quinta-feira, 10 de março de 2011

O discurso

Alguém esperaria do Presidente, neste segundo mandato - e no estado em que o Estado se encontra -, na sua nova tomada de posse, um discurso de optimismo? Eu não esperava.
E se ele tivesse surgido teria tido muitas e justificadas dúvidas. Porque uma coisa é o que nós precisamos de ouvir. Ou gostaríamos que ele dissesse. Outra coisa é o que o Prof. Cavaco Silva é capaz de nos dizer.
O Professor é um técnico experiente que já deu provas do seu saber. Mas não é um tribuno. Nem sequer um político consensual. Ele vê a política não como um fim, mas sim e só, como um instrumento que deve servir a Economia nacional.
Não se lhe pode pedir que seja um estratega como foi - é - Mário Soares. Mas este, em compensação, de Finanças, percebe seguramente muito pouco. Entre os dois géneros, tivemos o General Ramalho Eanes, um militar.
O discurso da posse foi uma antecipação de um semi-presidencialismo que pode estar na calha. Ou a antecipação de algo semelhante ao que fez Jorge Sampaio. Goste-se ou não do estilo, o aviso está feito. Veremos o que se segue...

HSC

12 comentários:

Marcolino Duarte Osorio disse...

Bom dia, Drª Helena,
Obrigado por esta verdadeira lição de politica que, vinda de si, nos esclarece com isenção...!
Cumprimentos
MO

Anónimo disse...

O discurso foi realista, só não gostaram os que estão convencidos que são compatriotas da "Alice no País das Maravilhas".

Aliás, todos os anteriores Presidentes da República tiveram um segundo mandato mais interventivo, próprio de quem não está a "jogar" com o politicamente correcto para ser reeleito.

Os países mais desenvolvidos são os que têm uma opinião pública forte... por cá, somos os eternos condescendentes.

Isabel BP

Anónimo disse...

O discurso foi um bom discurso. Foi uma lição de Finanças Públicas? Também, e que o governo tenha tomado bons apontamentos! Afinal, o nosso principal problema é financeiro, é económico. Os portugueses só vão precisar de discursos de incentivo, quando, de uma vez por todas, perceberem a gravidade da situação. Muitos já a sentem na pele, mas pelo menos 30% (a confiar nas sondagens), ainda não sentiram, ou não interiorizaram patrioticamnete o que está a acontecer de calamitoso no país. Porque, por ora, parte deles precisa de ouvir ad aeternum o que realmente se passa. E não me venham dizer que Cavaco enquanto 1ºMinistro nunca se preocupou com questões sociais ou com os jovens. Mentira! Contudo, havia primeiro que construir a casa (ainda nem sequer havia auto-estrada Lisboa-Porto, a inflação encontrava-se acima dos 10%, os juros acima dos vinte por cento, mas o desemprego abaixo do 5% e inferior nas camadas mais jovens que encontravam sempre emprego), pôr fim aos governos curtos, de legislaturas incompletas, mudar a Constituição, reformar a obsoleta máquina fiscal (já ninguém se lembra do ridículo Imposto das Transações?) e por aí fora. Havia tanto, mas tanto por fazer...! Guterres malbaratou a herança, Barroso, O Vaidoso, fugiu; Santana foi aceleradamente incompetente. E foi neste contexto que surgiu o maior vendedor de fantasias e quem verdadeiramente hipotecou com elas todo o nosso futuro: Sócrates, O Mitómano.
Às vezes, pergunto a mim próprio o que melhorou nos últimos 5 anos e, repetidamente, encontro a mesma resposta: nada, muito pelo contrário!

Anónimo disse...

Em aditamento ao meu comentário supra estenográfico: Não sou apreciador do "estilo Cavaco", odiei o clientelismo que se desenvolveu à volta dele no 3º mandato como 1ºMinistro, ie, "Cavaquismo", mas em democracia só se escolhe quem vai a votos. Àqueles que dizem porque razão o Presidente não fez este discurso antes, respondo: 1º) porque assumiu no primeiro mandato uma magistratura de cooperação estratégica com o governo (seja lá isso o que seja), dando sempre margem para o benefício da dúvida 2º) É fatal como o destino apresentar e aprovar um orçamento crível por ano (independentemente da sua execução). Neste segundo mandato teremos uma magistratura "activa ou actuante" e, lembrem-se, que tal como cumpriu a primeira, Cavaco irá cumprir a segunda...

The Mother of Mothra of ALL Bubbles disse...

O Professor é um técnico experiente que já deu provas do seu saber.

Poder-se-ia aplicar o mesmo a outro professor de antanho.

O discurso não foi nada de novo, apenas relembra o que não conseguiu fazer nos anos 90 e que se esqueceu de reafirmar quando voltou à política activa no século XXI.

Nomeadamente quanto sacrificou um dos seus ex-correligionários (Santana Lopes)para se distanciar de um navio que se afundava tão perto das eleições

Compreendo que a fé nos homens e nos deuses (e semi-deuses e semi-homens) não se discute

Mas acho que faltou um bocadinho de auto-crítica de um mea culpa
mas isso era pedir de mais

Lembro-me ainda quando Cavaco inaugurou projectos megalómanos como o da herdade do Brejão

Abateu a frota de pesca de Sines a Sesimbra

deixou cair a indústria pouco competitiva da Covilhã e do interior Norte canalizando incentivos a empresas que seriam a breve trecho becos sem saída

e promoveu a política do betão e da banca

e os grandes projectos pretensamente da agro-indústria

sem acautelar a manutenção das empresas agrícolas que a breve trecho vendiam o que podiam e deixavam dívidas

Logo acho que o nosso messias
Fez um discurso faz o que eu digo

Não faças o que eu fiz

Não que eu tenha qualquer ressabiamento pelos senhores professores Salazar ou Cavaco

ou Soares ou Engenheiros de Sócrates a Guterres

simplesmente...discursos cheios de nada
lembram-me um pouco os de Sampaio

Nesses ao menos ainda nos divertiamos a tentar decifrá-los

The Mother of Mothra of ALL Bubbles disse...

O protagonismo político ou outro e os discursos dizem-me tão pouco

como estas manifestações do estão-me a tirar o que ainda podia vir a ter

e de direitos adquiridos à custa de outros

ou seja fere-me um pouco
a auto-ilusão das élites

compreendo-a (a auto-ilusão)
é uma característica humana

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Pling a Lot
Não foi por acaso que no meu texto referi Sampaio...
É outro Presidente sobre o qual escrevi o post anterior.
"Para bom entendedor meia palavra basta", diz o ditado!
É que nenhum deles tinha auto ilusões. Apenas...ambições.

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu querido Paulo
Antes de terminar o seu segundo mandato de Presidente, algo vai acontecer. Tem alguma dúvida?!

Anónimo disse...

Nenuma, Amiga Helena. Mas o timing vai ser (bem ou mal) escolhido por Cavaco - por todas as razões que sabemos...

Anónimo disse...

E não deveria ter acontecido já? O discurso de tomada d eposse tem que ser consequente ou então são meras palavras.

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Benilde
Depois do discurso de hoje de PPCoelho tudo se vai precipitar.

Tá na laethanta saoire thart-Cruáil an tsaoil disse...

"Para bom entendedor meia palavra basta", diz o ditado!
Geralmente as meias palavras dos outros apenas fazem sentido para eles


É que nenhum deles tinha auto ilusões. Apenas...ambições.

e ambivalências?