segunda-feira, 8 de junho de 2009

Saudade

"Saudade é basicamente não saber. Não saber o que fazer com os nossos dias que ficaram mais compridos. Não saber como frear as lágrimas diante dum quadro, foto ou uma música. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche."

(Frases soltas sobre o tema, de autoria do actor Miguel Falabela)

Saudade é nunca sabermos de quem amamos, e muitas vezes, até, não sabermos porque as temos. Mas saudade da mãe que se perdeu, do homem que se amou, do filho que partiu, é um sentimento sem tradução, é a mais dolorosa das nossas nostalgias.
Inexplicavelmente, hoje, só hoje, tenho saudades não daquilo que perdi, mas sim de mim, na época em que não sabia o que eram perdas.

H.S.C

11 comentários:

Anónimo disse...

Raúl Bradão, numa das suas excelentes prosas, escreveu um dia que aquilo de que gostaria (ele já velho) era estar ali sentado com seu pai, ambos da mesma idade, a conversar. E poder dizer-lhe, uma vez mais, o quanto o amava. É um pedaço de texto muito comovente.
P.Rufino

margarida disse...

Depois do amor, a saudade é 'o' tema.
...e não estará tudo ligado?

Anónimo disse...

como eu a compreendo e entendo o seu texto levou-me ás lagrimas .

Bem-Haja

Carlota Joaquina

Anónimo disse...

Quantas vezes só depois da perda é que nos damos conta do quanto amamos! Tarde demais! Por isso, não percamos tempo e façamos tudo para que as pessoas em causa saibam a tempo o quando gostamos delas.

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro anónimo, esse não é o problema. Julgo que até hoje não deixei palavras por dizer nem gestos por fazer. A minha mãe e a minha avó ensinaram-me, cedo, esse preceito.
A saudade que tenho é de mim própria, nesse tempo, tão caloroso de afectos, e que fizeram muito do que sou hoje.
E nesta manhã- sabe-se lá bem porquê -, pela primeira vez, senti algumas saudades daquela Helena, que nunca havia experimentado a dor da perda.
Se morresse agora, não me parece que tivesse ficado nada suspenso na minha vida.
Mas sabe? Gostei de sentir saudades de mim...

Helena Sacadura Cabral disse...

Margarida é bem capaz de estar tudo ligado. Mae esta saudade de mim só hoje é que a senti.
Estranho. Continua na minha vida a hver sempre "primeiras vezes"!

JS disse...

O pior é que às vezes começamos a perder tão cedo, que já não nos lembramos como era antes...

margarida disse...

Essa saudade 'de nós' é tremenda...
Bom senti-la sendo tão preenchida e feliz. E agora, de mansinho, entre um café e uma pausa, sorrateira, só a cocegar.
Em mim é um grito, um soco, um terramoto constante.
Daí tantas 'ondas'.
Tanto lado obscuro da lua fantasiado de solar.
E 'fantasiado' é uma boa palavra.

hfm disse...

Inexplicavelmente uma das piores saudades.

Anónimo disse...

...Saudade é amar um passado que ainda não passou,
É recusar um presente que nos machuca,
É não ver o futuro que nos convida...

Pablo Neruda

ElsaTaveiraLourenço disse...

Querida Helena,
Como eu a compreendo. As suas palavras, as do Falabela também.
Como também sei o que é essa saudade e, viver com ela todos os dias. Viver com as perdas, aprender a lidar com as mesmas, com a maior de todas que algum dia tivemos e, outras que ainda poderemos ter e não queremos nunca.
Saudades daquele tempo em que ainda não sabiamos o que eram essas perdas em nós, também o sei e sinto-o. Olho em redor e há coisas que me levam até lá..., um objecto, uma boneca, um livro, um disco, uma peça de roupa, uma estante..., tanto de mim e daquele tempo com aquela pessoa, que saudades de mim naquele tempo com o meu pai...
E, as lágrimas já correm pelo rosto...
Obrigada amiga Helena
Abraço apertado