domingo, 3 de julho de 2011

"É a despesa, ...!"


Desculpem o título, mas uma leitura atenta do Expresso desta semana, obrigou-me a parafrasear a célebre expressão tão conhecida dos amanuenses da disciplina que diz "é a economia, estúpido!"
Com efeito o que para já se "vê" nas medidas governamentais é o aumento da receita através dos impostos. E até surgem os que são extraordinários, "só" para este ano. Será?!
Ou seja, nada mais que a velha receita de tributar o trabalho. Ou de aumentar o IVA, como todos os outros fizeram, e que só acaba por ferir os mais pobres. O resto,é tudo ainda e sempre do lado da receita e parece que virá de uma estranhas nacionalizações de coisas que, ou são recursos naturais - caso da REN e das Águas de Portugal, por exemplo -, ou dão lucro como os CTT. O que dá prejuízo, diz-se que será vendido, só não sabemos quando. Algo parecido com Durão Barroso que sabia que havia de ser PM, só não sabia era quando... E foi, de facto. Na pior altura para nós e na melhor altura para ele.
E a despesazinha, quando é falamos dela?! Ah! sim, acabam-se uns tantos governos civis, mais uns lugarzitos de pouca monta e zás! tudo o resto virá a ser oportunamente revelado.
Espero que, ao menos, saibam vender caro as "golden share", embora nada tenha visto referido acerca dessa mais valia que se pode e deve obter, mas que urge clarificar.
Mas e a despesazinha, se faz favor? Bom, parece que vão sobejar uns topos de gama, uns tantos assessores, umas empresas de marketing, enfim, talvez mesmo uns almoços no Eleven e equivalentes. A troika ditou, claro, algumas coisas na saúde, educação, enfim no núcleo duro das nossas vidas. Mas o que me interessa verdadeiramente saber e aos portugueses também, é que tranches da vultosa gordura do Estado serão cortadas. Vi pouco. Parece que tenho de ir ao oftalmologista. Às urgências...

HSC

24 comentários:

Fada do bosque disse...

O Mundo é para privatizar... e pelos vistos não há oposição do Povo...
Bush pai estava muito seguro quando falou... vê-se bem neste vídeo.

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Tanta esperança tínhamos neste senhor e caiu tudo pela base. Fazer o óbvio, fazer o óbvio, que Lula soube fazer é que parece impossível em Portugal. Comecei já a fazer as malas. Afinal gente com ética, zero de parasitagem estatal, formação duplicada e actualizada, não são necessários neste Portugal cujo problema é um problema de... ética?

Anónimo disse...

Goste-se ou não foi no Governo de Durão Barroso que se travou o endividamento do país que já na altura crescia quase sem remissão. Os números estão disponíveis.

Mar disse...

Estimada Helena.
Os rapazes estao a iniciar as lides, ee verdade que entraram a matar, mas tenho fe que vao concertar as coisas minimamente, de economia so percebo a domestica e mesmo assim...por isso nao agito bandeira.
Abracos

Anónimo disse...

D.Helena!
Sócrates deixou-nos na penúria e estes é que pagam as favas!....
Apesar de não gostar que me mexam no bolso, já estava á espera que tal acontecesse.Só espero que os sacrifícios não sejam em vão.
Um abraço
Maria Lopes

Anónimo disse...

Já dizia um tipo, e com toda a razão

"NADA É ILEGAL SE 100 HOMENS DE NEGÓCIOS O DECIDIREM FAZER"...

E basta olhar em nosso redor para nos darmos conta de que efectivamente assim é...

Este recente 1º Ministro já leva no mínimo, e não fui eu que as contei, TRÊS MENTIRAS DESCARADAS... Para mim Passos Coelho e José Sócrates são a coroa e a face da mesma moeda... e com esta Moeda não obtemos NADA de BOM.

Anónimo disse...

Só depois de mandar o meu (1º) comentário é que li o comentário do Anónimo 16:50... Não sei que números andou a ler nem onde, mas a imagem que deixo aqui mostra claramente que o Anónimo vive na Dividolândia, e que o seu querido Durão apenas seguiu o mesmo caminho. Como você não refere qualquer fonte para o que escreve, eu refiro já que a fonte do gráfico é o IGCP e que o mesmo representa a DDE.
Assim qualquer um pode confirmar e até fazer um gráfico para verificar se fica igual a este... Deixem-se destas tretas de mandar papos para o ar e de não-referências, pois nos dias que correm não têm a mínima hipótese de serem bem sucedidos.

Fada do bosque disse...

Um filme esclarecedor.

Naná disse...

Curiosamente, nunca mais ouvi falar das parcerias publico-privadas, que todos clamavam que deviam ser revistas e extintas... ganharam as eleições e pufft, esqueceram-se disso milagrosamente.
Outra coisa que não os vejo a tributar é a banca... e sem falar dos tais 12 mil milhões de euros que vêm da troika directos para a banca nacional, que devem ser uns pobrezinhos coitados, que até nem registaram lucros na ordem dos milhões de euros em 2010, mas que curiosamente são "perdoados" de pagar impostos ano após ano...
Mas HSC, isto é só a ponta do iceberg, muitos mais impostos extraordinários (que de tanto o serem... poderão vir a tornar-se ordinários) e muito mais medidas a acabar de esmifrar o contribuinte que não consegue fugir aos impostos...

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Caro Anónimo

O problema não é travar o endividamento, o problema é travar a motivação, o investimento e não promover a emigração.

Quando se pensa aumentar os transportes públicos, o IVA, as rendas, os IMI's,as taxas moderadoras,... diminuindo os rendimentos, sobra o quê?

Então a via não era o corte de despesa?

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Maria
Quem não quer ser lobo não deve vestir-lhe a pele. Estes senhores sabiam ao que iam. E nós quando votámos também sabíamos o que queríamos.
O que eu pretendi com este post foi alertar para isso mesmo. Disseram-se coisas que se prometeram e devem ser cumpridas. Falou-se que "o corte" ia ser sobretudo na gordura do Estado" ou seja na "despesa". Por enquanto só vejo aumento na "receita" por taxas e impostos. Acha que não devemos chamar a atenção?!

Fada do bosque disse...

Os Partidos do Poder e os seus Media fazem lavagem cerebral ao ponto das pessoas pensarem que devem pagar uma dívida criminosa´e impossível de pagar. A ver por aí já sabemos onde vai parar este País. A ignorância é terrível e quando ouvi hoje o Fórum da TSF fiquei espantada! Atacam-se uns aos outros por migalhas e esquecem ou nem sabem, o essencial. É a política de esgoto que tem dominado os Partidos do Bloco Central e seus simpatizantes e eleitores!
Estavam à espera de quê?!! Apre que não aprendem, nem com 30 e tal anos de experiência! Olhe que é triste!...
Em 1983 quando o FMI cortou o 13º mês, saiu um milhão em protesto para a rua! Que gente amorfa por cá vai... que vergonha!

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Fada
Não será tanto gente amorfa. Antes, gente com medo, com fome, sem habilitações e sem emprego, com filhos a quem dar de comer.
Feliz ou infelizmente, nós não nascemos todos com a mesma força, a mesma combatividade, a mesma instrução.
O que sempre me desagradou na chefia das pessoas que tive de julgar, foi isso mesmo.
Será que sou justa pedindo o mesmo a todos? Não seria não, soube-o então e sei-o hoje. Você, eu, e uns tantos que tivemos a possibilidade de aceder a um certo grau de instrução, revoltamo-nos com aquilo que parece ser um evidente comodismo. Mas há muita gente que não teve a nossa chance. Ou que tendo, não tem a mesma têmpera. Podemos castigá-los por isso?!Quando muito podemos ajudá-los a ver outras formas de pensar...

Fada do bosque disse...

Não é pela instrução drª Helena...eu apenas tenho o antigo 11º ano, não recebo salários e também tive de tirar a minha filha da Universidade pois só chega para as necessidades básicas e mal... É um pouco de bom-senso que faz falta. Todos sabem o que está por trás da dívida, todos sabem quem tem governado o Pais. Têm na ideia que os que nunca governaram não são capazes de o fazer... não conhecem o caso do Presidente Lula, como disse o nosso comentador (c) P.A.S.?! Um operário que deu uma volta ao "status quo" daquele País?! Não! têm de fazer sempre a mesma coisa! e eu sempre ouvi dizer que gato escaldado tem medo de água fria... cá os gatos enfiam-se em óleo a ferver! Quantas vezes ouvi na rádio que a Direita é quem gera riqueza, agora do que se esquecem é que é roubando ao Povo e para eles!
Conseguiram liquidar a classe média forte! Não vêem TV? pois há casas com mais aparelhos do que membros da família e eu não uso... no meio de tanta desinformação, podiam tentar perscrutar se esses Partidos têm uma Oposiçao, não são o bicho papão, são pessoas.
Já nem falo daqueles que não votam, entregando o futuro nas mãos dos outros e participando passivamente na degradação da Democracia!!!



"Não há democracia política que resista a tão dramáticas diferenças sociais. O agravamento das desigualdades é um convite às soluções de força."
(Luis Inácio Lula da Silva)
Acho que Lula tem toda a razão.
Acho que foi feito o funeral do nosso País!

Anónimo disse...

Amiga Helena, estou atónito com este seu post. Não estava nada à espera, vindo de quem vem. Até parece aquelas questões que valem 50% dos testes de Finanças Públicas e em que pedem no final: "Comente"

Vou comentar rápido, por via do pouco tempo que disponho, e somente para 10 ;)

Não é, dentro de um Estado Democrático, tecnicamente possível acabar o ano de 2011 com 5,9% de défice, tomar medidas orçamentais, em Julho, que não abarquem a componente Receita. Todas as medidas que comportem a diminuição de Despesa necessitam de pelo menos um ano de antecedência para surtirem algum efeito - excluindo, obviamente, um corte brutal nas despesas correntes, i.e. cortes salariais na função pública, o que me parece socialmente injusto e mesmo cruel. O imposto excepcional, em sede de IRS, abarca quase todos os rendimentos tributáveis: desde trabalho a predial; desde mais-valias a rendimento de capitais. Tende, portanto, a ser o mais abrangente possível. Relembro ainda que equivale a 1/28 (3,57%) do rendimento anual bruto de 2011 dos sujeitos passivos singulares, excluindo todos os que auferem € 6.790,00 (ou menos) este ano. Tomando a forma de um pagamento excepcional por conta, no caso dos sujeitos activos não assalariados (trabalho independente) tem por base o ano anterior e é feito o encontro de contas em 2012.

Algumas notas quanto às privatizações:

1- As golden shares não podem ser vendidas como tais, i.e. vão perder os direitos especiais estatutários. Pelo que não deverão ser vendidas acima do valor de mercado;
2- Se já foram privatizados monopólios naturais (como a EDP ou a Galp), porque carga de água não podem ser a REN ou os CTT...?
3- O que pode ser privatizado é a distribuição da água, não a própria água! Já agora, o objecto social da AdP é muito mais vasto: esgotos, tratamento de resíduos,energias renováveis;
4- A RTP custa 350M€/ano ao erário público. Não sendo um bem essencial, por que não privatizar? Não há mercado publicitário para três televisões generalistas? Ora, vicissitudes da concorrência!

Na Despesa, os consumos intermédios (no fundo, estamos a falar dos organismos estatais que me fazem lembrar os institutos alfabéticos criados nos EUA após o New Deal...), a racionalização dos serviços e a prática de boa gestão estatal são os alicerces para a sua gradativa descida.

Com imensa pena, não tenho por ora mais tempo. Bjs.
Paulo

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Cara Fada
Nota-se já nas suas palavras o desespero de quem sofre. Sofre por um país que de governo em governo que promete vai perdendo a esperança, sofre pela sua filha que merecia outro país, sofre por um país que podia ser diferente nas mãos de alguém que tivesse 50% da vontade de fazer diferente de um Lula.
A situação económica financeira de Portugal é gravíssima, como sabe. Mas como a Fada, eu que andei alguns poucos anos pelo ensino e outros poucos por um Instituto Público, farto de ver gente com “bom senso” a ler o jornal em hora de expediente, optei por empreender. Má hora o fiz em Portugal, porque em Portugal não há verdadeira concorrência, nem verdadeiras boas práticas. Os oligopólios e os monopólios comem a atomizada concorrência que vê desviada sustentabilidade. O trade-off de uma concorrência anémica é perfeita, a economia pouco saudável, os administradores da coisa oligopólica pavoneiam-se inchados e merecedores de muitos, mas muitos, salários médios. Emparedado, assim, entre uma economia de mercado transparente, que recomendo e uma necessidade de justiça social nunca me posicionei. Posiciono-me medida a medida, pelo senso que a massa cinzenta, o respeito pelo meu semelhante e o carácter aconselham.
Como todos sabemos, um dos grandes problemas desta gente que abraça a política é o perderem a consciência da realidade e serem donos de pouca criatividade na escolha dos instrumentos. As elites Portuguesas deste distante pós guerra são pobres e avaras.
Talvez por isso seria de bom tom Pedro Mota Soares não largar a sua Scooter e fazer um desafio ao governo: cada um passar a ir para o ministério de transporte próprio como todos os outros mortais. Afinal este é um governo dito social - democrata e não lhe fazia mal adoptar as práticas do Norte Europeu.
Mas não esperemos tal bom senso. É que mesmo sabendo que cada medida que tomam afunda Portugal, pela desmotivação da indiferença perante o sofrimento e pela injustiça da desigualdade, porque já não há margem para a grande maioria dos Portugueses e cada aumento de impostos ou corte significa menos economia, o poder é como o anel de frodo: embriaga. Ainda, hoje, face aos cortes que quase todos sofrem, a AR da Assunção (mulher que admiramos) deu o brilhante exemplo de aumentar a despesa. Embriagados, então, veremos até homens como Viegas escritor, despojado, a querer impor aos Portugueses aquilo que eles (e os Brasileiros que conheço) consideram um empobrecimento da língua e uma não necessidade: o novo ranhoso acordo Ortográfico.
Ao contrário de outros povos que sabem que o país é deles, os Portugueses reagem como sabem: emigram.
Emigre, Fada! Cada um deve perguntar-se o que pode fazer pelo seu país, mas as nossas elites políticas (ranhosas mas muito Pilatos e piedosas na hora da missa) perguntam-se à eternidade o que o país pode fazer por elas. Noutros tempos, aproveitavam-se da extraordinária ignorância do povo, hoje face à igualdade formativa, acolitam-se nas juve com passaporte eterno para o pedestal. E até tu, Nobre, como Brutus, mostraste que a assistência e a humanidade sofre reversão de vaidade humana perante o cintilar do anel de Frodo. Poderia qualquer Nobre mudar Portugal em duas penadas? Poder, poderia, não fossemos arredados por excesso de formação, bom senso e imunidade ao anel de Frodo!
Emigre, fada, é isso que Portugal espera de si!

Fada do bosque disse...

Dos caminos para enfrentar la crisis: el griego y el islandés

(...)Las presiones serían enormes, porque la banca francesa y la alemana perderían grandes sumas y los gobiernos respectivos se verían obligados a salvarlas nuevamente, pero Grecia contaría con el apoyo de los trabajadores de todo el mundo y, en particular, ayudaría a resistir a los de Portugal, los de España y, mañana, a los italianos.

Está también ahí el ejemplo de Islandia, pequeño país nórdico de 317 mil habitantes que tenía una deuda equivalente a 15 veces su PIB, que se negó a pagar a los usureros británicos y holandeses que habían prestado dinero irresponsablemente a banqueros aventureros de la isla. El gobierno, al principio, resolvió pagar la deuda externa y condenar al país, por siglos, a la esclavitud financiera (habría debido pagar su deuda en 15 años al 5.5 de interés). Pero el presidente, un ex comunista, rechazó esa posición, lo cual llevó a un referéndum, organizado por la presión popular mediante movilizaciones y asambleas, el cual declaró que dicha deuda era impagable y, en vez de premiar a los banqueros ladrones, los metió presos y nacionalizó los bancos. Islandia sigue en la Asociación Europea de Libre Comercio y los banqueros extranjeros tuvieron que contentarse con el dinero que consiguieron de sus gobiernos. Ahora, el país logró un acuerdo de pagos mucho más favorable (40 mil millones de euros en 37 años con el 3 por ciento de interés, a partir de 2016, lo cual representa, de todos modos, cerca de 100 euros por día, por cabeza de habitante, durante 10 mil 950 días) cuyo pago también rechaza. Islandia, con un gobierno socialdemócrata y rojiverde, pelea siempre para entrar en la Unión Europea y contra la presión del FMI y de sus acreedores y no ha perdido su independencia.
Renacer Democracia Griega

fonte e texto integral aqui

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro PAL
Se tivesse ouvido Domingo a explicação de Campos e Cunha percebia o que eu digo relativamente às golden shares. Ou seja, os accionistas compraram as suas acções a um determinado preço X porque sabiam que tinham as suas decisões limitadas pelo facto de haver uma golden share do Estado.
Quando o Estado se desfizer delas, o poder decisório dos accionistas aumenta. Logo a operação de "venda" ou "transferencia" dos direitos do Estado tem uma grande mais valia para a empresa, sim, e deve ser bem negociada.
É justamente por haver uma Galp e uma EDP que o mercado concorrencial do Meribel não funciona e embora eu tenha o "direito" de escolher qual dos fornecedores de energia prefiro, são estes que, no fim, me obrigam a tê-los como únicos. É tão ilegal que a Comissão Europeia já chamou a atenção do país, como fez com as golden da PT...
Quanto à àgua não é exactamente assim como diz. Mas agora sou eu que não tenho tempo. Voltrei ao assunto.
Quanto à RDP devia ser nacionalizada sim e ficar apenas o canal 2 como público. Mas lembro-lhe que Almerindo Marques conseguiu equilibrar as contas da RTP. O que mostra que bem gerida até pode dar lucro. Não pode é ser pública, ter publicidade e receber apoios do Estado, para além dessa ignóbil taxa de audiovisual. Acha que isto não é gordura?
E, finalmente, as PPP na despesa levavam uma limpesa que permitisse ao Estado ficar com os lucros a que tem direito e não só com os prejuízos.
Era este corte na despesa a que eu me referia e que não precisa de um ano para ser feito. Existem estudos já realizados que permitem tomar medidas já nos próximos meses.
Não pode é resolver-se tudo com mais impostos que arrasam o consumo interno e asfixiam os que não pertencem ao grupo das grandes empresas. Ou seja 92% do tecido empresarial!

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Caro Pal, presumo, caro colega

Como denuncia a minha barba vetusta de Afonso Henriques, pertencemos à mesma jangada, não ao mesmo tempo. Para não ser acusado velho do Restelo ganhei os últimos três anos a reactualizar-me. Depois da economia, dos estudos Europeus, a gestão que espero do não MBA - mediocre but arrogant. Infelizmente revejo pouco as boas práticas no nosso Estado e em muitas das nossas empresas, que parecem aqui tiradas comics, feitas exclusivamente para outras realidades.

Diz o caro PAL que «Não é, dentro de um Estado Democrático, tecnicamente possível acabar o ano de 2011 com 5,9% de défice, tomar medidas orçamentais, em Julho, que não abarquem a componente Receita.»

Será que não meu caro? É que depois diz: «
Todas as medidas que comportem a diminuição de Despesa necessitam de pelo menos um ano de antecedência para surtirem algum efeito - excluindo, obviamente, um corte brutal nas despesas correntes, i.e. cortes salariais na função pública, o que me parece socialmente injusto e mesmo cruel.»

Socialmente injusto, caro PAL? Mas vamos mudar Portugal ou fazer de conta? Fazer de conta que o Estado não têm asfixiado a economia que produz, fazer de conta que a economia privada consegue sustentar um Estado despesista e construído para o emprego das clientelas? Muda o quê, então? Os clientes e as clientelas?

É que injusto (e não só!) é manter sectores improdutivos do Estado que nada acrescentam e que destroem a iniciativa, o empreendedorismo, o crescimento! Não há sustentabilidade que passe por cortes cegos e gerais mantendo o músculo!

Tal fundamentação poderia sair, exacta, da boca do caríssimo agente técnico e futuro filósofo José Pinto.

Então é preferível aumentar impostos que sobrecarregarão empresas e inibirão investimentos verdadeiramente produtivos?

E colocarmo-nos perante o facto de privatizarmos monopólios naturais, como a água, porque já privatizamos outros? Uma aposta em como todos estes serviços essenciais dispararão no futuro, trazendo insustentabilidade e parasitando outros sectores?

Como o colega, também sou pela economia de mercado... em concorrência! O que privatizaria seriam os serviços que promovessem uma efectiva concorrência, porque é dela que nasce uma divisão justa e equitativa do lucro - pelos consumidores e pelas empresas. É essa a função do Estado. Privatizar e abrir os sectores a uma efectiva concorrência, guardar para si sectores naturais com tendência para o oligopólio e monopólio. Mas num país pequeno, onde o emprego não se anuncia, mas se bichana ao ouvido o que seria das elites do poder e dos seus filhos?

Poderia até, eventualmente correr com todos os gestores públicos das empresas que dão prejuízo ou que se alavanca demasiadamente no endividamento.

Não entregava é a entidades privadas, eu que tenho uma costela Social Democrata - e aqui sou muito Jerónimo de Sousa - um sector básico para a vida como o das águas.

Enfim, quem se apresenta com vontade de mudar tem de ser diferente. Nem que para isso tenha de perder tempo para reflectir e inovar. E há tanto para inovar, caro Pal. É só puxar pela cabeça! será que é isso que se faz quando se vai para o governo? O é para lustrar a vaidade, ser tratado por sr.Ministro e andar de Mercedes?

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

Cara Helena S. Cabral

Que enorme tristeza e alegria simultânea me dá lê-la. Ainda há compatriotas meus com que me identifico na ética e inteligência das medidas. Faltam-me já as forças para tanta mediocridade, vaidade, falta de ouvido e falta de visão, forças que a Helena demonstra possuir. Que país estranho, o nosso, em que não nos ouvimos e não cuidamos do colectivo? O futuro não é risonho!

Anónimo disse...

Cara Helena,
Se tivesse ouvido Domingo a explicação de Campos e Cunha, teria esboçado um sorriso complacente com a Teoria para justificar a sua presença na TV. Não posso ser sobranceiro quanto à sua Catedra, nem quanto à sua experiência como Vice-Governador do Banco de Portugal. Mas posso e devo discordar completamente dele. Primeiro, porque não acho muito legal o Estado vender (ou "transferir", como refere) direitos estatutários ilegais; segundo, porque não concordo nada que o desaparecimento desses privilégios aumentem, per se, o valor das empresas ou de todos os outros accionistas, como também refere. Afinal por que é que estas acções especiais são douradas? Porque conferem direitos de veto sem necessidade de maioria nas deliberações destas empresas e conferem direito à nomeação de administradores pelo mesmo modo. A única vez que o Estado usou estes direitos foi na PT. E com que resultados...? Conseguiu fazer com que a Telefónica aumentasse o valor da oferta pela Vivo, beneficiando todos os accionistas. Ora, neste caso, a presença daqueles privilégios, aumentou o prémio dos accionistas, verdade? Mas, e o da PT? Hoje a PT é mais valiosa? Não. Quem afinal sai beneficiado com a extinção das golden shares? Os accionistas estrangeiros! Consegue fazer com que algum deles pague algum prémio por verem extintas essas regalias do Estado? Jamais. Mesmo que em tese a tranferências desses privilégios aumentasse o valor das acções de todos os accionistas, seria completamente impossível de quantificar, QED.

Quanto à Despesa. O que eu escrevi foi que «Todas as medidas que comportem a diminuição da Despesa necessitam de pelo menos um ano de antecedência para surtirem algum efeito. Não disse que não se poderiam ou deveriam começar já por se tomar. Mas fixemo-nos neste objectivo fixado no Memorando: acabar o ano de 2011 com um défice não superior a 5,9%. Como a Helena o faria sem mexer na Receita? E a começar de agora, a mais de metade de 2011! Gastava mais uns milhões com indemnizações nas PPP já contratualizadas? Ou cingia-se ao cancelamentos das ainda não formalizadas? Como diz no final, «não se pode resolver tudo com mais impostos», excepto por razões excepcionais, acrescento eu.
Bjs
Paulo

Anónimo disse...

Como parece que privatizar é o Futuro do País... comecemos pelo lógico... Privatize-se o Estado. Depois o Território...
Eh pá... mas isto é o que já está a acontecer... esqueçam...

Fada do bosque disse...

Caro (c)P.A.S
Nem imagina o quanto senti o seu apelo para emigrar. Fa-lo-ía se não fossem as minhas suspeitas, que para quem como eu, passa quase todo o tempo livre a pesquisar e consequentemente me obrigam a ficar pelo pedaço de terra que nos pertence. Tenho seguido a politica internacional diáriamente bem como os blogues anti nova ordem mundial. Depois de ponderar, chego à conclusão de que é mais sensato ficar, isto porque chego também à conclusão que estamos em fase de "countdown" para o estouro da economia europeia e estaduniense que vai causar de imediato o caos a níveis nunca antes vistos e vai deixar a ideia, para os que a isto sobreviverem, que a crise de 1929, foi apenas algo muito leve.
O Anel de Frodo domina o Mundo, os oligopólios e mineraliopólios falam mais forte do qualquer sensatez e discernimento. O capitalismo está em fase terminal e irá implodir-se a si próprio, melhor, as metásteses do Mundo, os Quatro cavaleiros do Apocalipse, já tinham planeado e encomendado esta crise. Será caótica, embora a anestesia televisiva afaste as pessoas e as faça rejeitar tal ideia de não nefasta que é.
Eu vejo tudo a caminhar para aí assim como vi de outra forma o 11/9, assim como vi a crise petrolífera de 2007 e a económica de 2008. Trichet antes de saír avisou e o turbilhão está em acção. O BCE continua contra tudo e contra a lógica a exigir juros mais altos aos Países endividados. Não... só eles sabem a catástrofe que estão a preparar. As Guerras na África para destruir a União Africana... Está explosivo, o Mundo e aqueles que realmente escaparem e estiverem mínimamente preparados, talvez precisem de um bocado de terra para não morrer de fome. Estou a tentar preparar-me com o pouco que tenho para o pior, se é que isso é possível. Aconselho a todos a pensar duas vezes e a si, caro (c)P.A.S se puder ter terra para cultivar... As pessoas mais inteligentes que conheço e que o são bastante, estão a trocar todas as suas economias por terra.

Fada do bosque disse...

Caro (c)P.A.S. mineraliopólios entre aspas... :)
Oligopólios= a monopoly oil
Mineraliopólios= gold, silver, lityum, coltan, etc... A quem servem as oligarquias...