sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma certa forma de paz

Antes de terminar o ano de 2010, para mim de má memória, não quero deixar de registar aqui uma palavra de ternura para um blogue que acaba de fechar. Temporariamente ou não. Não sabemos.
Trata-se do Criativemo-nos.blogspot. com cuja autora é Maggie Pereira. Desde que ando pela blogosfera, há cerca de ano e meio, a sua casa era de visita diária.
Bonito, inteligente, sensível, culto, romântico, este blogue proporcionou-me muitos momentos de satisfação pessoal. Por motivos vários, acabei por me corresponder com quem regularmente o alimentava. Que veio, confirmei-o, a revelar-se um exemplo vivo dos adjectivos que uso para o seu espaço.
Vai fazer-me alguma falta esta visita diária que lhe fazia. Só não uso "muita" porque espero continuar a ter as suas notícias.
Ela já avisara, há uns tempos, que tal poderia acontecer. São bons os motivos que a levam do mundo etéreo que usamos. Isso alegra-me. Bom 2011, amiga!

HSC

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pois, pois...

O ano de 2011, muito enervado, escreveu ao nosso Embaixador em França a pedir-lhe ajuda. Serviu-se para isso de uma carta que o nosso distinto diplomata se limitou a transcrever, sem qualquer comentário, no seu blogue e na qual se lamenta amargamente de andar a ser vilipendiado, pese embora o facto de ainda nem sequer ter começado.
Pois eu digo aqui, branco no preto - salvo seja, ainda vão chamar-me racista -, que 2011 tem grande descaramento. E costas largas.
De facto, se ainda não tomou posse, é porque gosta de estar aqui na Europa onde tudo se faz devagar, au ralenti. Se quer fazer vista antes de tempo, vá para os países onde começa mais cedo e julga que é melhor tratado. Espere pela pancada...
Esquece que se é tão mal afamado aqui, é por culpa do seu antecessor, o 2010, que o não avisou dos estragos que lhe fizeram três dos amigos comuns que o andam a difamar. Nomeadamente as previsões, as agências de rating e a política de alguns senhores com quem gosta de se mostrar. Que até vão para fora, para o estrangeiro, onde ele se estreia mais cedo!
"Diz-me com quem andas, dir-te-ei as manhas que tens" é adágio dessa terra onde ele pisa amanhã e de que tanto se queixa. Espere por 2012 e vai ver como lhe apertam os sapatos.
Nessa altura ninguém se vai esquecer da carta que o maroto escreveu ao diplomata abusando da sua conhecida educação. Mas prepare-se, porque de otimistas está o governo cheio... e os portugueses não são de vinganças mas fazem-nas pelas mansas. Olá, se fazem!

HSC

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Martha Medeiros

A Morte Devagar

"Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante.
Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia.
Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar."

Este texto foi citado, com admiração, por Isabel Seixas, num comentário feito a um post do nosso Embaixador em França, no seu blogue (duas-ou-tres-blogspot.com).
Martha Medeiros é brasileira, vai fazer 50 anos, é jornalista, escritora e poeta/poetisa. Tem uma dezena de livros publicados e colabora regularmente no jornal Zero Hora de Porto Alegre e no O Globo de S. Paulo.
Só recentemente a descobri. Mas neste fim de ano de balanços, nada melhor que dar voz a quem de forma tão inteligente acaba por falar da vida!

HSC

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Apelo?!

Só nos faltava mesmo esta para termos a ideia da consternação que grassa pelas mentes dos responsáveis do mundo europeu.
O Presidente da Comissão Europeia, português dos quatro costados e de nome Durão Barroso, anda incomodado com o falatório dos seus pares. Farto, "apela aos líderes políticos para estarem mais calados e deixarem os comentários para os comentadores e perceberem que os mercados financeiros estão a ouvir".
Por acaso esta declaração foi pronunciada na mesma altura em que o ministro das Finanças da Eslováquia, numa entrevista a um jornal, considerava que Portugal e Grécia estariam melhor fora da zona euro, para a qual, considerou, as suas economias não estavam ainda preparadas.
Confesso que tive que ler a notícia duas vezes. Depois de Durão mandar calar governantes, agora até um senhor de nome Ivan Miklos, que governa as finanças do seu país, se permite dar opiniões públicas sobre o modo como nós, seus parceiros, devemos ser conduzidos!
O mundo não anda bem. Os políticos, pior um pouco.
E ainda se admiram do rei Juan Carlos ter mandado calar o ditador Chavez!

HSC

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dez coisas que não devem mudar...

Não li, mas dizem-me que veio publicado no Expresso, num artigo do Embaixador do Reino Unido em Portugal, nesta época, e em vésperas de voltar ao seu país. Basicamente o diplomata salienta dez aspectos nacionais que, espera, não mudem nunca. A saber:
1- A comunicação inter gerações e a influência dos avós no seio da família;
2- A importância da comida na vida diária. Os portugueses, mesmo não almoçando em casa, não se limitam a ingerir sandes. Têm gosto de tomar a refeição à mesa e fazê-lo em companhia;
3- A variedade da paisagem do Minho ao Algarve;
4- A tolerância. Portugal é considerado pelo estudo internacional MIPEX como um dos países mais acolhedores para os emigrantes estrangeiros que o procuram;
5- O café e os cafés servidos em locais simples e acolhedores. Quando tomados com um pastel de nata morno são um prazer inesquecível;
6- A inocência tão bem traduzida nas nossas danças folclóricas regionais;
7- O espírito de independência que surpreende quando se olha o mapa ibérico;
8- As mulheres. Conselho precioso "se quiser uma tarefa bem feita entregue-a, neste país, a uma mulher". Conselho seguido pelo Embaixador que casou com uma portuguesa!
9- A curiosidade. A influência do "de lá" é marcante no "cá";
10- O dinheiro não é, entre nós, o mais importante. Sair da praia num fim de tarde e jantar um peixe grelhado com um bom vinho, entre amigos, não tem preço para os portugueses.
Bem haja o Senhor Embaixador pela simpatia revelada!

HSC

O olhar dos outros

Veja o vídeo para que remete este link. Vale a pena. Escolha a língua em que quer as legendas se não domina bem o inglês.

http://www.ted.com/talks/lang/eng/benjamin_zander_on_music_and_passion.html

Retirei-o do blogue da minha querida amiga Rita Ferro. Ela referencia-o como o poder de comunicar. A mim soa-me mais a fascínio de viver. De quem sabe ensinar, com alegria, o que é importante na nossa vida. Porém, seja qual fôr a óptica pela qual ele seja visto e ouvido, não há dúvida de que constitui um belo tema de meditação neste fim de ano que se aproxima. De facto, fazer do brilho do olhar dos outros um objectivo do nosso trabalho é algo de notável. E este vídeo mostra-o de uma forma exemplar!

HSC

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Já falta pouco!

Depois de andar como uma barata tonta de entrevista para entrevista, de sessões de autógrafos para sessões de autógrafos, terminei ontem, em família, no programa do João Paulo Sacadura, "A livraria Ideal", a conversar sobre os quatro livros que publiquei no último semestre deste ano. Foi algo sereno, tranquilo e acolhedor.
A seguir, fui a correr para o juri da revista Lux que, desde que saíu, criou esta espécie de prémio para quem se destacou nos vários sectores da vida nacional. A discussão correu bem e, de forma democrática, tentámos ser justos.
Hoje é, finalmente, o primeiro dos ultimos dias de Dezembro em que me preparo para desaparecer. O resto da família já saiu. Só falto eu.
No dia 1 de Janeiro acabará este 2010 de má memória...Mas no qual tomei uma decisão: tentar deixar de passar recibos verdes! Nem mais. Este ano trabalhei sete meses para o Estado e cinco para mim. Acabou. É uma violência a tributação do trabalho a que estamos sujeitos.
Vou voltar às explicações aos meninos maus das famílias boas e, quem sabe, a fazer petiscos para fora. Os amigos riem-se. E eu rio-me deles, porque as crises só se vencem com imaginação. E essa, felizmente, não me falta. Logo, vou entrar no velho sistem da troca directa de serviços e fazer frente a esse 2011 que se avizinha desagradável.
A todos os que me lêem um Natal caloroso e uma ceia agradável! E, provavelmente, até para o ano!

HSC

Uma má e outra boa...


A má notícia - se lhe dermos real valor - é que a Agência Fitch baixou hoje a notação de Portugal de AA- para A+, devido às dificuldades acrescidas de financiamento que o país continua a encontrar. Nada, porém, a que não estejamos já habituados...
A boa notícia é a de que, pelo terceiro mês consecutivo, o valor pedido pelos bancos portugueses ao BCE tem, de acordo com os dados do Banco de Portugal, vindo a decrescer. E, simultâneamente, tais operações de obtenção de liquidez têm vindo a perder peso, representando actualmente apenas 8,6% do total do financiamento.
Em contraponto, felizmente, os depósitos das famílias portuguesas estão a aumentar, o que pode significar que a ideia de poupança começa, por fim, a tomar importância nalguns estratos da sociedade portuguesa.

HSC

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Agora são só cinquenta...

O governo já não sabe que mais fazer para nos adormecer. Começou pela história da Carochinha, passou pela da Cigarra e da Formiga e contou vezes sem conta a do Lobo Mau, vulgo Capuchinho Vermelho.
Agora a última inventona é a das cinquuenta medidas. Trata-se de uma espécie de fábula para mostrar a Bruxelas, às agencias de rating e à oposição. Com que fim? Acredita-se que seja para os encantar. Todavia ninguém sabe como, nem com que meios. E, claro, todos duvidam que as mesmas tenham mais exequibilidade do que as lendas para crianças. Logo, nem fogo de artifício, esta gente consegue com elas...
A história real é que a despesa continua a crescer - sem qualquer respeito pelas declarações anteriormente assumidas pela dupla Socrates/ Teixeira dos Santos -, a oposição debita discursos de circunstância, o PSD que já é parte da governação, assobia para o lado e os portugueses nem percebem o que lhes está a acontecer.
Acresce que as presidenciais, essas, ninguem dá por elas. Eu, pessoalmente, nem me lembro que há debates. Será que há?!
De facto, até 23 de Janeiro, o PM até pode arranjar mais outras cinquenta medidas, que nos ponham como a bela Adormecida. Porque esta era, de facto, a história que nos faltava, depois da do Ali Babá e os quarenta ladrões...

HSC

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

As injecções

Não, não se trata de vacinas ou antibióticos. Nada disso. Trata-se das injecções financeiras do governo no BPN. Ainda estou meia aparvalhada com o que li e ouvi. Nem sei se terei compreendido bem.
Então não é que se anuncia que foi decidido "injectar" mais 500 milhões de euros de fundos públicos naquele banco, através de um aumento de capital para "limpar a situação líquida negativa"?! Pois é, parece, verdade.
E, como ninguém quis pegar no banco quando ele foi posto à venda, depois de ter sido comprado pelo Estado, a solução agora encontrada é a de mais uma injecção. Mas não só.
Como o BPN deve à CGDepósitos 4,8 mil milhões de euros - não falando já dos 3 mil milhões de depósitos -, a proposta do governo passa por autonomizar as duas instituições. O que significa, na prática, ficar com dois bancos públicos. Diz-se que a solução visa preservar 1800 empregos...
Claro que os activos tóxicos da instituição - um bico de obra - , cifrados em 1,9 mil milhões de euros, continuam num "veículo" externo à dita, não tendo eu, até agora, percebido o que se lhes vai fazer. De certo, também falha minha, que desde o início desta telenovela, não consigo entender bem o alcance das sucessivas medidas que têm sido tomadas.
Mas, já agora, gostava francamente de saber o que pensam da proposta as entidades reguladoras, ou seja, o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Aguarda-se para ver...
HSC

domingo, 19 de dezembro de 2010

Coitado!

Estas eram as empolgantes afirmações de Sócrates, há dez anos, numa entrevista concedida ao DNa. Numa rigorosa previsão do que poderia ser a vida de um PM em Portugal, o então jovem prometedor socialista renegava o seu actual retrato. Que, posteriormente, a História confirmou.
Lembrei-me disto porque um dos meus infantes também disse, com 18 anos, algo de parecido. Estou, assim, à vontade para me rir. Deles. Das promessas. Dos políticos. E de nós, que, graças a Deus, não acreditamos.
Talvez seja por este tipo de afirmações - totalmente desnecessárias -, que o exercício do poder me interessa tão pouco. E que, julgo, terão levado muitos portugueses à abstenção. A qual, ou me engano muito, ou será a vencedora das próximas eleições presidenciais. Das que se seguirão, será apenas uma questão de curto espaço de tempo!

HSC

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Os gastos de Natal

Confesso que é difícil compreender. Leio, no Jornal de Notícias, que os portugueses movimentaram 2,5 mil milhões de euros. De compras foram 1,3 mil milhões e de levantamentos multibanco o resto, ou seja, 1,2 mil milhões.
Parece que estes números, ligados ao subsídio de Natal, para além das aquisições da época, também serão reveladores de uma antecipação de compras de produtos que, em 2011, ficarão mais caros devido ao aumento do IVA.
De facto, parte significativa dos portugueses empregados parece não ter ainda interiorizado que a crise já existe e não vai apenas começar em 2011. Mas disso o governo tem bastante culpa.
O que estes gastos representam é a falta de preparação das famílias portuguesas, para as quais o cartão de crédito acaba sempre resolvendo parte dos seus problemas e constituindo um dos grandes multiplicadores do seu profundo endividamento.
Talvez no próximo ano as televisões percebam, enfim, a urgente necessidade de ter programas simples, acessíveis a todos, que ensinem os agregados familiares a poupar e a gerir o seu rendimento!
HSC

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eles não vêm cá passear...

Sabe-se que estarão em Portugal técnicos do FMI. Ao que consta, já aqui terão vindo duas missões. Se não sou pessoa que defenda que sejam os outros a governar-nos - embora parte substancial dessa governação já resida em Bruxelas -, também não pertenço ao grupo que defende que a vinda do FMI é o desaparecimento do país.
Atravessei, no Banco de Portugal, dois desses momentos. Sei como foram duros. Mas também sei, infelizmente, que os portugueses aceitam melhor o que lhes é imposto de fora do que aquilo que lhes é imposto de dentro...
Se aqueles especialistas cá estão, por alguma razão é. Não me parece que venham em missão de lazer. Creio que terão vindo, por enquanto, em missão de aconselhamento. Ou para preparar o terreno para medidas necessárias, mas ainda não tornadas públicas.
No fundo, é uma espécie de prenda de Natal, este compasso de espera, até que fiquemos a saber o que na realidade está a ser preparado. Oxalá seja só isto!

HSC

Um exemplo!!!



Apesar de ser Dezembro, hoje, o meu infante mais velho fez-me chorar de alegria com uma simples mensagem que dizia "limpo". São os primeiros exames depois da quimio violenta a que foi submetido e que aguentou como um leão, sem um queixume.
Andava com o coração apertado. Agora, estalou de alegria. Pode, de facto, chorar-se de satisfação! E, como nada acontece por acaso, ontem um dos meus queridos comentadores havia-me enviado um mail com o vídeo acima. Que me deu ânimo e me apetece partilhar convosco . Obrigada, amigo P. Rufino!
Olhem-no bem, ouçam e meditem. É uma lição de como tudo na vida deve ser relativizado. Perante exemplos destes que importância podiam ter as minhas angústias?!

HSC

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Quatrocentos e um!

Quem diria? Esta vossa blogueira atingiu os 401 leitores fiéis!
Quando, em Janeiro de 2009 iniciei esta aventura, estava bem longe de supor que, alguma vez, aqui chegaria. Mas, como as formiguinhas, lá fui, disciplinadamente, escrevendo e arrecadando leitores. Chego, assim, dois anos passados - registei o Fio de Prumo em 2007, apenas para preservar o nome da coluna que durante anos mantive no Diário de Notícias -, a este expressivo número. Mentiria se não dissesse que sinto algum orgulho. Porque aqui só funciona o boca a boca ou o acaso. E, claro, a publicidade que alguns dos meus leitores fazem nos seus blogues a meu respeito. A todos os 401 que me manifestaram o seu apreço - concordando ou não comigo - fica a expressão do meu reconhecimento. E da minha alegria, num mês em que tudo me parece cinzento. Bem hajam todos!

HSC

domingo, 12 de dezembro de 2010

Ele há infortúnios...


Já vão perceber a razão deste título. Primeiro, preciso de explicar que andava há cerca de três meses com uns estranhos avisos no meu PC, que não obedecia de imediato às minhas ordens. Ora eu que antes tinha medo desta máquina e me sujeitava aos seus caprichos, agora, com a idade virei atrevida e tento dar-lhe a volta quando não sou obedecida. Resultado, devo ter, numa destas ousadas intervenções, feito com que a dita se revoltasse. E "como o equipamento tem sempre razão" eu andava sem saber o que lhe havia de fazer.
Por outro lado, uma desgraça nunca vem só. O meu telemóvel estava com a bateria em permanente desfalecimento. Quando pretendi substituí-la, tive a ingrata informação de que a Motorola em Portugal havia falido. Logo, teria que mudar de marca.
Todos me queriam impingir umas "coisas" que funcionam por festinhas no ecrã, com um nome bizarro de touch qualquer coisa. Inclusivé o meu filho mais velho que tem a mania de se mostrar muito tecnológico. O outro, ao contrário é um tecno-excluído e vive na era da pedra lascada, a escrever a caneta de feltro. Cada um tem as suas magníficas"taras", e gozam-se mutuamente por isso! Declarei que detesto simbolos exteriores de modernidade ou de luxo - piada para o Miguel - e que o telelé é para fazer e receber chamadas e mensagens.
Chegada a uma loja, a pulposa vendedora insistia para que levasse um Blackberry ou algo semelhante. Esclarecia-a que era eu quem pagava as minhas contas e não uma empresa pública com jobs para os boys e a girls a falarem à nossa custa. Ela insistia e eu, já irritada, deixei-a.
Finalmente, alguem que gosta de mim e que me entende, ofereceu-me um topo de gama da Nokia com ar discretíssimo.
Restava a aventura de passar de um para outro, uma agenda de 700 nomes. Parecia fácil. Ou bluetooth ou ligação ao PC. Contudo algo me dizia para ter cuidado que aquilo não era material para as minhas unhas. De facto!
Decidi, então, ser humilde e recorrer a um especialista que veio ontem a minha casa. Entrou eram 16 horas e saíu às 23horas. E tudo ficou quase na mesma, porque descobri que me haviam instalarado no PC, não o Office que eu havia comprado, mas um outro. Daí a minha dificuldade, pois sempre que nas actualizações ou alterações, me pediam a respectiva chave, a máquina recusava-a. Isto demorou a descobrir cerca de três horas...
Seguiu-se o telemóvel. Tentámos o bluetooth. Nada. Quedos e mudos, ambos. Passámos ao CD da falida Motorola para transferir os contactos. Terminada a operação tentámos enviá-los para o Nokia. Nicles. Niente. Nada. Incompatibilidade entre os dois ficheiros. Duas horas de tentativas. Vãs. Acabámos a transferir, por cartão, 180 nomes de cada vez. Tenebroso.
Quando julgámos que tudo estava pronto vimos, com surpresa, que um nome que tivesse dois ou três números aparecia na nova lista em duplicado ou triplicado. Desisti!
Agora tenho como filhos dois Paulos e três Migueis. Como ex-marido nem digo, porque é um número assustador. São só seis contactos...Felizmente que, para marido, a coisa é mais fácil e não há este infortúnio!

HSC

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lindo!

Deixem-me parilhar convosco esta pequena intimidade. Há três amigas que fazem anos no mesmo dia* - a Ana Maria Caetano, a Magy Oom e eu - e que, sempre que podem, celebram em conjunto essa data.
Este ano foi na casa da Ana, em Belas. Para não variar, mais uma vez, eu e acompanhantes nos perdemos no percurso. Todas as vezes que o fazemos à noite, dá nisto. Mas acabamos, sempre, por rir muito da nossa desorientação. Na terça feira foi pior para as damas cujos cabelos sofreram as consequências da chuva e do vento. Diacho, nem o clima se aguenta...
Envelhecer ao mesmo tempo traz uma particular bonomia a algo que, só quando somos pequenos, constitui matéria de excitação. É que fazer a festa em conjunto com familiares e amigos empresta à efeméride um calor muito especial.
O jantar estava opíparo e o serão foi animadíssimo com fados de Maria Ana Bobone e Rodrigo Rebelo de Andrade. Houve bolo e cantar de parabéns. As velas foram um pouco confusas porque, no conjunto, somávamos dois séculos...
Se falo nisto é porque a Ana, sendo filha de Marcelo Caetano não tem traumas e continua a ser a mesma que sempre conheci. Alguem que jamais esquece os amigos, seja qual for a sua orientação política ou a sua idade. O convívio de 7 de Dezembro mostrou-o amplamente, com as três gerações que, à sua volta, se juntaram.
Eu, como sempre, festejo novamente no dia seguinte, porque nasci aos três minutos da madrugada de 8 de Dezembro. De tarde estou com amigos e à noite com os filhos. Ontém o infante mais novo preparou-me uma surpresa. Linda.
Sou, mesmo, uma mulher de sorte!

HSC

* O Dr Mário Soares também nasceu no mesmo dia, mas não é nosso amigo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os excluídos!


Não. Não se trata dos excluídos no sentido usual. Ao contrário. São os excluídos do azar. Isso mesmo. São aqueles a quem a sorte bafejou por não cumprirem o que a lei impõe aos outros. Aos mais fracos, claro está.
Cito apenas dois exemplos. Mas tenho mais. Que hei-de ir mencionando. O primeiro refere-se àqueles desgraçados accionistas da PT que, coitados, de tão carenciados, vão receber por antecipação, os dividendos - extraordinários, dizem eles - da venda da Vivo, sem o enquadramento fiscal a que legalmente iriam estar submetidos, sem essa cautela prévia do senhor Zeinal Bava. Alguém faz alguma coisa? Nada!
O segundo respeita aos Açores e ao seu Presidente Regional que, com a maior desfaçatez, ultrapassa a medida de corte salarial tomada pelo Primeiro Ministro, compensando-a de forma a que, aquilo que se perde por um lado, seja reposto por outro. Alguém faz alguma coisa? Nada!
Só pergunto, onde é que está a autoridade - se é que tem alguma -, deste governo?!

HSC

sábado, 4 de dezembro de 2010

Dos homens e dos deuses

Eu não queria ir ver o filme. Em Dezembro nunca ando feliz e adivinhava que o tema me não contemplaria sorrisos. Mas fui, atendendo às solicitações familiares.
O caso relatado é verídico e passou-se em 1996. Portanto, há uma dezena e meia de anos. Arrepia só de pensar nisso.
Trata-se do quotidiano de sete monges da Ordem Cistercience da Estrita Observância que serão raptados e mortos em Tibhirine, uma aldeia da região do Magrebe argelino. A fita relata a sua vida "antes" desse rapto. Além da vivência duma fé há um outro retrato, absolutamente irrepreensível, do que pode ser o despojamento humano.
O meu sentir, a minha visão, a minha comoção como católica é, certamente, diferente da ótica que um ateu terá. Ainda bem. Porque se ali está a imagem da força dos que crêm, está, também, igualmente vivida, a dúvida, o medo, a incerteza daqueles que, um dia, decidiram "acreditar". E está a estupidez da guerra, a sua violência, a sua barbarie. Sobretudo quando essa guerra é basicamente uma questão de poder.
Trata-se de uma película lindíssima. Muito dura. Não será para se ver no estado de espírito que é o meu neste último mês do ano. Mas é indispensável vê-la seja qual for a posição religiosa que se tenha ou até não se tenha. Porque é um necessário murro no estômago!

HSC

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ernâni Lopes

Acabo de vir da missa de corpo presente do meu colega e amigo Ernâni Lopes. Não quero falar do economista. Era muito bom. Mas essa é a faceta que hoje menos me interessa. Interessa-me, sim falar do homem.
Conheci-o no Banco de Portugal e aí fomos muito próximos. Pertencíamos ambos ao Gabinete de Estudos e as nossas salas de trabalho eram ao lado uma da outra. Devo-lhe uma paciência infinita para aturar as minhas dúvidas e me explicar os procedimentos do banco central.
Foi, aliás, na sua companhia que visitei a Caixa Forte e vi as barras de ouro que lá estavam guardadas. Devemos isso ao Dr. Ramos Pereira, um homem de caracter excepcional que, tendo entrado como simples empregado chegou a administrador, num tempo em que a competência era o único critério de escolha da casa. Seria, infelizmente, laminado no 25 de Abril por todos aqueles a quem tinha ajudado. Nem o Ernâni nem eu jamais o esquecemos.
Hoje morreu um homem bom, um pai excepcional, um marido exemplar e um amigo raro. Estive com ele há muito pouco tempo e a sua ternura por mim, depois do que acontecera ao meu filho Miguel, tocou-me profundamente.
Hoje o país, a família e os amigos ficaram mais tristes. Mas acredito que o céu tenha ficado mais rico!

HSC

Mais um azarzito...

Li hoje na imprensa três notícias que nos fazem acreditar que ainda existimos. Como o dinheiro abunda acaba de se saber que a dívida líquida dos contribuintes ao Estado - até hesito na maíuscula - desce de 7,3 para 6,5 milhões de euros, ou seja diminui 11%.
O que é que isto significa? Apenas que, entre 2007 e 2008, o Estado deixou prescrever cerca de 1,5 milhões de euros de dívidas dos contribuintes. Mas se a este valor juntarmos as dívidas prescritas em 2009, de cerca de 573 milhões de euros, a coisa significa que em três anos não foram cobrados dois milhões de euros, que estão sobretudo concentrados em IVA e IRS...
Haverá, de certo, quem esfregue as mãos de contente. Eu não, que paguei tudo!
Outra notícia fresquinha. Portugal colocou ontem no mercado 500 milhões de euros em Bilhetes de Tesouro - dívida a um ano - a uma taxa que excedeu os 5%. Em Janeiro de 2010 este produto fora colocado a uma taxa de 0,928%. Isto significa, em menos de um ano, uma subida de 470 pontos percentuais, reflectindo bem a pressão dos mercados!
Finalmente, e agora aqui ao lado, outro jovem governante socialista, Zapatero, um dos mais belos da Europa - ou são bonitos ou se vestem bem -, acabou com o subsídio de 426 euros para desemprego de longa duração, introduzido há 18 meses. De facto, a cartilha socialista, muito preocupada com as classes mais desfavorecidas, não varia muito aqui na península...


Em tempo: Consta que Zapa também tenciona privatizar os aeroportos de Barajas e de El Prat e ainda a lotaria. Ah, leão!

HSC

Uma história em imagens

Anda na net e revela uma imaginação transbordante. Foi a minha amiga Alice Vieira quem ma mandou. Agora partilho convosco. Se carregarem num dos quadrados lêm melhor cada imagem. Finalmente descobri como vou fazer o meu próximo livro. Preparem-se!

HSC