domingo, 22 de maio de 2011

O jogo da Glória


Quando eu era adolescente a Batalha Naval e o Jogo da Glória eram duas grandes diversões entre mim e o meu irmão mais velho.
Hoje decidi abrir a televisão, aturdida que fiquei com umas megafonadas no bairro onde vivo, a elogiarem uma certa esquerda. Foi uma comoção. Cada orador gritava mais que o anterior e, na balbúrdia dos gritos e maledicências, perguntei a mim própria se aquilo não era, afinal, a aplicação ao cenário político dos meus antigos jogos. Era. Com o inconveniente acrescido de fazer mal a adultos, velhos e crianças. Discute-se tudo, menos o país. É um péssimo exemplo aos mais novos e um dissuasor de compromissos. O que importa é quem ganha e quem perde. Nada mais.
Esta noite até vi o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa a explicar o sistema de vasos comunicantes dos nossos partidos, como se fosse um mero jogo da Glória. Quando tu avanças duas casas eu recuo uma e assim por diante. No fim ganha quem tiver mais sorte. Quando não há nada a dizer, até se compreende que tal aconteça...
Se os responsáveis se abstivessem destes espectáculos tristes que tanto dinheiro nos custam e nada nos esclarecem, era bem melhor para todos nós. Poupava-se muito e dava-se um bom exemplo!

HSC

8 comentários:

Marcolino Duarte Osorio disse...

Estimada Helena
O Prf. Marcelo Rebelo de Sousa, é a materialização dos incompetentes, isto é, palra muito, mas ao executar só faz asneirada. Coitado, ficou assim, depois do mergulho que deu, nas poluidas águas do Tagus River...
Resto de uma óptima semana!
Marcolino

Nilton Nunes disse...

Olá Helena!
Com este triste cenário, quem estiver com as suas dúvidas, com elas fica, continua-se a falar do passado, da música dum contra o outro, e a cartilha de sempre a mesma.
Soluções ...zero!
Concordo em pleno com o jogo da glória.
Esta coisa é mesmo um jogo.
Sei que nestes momentos deve ficar um pouco com os nervos á flor da pele!
Faça nos rir se poder....

Fada do bosque disse...

É um jogo e muito perigoso, aqui neste texto demonstra porquê... são interesses de um punhado de pessoas contra um País inteiro... claro que Marcelo Rebelo de Sousa quer o seu "naco":


«Na sua crónica de hoje no DN, Ferreira Fernandes retoma a questão, recentemente tão badalada, de 20 x portugueses x 20 ocuparem lugares na administração de mais de 1.000 empresas. Fica aqui na íntegra, porque é curta, e remeto para o meu comentário final.

Os 20 que nos têm cativos

Sim, também se aprende em eleições. Já a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários revelara no relatório anual sobre as sociedades cotadas (mas quem lê relatórios da Bolsa?), mas foi Francisco Louçã que disse em campanha: 20 administradores acumulam lugares nas administrações de mais de mil empresas portuguesas! Os discursos eleitorais sendo como os almoços, nunca grátis, Louçã puxou a coisa para o efeito imediato: um desses administradores omnipresentes ganhava 2,5 milhões de euros por ano. Ora esse é talvez o aspecto menos interessante do facto extraordinário de haver 20 pessoas com presença, cada uma, em 50 conselhos de administração. Aliás, alguns até estão em cargos não remunerados - e isso sublinha todo o sentido daquela bizarria. Os 20 tipos espalhados por mil empresas não estão lá para as gerir, estão lá para influenciar. Noutros negócios - máfia, maçonarias, Opus Dei (ou se quiserem ser românticos, dez estudantes finalistas brilhantes que fazem um pacto secreto para dirigir o País ao fim de uma dúzia de anos...) -, noutros negócios similares há a construção de um polvo, com estatutos mais ou menos secretos e uma vontade de organização. Mas os nossos "20 em mil" não são filhos de um complô - eles existem porque a nossa economia (centralizada e sem rasgo) respira naturalmente esta distribuição de poucos por quase tudo que dê dinheiro a sério. É assim porque é assim. E não vai deixar de ser assim.
(O realce é meu.)

Os factos são conhecidos e não voltaria a eles não fosse o «remate» do texto de FF - perfeito se for declaração de puro cinismo, terrível se tomado à letra. Porque se acreditamos mesmo que isto nunca «deixará de ser assim», que nada mais há a esperar destes europeus esburacados e agoirentos que somos, mais vale levantarmos os euros que ainda temos no banco e zarparmos com a família para um local remoto, se possível em terras férteis e com clima razoável, asilados de preferência junto de uma qualquer tribo de linguajar para nós desconhecido. » Joana Lopes.
Como não consegui aceder ao ano de 2011 da CMVM, vai aqui um link, onde aparece outro que vai dar ao link do relatório onde estão mencionadas as empresas em questão:
Link para o relatório. 3º comentário.

Anónimo disse...

Para além da Batalha Naval e do Jogo da Glória, acrescento o meu sempre "adorado" Monopólio... que deve estar a aguardar por uma actualização da troika.

Isabel BP

Anónimo disse...

Excelente comentário este último de Fada do Bosque!
P.Rufino

DL disse...

Cara HSC,

20 administradores acumulam lugares nos conselhos de administração de mil empresas (comentário "Fada do Bosque" a quem agradeço o link para o relatório da CMVM). Eis o verdadeiro jogo da glória. Se não é um complot, é uma verdadeira rede de influência, muito reservada. O mesmo relatório revela: só 25% dos gestores ocupam cargos em apenas uma empresa. Este ambiente de negócios não é saudável.

Fada do bosque disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fada do bosque disse...
Este comentário foi removido pelo autor.