domingo, 30 de maio de 2010

Voltar à vida?

Hoje é o primeiro domingo em cerca de mês e meio em que retorno à minha vida. A qual, depois da doença do meu filho - já não vale a pena silenciá-la porque foi notícia em tudo o que se chama de comunicação social -, não voltará mais a ser a mesma.
Não digo isto com mágoa, queixume, tristeza ou qualquer outro sinal de índole negativa. Afirmo-o porque ninguém passa por uma situação destas ficando incólume. Não sei, sequer, como irei reagir a tudo o que vai seguir-se. A tendência natural duma mãe numa doença grave é querer substituir-se ao filho. E essa é, exactamente, a única coisa que me não é permitido fazer.
Nestes 45 dias que passaram, todos vivemos de acordo com as regras impostas pelo Miguel. E aguentámos exactamente como ele queria que aguentássemos.
Hoje ele vai a caminho de Bruxelas para uma nova fase da sua existência. E, por sua decisão, eu e o irmão ficamos cá. Esperando que ele não precise mais de nós. Este é que é, verdadeiramente, o lado mais doloroso de suportar. Porque corta o gesto de ternura, a palavra de conforto, o riso tão necessário. No resto, confio em Deus e, sobretudo, na imensa força do meu filho.
Esta será, espero, a única vez que aqui falarei deste assunto. Que, a partir de agora, dirá exclusivamente respeito ao Miguel. E se o faço neste momento é para agradecer a todos os que, neste blogue, com as suas palavras de conforto, tentaram suavizar as minhas horas.

HSC

sábado, 29 de maio de 2010

Algo que não percebo...

De repente todos os canais televisivos se tornaram iguais. Todos decidiram ter comentadores. De política. De economia. De questões sociais. De tudo e de nada se faz um comentário.
Mas quem são estes observadores do estado da nação? São políticos. Ou ex-políticos a ambicionar retorno por via da imagem e da palavra.
Ou seja, já não nos bastava ouvi-los em campanhas, na Assembleia, nos jornais, na rádio. Não. Faltavam-nos os frente a frente dos representantes dos vários partidos, a defender garbosamente as "respectivas senhoras", a troco de uns euros que lhes arredondam o final do mês.
Não haverá ninguém que tenha um pouco de decoro no exercício das funções que exerce ou exerceu? Serão estes diálogos de alguma utilidade para além dos próprios?!
Que pena que se não aproveite um tal veículo de comunicação para instruir quem ouve e não para, subrepticiamente, se "publicitar" a respectiva linha partidária.
Confesso que é algo que não percebo!

HSC

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Bem prega Frei Tomás...

Rui Rangel, juiz que muito aprecio, na sua crónica de ontém no Correio da Manhã, abordava um tema muito sério. O do exemplo. Coisa que, cá pela terrinha, fia pouco fino...
Para variar falo do "exemplo" em tempo de crise. Da nossa. Não da destes senhores que passo a elencar e cujos salários - se é que a valores deste jaez se podem chamar de salários - são, em euros, os que se seguem:
Faria de Oliveira da CGD 371.000,
Vítor Constâncio do BdP 249.448,
Carlos Tavares da CMVM 245.552,
Guilherme Costa da RTP 250.040,
Henrique Granadeiro da PT 365.000,
Cardoso dos Reis da CP 69.110,
Luís Pardal da Refer 66.536,
José Manuel Rodrigues da Carris 58.878.
A estas parcas massas salariais acrescem viatura com motorista, cartão de crédito, telefones, ajudas de custo, subsídio de representação, participação na distribuição de lucros e, claro, reforma milionária.
Surpreendentemente acabo de ler nos jornais que Luis Pardal, por ter terminado a tempo uma obra - não será essa a sua obrigação? - irá receber um louvor e mais três salários de prémio...
Como é que um Estado, face a remunerações destas, em empresas onde ele põe o nosso dinheiro, pode arrogar-se o direito de nos pedir sacrifícios?Estão a brincar connosco?
E depois, sem vergonha, chama aos críticos de "populistas"...
Bem prega Frei Tomás. "Faz o que ele diz, mas não faças o que ele faz!".
HSC

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Não estamos assim tão mal...

Ricardo Salgado dixit:"Portugal não está numa situação catastrófica".

Disse-o numa entrevista ao Jornal Económico. Acrescentando que o que importava era explicar lá fora o que o país estava a fazer cá dentro.
Pronto, estou descansada. Se o banqueiro me garante, a mim, que apenas sou bancária, que o nosso caso não é comparável à Grécia, se ele confia no que os responsáveis estão, coitados, a fazer, quem sou eu para dizer o contrário? Só posso estar mal informada ou - quem sabe? - estar a julgar mal as estatísticas e o que dizem as organizações internacionais.
A partir de agora podemos, portanto, estar todos tranquilos. Sobretudo, os que não são banqueiros. Porque se estes que viram os seus lucros apenas reduzidos, estão satisfeitos porque é que eu, vós, os outros, não hão-de estar?
Só por estupidez, claro. Que é o meu caso. Só eu é que não percebi!

HSC

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Será de mim?!

Aos poucos, retomo a minha actividade mais pesada. A de ler jornais. Na tentativa de perceber o que se passou - numa semana - que justifique tudo o que nos está a acontecer. Nada descortino. Absolutamente nada. Logo, o defeito deve ser meu.
Fui à oftalmologista. O quadro clínico não sofrera alteração. Via longe e via perto. Fui ao otorrino. Continuava a ouvir como dantes. Ou seja, muito. Depois disto, talvez devesse ter ido ao cardiologista. Mas aí, temi que com todos estes roubos premeditados, a tensão tivesse subido e eu ainda tivesse de me confrontar com uma alteração do ritmo cardíaco...
Ando tão cheia destes "senhores" - será que lhes posso chamar assim? - que até já admito participar das marchas que se organizem em protesto da política que nos está a ser imposta. Não porque não haja crise . Mas porque estas medidas não vão resolver nada da dita...

HSC

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A salgalhada

Ao ouvir o noticiário da hora do almoço, pensei que tinha percebido mal o que fora dito. As novas medidas fiscais entravam hoje mesmo em vigor, sem passar pelo crivo do Parlamento, porque os dois santos da nossa política - S. Bento e S. Caetano - tinham chegado a um acordo sobre a matéria. Acordo que, diga-se de passagem, ninguém conhece nem irá conhecer.
Tentei repetir a notícia noutro canal. Afinal tinha ouvido e entendido tudo bem. O aviso referia-se a um assalto não autorizado, retrospectivo, descarado, vergonhoso, aos bolsos daqueles que trabalham e não se podem dar ao luxo de ter offshores, porque o que ganham mal lhes dá para comer. Quando podem comer, claro.
Há muitos anos, confesso, que não assistia a um saque deste tipo. Isto, tendo atravessado as piores crises do século XX e XXI. E não me venham com as tretas do costume. A lei existe para ser cumprida e se é o Estado o primeiro a não a cumprir, então é porque o país se transformou em tudo menos num Estado de direito. Que envergonhados se devem sentir os verdadeiros socialistas...
Gostava muito de saber o que é que o Dr Jorge Sampaio, tão expedito a destituir governos, faria num caso destes e surpreende-me a bonomia da nossa comunicação social, que nem sequer se lembrou de questionar tamanho perito sobre esta manhosa salgalhada...
Há esquecimentos muitíssimo oportunos. Nomeadamente, quando Mário Soares até elogia Passos Coelho. E, também, claro, muito esclarecedores!

HSC

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eis-me de volta!

Lancei ontem o meu "Coisas que sei ... ou julgo saber". Muitos amigos. Gente que me encheu de mimo. Gente que gosta mesmo de mim. E que, no momento, eu precisava, na verdade, que mo demonstrassem, dando-me colo. Abençoados amigos!
Acabei a noite num delicioso jantar a quatro, na Bica do Sapato - onde só abracei o Fernando porque o Zé não estava - com o meu editor, o meu apresentador e uma amiga comum que adorei conhecer. Mulher doce, inteligente e bonita.
Finalmente consegui rir, solta. Fez-me muito bem!
Estou, portanto, de volta à luta, como dizem os revolucionários. E, ao que julgo, parafraseando Rebelo de Sousa, cheia de assuntos para comentar...

HSC

terça-feira, 18 de maio de 2010

Os alemães

A Alemanha é, para mim, um país que me fascina pela capacidade de trabalho, de organização, de dar a volta por cima às dificuldades. Mas que também me desagrada por uma certa dureza, um pragmatismo talvez excessivo. Ou seja, atrai-me o positivismo, mas afasta-me uma certa incapacidade de sonhar, que os latinos têm em excesso. Difícil, por isso, dizer se gosto ou não gosto. Umas vezes sim. Outras vezes não. Mas admirar, lá isso admiro porque, pessoalmente, o valor trabalho é um dos que mais prezo.
Este longo intróito serve para falar do travão ao endividamento público que o ministro das Finanças alemão já introduziu naquele país, e cujas medidas pretende ver aplicadas na União Europeia.
De facto, no ano passado, através de uma emenda constitucional, a Alemanha determinou que a Confederação não poderia, a partir de 2011, contrair dívidas superiores a 0,35% do PIB, o que, actualmente, corresponde a nove mil milhões de euros por ano. Por outro lado, os dezasseis estados federados ficaram proibidos, a partir de 2020, de se endividar mais. Em compensação, os cinco mais fracos do ponto de vista financeiro, irão receber entre 2011 e 2019, um subsídio de 800 milhões de euros anuais para consolidarem o seu orçamento.
A proposta germânica irá ser apresentada na reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro com o Presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, a realizar na próxima sexta feira.
Ignora-se qual será a reacção. Mas o que é facto é que a senhora Merkel não brinca em serviço. Em serviço brincam os gregos. E parece que brincamos nós, também!
HSC


sábado, 15 de maio de 2010

Na Feira do Livro

Hoje foi o meu terceiro dia de Feira do Livro. A qual tem, para mim, sempre duas facetas.
Uma, agradabilíssima, de encontrar pessoas que simpaticamente vêm ter comigo para conversar. Chega a comover-me tanta ternura e naturalidade. E não me canso de registar a atenção pessoal que isso representa.
A outra, mais difícil, quase inevitável, é a da exposição. Pessoal e familiar. Porque acabam quase sempre por me expressar a simpatia que têm por um ou por outro dos meus infantes.
E aí começo a encolher-me na cadeira, sentindo-me tão devassada como se me entrassem em casa sem eu esperar. Felizmente que só recebo elogios. De um e do outro.
Mas a família é a minha parte sagrada de intimidade. Falo naturalmente dos meus filhos mas não os mostro. Nunca aceitei posar com eles ou com os netos. E, quando estou na sua companhia em locais públicos, fujo dos fotógrafos a sete pés para evitar as fotos tradicionais...
Não é nada fácil gerir estes dois lados de uma mesma moeda, sem ser malcriada ou parecer pretensiosa. Hoje foi um desses dias de difícil equilíbrio no meio de um mar de simpatia.
Até pareço mal agradecida. Que não sou. Devo aos meus leitores e aos meus ouvintes, um dos lados mais agradáveis da minha existência. Mas a exposição é, de facto, o duro reverso dessa medalha.

HSC

A (in)tolerância

Julgo que Portugal tem ainda muito que aprender no campo da tolerância. Nem especifico. Não é preciso. Toleramos mal quem não se assemelha a nós. Ou seja, há quem suspire por uma sociedade toda igualzinha, toda clonada num só modelo, toda certinha e como "deve ser".
Acontece que, felizmente, não é assim. Somos honestos e desonestos, feios e bonitos, inteligentes e estúpidos, religiosos e ateus, negros e brancos, asiáticos e africanos, políticos e apolíticos, ricos e pobres, etc, etc. É muito bom que sejamos diversos, se todos valerem o mesmo.
O problema surge quando cada um destes estereótipos se julgaa portador da "verdade universal" ou da uma qualquer superioridade intelectual. Tudo começa, claro, na educação básica, que esquece a abordgem da tolerância, como valor essencial. Para quem e para o que é diferente.
É tempo e o país precisa descobrir neste multiculturalismo em que vivemos, o que nos aproxima. Porque, se isso não acontecer, as feridas do tecido social serão incuráveis, num Portugal que já não é governado por portugueses, mas sim por uns senhores que vivem na capital belga e são capitaneados por um português.
Nunca fui muito europeista. Todos os que me lêm ou trabalharam comigo o sabem. Hoje, sou ainda menos. Porque suportar esta equipe de incompetentes que nos governa - cá e em Bruxelas - é, cada vez mais, um violento teste à tolerância individual e colectiva.

HSC

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O reverso da medalha

Depois de meses de mentiras sobre a nossa situação económica, aqueles que nos enganaram ou os que, com o seu silêncio, pactuaram no embuste, começam "a mostrar-se" penalizados com a situação que os "outros" - sempre os outros e não os próprios - nos criaram.
E mesmo perante o descalabro, acabo de ouvir o PM referir, agradado, o nosso centesimal crescimento, com ar de quem diz "nós é que sabemos"...
De facto, quem olhar para as medidas anunciadas e tiver formação económica, revolta-se. Mexe-se no IVA, um imposto cego, mexe-se no IRS, mas a desproporção entre ao aumento para os que mais ganham e aqueles que se situam na classe média é gritante.
O Senhor Barroso na Comissão Europeia e o Senhor Strauss Khan no FMI esperam os nossos cortes, depois de aplaudirem os da Espanha. Do lado da despesa é que ainda não descortino bem onde estão os cortes válidos que deveriam igualar o aumento das receitas, porque é apenas nestas que se pensa. Tudo para o retrato da reunião da Grande Família, que se aproxima lá para 18 de Maio...
Os portugueses estão cansados de tanta falta de humanidade e de tanto desrespeito!

HSC

terça-feira, 11 de maio de 2010

A fé

O post de hoje é dedicado aqueles que são católicos e tentam manter-se como tal, num mundo que materializou quase todos os seus valores espirituais. Não é fácil, na sociedade actual, sê-lo.
Já o disse aqui várias vezes. A fé é algo que nos ultrapassa e foge aos cânones pelos quais os cientistas pretendem explicar o universo. Ou se tem ou não se tem. Mas o facto de se não ter, não dispensa aqueles que acreditam mas não a têm, de lutar por ela.
Como, aliás, acontece com muitas outras forma de amor, que impõem que se lute por ele, não só para o ter como, sobretudo, para o conservar.
Hoje assisti à missa de Bento XVI no Terreiro do Paço. Foi uma celebração magnífica para todos aqueles que se reveêm nesta práctica religiosa. Seguramente não assistirei, em vida, a outra igual. Estou feliz por ter tido essa oportunidade.
O actual Papa, que contrasta muito com o calor do anterior ou a bonomia de João XXIII, é um ideólogo, um filósofo, um homem que ao nascer na Alemanha viveu sob o nazismo e que está a atravessar, com imensa determinação, as duras críticas hoje dirigidas à Igreja.
Mas tem, também, a coragem, enquanto substituto de Pedro, de não descartar culpas e de assumir a parte que, nessas críticas, são de responsabilidade da própria Igreja. Num mundo em que todos arranjam sempre "bodes expiatórios", o actual Santo Padre merece respeito.

HSC

O país parado

Sou católica. Mas as condições em que o Papa se desloca ao meu país estão a incomodar-me num Estado que se outorga de laico. Que se desse tolerância de uma tarde em Lisboa e outra no Porto entendia, dado que se diz que o país é maioritariamente católico, embora se diga não praticante. Mas a sequência de tolerâncias vai deixar Portugal, em plena crise, num estado de letargia durante quase uma semana. A meu ver e apesar de ser das que praticam foram decisões pouco oportunas.
O Papa é um Chefe de Estado e, como tal, merece o tratamento dado a todos os outros que nos visitam. O que os católicos quisessem, individualmente, fazer dessa visita, utilizando o seu direito a gozar um dia de férias para o acompanhar, seria o problema de cada um. Não o dos governantes.
Quer-me assim parecer que as medidas tomadas a nivel governativo vão criar emoções contra a Igreja, neste momento perfeitamente dispensáveis!

HSC

domingo, 9 de maio de 2010

O futebol e o Benfica

Estou a escrever rodeada de apitos, de vivas, de lágrimas e de suspiros e de cachecois do Benfica. Fui a uma missa das sete, da qual saí logo após a comunhão, para jantar com o infante mais novo às sete e quarenta e cinco, um horário para nós inaceitável - somos noctívagos acentuados ao fim de semana - pois este temia, face ao mar de gente que teria de enfrentar pelas 22 horas, não conseguir chegar a casa.
Como sou do Sporting...a coisa não me toca. Ou toca...porque não consigo concentrar-me no trabalho. Mas cheguei a uma certeza: a crise que o país atravessa resolvia-se com o futebol! Se, neste momento, pedissem aos benfiquistas que dessem ao seu clube o 13º mês, todos o fariam.
Pelo país...é que a coisa seria muito mais difícil. Parafraseando Marx o futebol é o ópio do povo!
Viva a vitória do Benfica, que torna tão feliz uma boa parte dos portugueses!

HSC

Quem somos? Como somos?

Às vezes passamos uma vida inteira sem nos conhecermos. Outras vezes, julgamos que nos conhecemos bem. Outras ainda, tememos conhecer-nos bem demais...
Depois, um dia, acontece algo inesperado nas nossas pacatas existências que vem questionar qualquer das posições que referi. Ou nas pacatas existências daqueles que nos rodeiam. E nós ficamos surpreendidos, sem que tenhamos a exacta noção do que é que, na realidade, nos surpreende. Somos nós? São os outros? Ou serão ambos?
No meu caso - que fiz análise - creio manter um razoável auto-conhecimento. Mas a nossa vida está longe de ser linear e, por vezes, episódios da vida dos outros, levam-nos a reflectir não tanto sobre nós, mas sobre a influência que o comportamento desses outros, pode exercer sobre nós. Esse desafio, esse acertar de passo, essa busca de harmonia - mesmo que provisória - não é um processo fácil. Ela acontece quando mudamos de trabalho, de país, de família ou, simplesmente, de vida. E essa mudança obriga-nos a alterações pessoais que chegam a ser surpreendentes.
Hoje percebo melhor que mesmo conhecendo-me bem e tendo uma já longa experiência de vida, continuo sempre a aprender alguma coisa e, portanto, longe de estar "pronta"!

HSC

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Quando é que isto acaba?

Nova ameaça paira sobre o país e, mais uma vez, por causa das já mal afamadas "agências de rating" que mais não têm feito, relativamente a Portugal, do que estimular a especulação daqueles que por detrás delas as comandam.
Claro que o país se pôs mais do que a jeito para que tal acontecesse e o autismo do Primeiro Ministro relativamente a projectos megalómanos só nos tem prejudicado. Dentro e fora de Portugal. Porque parece que o governo não entende qual é a leitura externa dessa persistência insensata e surrealista.
Se o regime não arrepiar caminho não haverá consensos. Pela primeira vez estou de acordo com Louçã. É indispensável dar um aperto - qualquer que ele seja -, a estas agências que, antes, só ajudaram - com as suas notações falaciosas - a precipitar a crise e agora se servem dela em seu próprio proveito.
Urge, mas urge mesmo, que a nível da UE - que raio anda lá a fazer o Dr Durão Barroso? - se constitua um "orgão de notação" credível que evite deixar-nos nas mãos daqueles que, neste momento, apenas se estão a aproveitar de uma situação que, a muitos títulos, fomentaram.
O país não pode acordar todos os dias com ameaças deste tipo. E o Primeiro Ministro não deve continuar a tentar enganar-nos sobre o futuro que nos espera. Se isto é o "normal funcionamento da democracia" então começo a pensar que fechar as portas aos partidos talvez seja a única solução deste país andar para a frente.
Por outras palavras quando é que isto acaba? É que a maioria de nós já acabou e ainda não sabe. Deplorável estado o nosso!
HSC




quarta-feira, 5 de maio de 2010

Somos tantos num só!

Há cerca de um ano surgiu o Projecto Farol - promovido por conhecidadas personalidades do mundo político, empresarial e por alguns economistas - que, então, apresentaram ao Presidente da República as intenções que os norteavam. Basicamente tratava-se de um "think tank" para repensar Portugal.
A crise - sempre esta -, veio precipitar os acontecimentos e tornou mais urgente identificar os erros e apresentar soluções para a retoma do progresso económico e social. Os seus promotores declararam, desde o início, que as soluções que apresentassem seriam independentes de ideologias ou partidos. Mas adiantaram que as sugestões "se desenvolveriam num quadro de competitividade saudável, afirmada e consolidada numa malha empresarial inserida na economia global, com a construção de políticas e práticas que contribuissem para a acumulação de capital pela via da poupança individual e das empresas, essencial ao financiamento económico".
Ao Estado, por seu lado, conviria "ser menos interventor e mais regulador da economia e dos serviços de interesse público, dedicando-se particularmente às funções de soberania, em particular na Justiça".
Pois é este relatório que vai, amanhã, ser apresentado ao Presidente. Para além de tudo o que possam ser as suas conclusões, tal tipo de receituário esquece, por norma, que não existe um só Portugal. Existem vários. O do Norte , o do Cento, o do Sul, o do interior e o rural, o da esquerda e o da direita, o do PR e o do PM, enfim, até existe o meu, que é diferente, por exemplo do de muitos.
Assim, o perigo deste tipo de exercício é sempre o mesmo. O Portugal que lá não estiver contemplado começa, de imediato, a estrebuchar e a deitar abaixo quaisquer conselhos, por mais válidos que sejam, pela mera necessidade de afirmar o país como partido, região, grupo económico, ou qualquer outra visão divisionista que se considere ser politicamente oportuna.
O nosso drama é sermos, de facto, tantos, tão diferentes, num só!
HSC

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A todos os que me seguem

Por uns tempos, como avisei já antes, esta vossa amiga vai estar concentrada na família que agora vai precisar dela quase em exclusivo. Mas prometo que tentarei ir pondo post´s sempre que tiver um pouco de tempo livre.
Aos que tiverem paciência de esperar e não me abandonar, um muito obrigada antecipado.

HSC

domingo, 2 de maio de 2010

A Mãe

Não escrevo sobre a maternidade por ser hoje o dia que se convencionou celebrar a Mãe. Aliás, gostava bem mais quando o festejavamos a 8 de Dezembro. Ainda agora me confunde a opção tomada.
Se abordo o tema não é porque atribua mais importância à mãe do que ao pai. Mas por saber que os seus respectivos papeis são diferentes. Trazer no ventre, durante nove meses, um ser que depende totalmente de nós, não pode deixar de criar um elo especial entre os dois. Negá-lo para mero efeito de paridade parental é como tapar o sol com a peneira. Isto não quer significar que, após o nascimento, as funções não sejam equivalentes, o amor e as obrigações não sejam semelhantes. São-no, sim.
Talvez por isso ainda me surpreenda a progressiva aceitação das" barrigas de aluguer" que, afinal, reduzem a gestação a um mero veículo de transporte e alimentação de uma criança. Porque, se o método se generalizar, então, o laço de que falo deixa, de facto, de existir...
É que o ser que nasce deste modo, contrai uma dívida de gratidão para quem, não sendo sua mãe, o carregou durante nove meses dentro de si. E, sendo assim, não posso deixar de questionar se o nome dessa pessoa não deveria integrar o registo de nascimento da criança em causa.

HSC
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