Para: João Oliveira

Mensagem:
Exmo. sr. deputado, venho por este meio informar que não consigo concordar com as medidas que irão constar no orçamento de estado de 2013. Certa que o sr. deputado, consciente que representa o povo do país, irá votar de forma a defender quem o elegeu, despeço-me com os melhores cumprimentos,

Maria Joao Matos

P.S. Eleitora em Évora




---------- Mensagem encaminhada ----------
De:
Data: 12 de setembro de 2012 23:38
Assunto: Correio do Cidadão: Orçamento de estado 2013 - Não concordo
Para: mjoaommatos@gmail.com


Para: Pedro Lynce

Mensagem:
Exmo. sr. deputado, venho por este meio informar que não consigo concordar com as medidas que irão constar no orçamento de estado de 2013. Certa que o sr. deputado, consciente que representa o povo do país, irá votar de forma a defender quem o elegeu, despeço-me com os melhores cumprimentos,

Maria Joao Matos

P.S. Eleitora em Évora

Silenciosamente ouvindo... disse...

Isto está uma grande confusão D.
Helena, e temos que esperar pela
noite onde vai falar de novo o
Primeiro-Ministro e o Líder da
Oposição.
Mas concordo consigo sobre as
poupanças(de quem as ainda conseguir
ter).
Um beijinho

Anónimo disse...

Penso que não há memória de deputados terem votado contra a "ordem" dos líderes das bancadas ou dos partidos, designadamente em matéria de Orçamento do Estado. Aliás, a norma geral é não desobedecer ao sentido de voto, pois para tal foram eleitos em listas fechadas. Lembrem-se de que não se vota em pessoas, mas sim em emblemas, isto é, partidos. Já agora, em época de cortar "gorduras" do Estado, quando haverá coragem/coerência, para reduzir para 180 o número de deputados, em vez de 230, como previsto no artigo 148º. da Constituição? Os gabinetes dos grupos parlamentares também não poderiam ser "emagrecidos", nomeadamente em termos de pessoal e viaturas? As subvenções aos partidos, baseadas no número de deputados eleitos, também não poderiam ser "podadas"? Isto deve tocar a todos, não só aos contribuintes... Procurem mais exemplos, pois eles abundam seguramente.
José Honorato Ferreira

Anónimo disse...

"Mudei de casa", o endereço de e-mail é outro mas continuo aqui consigo.

Um beijinhos
Vânia Batista

MJosé disse...

Possivelmente a senhora não irá ler o meu comentário,de qualquer maneira eu desabafo,admiro_a como escritora,como mulher mas neste momento tenho imensa pena da senhora,sofreu o maior desgosto que se pode ter a morte dum filho,e ser mãe de um político como o Paulo Portas,não será um desgosto menor,quando o País todo está a pedir a morte a todos os políticos.

António Pedro Pereira disse...

Caríssima Dr.ª Helena:

Disse: «1º - Estou convencida que só por milagre a Grécia não sairá do euro».
E está muito bem convencida, isso acontecerá muito mais cedo que se pensa, com efeitos aterradores sobre Portugal (que sairá de imediato) e sobre a zona euro.

Arrumado o caso grego, alguém acha que Portugal, que tem 124% do PIB de dívida pública e 344% de divida total (pública e privada), que está numa recessão profunda e não se prevê que dela saia tão cedo, pois só se tomam medidas recessivas (sem a boa vontade dos credores troikianos podíamos tomar outras?), tem condições para pagar essa dívida? Só se for durante 100 anos e com um juro simbólico, 0,5%, por exemplo.

Estamos verdadeiramente metidos numa camisa de 11 varas.
Mas não foi à falta de avisos, ainda antes da entrada no euro (não tínhamos economia para isso) e durante a permanência no euro, especialmente com as grossas asneiras que se foram fazendo desde 1999.
Até parece que a economia não estava débil desde a crise petrolífera de 1973, a que acresceu o PREC.
A debilidade continuou (2 resgates de FMI, 1977 e 1983) e uma recessão em 1992.
É obra.
E mesmo depois disto tanta ilusão… tanta auto-estrada, tanta casa, tanto estádio de futebol, tanta rotunda!

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 13:26
O seu comentário foi obviamente censurado por razões que deverá compreender.