terça-feira, 30 de novembro de 2010

Será possível?!

O dislate é tão grande que até receio não ter ouvido bem. Parece que o (des)governo deste país se prepara para criar uma empresa publica para fiscalizar as célebres PPP - Parcerias Publico Privadas -, onde teriamos a oportunidade de colocar mais uns boys and girls. Ou seja, em linguagem menos elaborada mais uns lugarzinhos e uns ordenadozinhos para fazer o que quer o Ministério das Finanças quer os das tutelas têm a obrigação de fazer.
Não há quem ponha tento nestes senhores? E o que faz o PSD, o partido comprometido com esta governação? Não faz nada? Não opina?

HSC

No Ritz

Queria uma celebração original para dar a conhecer o RECEITUÁRIO.
Queria "apresentar" o livro e não "lançá-lo".
Queria, nesta época que se aproxima, mimar doze amigas.
Queria, numa situação de crise, dar-lhes algo que elas não fizessem todos os dias.
Queria que tudo decorresse como se fosse em minha casa.
Queria, enfim, contar-lhes a história deste livro e oferecê-lo a cada uma delas.
Consegui tudo o que pretendia num "chá das 5", numa sala do Ritz.
Um muito obrigada à Objectiva, a editora que me proporcionou este gosto e me tratou como uma rainha!
HSC

domingo, 28 de novembro de 2010

A importância dos outros

Este tema vem na sequência do meu fim de semana. Hoje o meu dia foi dedicado totalmente aos outros. Em primeiro lugar ao meu neto Frederico. Fiz tudo o que ele quiz. Mesmo quando me não apetecia.
Depois vim para casa, para o calor de braços amigos. E dei comigo a pensar nos comentários feitos ao post de ontem. Que, no fundo, reflectem bem a importância que, sem o saber, possamos ter tido na vida dos outros.
Sei disso no ensino universitário. Alguns do meus bons amigos provêm dos meus antigos alunos. Porque, depois de os passar, a nossa relação toma, nalguns casos, formas de afecto em que percebemos, o quanto, em certas ocasiões, a nossa palavra foi decisiva e valeu a pena.
Na escrita a percepção é diferente. Quando abordo temas profissionais a maior preocupação que tenho é a de ser clara. Para todos e em especial para quem não é economista. Por isso, também oiço com muita atenção os meus filhos. Trata-se de, através deles, perceber o "pensamento" político, venha ele de que ideologia vier. Finalmente, quando abordo questões do foro dos afectos, a única cautela que tenho é a de não ousar mencionar pessoas, os "outros" e ficar-me apenas pelo "eu". E aqui sim, tenho uma imensa satisfeitação se o leitor se encontra, se reconhece, nas palavras que escrevo. Para mim, essa é a verdadeira recompensa. Porque, tambem eu, devo a uma dezena de escritores uma boa parte do que sou e da forma como olho o mundo à minha volta.

HSC

Comoções

Hoje dei autógrafos na Livraria do Fonte Nova. Aguardava-me uma fila já simpática, que me recebeu com imenso carinho.
Depois de ter assinado mais de trinta livros numa hora, uma senhora aproximou-se de mim com um saco e em voz baixa disse-me:"tenho aqui todos os seus livros. Era pedir-lhe muito que os assinasse?". Não queria acreditar.
Eram todos meus catorze livros já publicados que aquela senhora trazia consigo para eu autografar, porque tinha visto anunciado que eu estaria hoje ali. Quase me veio a lagrimita ao olho quando, no fim me abraçou, e se despediu desejando as melhoras do meu Miguel.
Muitas vezes provocamos nos outros afectos que nem suspeitamos. Só quando acontece algo de especial que nos envolve é que nos apercebemos da importância que podemos ter tido na vida de outros. Abençoada senhora que me fez sentir tão feliz.
Dali zarpei para o cinema com um amigo francês, muito querido, que ficara à minha espera, extasiado com a recepção que me fora feita . Teimou em ir ver "O Americano". Lá fui.
Ao contrário da maioria das pessoas, não gosto de galãs bonitos. Nem Brad Pitt, nem George Cloney, nem tantos outros que parecem esculpidos. Nada a fazer. Gosto de homens e de actores inteligentes. A beleza deixa-me relativamente indiferente. A cultura e o saber fascinam-me. Sempre fui assim e vou morrer assim.
Logo, o filme com o homem da Nespresso, não me aliciava muito. Felizmente o galã aqui não mostra os dentes. A história não é lá muito bem contada ou, então, eu estou a perder qualidades. Não aconselho.
Saímos dali e enfiámo-nos num restaurante italiano onde o barulho é imenso mas a comida muito boa. Amanhã é dia de Frederico, o meu neto mais novo, cuja vitalidade costuma deixar-me derreada. Veremos. Por hoje já tive comoção suficiente!

HSC

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O que mais me custa...

Num livro, a parte que mais me custa, é promovê-lo. Porque é preciso dar entrevistas, fazer sessões de autógrafos e suportar sessões fotográficas. Ora eu na televisão sinto-me em casa, porque nem me lembro das câmaras. Esqueço tudo. Nas entrevistas, como os jornalistas nem sempre as preparam, refugiam-se nas perguntas calistas sobre a família, o que me provoca uma retracção imediata. Nas fotos é uma desgraça. Quando me dizem "sorria, a cabecinha mais para o lado, a mão mais para fora, etc, etc..." começa o meu sofrimento. Fico hirta que nem um carapau.
Porém, duas excepções eu registei: Pedro Ferreira e Pedro Letria. Ambos me fizeram "sentir eu", quando disparavam a sua máquina. E de ambos guardo as minhas melhores imagens que tenho.
Depois de, em Maio, ter andado num virote por causa das "Coisas que sei... ou julgo saber", que vai para a 5ª edição, seguiram-se as " Mulheres que amaram demais" e foi outra correria. Agora, para os "Nós de Amor" e para o "Receituário", nem sei que diga. Mas não vou fazer mais lançamentos... porque tenho medo de morrer, ou... de que me matem!

HSC

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O último!

Aqui está a capa do meu terceiro livro de cozinha, que vai estar nas livrarias a partir de quinta feira. Este livro é dedicado à Maggie, do blogue Criativemo-nos.blogspot.com que acompanho praticamente desde que comecei o Fio de Prumo. Não sei como lá fui parar. Mas hoje sei que tal deveria acontecer-me. Um dia, a brincar, fiz-lhe esta promessa. Aqui está, muito a sério, o cumprimento da mesma. Com muito gosto, este livro é para ela.
A blogosfera talvez tenda a que criemos os nossos pequenos grupos de eleição. Talvez. Mas o que eu tenho recebido em troca, de informação, de debate e de carinho não tem preço. Sendo, como é, um dos meios de comunicação mais interactivos, tem sobre os livros essa vantagem muito importante da reacção imediata.
Fiz na net amigos virtuais que me têm proporcionado muitas horas de aprendizagem, de desafio, de prazer compartilhado e de algumas boas gargalhadas.
À Margarida, neste caso, aqui fica a minha terna dedicatória!

HSC

Honra lhes seja feita!

Ontem já tinha chegado um blindado. Talvez por isso, começaram a conhecer-se mais pormenores desta encomenda de material que, agora, se tenta explicar ser afinal necessária mesmo que não houvesse Cimeira. Mas, se assim era, porquê a urgência que ditou que não houvesse concurso público? E porquê a assinatura do contrato apenas cinco dias antes da dita Cimeira? Há, aqui, uma qualquer névoa que urge dissipar.
Se, em tempos de normalidade a utilização dos dinheiro públicos deve ser cautelosa, em tempo de crise ela deve sê-lo mais ainda. Logo, este caso deve ser bem esclarecido. Pelo exemplo, pela importância, pelos sacrifícios que nos são exigidos, pela ética. A culpa não pode, nem deve morrer solteira, pese embora todos os dias sermos confrontados com mentiras e com meias verdades dos responsáveis. Impunemente.
Mas em tudo isto há, de facto, algo que deve ser elogiado. Muito. E o louvor vai para a forma como decorreu a organização da Cimeira, sobretudo no que à Segurança respeita. Mesmo sem os blindados, mesmo sem o material que havia sido encomendado, as mulheres e os homens que se ocuparam de garantir a salvaguarda da nata política europeia e não só, merecem os mais rasgados elogios. O que prova que, quando nos encontramos em situações limites, não ficamos atrás dos melhores!

HSC

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Prontos, já acabou!

Ai! que saudades eu tinha dos meus vícios interrompidos pela malfadada Cimeira. Hoje, foi dose dupla de todos eles!
Voltámos, assim, à alegria dos cemitérios. Mas, agora, com duas novidades para os opinion makers se deleitarem. Uma, é o eventual refreshement governamental, provocado pela entrevista do ministro Luis Amado. A outra, é a profunda preocupação manifestada pela oposição com uns blindados que haviam de chegar a tempo da magna reunião e não se sabe onde pairam. Mas porque é que haviamos de saber?! Aqui a norma não é não se saber de coisa nenhuma?!
Vejamos qualquer delas. A remodelação vai dar imenso trabalho para não resolver nada. Quem é o louco que quer ser ministro agora?
Quanto aos blindados, por mim, acho ótimo que andem perdidos. Não deviam mesmo aparecer. Já não fazem falta nenhuma e, se não forem encontrados, até temos duas vantagens. Não os pagamos e podemos pedir uma "indemnizaçãozinha". Não é bom em tempo de crise? Em tempo de crise não se limpam armas nem se procuram blindados. Ao menos, já dava para os comes e bebes que aqueles senhores todos e algumas senhoras comeram durante as reuniões. Sim, porque dizem-me que os hoteis, cada um pagou o seu... Que nem ginjas!
Enfim, sempre cá deixaram esses euros ou dolares. E acredito que também tenham levado uns pasteis de nata e uns Porto's para a viagem!
Very typical!

HSC

domingo, 21 de novembro de 2010

Um primeiro passo

Batizei-me aos 19 anos. Portanto, consciente daquilo que fazia. Mantenho-me dentro da Igreja, pesem embora as divergências que temos em certas matérias. O que não me impede de continuar no seu seio. Não somos todos iguais nem temos todos a mesma percepção do mundo que nos rodeia.
Fiquei muito satisfeita com a decisão tomada por Bento XVI de permitir, por razões profiláticas e humanitárias, o uso do preservativo. Eu sei que difícil deve ter sido tomar esta medida quando, para pedir desculpa a Copérnico, tiveram de passar trezentos anos.
Não importa. Ou, antes, até importa. Mas o que agora interessa, é o início de abertura que esta deliberação representa para todos aqueles que viviam o drama pessoal de se sentirem fora de uma Instituição à qual estavam ligados.
Outras audácias serão, ainda, necessárias. Estou certa que elas não deixarão de se manifestar. Para satisfação daqueles que - sendo crentes ou não - defendem a tolerância como norma de vida.

HSC

sábado, 20 de novembro de 2010

Mesmo nome, idêntico mister

Ambos têm o mesmo nome. Ambos dedicados aos outros. Um foi padre e intelectual. O outro é médico. Os dois professores. O primeiro, que tive a honra de conhecer de perto, já morreu. Mas marcou-me para sempre.
Agora refero-me ao Professor Manuel Antunes, médico cirurgião, que ouvi atentamente no programa televisivo Plano Inclinado, conversar com Medina Carreira e Mário Crespo.
Há alturas em que damos por bem entregue o tempo que passamos frente a um televisor. Foi o caso. Ouvi um homem falar do país, das suas escolhas, do que pensa ser o Serviço Nacional de Saúde, do que pode, ainda, ser feito na área hospitalar, enfim, falar de nós portugueses e de Portugal. Aqui está um bom exemplo do que eu penso que o país precisa de encontrar, se quiser ter futuro!

HSC

Um filme a não perder

Referi, no último post, que tinha ido ao cinema com um dos meus infantes. Resmunguei imenso pela escolha que ele havia feito e tentei substituí-la por algo romântico ou que me fizesse rir. Mas a alternativa a Inside Job - a sua opção - seria Red, que me não pareceu melhor. Pelo contrário. Por isso, lá fui arrastada pela mão de um dos intelectuais da família.
Tenho que confessar. Há bastante tempo que não via uma história da crise mundial que estamos a viver tão bem descrita. Depois de se assistir a este documentário, cuja narração é feita por Matt Damon, actor de que muito gosto, é difícil que alguém não entenda o que se passou. E, de caminho que, também, se não surpreenda com algumas nomeações feitas pelo Presidente Obama. Eu lamentava já, antes, algumas delas. Depois desta película, lamento mais ainda.
Recomendo vivamente Inside Job a quem ainda não se tenha demitido de perceber o mundo à sua volta. Por isso tive, claro, que agradecer ao meu filho a escolha feita e a sua insistência. Aqui têm porque é que eu digo que aprendo sempre com eles. Oxalá o contrário também seja verdadeiro!

HSC

A Cimeira e eu!

Vivo numa zona entre o cá e o lá da Cimeira. Perto de residências de embaixadores e hoteis de muitas estrelas. Também perto, felizmente, da arraia miuda que persemeia a Lapa, S. Bento e Santos. Tudo boa gente como se vê. Uns envergonhados de terem muito, só saem de carro. Outros envergonhados por terem pouco, pouco saem. Tudo como na roda da vida.
Assim, vou contar-vos como passei estes dois dias que devem custar ao país uns largos euros. Mas, como agora o governo já se habituou a viver a crédito, mais Nato, menos Nato, pouco importa. Para nós é que foi e vai ser mais difícil. Vejamos então como decorreu a minha prisão dourada. Foram sete etapas.
1.Fechei televisão porque já tinha tonturas de ver tanta gente que só conhecia dos jornais. Melhorei da vista e dos ouvidos.
2. Eliminado esse perigo, tentei sair para comprar jornais e tomar a bica. Impossível. Uns individuos fardados obrigaram-me a andar como a pescadinha de rabo na boca, porque havia uns senhores, dos tais importantes que, sem a gente saber, tinham combinado falar com o Primeiro Ministro.
3.Voltei para casa e, mais tarde, voltei à carga. Nada. Estavam no hotel que, por razões de segurança, tinha o perímetro de desvio alargado.
4. A custo tornei, novamente, ao lar sem café nem jornais. A tensão arterial beneficiou com a medida.
5. Fui ao cinema com um filho. De tão intelectual que é, escolheu uma espécie de documentário sobre a génese da crise. Remunguei. Não valeu de nada. Qualquer deles sai... à mãe. Mas gostei!
6. A capital retomara um pouco da normalidade. Transportada pelo infante, ri-me das voltas que teve de dar para me depositar.
7. Felizmente, amanhã já posso retomar todos os meus vícios...

HSC

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pronto, o meu novo livro saiu na terça feira. Fica aqui a capa como "cheiro" para o que ela encerra. Agora já posso dizer. São short stories nas páginas ímpares e "poesias" nas páginas pares. Tudo originais, à excepção do primeiro conto, mais longo, que foi publicado num livro escrito em parceria com outras autoras e agora remexido. São estórias de amor que nem sempre culminam em finais felizes. Mas contêm, todos elas, um lado de humor que contrabalança essa falha de felicidade.
Porque amar é muito mais do que gostar, resolvi meter mãos à obra e ensaiar dois géneros em que nunca tinha ousado pisar. Agora já está no mercado. E, por muito que me assuste, a criança vai caminhar pelos seus pés!

HSC

Chocolate


Ontem seis divas da literatura lançaram um livro conjunto com histórias em que o chocolate é a matéria prima principal. Eu tinha sido, no início, abordada para participar. Mas tal não foi possível. Fiquei feliz que o projecto se tivesse podido concretizar sem mim.
No grupo de seis estão duas grandes amigas minhas: a Rita Ferro e a Alice Vieira, dueto de mulheres com quem partilho muita coisa. E, para culminar, outra das narradoras, a Catarina Fonseca, é filha da Alice e do Mário Castrim, que foi um dos meus bons amigos.
Na assistência encontrava-se a nata da nata. Nem cito nomes, tal o peso deles. No meio dessa nata, uma comum amiga, a Rocha, como lhe chamamos para abreviar a importância do apelido, era o meu garante de um jantar supimpa de gargalhada a três.
A Rita, que durante cinco dias deixou de fumar, queria um restaurante onde se pudessem exalar nuvens de fumo. Sugeri um. Iam-me matando porque era caro. Remeti-me ao silêncio, envergonhada. Acabámos num italiano, ótimo, barato e que, numa quinta feira, tinha apenas tres mesas ocupadas.
Foi o derrame total. Em lugar de nos deprimir deu-nos um fôlego surpreendente. Rimos tanto, mas tanto, que dois pombinhos enamorados que estavam numa mesa, foram fazer ninho para outro local. Pior, porque o nosso riso aumentou. Deliciado, sim, estava o empregado que nos servia de olhos esbugalhados!
Se o chocolate daquelas seis histórias souber tão bem aos leitores como a noite nos soube a nós, estou feita. A concorrência aos meus livros será feroz! Sucesso amigas. Merecem!

HSC

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Debates

As televisões genéricas nacionais - salve-se o canal 2 - foram acometidas duma virose que anda a minar o país: os frente a frente ou as mesas de debate.
De que se trata? De um bónus que os respectivos canais dão a certos políticos - sempre os mesmos, mas em alternância -, para arredondarem os seus réditos mensais.
De que falam? Da crise económica ou das crises dos partidos nos quais não estão filiados ou de que não são simpatizantes.
De quem se trata? De veículos humanos dos ideais ou das teses das agremiações políticas em que se empenham.
Que montantes recebem ? São valores muito variáveis e que dependem da categoria politico profissional dos convidados. Mas, atendendo a que alguns desempenham funções de comando na sociedade portuguesa - como António Costa ou Pacheco Pereira, para só citar dois - devem poder atingir níveis bastante elevados.
Como se deduz do que acima descrevo, a originalidade dificilmente será grande, porque os conteúdos também não o são. As caras são quase sempre as mesmas. Conhecidas. Ou são opinion makers ou politólogos. Os primeiros, são intragáveis. Nos segundos, encontram-se alguns interessantes. Mas estes, por azar, são os que menos aparecem. Como os temas pouco ou nada variam e como falam todos para o seu umbigo, a linguagem utilizada é, na maioria dos casos, inacessível a grande número de espectadores.
Por tudo isto, alguém consegue explicar-me como se deixaram as generalistas invadir por esta virose e que razões justificam a sua manutenção? Só se for pela simpatia que mereçam da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
É que não é, decerto, pelas altas audiências...

HSC

Um outro tipo de deficite!

Tranquilizem-se, não vou falar do deficite de Teixeira dos Santos. Não vou falar do mundo económico, mas do mundo dos afectos e do saldo que o acompanha.
Hoje de manhão fui à SIC testemunhar a minha estima por Nicolau Breyner, que vê agora publicada a sua biografia. Eu e mais uns tantos amigos. Que, por sua vez, estão todos ligados entre si. Lá apareceram, também, o Raposo e o Eiró.
A risota foi total. Como sempre acontece quando juntamos várias gerações unidas pelo humor, pela amizade e pelo gosto de viver. Faltaram muitos com quem sempre nos rimos, mas estavam longe, a trabalhar. Se o Fernando Mendes tem ido, então, não teria sido possível ter feito o programa, porque as gargalhadas abafariam as nossas vozes. Mesmo sem ele, já foi difícil.
Portugal precisa disto. De solidariedade, de amizade, de felicidade. De muitos Nicos. E de poucos sabichões a botarem opiniões pagas a peso de euros. O país tem superhavit opinativo e deficite de boa disposição e de bom humor, porque este existe mas é negro.
A vida, já sabemos, é e vai continuar a ser muito dura. Então, por favor, não nos sirvam mais dramas televisivos. Ao menos, façam-nos sorrir. É barato e dá milhões...de votos!

HSC

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O verso e o reverso

Portugal no passado recente, com algum peso na consciência, ajudou Timor. Este país quer, agora, ajudar-nos comprando dívida nacional.
A China com quem indirectamente, através de Macau, estabelecemos relações, veio aqui e ofereceu-se para comprar débitos soberanos.
Angola que foi uma antiga colónia é, hoje, accionista das maiores empresas portuguesas e está disposta a fazer do Continente um devedor privilegiado, aplicando aqui enormes quantias de dinheiro.
Podia continuar a citar a lista daqueles que tendo sido, no passado, dependentes de nós, se prontificam, nos nossos dias, a depositar na mão estendida, aquilo que hoje é o nosso infeliz quotidiano. Ou seja, o dinheiro pago a juros de ouro.
Não me movem nestas palavras quaisquer resquícios racistas. Nunca o fui, não o seria agora. Até prefiro que sejam aqueles que falam a nossa língua os nossos liquidatários. Mas não posso deixar de sentir uma tristeza semelhante à daqueles pais que, a certa altura da vida, se tornam dependentes dos seus filhos. Mesmo que esses filhos digam que os ajudam de livre vontade...

HSC

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um sonhador...

Faz hoje oitenta e seis anos que o meu tio morreu, no Mar do Norte, a 15 de Novembro de 1924. Perseguia o sonho de dar a volta ao mundo de avião. Como antes sonhara e conseguira, com o seu amigo Gago Coutinho, atravessar por via aérea o Atlantico Sul e ligar Portugal ao Brasil, os dois países irmãos .
Nunca foi homem de bajular ninguém. Nunca se vergou ao que os outros consideravam impossível. E quando voltou, como herói, ao seu país, foi claro no discurso que proferiu. O "feito" fora em nome de Portugal e dos portugueses. Nenhum governo ou político dele se aproprearia.
Julgo que terei herdado dele este amor entranhado à minha terra. Amor tão fundo que esquece os defeitos ou até os defende. Mas tambéu eu entendo que Portugal é dos portugueses. Não de quem nos governa. O meu tio tinha toda a razão!

HSC

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

E esta?

Acabo de receber uma carta da Galp Energia que me informa que a minha factura de gás natural vai passar "a incluir um valor adicional que corresponde à taxa municipal de ocupação de subsolo, cujo montante é determinado pela sua autarquia, nos termos da legislação em vigor. Este valor é apresentado de forma destacada na factura de gás natural, com indicação do município a que se destina".
Mais informam que as empresas do sector são alheias a este valor, de que apenas são instrumento de cobrança, sendo o mesmo entregue, na íntegra, ao Município.
A resolução do Conselho de Ministros nº 98/2008, de 8 de Abril estabeleceu, através de contratos de Concessão de Serviço Público de Distribuição Regional de Gás Natural, que os custos com esta taxa de ocupação de subsolo seriam suportados pelos consumidores de cada Município.
Estou de boca aberta. Fui obrigada a substituir o gás que tinha, pelo natural. E agora vêm-me cobrar uma taxa de ocupação do subsolo?! E a água? E os telefones? E a televisão por cabo? E tudo o que anda pelo susolo também vai cobrar taxa para o Dr. António Costa me deixar cheia de buracos à porta e de lixo nas ruas que só são lavadas pela chuva?
Mas o que é isto? Mete-se a mão no bolso de quem quer que seja? E já agora os mortos também vão pagar por ocupação de subsolo?

HSC

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A escolha de Katia.

Hoje falo de fado. Gosto da canção nacional e conto com muito boas amizades nesse meio. É uma faceta boémia que, entre outras, felizmente mantenho.
Uma delas é Katia Guerreiro. Foi simpatia imediata. Talvez, quem sabe, porque o meu mestre nestas coisas do fado é o João Braga - que me ensinou quase tudo o que sei - foi o seu padrinho. Mas ela tem uma história de vida curiosa. Que nem todos conhecem e que eu vou contar, nesta fase em que me ando a ensaiar nas biografias...
Nasceu na África do Sul e cresceu nos Açores, onde aos 15 anos iniciou o seu percurso musical no Rancho Folclórico de Santa Cecília. Mas também quer ser médica. Por isso, Lisboa será o destino seguinte. O sonho torna-se realidade em 2000, findo o curso de Medicina. Só que a outra paixão, a da música, manteve-se viva durante os anos académicos, em que foi vocalista da banda rock "Os Charruas". Que escolher? Ou melhor, como escolher ? Às vezes a vida responde por nós.
Assim, em Outubro desse ano, num concerto de homenagem a Amália Rodrigues, no Coliseu de Lisboa, o encanto que o seu canto provocou, irá determinar a sua carreira como cantora de Fado. Que se vai desenrolar depressa.
O ano de 2005 ficará marcado pelo convite de Martinho da Vila para gravar, em dueto, uma das faixas do seu disco Brasilatinidade. E, ainda pelo lançamento no mercado do seu terceiro dico, Tudo ou Nada, com poemas de Vinicius de Moraes, Sophia de Mello Breyner e António Lobo Antunes, entre outros. Bernardo Sassetti far-lhe-á companhia na faixa “Minha Senhora das Dores”.
Em 2006 o ano é cheio. Grava com Ney Matogrosso, Menina do Alto da Serra e Lábios de Mel, recebe o prémio Personalidade Feminina 2005, disputado pelos grandes do panorama musical português e é nomeada Membro do Parlamento Europeu da Cultura, pela sua persistente defesa da identidade cultural de cada estado membro da União Europeia.
Em Maio de 2010 Katia recebe o prémio de "Melhor Intérprete" da Fundação Amália Rodrigues, que atribui anualmente os Prémios Amália.
Os seus dez anos de carreira artística vão ser celebrados neste sábado no Coliseu e no próximo dia 16 no Alhambra em Paris. No primeiro lá estarei. No segundo, quem sabe?

HSC

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A dívida destes senhores

A dívida está cada vez mais cara, contrariando assim os que estavam convencidos que após aprovação na generalidade do OE 2011, os mercados acalmariam.
Após uma sucessão lamentável de dislates na governação, finalmente começaram a ouvir-se aqueles que, em tempo oportuno, alertaram para a insanidade de uma série de medidas e que, por esse facto, foram apelidados de bota baixistas e outros impropérios idênticos.
Agora não há como fugir. É preciso falar verdade, para evitar que convulsões sociais nos façam perder o pé. E ter tento nas palavras e nas acções.
Julgo que ainda falta sabermos muito mais. Que ainda falta que o governo explique como isto poude acontecer, nomeadamente a derrapagem de 2009. Não basta que sejamos governados como um bando de carneiros. É preciso que nos considerem como gente. Que tem direito não só à verdade como às razões dessa verdade. Porque é a nós que estão a ser pedidos sacrifícios. Porque são os portugueses que estão sem poder sustentar as suas famílias. Porque foram estes senhores que, em tempo de eleições, prometeram e deram o que não podiam e não deviam. Porque estes senhores não se privam de nada, desde os carros de alta cilindrada, onde se transportam, até às mordomias de que não abdicam. Porque são estes senhores que nem sequer têm a humildade de pedir desculpas.

HSC

domingo, 7 de novembro de 2010

2 Prémios Dardos

Acabo de receber dois prémios cujo selo reproduzo acima e cujo significado passo a explicar. Quem mos atribuíu foram a Teresa Santos do http//blogcronicasdateresa.blogspot.com. e a Benjamina do http//:sonhospesados.blogspot.com.
«O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.
Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web
».
As regras a seguir são:

- Exibir a imagem do Selo no blogue;
- Revelar o link do blogue que me/nos atribuiu o Prémio;
- Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar.

A primeira e segunda partes estão cumpridas. O mais difícil vem a seguir. Mas nunca fui mulher de fugir a responsabilidades. Por isso, aqui vão dez.

http//:criativemo-nos.blospot.com
http//:duas-ou-tres.blogspot.com
http//:timtimnotibet.blogspot.com
http//:a-casa-da-lapa.blogspot.com
http//:bomba-inteligente.blogs.sapo.pt
http//:luradogrilo.blogspot.com
http//:actofalhado.blogs.sapo.pt
http//:sustentabilidadenaoepalavraeaccao.blogspot.com
http//:quepoesia.blogspot.com
http/:anamoradadewittgenstein.blogspot.com

Enfim, de certo que faltaram outros, porque a tarefa é mais difícil do que classificar alunos...
Mas cumpri. Está feito!

HSC

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Os Amigos

Há dias numa entrevista pediram-me para falar dos meus amigos. Aqueles que, afinal, com a família, são o meu suporte. A dada altura sugeriram que os descrevesse. Respondi sem hesitação.
Tenho três categorias de amigos. Curiosamente bastante estanques. Os mais velhos, os mais novos e os especiais. Com os quais mantenho relacionamenos diferentes. Enfim, uma espécie de Tintin, que é lido dos sete aos setenta.
Tenho uma trupe, que acompanho muito, de gente entre os quarenta e os cinquenta. Constituímos um núcleo sólido que apelidamos de "A Grupa" e somos bastante boémios. Gostamos de nos deslocar em grupo, de jantar, de ir ao cinema, aos concertos, ao teatro, às exposições. Uma boa parte deles trabalha em televisão, jornalismo e teatro. Fazem-me muito bem, mimam-me imenso, e damos boas gargalhadas juntos. Algo parecido com o "um por todos e todos por um". São da criação dos meus filhos, que conhecem, e permitem-me entender melhor como funcionam as novas gerações.
Depois tenho um outro núcleo, escasso em número, constituído por gente mais velha do que eu, que me visita e a quem visito. Com a qual discuto assuntos sérios e de quem culturalmente me sinto próxima. E, nalguns casos, estão ideologicamente nos antípodas do que penso. O que é excelente, porque obriga a pensar e até a rever posições. Não tenho medo nenhum de mudar se for para me valorizar.
Finalmente vêm os especiais. Que marcaram e marcam a minha vida. São quem amei e quem amo. Conhecidos de pouquíssimas pessoas porque constituem o meu lado privado, que só desvendo por razões muito especiais.
Hoje, ao folhear imagens do lançamento do meu último livro, lembrei-me desta entrevista porque vi como lá estiveram tantos daqueles que aqui referi. E como foi reconfortante tê-los comigo naquele dia!

HSC

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Hoje

Hoje pesei-me, tinha mais um quilo, mas não me ralei. Hoje o Orçamento passou. Hoje acordei cedinho e li um texto de Veríssimo sobre dietas verdadeiramente picaresco e ri. Hoje fui a uma entrevista inteligente, bem conduzida por Daniela Soares, na Antena 2, que me fez ter esperança nas novas gerações. Hoje andei de táxi, paguei uma fortuna - ida e volta à RDP vinte e dois euros - mas não me importei. Hoje o taxista que me trouxe, à saída, perguntou-me quando é que eu escrevia os "Homens que Amaram Demais" e eu soltei uma gargalhada e ele também. Hoje, neste blogue, dois interlocutores da entrevista de ontem, na Prova Oral, escreveram comentários simpáticos. Hoje vou jantar com o meu filho e o meu neto que volta para Bruxelas no sábado. Hoje não ouvi o Eng. Sócrates nem vou ouvir. Hoje não vou ver nenhum frente a frente, porque o jantar é fora. Hoje não houve, até agora, nada que me irritasse. Hoje estou otimista e crente na Humanidade! Hoje!

HSC

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tão diferentes...

Não sou uma obamista indefectível. Mas alegrei-me com a sua escolha pelo que ela representava de avanço numa América que ainda conheci num ambiente de black power. A eleição do actual Presidente representou, para mim, um factor de esperança e de justiça muito para além da política que defendia.
Hoje ouvi o seu discurso e não pude furtar-me à comparação doméstica. A dignidade com que assumiu toda a responsabilidade dos resultados eleitorais e reconheceu sem qualquer tipo de sobranceria que os EUA precisam de unir esforços, independentes das colorações conservadoras ou democráticas, é um exemplo daquilo que eu gostaria de ver no meu país. Que, infelizmente, personifica exactamente o contrário!

HSC

A morder no Tratado de Lisboa

As novas regras de governação da Zona Euro vão passar a "morder", avisou ontem a chanceler Angela Merkel, num discurso, em Bruges, onde defendeu a importância do mecanismo permanente de resolução de crises que o seu país pretende introduzir, salientando que o acordado endurecimento das sanções para os países que deixem derrapar as contas públicas, "protegerá o euro".
A condição para que a Alemanha aceite uma Europa que mantenha o apoio aos Estados mais vulneráveis depois de 2013, data em que expira o fundo europeu de estabilização financeira, impõe que a Zona Euro crie mecanismos de resgate que envolvam - em primeira instância -, os privados que detenham títulos de Estados em apuros, forçando-os a renegociar o valor dos respectivos activos num cenário de insolvência, no qual tenham de ser ajudados pelos restantes países parceiros do euro.
Ora todas estas decisões, para além de muito discutíveis levantam, é evidente, sérios problemas. Que, no mínimo, obrigarão a uma revisão do Tratado de Lisboa...
Que acharão os nossos dilectos responsáveis?

HSC

Petição Desperdício Alimentar

"Tendo conhecimento que nos refeitórios de grandes empresas, todos os dias existem centenas de refeições em perfeitas condições que são deitadas fora ( a isso obriga a Lei de Saúde Pública ), como explicar isto a quem passa fome ?
Uma lei tem que ter um carácter minimamente humano, pois existe de e para os homens. Tem que se encontrar uma solução técnica, para que esta situação não continue a acontecer.
Por mail, contactei há 2 anos atrás a Presidência da República que me respondeu que esse era um assunto do Governo; contactado o Governo, responderam-me que iam pensar no assunto.
Entretanto, os meses foram passando e como não tive conhecimento de nada, enviei mail's para deputados de 3 forças políticas diferentes mas, nestes casos, nem resposta tive.
Algo tem de ser feito, pois todos os dias esta situação se repete. Esperemos que através deste meio, muitas pessoas necessitadas possam beneficiar deste incrível desperdício".


Este é o texto da petição que corre na net e que me parece urgente assinar, caso se concorde com o que aqui se diz. Eu já assinei em:
http://www.peticaopublica.com/?pi=Cidadao

HSC

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Agora segue-se um pequeno intervalo...

Estar uns tempos fora do país tem a vantagem de nos afastar dos problemas nacionais, minorar as nossas ansiedades e, finalmente, perceber como os outros, os estrangeiros, nos vêem. Mostrando que nem todos nos olham do mesmo modo...
O que de facto mais me tem surpreendido é a percepção de que Portugal ainda não interiorizou a crise. Não me refiro à gente mais desfavorecida. Essa sente-a diariamente nas compras que tem de fazer e nas contas que tem de pagar. Essa não precisa de mudar o seu estilo de vida, porque já nada tem para mudar.
Os outros, os que usam o cartão de crédito como se dinheiro seu se tratasse é que ouvem falar da crise, mas não a vêem. E quando os débitos lhes batem à porta, utilizam o mesmo sistema. Pagam, de novo, a crédito, numa espiral que só tem concorrência na atitude do próprio Estado, que se não cansa de o fazer.
Os portugueses sabem que há uma crise e que ela lhes vai custar dinheiro. Só quando este acabar, o cartão deixar de existir, o crédito se tornar incomportável é que eles mudarão de vida.
Ora mudar de vida era a primeira coisa que nós deveriamos ter feito. Mas o exemplo devia ter vindo de cima. De quem nos governa. Para que houvesse autoridade para pedir e não para impôr, como está a acontecer, um estilo que os próprios não seguem!
Agora segue-se um pequeno intervalo, até ao Natal. A telenovela recomeça daqui a dois meses, mas já tem um fim anunciado.

HSC