domingo, 20 de junho de 2010

O "copianço"


O título não é lá muito bonito. Mas não encontro palavra melhor para o conteúdo deste post.
De acordo com um estudo levado a efeito pelo Professor Ivo Domingues, da Universidade do Minho, sobre a forma como os alunos prestam provas, conclui-se que no ensino superior três em cada quatro alunos copiam. Aliás, este comportamento vem de já de trás, porque ainda de acordo com a investigação, 90% destes alunos começou a copiar desde a escola primária...
É evidente que com os avanços tecnológicos também se sofisticaram as técnicas utilizadas pelos discentes, nomeadamente através das diversas aplicações que hoje se dão aos telemóveis.
Num outro estudo, objecto de publicação no Journal of Academic Ethics, o Alentejo é a região onde o "copianço" é mais visível, com uma taxa de oito em cada dez.
Há notícias que nos deixam a todos perplexos. E esta, seguramente, aos professores em particular. Como é que um país que tem como norma, para a avaliação individual, utilizar o trabalho feito por outros, pode alguma vez, na sua vida profissional dar prioridade à ética?!
HSC

9 comentários:

Gaivota Maria disse...

Tem toda a razão. Mas também me pergunto com uma taxa tão grande de copistas, que estão a fazer os professores na sala de exames. A vigiar não será certamente porque considerando que muita da avaliação dos últimos passa pelo êxito escolar dos primeiros, até pode m ser benificiados. E dada a tremenda "dificuldade" das actuais provas de exame, para quê importar-se com quem copia para fazer aquilo? Continuo a perguntar-me porque que é que a administração deste país não junta a licenciatura às cédulas pessoais quando a criança nasce? Será porquejá não há Independente para graduar meninos aos domingo?

Ana Vidal disse...

Olá Helena,

Mandei mail.
Um beijo

Xantipa disse...

Costumo perguntar aos meus alunos se, quando estão doentes, alguma vez lhes passou pela cabeça que o médico que os está a atender pode ter copiado a matéria da doença que os aflige e não reconhecer os sintomas? Por que razão não poderia o médico copiar se eles, alunos, também copiam? Antes de ser médico/a aquela pessoa também foi estudante.
A ética não se aplica só aos outros.
Não sei se me ouvem nem qual a taxa de copianço, mas já apanhei muitos a praticá-lo...
É triste, muito triste, e fico mais envergonhada do que eles quando isso acontece.

margarida disse...

'Ética' é uma palavra muito complexa; estamos até em crer que nem seja do nosso léxico, daí o desconhecimento e, sobretudo, o desuso da sua prática.
Para se descortinar o cidadão que dela tenha conhecimento, a compreenda em toda a sua complexidade e coloque em uso as faculdades da mesma, devemos recorrer a vários exercícios que nos tempos que correm não são bem aceites pela sociedade.
Tornar-se um 'contra-corrente' não é nem prático, nem útil, associando-se o risco de sermos banidos ou apontados na rua.
Quem desconhece e critica a ética são os dribladores mais ovacionados pela população, sempre desejosa de heróis. Mesmo que entre dentes lance um 'são todos iguais' enquanto gaba à prole a arte e a manha do artista do momento.

(o que é mesmo necessário é um forte anti-ácido e um bilhete de avião para a Patagónia...)

Anónimo disse...

Que se tire uma dúvida com o colega do lado (ou como me aconteceu: com o professor) ainda vá que não vá mas, aquela foto e aquele copianço é descaramento a toda a prova e burrice mais do que comprovada. Bolas!

Anónimo disse...

“Eu vinha aqui dari uma explicação, D.Helena, é qui a razão proque o dito copianço é mais visivel aqui no Alentêju, é proque sêmos muto menos que noutros lugaris do país. Assim, os alunos têem de se sentari muto mais separadamenti e vai daí e os professoris topam, mais facilmente, a malta nova à copiarim. Nã é porqui temos mais arti no copianço – antis assim tivessemus! – mas temos qui olhari o contextu e átão cheguemos à conclusão que nã tando tã juntos na sala daula, a rapaziada é apanhádâ! Essi jornali estrangêro, que nã fala alentejano, ná entendi a genti aqui da terra e nã procuroui saber dás razões quê estão por detrás, acabou por escrever ásnêra!
Más inda bem que li isto, para acautelari a nossa juventudi e dá próxima vez qui quiserem copiari têm de pedir aos professoris que os juntem todos num cântinhu da sala e assim ná são mais apanhados e lixam essa estatitica, ou lá como se diz isso!
Compadi Alentejano!
(P.Rufino)

Maré alta disse...

Considero que a palavra, Ética, é algo que faz estremecer a sociedade.
Isto porquê? Os valores inverteram-se. Não são os melhores nem os mais competentes que ocupam os lugares de chefia, por exemplo , nas escolas. Claro, que existem excepções!
Como todos nós sabemos, querer fazer prevelecer a verdade, a justiça, a honestidade no meio profissional é como se nos tivessemos a suicidar, infelizmente.
Cabe na cabeeça de alguém, que lhe seja pedido no seu trabalho para desenvolver uma actividade curricular, no âmbito do Plano Anual de Actividades, no inicio do ano lectivo.Tendo esta sido aprovada em reunião de grupo e no conselho pedagógico. O professor ao pô-la em prática,de acordo com os preceitos, veja outras actividades que não constam do Plano Anual de Actividades,venham por em perigo a realização da actividade já devidamente aprovada. Saliento, actividade esta, envolvendo 220 alunos, professores, e entidades exteriores à escola, técnicos ambientais, transporte gratuito para os alunos. Avisou as chefias do que se estava a passar e estas mostraram uma completa passividade. Apesar de tudo, o professor, conseguiu superar as dificuldades que lhe foram criadas à última da hora.
Quando foi pedido, ao professor, que entregasse um relatório com a avaliação da actividade que por ele foi desenvolvida.Este referiu todas as dificuldades que encontrou, querendo fazer prevalecer a verdade dos factos. Foi, imediatamente chamado à direcção da escola e coagido verbalmente, para que alterasse a sua avaliação da actividade, obrigando a omitir, melhor a mentir, para não comprometer um erro dos próprios.
Cabe, na cabeça de alguém, que quando professor pediu para ver o Plano Anual de Actividades, lhe mostrassem um dosseir cheio de micas, em cada mica, um documento, com as as actividades aprovadas em pedagógico. Mais, cada documento que constava dentro de cada mica, sem datação de ordem de entrada. Ou seja, documentos em avulso apenas dentro de um dossir.
Helena, pois é disto que se encontra nalgumas chefias, com arrogância mas com pouca competência. Errar é humano! Ao menos, que se tivesse a hulmidade de reconhecer, que teria ocorrido um lapso. Mas não! Quem manda pode e como tal, a arrogância e a coação vieram logo ao de cima, ameaçando o pobre professor de processo disciplinar, se não alterrasse o conteúdo do relatório.
Até na forma de contornar a questão revelaram pouco ou nenhum nível, poderiam com calma ter conversado com o professor. Apenas, revela o pouco nível das chefias, neste caso, por que a incompetência ficou provado.
è a tal mediocridade, que a Helena, fala no seu livro.
Onde esteve aqui a ética profissional?
Este foi um caso que acabei de ter conhecimento.
Saudações

Anónimo disse...

Copiar? Não se esforcem tanto, meninos! Então não sabem que a moda é os professores serem convocados pelas direcções das escolas para subirem notas a alunos com negativa por nada fazerem durante todo o ano? É que não podem chumbar... por causa das estatísticas!!!
De facto juntar a licenciatura (e porque não o mestrado ou o doutoramento?) à certidão de nascimento é uma ideia... ou fazer exames ao domingo...

GiaSantos disse...

Segundo conta a lenda “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”.
Há meio século já alguém tinha descoberto o “copianço”, e pela parte que me diz respeito por vezes em algumas disciplinas o fazer umas cábulas até ajudava a estudar. A grande dificuldade era depois ter coragem e conseguir olhar para elas, mas tentar quase todos os estudantes de então o tentaram.
Os grandes problemas de hoje no nosso ensino não são eventualmente os “copianços” mas a falta de consciência do que é a escola, de programas e avaliações continuadas.
Neste contexto quase todos somos culpados da rebaldaria a que chegamos.
Mas actualmente o que conta são as estatísticas.
Um Abraço