quarta-feira, 2 de março de 2011

A sexualidade das portuguesas

Não. Não comecem já a rir. Depois de quase dois anos a falar de Portugal, um dia teria de acontecer falar de sexo. E o tema veio através de um comentário da minha querida amiga virtual Julia Macias - Valet, ao meu post anterior. Prometi-lhe que abordaria a matéria. É a altura.
Num programa de rádio - "Conversas de Raparigas" - de Rita Ferro, Ana Coelho e Rita Matos, a primeira terá duvidado dos resultados de um estudo que revelava ser elevado o grau de satisfação sexual das portuguesas. Porque, dizia ela, "como é que se pode medir a satisfação? Provavelmente, a D. Alzira de Vila Nova de Poiares tem relações uma vez por semana ou por mês e considera isso satisfatório".
A frase, fatal como o destino, deu origem a um artigo intitulado "Luta de classes" em que o autor - sim, um homem - servindo-se de textos literários clássicos, faz uma análise engraçadíssima da questão. Pronto, em resumo, foi isto. Os pormenores estão no post anterior.
Vamos nós, então, ao assunto.
1.Isto de medir a satisfação sexual por inquérito/sondagem, deixa-me sempre imensas dúvidas. Porque há a "tendência gabarola" e o seu oposto a "tendência metafísica", para não falar já de "orgasmos múltiplos versus orgasmos únicos", ou mesmo, versus orgasmos "a ver navios".
2.Por outro lado, a medição pelo sistema quantitativo também não leva a lado nenhum. Porque, um fim de semana "empenhado" pode satisfazer muito mais do que cinco dias úteis apressados.
3. A idade, a instrução, ou a localização geográfica, são factores que alteram comportamentos e por isso não devem ser misturados.
4. Não conheço o estudo. Mas conheço pessoas sexualmente felizes com 18 ou 70 anos. E o contrário também
5. O sexo não depende só de um. Ou pode até depender. Mas refiro-me aqui ao dueto tradicional de géneros opostos. Há mulheres que funcionam bem com uns parceiros e mal com outros.

Estes são alguns tópicos que, julgo, merecem ponderação. Prometo que voltarei ao assunto, pese embora não seja sexóloga. Apenas praticante. Mas, do meu ponto de vista, sexo é sedução, erotismo, liberdade. Sobretudo, liberdade. Até, de lhe dizer não. Apesar de ser uma pena!

HSC

18 comentários:

Fada do bosque disse...

Ahahahhahah!!! Traaaapta!!! tiro na mouche!!! ahahahahahahaha e mai nada!!!!:)))

Anónimo disse...

Grande post para desanuviar a meio da semana... Quando à promessa que voltará ao assunto, estou já a pedir bis, bis, bis!!!

Apenas quero manifestar a minha solidariedade à "D. Alzira de Vila Nova de Poiares" e desejar que o "Zé dos Anzóis" passe a dar-lhe mais atenção.

Isabel BP

Varredora Profissional disse...

Só gostava de um dia conseguir alcançar um bocadinho da sua tamanha lucidez, coerência, inteligência, sensatez, perspicácia.... Como gostava de ter sido sua aluna.

Fada do bosque disse...

Apesar de achar que isto é extensível a toda a humanidade e não só às portuguesas... e realmente a Varredora Profissional tem toda a razão... que me dera ter sido sua aluna! Quanto ao humor da Helena é impagável e único... faz bem à alma! :)

carolina disse...

D. Helena, aqui está um post, delicioso e que nos remete para um lugar mágico, solarengo, quentinho e doce onde eu gosto de me encontrar, que como disse é também um espaço de Liberdade e saúde. Também eu desconfio muito destes estudos que mais parecem retratos onde todos se arranjam para ficar bem, por outro lado observando como observo as pessoas e o mundo real à minha volta, talvez seja prudente analisar os resultados por outro prisma “ a maior parte das mulheres portuguesas estão satisfeitas se os maridos não as aborrecerem (palavras das próprias) o que tendo em conta a quantidade de antidepressivos que se vendem e o mau humor com que nos deparamos diariamente só pode ser, sermos um país de sexólogos não praticantes… será?? o que eu acredito mesmo é que os resultados desse tal estudo deve ser lido: a maioria das mulheres portugueses estão satisfeitíssimas com a sua falta de sexo….veja-se a quantidade de homens que dizem: a minha mulher não gosta , penso eu que, sem quererem admitir nem uns nem outros que elas não gostam de sexo com eles…ah… é tema para muitos estudos…

Julia Macias-Valet disse...

Ora aqui esta porque nunca consegui gostar das "cadeiras" de Estatistica e de Analise Multivariada...é chatérrimo analisar/interpretar os dados das sondagens.

Piorou ainda mais depois de ter passado pela Quantum (Nielsen) e de ter a sensaçao que passava os dias a jogar ao Totoloto.

E depois, na vida o que é que é importante o Qualitativo ou o Quantitativo ?

- Nao sei/ Nao respondo...LOL

margarida disse...

A rir se dizem coisas sérias.
Não só as portuguesas, mas as mulheres, vivem uma sexualidade que muito tem ainda a descobrir e desenvolver-se.
Pouco se fala, muito se desconhece. Mesmo que não falte informação.
O cerne de tudo reside no inquestionável ponto de todas as letras do alfabeto que é o saber-se, além da intimidade.
E conhecer-se, conhecer também o companheiro, conhecer o universo entre ambos e ao redor de si é uma viagem longa e cheia de surpresas, nem todas boas.
Uma viagem quase permanente.
Rir para não chorar, tantas vezes.
Mentir ao mundo como a si mesma.
E omitir.
Porque o hábito sempre fez a monja.

Unknown disse...

Helena estou totalmente de acordo sexo é isso tudo o que diz e muito mais,só á uma coisa que não entendo o porquê do tabu os portugueses ainda fazem um bicho de sete cabeças ainda quando se fala de sexo o que eu acho que é normal e é uma coisa normal ainda á muitos mulheres e homens a fazerem do sexo um tabu.

Fada do bosque disse...

Aqui tenho de interferir e dizer que a Margarida tem muita razão.
Eu penso que tanto o sexo como o amor, pois considero-os indissociáveis... (na minha perspectiva), são como um jardim... quanto mais nos dedicamos, mais alegre e frondoso cresce, luta constante contra as ervas daninhas. Ao fim de uns anos e se bem cultivado, nem um nem outro terão razão de queixa e deliciar-se-ão, com o jardim belo e frondoso que lhes saiu das mãos e das palavras de afecto. A cumplicidade destrói o hábito que faz a monja... e o monje. Desculpem as metáforas.
Quanto a estatísticas para algo tão íntimo e subjectivo, só um áparte... haja paciência!

Anónimo disse...

Oh Ouro Sobre Azul...

oh! Equidade nas necessidades humanas básicas...

oh! explosão de sensibilidades...

comecemos pelos preliminares, são tão indivisíveis...cada caso é um caso...

exemplo transmontano que é o que eu mais conheço, sem generalizações simplórias...

O marido enceta os Bons dias com um põe-te a pé sua "Animal pasmado de grande porte rumina e baba-se"

O cumprimento da tarde olha prá i sua animal cebado todo reco...and so on ...

À noite despacha-te sua ovelha dolly, bem para não dizer outra coisa, quero ir para a cama...

E no fim, lembrou-se agora da leveza das pombas...

não há quem aguente...

Preferia de facto morrer virgem...
Ser solteira ...
Ser a outra, não!!!, sou burra...
Lá por ser transmontana...


claro !indiscutivelmente ser Bielorrussa...

Agora claro nesse contexto a satisfação é a doce abstinência...

Pudera...
Isabel Seixas

Bem passei para dizer que há coisas do diabo, ontem era para passar por aqui e de repente num insight, dá-me para ligar a Tv e ...

TA ta ta tam...

A sra. divinal com um dos homens mais interessantes do País, e Aquela camisola ... os lacinhos ... brancos... Meu Deus divinais...

Empresta-ma?... Quando se encher dela

Helena Sacadura Cabral disse...

Isabel minha querida tínhamos combinado que só havia entre nós um tratamento: Helena e Isabel. Se não passo a tratá-la por Mestre.

Bjoca

PS Para se rir: aquela camisola f
de lacinhos é parisiense e tem 25 anos....

margarida disse...

Ó deuses, já me mencionaram hoje o programa...!Não vi!
:(
Nem se ligou a TV ontem!
Mas não houve uma alma que se tivesse lembrado de me alertar?
Obrigadinha, amigas...
:(
snif...

Marcolino Duarte Osorio disse...

Drª. Helena,
Sexo sem rótulos, sexo sem a tal bandeira do pecado, das instituições religiosas, sexo sem as aberrantes diferenças, entre mulheres e homens, seria o ideal, mas como fomos educados pelas deformações tradicionais, de um antigamente ainda bem presente, há que erguer uma bandeira de corte, com tais aberrações ancestrais.
Sexo não se discute, sexo usufrui-se, com todo o prazer que ele sempre nos deu...!
Cumprimentos
MO

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó maggie eu nem à família digo quando vou à televisão...
Deixe lá que para o fim do mês já vai poder gravar-me, porque por uns tempos irei voltar!

margarida disse...

Oh, mas isso não era 'ir à televisão', era "estar (ali) com o Nico"; claro que entendo, mas fiquei com pena, caracoles...

Anónimo disse...

Bem mas não dispersemos...

Até porque aproveitemos a onda Carnaval nada fica mal...

Os meus Pais na pensão alugavam quartos, a mim tocava-me arrumar um de um senhor que trabalhava cá em Chaves...Um dia atentando nas recomendações espana bem os lençóis, reparei que saia por baixo do colchão tipo rabo de gato escondido o que parecia ser uma revista... Vai daí,Meu Deus , meus ricos treze anos , nunca mais ficou ingenuidade sobre ingenuidade fiquei encantada, nunca tinha pensado em tanta biodiversidade e tantas brincadeiras possíveis... Contei logo à minha amiga coisa e à coisa e à outra coisa, e não havia quarto mais bem cuidado naquela casa.

Também nunca me fiz de novo, nem disse que era puritana pois não?...

Agora que de facto havia arte oh! se havia... naquelas revistas tipo fotonovela essas não sei se eram corin telado nessa altura ainda não estava vocacionada para ver as referências bibliográficas, mas quantas imagens de eduçação sexual em qualquer perfil e sem discriminação de áreas corporais...

só queria que vissem...Pi... Pi...

E sempre que passámos pelo senhor eu e as minhas amigas...Ó coisas, até nos benzíamos, quem diria com aquela carinha de santo casado com filhos, e nós a pensar que nos seus cinquenta já estaria arrumado/embalsamado, sim senhor, bonito...

Ficamos foi sem saber se aquela formação pós graduada seria para operacionalizar em casa com a esposa divina...Vá-se lá Saber...
Oh que chegamos...
E depois as mulheres é que são...
Faltava essa...

Isabel seixas

De qualquer forma a sexualidade só pode ser tratada em lugares livres de pessoas de si livres e respeitadoras, sem idade...
É::: a vida.

Bjo com admiração
Quando for grande também quero...
Ser... Pelo menos aceite...

Nem que seja pelo insustentável Peso de só ser...

Filoxera disse...

Concordo em absoulto com as suas conclusões :-)
E com as frases com que remata o post, claro.

Helena Oneto disse...

Querida Helena,
Excelente abordagem tanto na forma como no conteudo!