sábado, 10 de dezembro de 2011

O amor


Das memórias de Tony Judt este pequeno excerto em que ele diz:
" O amor é aquele estado em que somos nós próprios com mais satisfação'.

Sobre o mesmo tema, Rilke afirma que:
"O amor consiste em deixar aos amados espaço para que sejam eles próprios, ao mesmo tempo que se lhes dá a segurança no seio da qual esse eu possa florescer'.

Estas duas frases foram retiradas de um dos blogues que frequento cujo link é
umjeitomanso.blogspot.com
Como se vê, ambos os pensadores - aqui gosto mais de usar este termo e não o de escritores - referem essa enorme necessidade vital, que é a de cada um dos amantes manter a sua própria identidade. Não há amor saudável que assim não seja.
Infelizmente, a maioria das pessoas leva imenso tempo a perceber tal realidade. E quando, finalmente, com a experiência e a idade, se dão conta disso, é quase sempre tarde demais.
Muitas vezes me tenho perguntado porque se fala tão pouco de Amor na família e na escola, e quando se fala é sempre em sexualidade que se pensa. É uma pena, porque o mais importante na vida de todos nós não é o dinheiro, a crise, o orçamento. O mais importante é ter vivido uma grande paixão e um grande amor.
Mas ninguém se preocupa em nos ensinar isso...

HSC

15 comentários:

Mar disse...

"O meu amado tem uma vinha num outeiro fertil.E cercou-a,elimpando-a das pedras,plantou-a de excelentes vides;e edificou no meio dela uma torre,e tambem construiu nela um lagar;e esperava que desse uvas boas,porem deu uvas bravas....Que mais se podia fazer a minha vinha,que eu lhe nao tenha feito?Por que, esperando eu que desse uvas boas,veio a dar uvas bravas?"."Apanhai-nos as raposas,as raposinhas,que fazem mal as vinhas,porque as nossas vinhas estao em flor".Paixao!Hum! sabe bem,mas so resulta se for platonica.

Gaivota Maria disse...

Temtoda a razão. E o pior é que os nossos jovens já vão por esse caminho errado.

Mar disse...

E tem razao. O nosso pao ee mesmo especial,e eu que tenho tantas saudades dele.
Bjs

Anónimo disse...

Maravilhoso o seu Post .Obrigada

Helena Sacadura Cabral disse...

Querida Mar
Tenho alguma experiência das raposas e raposinhas que fazem mal às vinhas.
Guardo no meu coração, intactos, os momentos bons que vivi com aquele que considero ter sido o homem da minha vida e é o pai dos meus filhos.
Depois nunca procurei. Mas um dia encontrei. E experimentei outros momentos que, não sendo o mesmo, quero manter vivos dentro de mim, porque aquecem os invernos da minha existência.
Minha querida Mar, há uma altura na vida em que até o que é platónico aquece as nossas almas. Porque não?!
Abraço

Anónimo disse...

Amor é a palavra mais dita do nosso dicionário !
Alguma importância há-de ter!
Como tudo na vida o que para uns é uma coisa para outros , outra!

OGman

Um Jeito Manso disse...

Helena, sábia Helena,

Gostei de encontrar aqui - sob uma imagem que é uma curiosa composição de pinturas de géneros e épocas distintas, que tão bem ilustra o tema do post - uma referência ao que transcrevi lá no meu canto e que tão bem a Helena reforça com a sua opinião.

Da minha experiência pessoal e do conhecimento que tenho da vida, só subsiste o amor que assenta no respeito absoluto pela identidade do outro e só há felicidade se houver reconhecimento pelo outro, assim como cada um apenas floresce verdadeiramente se se sentir apoiado e apreciado pelo outro.

Se assim não for, ou não vai correr bem e, inevitavelmente, acabará ou, caso se acomodem, terá que haver abdicação, frustração e tédio.

Ou seja, para que resulte, para além de haver empatia, química, etc, etc, tem que haver respeito pelo espaço, pela liberdade, pela identidade do outro.

E tem toda a razão, Helena, as pessoas só se realizam com afecto e isto deveria ser discutido, falado, nas escolas. O amor, a paixão, o afecto, são a base do desenvolvimento pessoal e seria óptimo que todos, desde jovens, percebessem isso.

Um beijinho, Helena.

patricio branco disse...

pensando no que é o amor, em termos praticos da vida, cada vez mais me convenço que o amor necessita, para ser de boa qualidade e duravel, do ingrediente humor.
Não há amor sem muito humor, é o que penso e quero dizer!

Anónimo disse...

Cara Helena,

Partilho desse sentimento, há uma altura (ou mais!) na vida em que o amor platónico é um verdadeiro bálsamo para o coração :)

Isabel BP

Interessada disse...

@Helena a propósito de "É uma pena, porque o mais importante na vida de todos nós não é o dinheiro, a crise, o orçamento. O mais importante é ter vivido uma grande paixão e um grande amor."

Se há coisa que falte a muitos dos psis, é terem consciência de que, para além da capacidade de diálogo e inteligência emocional, é fundamental a percepção social.
Mas se é verdade que os sentimentos são balizados pela situação económica e social, parece-me que também o são por outros factores como os genes, por exemplo.
Tudo nos limita porque a vida é um sistema dinâmico; mas mesmo quando caótico, sobra lugar para o sonho.
E até na busca da sobrevivência o amor pode tomar lugar.
E ainda que esta seja determinante, não invalida que possamos considerar o amor mais relevante.
[ Opinião expressa por Interessada no dia 11.12.2011, em http://murcon.blogspot.com/]

Paulo Abreu e Lima disse...

Oh Helena, não é de precetores que o Amor precisa. Talvez de mais Cupidos, mais presença parental, melhores amizades. Talvez...

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Paulo
Mas eu não falei na necessidade de preceptores no amor.
Sabe o que mais julgo faltar ao amor? TEMPO.
Por isso ele é tão pouco duradouro, tão fugaz, tão perecível.
E, no entanto, há amores que duram uma vida inteira, mesmo quando um deles já abdicou...

Pedro disse...

"Mas ninguém se preocupa em nos ensinar isso..."
talvez porque não saberão como?
:)

Isabel Seixas disse...

Bonito ensinar o amor(...)
Talvez o amor perdesse os sentidos
ou sucumbissem os amores esquecidos
talvez até se inibisse a dor
ficando circunscrito o ardor de amar

Natália Costa disse...

Olá Helena,

Mais uma vez não podia estar mais de acordo com as suas palavras:

http://ocantinhodocinema.blogspot.com/2011/12/la-volupte-est-la-consequence-em.html

Esta cena do excelente Alphaville de Godard é bastante esclarecedora de tal facto.