sábado, 6 de junho de 2009

A flor

Hoje apeteceu-me comprar uma flor que havia visto e me faltava. Gosto, no verão, de as usar no vestuário. Cada um tem as suas manias e eu tenho esta, que já atravessou três gerações da família materna e cujo espólio se encontra nas minhas mãos. Logo eu, que não tenho - pena minha -, descendência feminina... Possuo, assim, uma lindíssima coleção de flores de lapela que vêm do tempo da minha avó Joana e que, para mim, valem mais do que brilhantes!
Não especifico o ponto de venda porque apenas pretendo falar do assunto no geral e não do meu caso particular.
Havia pedido à empregada que, logo que chegasse nova remessa, me guardasse um exemplar de determinada cor. Tomou nota num caderninho mas, pelo grau de anafalbetismo revelado, receei logo da eficácia da mesma. Claro que nem água. A menina vendera a flor. Mas perante a falta cometida, prontificou-se a repará-la telefonando para seis lojas da cadeia em causa. Apenas duas atenderam... e não tinham. Por fim, na sétima loja, num Centro Comercial fora de mão, havia uma. Pedi que a remetessem para aquela em que me encontrava. Foi quando a menina me informou que demoraria uma semana. Perante a minha surpresa, esclareceu que ela estava aberta, mas a empresa que se encarregava das entregas "fazia ponte"!
É evidente que, no caso concreto, a importância da demora é nula. A loja vende objectos baratos, o preço da flor não chegava a cinco euros e a minha urgência não existia. O pior é que esta situação é paradigmática de um país que ainda não interiorizou que tem de trabalhar e que "pontes" nem nos países ricos se fazem deste modo.
Foi uma flor. Podia ser um remédio. Ou qualquer outra coisa importante que se não coadunasse com pontes que param o país sete dias. E não há quem tenha a coragem de atirar os feriados para os fins de semana como se faz noutras paragens. À excepção, claro, de quatro ou cinco datas, essas sim, verdadeiramente inamovíveis. E é deste modo que se vai vencendo a crise...

H.S.C

5 comentários:

JS disse...

Eu "babava"a olhar para as pregadeiras que trazia na lapela!!!

Anónimo disse...

Pois é, crise é só para alguns! Quando toca a folgar não há crise que os impeça. Depois os empregadores é que são exploradores, não pagam o deviam, etc, etc! Nunca se põem no lugar o patrão que muitas vezes tem de fazer das tripas coração para lhes pagar, pois a crise também os afecta. Enfim, é o Portugal que temos.

Pedro disse...

Vou juntar os meus dois centavos (agora diz-se cêntimos, quantos?!) sobre isto.

Durante uns tempos vivi em Bruxelas; precisei de comprar um ecrã para computador, modelo específico, marca específica, cor específica, que eu nestas coisas de comprar ecrãs é como a compra de certas flores :-) só diferindo o preço, que no caso do ecrã foi um pouco mais caro :-)

Escolhi na Web o que queria, comparei preços, características, modelos, que hoje, nestas facilidades, é que está o ganho; a cadeia Vanden Borre indicava que tinha em stock o que eu queria pelo preço (significativamente) mais baixo que encontrei; ao lado de casa, no Woluwe shopping center (sim, o nome é inglesado), há uma loja da Vanden Borre: são profissionais, conhecedores, sabem informar sobre todos os produtos que têm, sabem responder a todas as perguntas (e eu quero sempre saber os detalhes!), são simpáticos, sorriem, cativam, é-se bem tratado, e oferecem, por uns trocados extra, uma extensão de garantia por mais 3 anos além da garantia de 2 anos do fabricante (tudo isto obviamente também temos em Portugal, onde eu nunca sei mais do que o vendedor, estou a ser sarcástico :-)

Chego, pergunto pelo produto que quero (não o vejo em exposição), o senhor consulta o sistema informático, e efectivamente têm um exemplar mas na loja de Waterloo.

- On peut le faire venir ici pour vous - diz-me o senhor antevendo uma venda imediata.
E eu singelamente pergunto:
- Et combien de temps ça prend?
- Une quinzaine de jours...
- Pour venir de Waterloo à Bruxelles, Woluwe?! Comment çà?! Mais c'est à coté!

Waterloo fica a menos de 16 Km, e não havia feriados nem pontes que explicassem o disparate de tempo incompreensível. Explicou-me que era o sistema de distribuição deles que funcionava assim (não sei como!).

Agradeci, fui-me de carro a Waterloo, e menos de uma hora depois estava em casa a abrir a caixa com o ecrã novo :-)

Agora que penso nisto há algumas ilações que se podem tirar. Imagine a Helena que a menina dizia que trazer a flor da outra loja demorava uma semana sem referir que se devia aos feriados e "pontes" que a empresa de "deslocação" praticava... Talvez fosse mais aceitável esse tempo sem se saber da razão, as "pontes"... Mas agora pense a Helena noutra consequência: com "pontes" a flor demora uma semana a ser transportada o que faz com que os Portugueses, tendo muito menos tempo útil para o processo (devido aos feriados e "pontes"), são muito mais eficientes que os Belgas que, sem feriados nem "pontes", levam os seus quinze dias!! Ele há cada coisa :-)

Mas é verdade, não sei se a Bélgica se pode incluir nesse grupo de eleitos, os países ricos :-)

Um bom fim de semana! Com flores bonitas :-)
Pedro

hfm disse...

Petit à petit... só que há 35 anos continuamos na mesma!

Aqui para nós que ninguém nos ouve, fiquei com "inveja" dessa colecção.

Maria Chaves disse...

Helena,
Hoje não vou conseguir dormir sem lhe desejar uma noite descansada.
Parabéns à enorme mãe de dois grandes filhos.
Um xi coração ternurento,
Mimena