quinta-feira, 30 de junho de 2011

A nossa emigração


Já aqui escrevi, por diversas vezes, que é preocupante a saída de cerebros do país na altura em que este mais precisaria deles. O Estado investiu anos na sua educação e depois, como não oferece saídas profissionais nem aos melhores, estes vão rentabilizar a elite dos países que os acolhem. É grave, é urgente e precisa de ser, de algum modo, alterado.
O INE -Instituto Nacional de Estatística revelou recentemente que em 2010 mais de 30.000 pessoas teriam emigrado à procura de trabalho. Mas o Observatório para a Emigração admite que este número possa ser, realmente, de mais de 70.000.
Outro dado preocupante é o que se refere aos cerca de 2.500 alunos do ensino básico e secundário que não irão renovar as matrículas em Portugal, porque acompanharão os pais na sua saída. Ainda de acordo com aqueles elementos do INE, há mais de 11.000 alunos que pediram a sua transferência para escolas estrangeiras.
Se juntarmos todas estas informações não só estamos perante uma sangria dos melhores na vida activa, como estamos a perder a formação daqueles que, muito naturalmente, se fixarão nos países para onde vão estudar.
Ou seja, dentro de duas ou três gerações o nosso melhor capital humano está a "render" longe da pátria que nada fez para o agarrar...

HSC

7 comentários:

Fada do bosque disse...

Como li outro dia uma frase de um Espanhol e fiquei um pouco revoltada, tenho agora que lhe dar uma certa razão... e dizia: "Portugal é como um cemitério, muito bonito, mas ninguém quer lá ficar". Acabo porque lhe dou alguma razão... espero não vir a dar mais...
Muitos imigrantes estão também a regressar ao seu País de origem.

Pôr do Sol disse...

É, na verdade, preocupante.
Pena é que só alguns o considerem.
Fomos desde sempre um povo emigrante, contudo a emigração hoje é diferente. Emigram aqueles que ambicionando um futuro risonho,fazendo com ou sem sacrificios os cursos de vocação, se veêm com diplomas e conhecimentos que ninguem aproveita ou deixam hoje empresas que valorizaram com os seus estagios e onde sabem que fazem falta, mas que se argumenta não ter dinheiro para continuar a pagar.
Aqueles que não têm um apelido sonante ou um patrono influente, estarão amanhã a caminho de um país consciente e deixarão para tras toda uma vida, familia e amigos.

ERA UMA VEZ disse...

Olá Helena

Tenho duas jovens sobrinhas, uma formada em Design, outra em Engenharia do Ambiente que no seu conjunto já passaram por Barcelona, Atenas, Amesterdão e em breve Londres.
Têm entre 25 e 32 anos,uma a trabalhar e a fazer mestrado, a outra a trabalhar e a fazer doutoramento.
Tenho por estas meninas o maior carinho e um orgulho a roçar aquele que tenho pelos meus "filhotes".

Ambas têm ideias, são humildes, trabalhadoras,lindas, criativas, inovadoras.

Também acho que ficarão por lá, onde as apreciam e lhes oferecem oportunidades.

Conheço-as bem. Sei que era aqui que gostavam de exercer as suas competências. Perto dos seus. Com o mar, a montanha e o sol abundante da nossa terra.E no entanto, também eu lhes digo quando as abraço: Força miúdas! Vocês são cidadãs do mundo.

Mas aqui para nós, Helena, gostaria de as ver felizes,pessoal e profissionalmente, aqui pertinho de nós.
Quantas famílias terão investido nos seus filhotes para os ver partir para longe?
A coisa não é nova...e sempre terá sido muito sofrida.
Desta vez, também os mais qualificados.

Será que este País tão original, será capaz de fazer omeletes sem ovos???
Ou será que quem decide vai fazer desta a sua primeiríssima prioridade?
OXALÁ.

tempus fugit à pressa disse...

se não há cá empresas que os segurem

ou o trabalho que cá fazem

seja melhor remunerado algures

E sempre podem aprender línguas disse...

em 1000.000 de alunos é só 1% ao ano

e é bom verem novas realidades

Anónimo disse...

Olá,
leio assiduamente o seu blogue. Encontro em si um misto equilibrado de qualidades que aprecio numa Mulher. Também ando a pensar sair. Acabei o meu doutoramento. Quando vou apresentar comunicações no estrangeiro recebo elogios e convites e sempre declinei a favor deste país que sinto como parte de mim. Mas cheguei a um ponto que não aguento mais a mentalidade dos "velhos do restelo", dos que estão em posições decisórias (por carreiras que o permitiam) e acham que "as miúdas novas" são sempre "miúdas", às quais roubam ideia e trabalhos e travam muitas oportunidades. Fartei. É o país que temos! Por isso aprecio o governo: gente nova, mas com valor. Ou ainda não perceberam que contar tempo sem nada fazer não dá prestígio nem competência? A idade e a experiência trazem, sim, muitos aspectos necessários mas não esgotam em si o sentido da competência. Fiquem aí os velhos do restelo a segurar as suas capelinhas. Quando derem por si estão sós e as capelinahs vazias e sem valor!
Enfim....Bj

patricio branco disse...

a emigração voltou nos ultimos 5 ou 6 anos a aumentar em portugal, sobretudo (mas não tenho estatisticas concretas)para espanha e inglaterra.
na verdade, até os próprios imigrantes que vieram para aqui se estão a ir, algumas comunidades diminuiram drasticamente(ucranianos, de outros paises leste europeus).
as nossas condições são tão pouco atractivas que não existe para portugal o fenómeno da aventura africana em embarcações com destino às canarias e sul da espanha. noic