sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Tenho pena...


Aceitando que a frase está correcta e não fora de contexto lamento, enquanto católica, que tenha sido proferida, porque não é isso que desejo para as mulheres, nem foi isso que desejei para mim.
Neste discurso prevalece uma "visão funcional" do papel da mulher, que nem sequer obedece à visão oficial da Igreja Católica, a qual dá primazia à integridade ontológica, seja qual for a função ou o género.
Eu quero ter tanta liberdade de opção como um homem. E tenho esse direito porque aceitei que durante nove meses o meu ventre fosse, para os meus filhos, a sua única casa, o porto seguro onde se fizeram gente. Mas, uma vez neste mundo, ser pai ou ser mãe, impõe obrigações mútuas. E se na aleitação é ainda à progenitora que se pede essa dádiva, o pai pode, deve neste caso, fazer tudo o resto para supletivamente, a aliviar nesse período. Mas depois, a opção tem de ser um direito de ambos, porque educar é uma tarefa do pai e da mãe e não apenas de um só.

Também eu eduquei filhos e tive uma carreira. E não admito a ninguém, ser desvalorizada como mãe ou como mulher, por tê-lo feito!


HSC

14 comentários:

João disse...

É por estas e por outras que esta seita vai tendo cada vez menos seguidores.

Monchique disse...

Não levará a mal que lhe diga, com todo o respeito e admiração que tenho pela minha antiga Professora, que este seu post parece mais da autoria de uma Helena Roseta ou similar. O que o novo Cardeal diz, e muito bem, que é uma pena e é um prejuízo para a sociedade actual socieda, não serem dados meios às Mães para educarem seus filhos a tempo inteiro se assim entenderem e optarem.

Alcipe disse...

Muito bem!

ERA UMA VEZ disse...

Cara Helena

Subscrevo tudo.

Mas repare:

Pouco a pouco, palavra aqui, insinuação ali (coitadinhas das crianças cujas mães ousam ser mulheres inteiras, profissionais desdobráveis, com agendas organizadas que permitem, apesar do trabalho, serem sempre o coração mais próximo das filhos...)
"eles" estão de volta.

E assim, subtilmente, o discurso que a custo foram guardando no fundo das arcas, aí está ele de novo como uma mésinha antiga, capaz de curar os novos males que nos atingem, como se fosse por isso que este mundo enlouqueceu...

Estejamos atentas...outros "Jardins do BCP", o glorioso Banco
que nos anos de Cavaco ousava vedar-nos o seu pretensioso Império de pés de barro... "ELES ANDEM AÍ" como diria a minha filha.

A verdade é que nunca nos perdoaram...

E nós as duas, entre tantas, que rompemos as primeiras barreiras,pequenas grandes heroínas que desmontámos as falsas e moralistas teorias... e conseguimos, a quem por vezes foi exigido o dobro, temos de estar atentas.

É nossa obrigação. Essa cruzada é nossa de novo, porque NÓS, SIM,

NÓS RECONHECEMOS OS SINAIS!!!

Anónimo disse...

Esta opinião do sr cardeal é no minimo uma afronta, que sabem eles sr protegidos de tudo da sociedade, que lhes passa totalmente ao lado?Criei 2 filhos a trabalhar e não fui menos atenta por isso, estive desempregada um ano e meio, a minha filha já estava farta de mim, temos que lhes dar liberdade com responsabilidade, amor e atenção, control e disponibilidade tudo em doses certas nada de exageros.
Mais uma vez estou consigo, por isso leio o seu blogue.
Muita saúde e muita escrita.
Beijos
AC

carolina disse...

Lamento muito que alguém do nosso tempo, ainda mais ligado à igreja católica tenha proferido tal pensamento. A Igreja católica, tal como outras instituições de poder temem desde sempre o "poder" da Mulher, desvalorizado pelas próprias, por isso foram queimadas nas fogueiras. Ouvir este discurso de uma instituição que discrimina e diminiu a Mulher não a aceitando no sacerdócio é ousado e, perigoso...Pois Sr. Cardeal bastava que as mulheres ficassem em casa a educar os filhos para não serem católicos e, quiça o seu discurso fosse outro, não teriamos padres nem cardeais.A menos que esteja a pensar em atear de novo as fogueiras a igreja deveria reconciliar-se com a Mulher. Infelizmente são as mulheres que frequentam a Igreja e os homens que lá aparecem vão a acompanhá-las. Sou Mulher, Mãe, Catolica, Praticante mas cada vez menos frequentadora da igreja, SOU LIVRE PENSADORA

Raúl Mesquita disse...

Se o Senhor Cardeal quis dizer alguma coisa de revolucionário, que seria preciso nos tempos que correm, e isso toca no papel de todos, logo no da mulher emancipada, que nunca foi, queiram desculpar-me, suficientemente esclarecido, a meu ver, o mesmo Cardeal, disse-o de um modo reaccionário. Foi infeliz na forma como o disse. Entrou com "o pé errado".

Raúl.

Anónimo disse...

Cara Helena,

Tenho andado muito ausente, mas algo me dizia que devia passar por aqui - e não é que estava mesmo necessitada de rir.

Quero acreditar que o novo Cardeal é dotado de um enorme sentido de humor e decidiu dizer umas larachas a condizer com a época carnavalesca... Só pode!!!

É por estas e por outras que cada vez assumo mais que apenas sou católica por devoção e acção.

Este discurso é um retrocesso de várias décadas e lamento que haja quem na Igreja Católica ainda pense desta maneira tão retrógada.

Estes não são os verdadeiros princípios da fé católica!!!

Isabel BP

Maria do Céu Barros disse...

Concordo em absoluto com a dra Helena e a Era uma Vez.
Nunca nos perdoaram.

A única profissão admitida na terra onde cresci era a de professora. E claro "médica de senhoras" por razões óbvias. Vá lá telefonista.
Mas claro, ninguém se insurgia contra a violência a que era sujeita uma trabalhadora rural de sol a sol dobrada todo o dia sobre a terra ou enfiada na água da seara de arroz, às vezes menstruada, às vezes grávida, às vezes a desfalecer.

Não é preciso ser Helena Roseta, nem Sacadura, nem Apolónia para saber que isto é verdade. É apenas viver de olhos abertos ao mundo e saber olhar como todas as senhoras que referi.

Nada contra os homens, tudo contra homens/mulheres/religiões/seitas que não querem ou não lhes interessa ver a realidade.

Apesar de católica, reconheço que uma Certa Igreja, sempre que pode, vem com este e outros discursos moralistas e anacrónicos. A mesma Igreja que sabe que o braço feminino é aquele que em maior número está ao seu serviço e ao serviço dos povos mais sofredores. E no entanto teima em considerá-las "incapazes" para o sacerdócio, ainda que seja isso que algumas fazem uma vida inteira.

Enfim, um debate sempre em aberto.

Anónimo disse...

Há muito que não via a velha Senhora - que foi e é, não o esqueçamos, uma grande profissional da medicina - tão transtornada e tão eloquente num asneirame de tal calibre que o torna totalmente impublicável, como ela própria reconhece (afogar é eufemismo, obviamente):

tanto e tal palavrão sai
contra tal vã cabronice
que afogaria num ai
o tal cardeal da burrice

disse

Anónimo disse...

Oh Monchique,
que é isso de querer diminuir a Arquitecta? Helena Roseta é uma grande Mulher. E de armas! Tal como a autora deste Blogue! São duas Helenas de grande estirpe, oh Monchique!
Tróia

carolina disse...

Curioso é ler e percepcionar que os homens não estão frontalmente contra esta ideia, confesso até que o meu filho mais velho tem 23 anos e é entusiásticamente a favor de tal ideia. Diz-me que nada é melhor para uma criança que chegar a casa da escola e ter um lanche doce e uma meias quentes à sua espera, faz toda a diferença na formação equilibrio e felicidade de uma criançá. Não me é dificil concordar com isto, eu tive isto na minha infância e sei como são doces e reconfortantes as minhas recordações e hoje penso que é daí que me vem a força e equilibrio perante as adversidades. Mas esta é uma discussão social abragente e séria, não tem de ser a mulher/mãe se esta não quiser eu já testemunhei o "instinto maternal" em muito homens e não o vislumbrei em muitas mulheres. Para desilusão do meu filho não creio que a sociedade esteja preparada para uma discussão séria a este nivel a avaliar pelo que se vê

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Carolina
O problema é que para haver filhos felizes tem que haver pais felizes. E há mulheres, entre as quais me encontro, que para serem felizes precisam de mais do que a maternidade.
Dei aos meus filhos tudo o que sabia. Com um gosto imenso. O tempo que lhes dedicava era exclusivo.
Mas eles sabiam que, para que isso acontecesse, a mãe deles "precisava" de trabalhar.
No sentido material para que o Pai se pudesse doutorar e no sentido imaterial para que a Mãe, um dia, pudesse fazer o mesmo. E não creio que os meus infantes tenham sido crianças infelizes. Como adultos sei que não são!

joana cruz disse...

É por estas e outras que gosto tanto de si mesmo sem a conhecer....uma mulher de corpo e alma inteiros,lutadora,corajosa,sem papas na lingua que é como eu gosto;)E este senhor,coitado,deve viver dois seculos atrás pois tem uma mente completamente retrogada....isso era no tempo da outra senhora,e dizer que a mulher deve ficar em casa,em tempo de crise como estamos,é gozar com o pais....já agora podia tambem dizer que,enquanto nós ficamos em casa,os machos podiam assentar arraiais no cafézinho a beber bejecas não????que atrocidade...enfim...por isso é que sou uma descrente,não em Deus ou Jesus mas na igreja,que para mim, é o icone da corrupção...
Um beiji nho para si e continue a dar-nos momentos de leitura maravilhosos