domingo, 31 de maio de 2009

Acontece...

Ontem cheguei a casa e, ao ligar a TV, zás, catrapáz, apanhei de seguida os dois infantes. Primeiro um, logo o outro.
Rumei ao frigorífico para me retemperar da intempérie. Comi tudo o que não devia e me faz mal. Pronto, paciência. Mas acalmei.
Pus-me, de imediato, pronta para a indispensável terapia: Bach e arrumações. O primeiro bem alto. As segundas bem baixas, porque me atirei a tudo quanto eram armários e gavetas junto ao solo.
Decorrida uma hora, terminada a peça musical, voltei-me para o Coltrane e para um passado amontoado em pastas de documentos. Foi-se o divórcio - ufa! que demorei -, foi-se a empresa que já tinha fechado há dez anos, foram-se umas cartas, enfim, foi-se um bocado, desnecessário, de mim! E com tudo isto haviam voado perto de três horas. No lixo estavam três sacos cheios. Confesso que me sinto, desde ontém, mais aliviada...
Acontece a todos. Mas comigo é mais em campanhas eleitorais. Com as duas que se avizinham, talvez deixe, mesmo, de existir!


H.S.C

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Tenho pena...

Tenho pena de tudo o que afecte velhos e crianças. Os primeiros porque já não têm defesas. Os segundos porque ainda as não têm.
Por norma não comento situações de que não conheço todos os contornos. E, no caso específico da Alexandra, a criança que embora nascida em território nacional, foi mandada de volta para a Russia com a mãe biológica, tambem só conheço o que a comunicação social revelou.
Mas não é do caso particular que quero falar. É da necessidade urgente de rever as leis da adopção. Há muita gente em condições de dar afecto a crianças mas que não pode adoptar. Ou porque se não integra no quadro legal que a regula ou porque a família - por exemplo, outros filhos - a tal se opõe, na defesa dum património que julgam seu.
Em ambos os casos, talvez se justificasse criar uma figura jurídica intermedia que permitisse dar um lar a uma criança sem que, necessariamente, esta tivesse de ser adoptada. Uma espécie de "padrinhos" cujo limite de idade fosse superior ao estipulado na adopção e em que os bens familiares não estivessem em causa. A criança teria um lar, um encarregado de educação e afecto. Tudo sob a vigilância de uma entidade competente para o efeito.
Assim, muito mais crianças adolescentes - as mais difíceis de adoptar - encontrariam quem delas se ocupasse.
E, já agora, lembro que nalguns estados americanos há quem "adopte" avós. Porque não seguir-lhes o exemplo, em lugar de os deixarmos definhar nos chamados lares ou casas de repouso?

H.S.C

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ninguem se entende

Com o aproximar dos actos eleitorais o Ministro das Finanças ficou, subitamente, mais otimista. Não no sorriso - que poucos lhe devem conhecer - mas nas previsões económicas para o país.
De facto, num assomo de crença no futuro, diz que "há sinais de alívio" na nossa crise.
Infelizmente o Dr. Vitor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, tem fé bem diversa, porque afirma que o que se verificou foi apenas uma desaceleração na queda e que é cedo para se falar de retoma no fim do ano.
Prevê, aliás, ainda, que no velho continente o desemprego continue a crescer. O qual, arrastando o incumprimento do crédito, irá ter consequências no sistema financeiro. Passa-se, assim, de uma crise que inicialmente parecia ter apenas contornos financeiros, para outra que contagia todo o sistema económico.
Face a este quadro, Vitor Constâncio diz, e bem, que em 2010 ninguem sabe o que vai acontecer. Pelos vistos, apenas Teixeira dos Santos e a taróloga Maya sabem, já, o que vai passar-se...
Porque será que não nos poupam a estas "estórias" de cariz eleitoral?!

H.S.C

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Os imigrantes em França

LES IMMIGRANTS, NON FRANCAIS, DOIVENT S'ADAPTER. À prendre ou à laisser, je suis fatigué que cette nation s'inquiète à savoir si nous offensons certains individus ou leur culture.
'Notre culture s'est développée en luttes, d'habileté et de victoires par des millions d'hommes et de femmes qui ont recherché la liberté.'
'Notre langue officielle est le francais; pas l'Espagnol, le Libanais, l'Arabe, le Chinois, le Japonais, ou n'importe quelle autre langue. Par conséquent, si vous désirez faire partie de notre société, apprenez-en la langue!
''La plupart des Francais croient en Dieu. Il ne s'agit pas d'obligation chrétienne,d'influence de la droite ou de pression politique, mais c'est un fait, parce que des hommes et des femmes ont fondé cette nation sur des principes chrétiens, et cela est officiellement enseigné. Il est parfaitement approprié de les afficher sur les murs de nos écoles. Si Dieu vous offense, je vous suggère alors d'envisager une autre partie du monde comme votre pays d'accueil, car Dieu fait partie de notre culture.
'Nous accepterons vos croyances sans poser de question. Tout ce que nous vous demandons c'est d'accepter les nôtres, et de vivre en harmonie pacifiquement avec nous.'
'Ici c'est NOTRE PAYS, NOTRE TERRE, et NOTRE STYLE DE VIE. Et nous vous offrons l'opportunité de profiter de tout cela. Mais si vous en avez assez de vous plaindre, de vous en prendre à notre drapeau, notre engagement, nos croyances chrétiennes, ou de notre style de vie, je vous encourage fortement à profiter d'une autre grande liberté Francaise, 'LE DROIT DE PARTIR..
' Si vous n'êtes pas heureux ici, alors PARTEZ. Nous ne vous avons pas forcés à venir ici. Vous avez demandé à être ici. Alors, acceptez le pays que VOUS avez choisi .'

(Palavras atribuídas a François Fillon, Primeiro Ministro da França)

Poderá ser duro de ler. Talvez mais duro, ainda, de ouvir. Mas não haverá nestas palavras um forte motivo para pensar?
Fomos emigrantes. Comemos o pão que o Diabo amassou. Mas nunca questionámos usos e costumes de quem nos acolheu. Ajudámos a construir os países para onde fomos e onde muitos de nós acabaram por ficar.
Não será, então, isto que devemos esperar daqueles que procuram abrigar-se no nosso seio?

H.S.C

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pobreza mental

Por muito que me custe e custa muito, lá vou aqui e ali assistindo à pobreza dos debates eleitorais para as europeias. Custa a perceber que se esteja a debater a Europa, as suas instituções, a sua política. De propostas nem vislumbre.
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado nosso.
Nem quero pensar no que vai ser a abstenção, partido em que me filiaria, não fossem outros valores mais altos a levantarem-se.
O mais grave é que não é por acaso que isto acontece. Cada um de nós anda cansado. De si, dos outros, do próprio país. Como é que não andará cansado duma Europa que cada vez se afasta mais do portuga, agora que os fundos, mal aproveitados, deixaram de aparecer?
Vivemos a fugir de males maiores, convencidos de que com os menores vamos podendo. Triste convencimento de quem já nem sequer acredita em alternativas.
E será neste espírito de pobreza mental que caminharemos para três actos eleitorais. Onde em lugar de se discutir o que é importante, aceitamos o cadafalso que retrata o inferno do nosso descontentamento...

H.S.C

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Solidão

"Solidão não é falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo. Isso é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar. Isso é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos. Isso é equilibrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsivamente para que revejamos a nossa vida... Isso é um pricípio da natureza.
Solidão não é o vazio da gente ao nosso lado. Isso é circuntância.
Solidão é muito mais que tudo isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão a nossa alma".

(Frase atribuída a Chico Buarque da Holanda)

Ora nem mais. Está tudo aqui. Pode estar-se sozinho ou solitário. Mas só quando "somos sós" é que a solidão se apodera, realmente, de nós.
Gosto muito de estar sozinha, porque sei que estou acompanhada. Sou, muitas vezes, solitária porque, de repente, o mundo à minha volta toma conta de mim e eu preciso de espaço e de silêncio para existir.
Mas sentir uma solidão imensa, até hoje, apenas aconteceu quando perdi a minha mãe e não pude despedir-me dela. Aí, sim, não deve ter havido ninguém no mundo mais desamparado do que eu. Totalmente perdida. Foram os piores momentos da minha vida.
E, desde essa longínqua noite de Natal, nem nos mais dolorosos baques por que passei, alguma vez senti a solidão tomar conta da minha alma...

H.S.C


domingo, 24 de maio de 2009

O mundo virtual

Aos mundos virtuais, cheguei tarde. Aliás, à excepção da Universidade, onde entrei cedo demais, aos 15 anos - nasci em Dezembro -, tudo o resto, na minha vida, demorou a dar fruto.
Assim iniciei-me nos computadores há apenas pouco mais de uma década. Muitos textos desapareceram, outros tantos foram estragados, várias vezes me irritei, mas a verdade é que lhes perdi o medo. De tal forma que agora os "desastres" são já por demasiada ousadia.
As amigas da minha faixa etária estranham esta propensão tecnológica, mas a verdade é que nunca fui muito igual a elas. Defeito meu, decerto. Mas o que eu gosto deste meu defeitozinho...
Cheguei, por isso, à blogosfera, tardíssimo. Ando aqui apenas há três meses, mas o gosto das descobertas que tenho feito vale por anos.
Foi assim que, também fora de horas, avizinhei os amigos virtuais. Não, felizmente, por carência dos outros. Mas porque estes têm uma dimensão diferente. Não vêm da juventude, não vêm do trabalho, não nos foram apresentados. Surgem, um dia, no nosso espaço e deixam umas palavras. Como se fosse um pequeno vazo de flores, um livro ou um disco.
Deste episódio nascem visitas regulares e conversas curiosas. E nós habituamo-nos ao ritual retribuindo as visitas.
Um dia damos connosco a falar deles e com eles como se fossem reais. E não é que, afinal, são?

H.S.C









Um Domingo simples

Um Domingo bem passado, o meu. Andava saudosa de estar com uma amiga que podia ser minha filha. Amizade relativamente recente, mas sempre envolvida de riso sobre as nossas "pequenas desventuras".
Hoje almoçámos juntas e fomos ao cinema. Filme vulgar, almoço idem.
Mas rimos a bom rir com as pequenas peripécias do género feminino, as suas fraquezas e, também, as suas qualidades. E, claro, como não podia deixar de ser, gargalhámos com as nossas esplendorosas existências...
Obrigada Isabel pela tua frescura, pela tua graça e, sobretudo, pela tua amizade!

H.S.C

sábado, 23 de maio de 2009

O público e o privado

Somos uma família muito exposta. Que trabalha em áreas comuns. Falo de comunicação. Porque da política fujo a sete pés.
Ontem o meu filho maior lançou mais um livro. Misto de viagens e de considerações politico/ religiosas. De manhã ia morrendo quando ele me entrou inesperadamente em estúdio. Não sabia de nada e apanharam-me pelo calcanhar de Aquiles. Esqueci-me do ecrã e agarrei-me a ele...como faço aqui em casa. Só faltou subir-lhe para o colo...
Lá me recompuz para de tarde assistir ao lançamento. Sabendo dessa terrível mistura de público e privado. O irmão não pôde ir porque estava nos Açores. Eu escondi-me à entrada para o ouvir. Safei-me bem das fotógrafos que, julgo, me não terão apanhado.
Em tudo o que não seja actividade política da descendência eu estou presente. E ontem levei um banho de bloquistas. Noblesse oblige!
Mas o livro é lindo e eu tenho de confessar o meu orgulho materno. Perdõe-se-me a publicidade. Espero que um dia não muito longínquo, a escrita e os documentários sejam, de facto, a sua única profissão!

H.S.C

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Galpada...

A Galp não gosta de perder nem a feijões. Por isso, ao ver que 30% do seu mercado estava, já, nas mãos das marcas brancas (supermercados e similares), decidiu lançar uma campanha negra -esta frase tem hoje grande sucesso entre nós - acusando aqueles produtos de falta de qualidade. Confiava, seguramente, na sebastiânica "protecção" que a AAC - Alta Autoridade para a Concorrência - parece dispensar-lhe, pese embora o seu lamentável lugar em matéria de transparência.
Só que nem a creme de la creme dos políticos que, em fim de carreira, lá se refugiam, conseguiu evitar que as autoridades oficiais se vissem forçadas a afirmar que nada diferenciava a qualidade dos seus produtos e o das mencinadas marcas brancas.
Conclusão, em lugar de levantar a desconfiança no mercado, acabou por consolidar a posição dos materiais que pretendia atacar...


H.S.C

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O frasco de perfume

Era Outono e eu estava em Paris, em trabalho. Fui jantar ao Drugstore dos Campos Elísios, porque queria ir ver o filme que estava no cinema em frente.
Quando comecei a comer, aproximou-se de mim um homem, saído da gente que aguardava mesa, que me perguntou se eu não me importava que ele se sentasse. Curta e directa disse-lhe que me importava e que desejava tomar a minha refeição sozinha. O homem recuou para donde havia saído e ficou a aguardar à minha frente, causando-me, confesso, algum incómodo. Na altura do café fiz-lhe sinal para avançar. Agradeceu e eu saí para o cinema.
Já o filme havia começado, quando uma lanterna indicou o lugar vazio, ao meu lado. Sentou-se um vulto. De esguelha percebi que se tratava do mesmo indivíduo. Puro acaso, acreditei.
Terminada a sessão e já a caminho do Hotel que não ficava longe, senti uma voz a perguntar "puis-je vous tenir compagnie?".
Hesitei entre o riso e a irritação. Optei pelo primeiro e respondi que a companhia seria curta porque o hotel era perto. Chegados à porta convidou-me para tomar qualquer coisa no bar. Neguei à primeira porque apanhava o avião cedo. Mas aceitei à segunda.

Ayan era egípcio, engenheiro e ia todos os meses a Paris, em trabalho. Partia, também, no dia seguinte. Julgou que eu era francesa e ficou muito admirado quando lhe disse ser portuguesa. Conversámos até de madrugada e despedimo-nos com um "até um dia".
No dia seguinte, já nos Invalides - nesse tempo o dinheiro não dava para táxis - vejo um homem a correr para tomar o meu autocarro. Era ele. A conversa foi amena e chegada a hora da largada, levou-me até ao local de embarque. Quando ia despedir-se de novo entregou-me um pequeno embrulho e disse "espero ter acertado". Baralhada, mas já em cima da hora, levei o pacote comigo. No avião, já descansada, abri finalmente o presente. Era um frasco de Dioríssimo, o perfume que usei anos a fio. Sorri perante o acerto, a intuição, a gentileza.

Guardei esse frasco trinta anos. Abri-o, finalmente, há um mês. Estava praticamente vazio.
Não sei porquê mas senti um nó na garganta... Quem sabe, talvez, por aquilo que não havia feito!

Nota
Este texto é uma pequena homenagem à Margarida Pereira e ao seu excelente blogue "Criativemo-nos". Um dos seus post's fez-me recordar esta história...
H.S.C

terça-feira, 19 de maio de 2009

A crise em directo na TV

Tenho a obrigação de ler jornais e revistas. E também de ver televisão. Para estar informada...
Fujo, confesso, da imprensa nacional. Nesta, apenas leio a "opinião" daqueles a quem respeito. Não são muitos.
Fujo, igualmente, dos programas televisivos pretensamente intelectuais - como "A quadratura do círculo" - que me deixa intoxicada, ou dos pretensamente humorísticos - como "O eixo do mal" - que, pelo atropelo de vozes, não permite apreciar o suposto finíssimo humor.
Logo, ficam-me alguns programas do 2º canal, com destaque para a Camara Clara, da Paula Moura Pinheiro, onde aprendo sempre alguma coisa.
Sobram as telenovelas. Olho de quando em vez as brasileiras, cujo enredo permite vizualização quinzenal para se ficar a compreender quem são os bons e os maus e prever o fim da história.
Qualquer ensaio de sair disto provoca-me fortíssimas dores de cabeça. Em pessoas menos sólidas do ponto de vista psicológico decerto que a consequência imediata será a depressão.
Pobres daqueles idosos que só tenham a TV por distração. Além das dificuldades económicas são obrigados a comer a crise - de ideias - em directo. É pedir demasiado aos portugueses!

H.S.C

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vale a pena fingir?

Crise? Não parece...
Ontem assisti ao espectáculo dos Globo de Ouro, transmitido pela Sic, num litle remake dos Oscars em Hollywood. Todos os anos sou convidada e apenas uma vez apareci. Foi, justamente, na primeira gala que se fez. Explico porquê.
Tenho estima e apreço por Francisco Balsemão que tem inegáveis qualidades. E sei que, também para ele, os tempos não estarão a ser fáceis. Por isso admiti que neste doloroso 2009 nem sequer houvesse festividade. Mas houve.
E, ao ver as beldades - homens e mulheres - a desfilar pela passadeira, tive a noção que a crise já passara e tinhamos voltado aos tempos áureos do consumismo.
Todos sabemos que para além da entrega dos prémios aos melhores entre os melhores, o espectáculo vive das toillettes das convidadas. Umas muito bonitas. Outras nem tanto.
Compradas? Alugadas? Emprestadas? Não sei. Nem me interessa.
Apenas pergunto se vale a pena um tal show de indumentárias num país em que apenas um escasso numero as poderá chamar de suas. E, de caminho, tambem pergunto se vale a pena alugar ou pedir emprestado fatos para ostentar, qual Cinderela, sabendo que terão de ser devolvidos à procedência, já não digo a partir da meia noite, mas logo na manhã seguinte...?
Quem é que se pretende iludir com a figuração? E o que é que se pretende alcançar com tal representação?

H.S.C

domingo, 17 de maio de 2009

Pronto, já está!

Pronto, já está! Vem uma criatura retemperada, a pensar no próximo fim de semana e apanha logo um soco no estomago.
Novo engano nas estatísticas. Afinal a performance nacional é só a pior das últimas tres decadas. Não há nada que se salve. Excepto o nosso PM que, embora preocupado, nos diz que apesar de tudo, nos posicionámos melhor do que a média europeia...
Haverá paciência?
Não haverá ninguém que faça compreender aos nossos governantes que todos precisamos da verdade e não de falácias?
Não haverá ninguém no PS com coragem de dizer que "o governo vai nu"?
Não haverá na maioria uma alma que denuncie que estamos a comer o futuro de filhos e netos e a comprometer vidas que nem sequer podem pronunciar-se?
Pronto, já está! Estragada a boa disposição e aniquilados os post's bem humorados.

H.S.C

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sair

Sabe muito bem ser egoísta de quando em vez. Sair é, para alguns, uma forma de se libertarem do "ram ram" quotidiano. É o meu caso. Quando atinjo um certo limite de tolerância ao meio ambiente nacional, emigro por uns dias. Umas vezes vou para fora cá dentro, outras, saio mesmo. Desta volta fiz as duas.
Numa fui com a minha querida amiga Rita Ferro à Feira do Livro da Benedita, a convite das gentes da terra. Para falarmos do "Querida Menopausa" que escrevemos a duas mãos. Tratadas como convidadas de luxo. Vieram-nos bucar e trazer e ainda nos ofereceram um opíparo almoço no Gambrínus, casa onde sou uma raínha. Enfim, se vivessemos numa monarquia, ter-me-ia sentido como parte integrante da nobreza...
Na outra saltei para a minha segunda terra, a França. Uns dias em Paris puseram-me de bem com o mundo, esquecida do fadário eleitoral. Porque lá sou outra pessoa.
Peguei no carrinho de sempre e andei, andei, andei. Também a pé, "flanando" pelos meus sítios predilectos, parando aqui e acolá. Fui à livraria do costume, ao meu bistrot de eleição, à esplanada preferida, ao restaurante de toda a vida.
Depois...depois segui as dicas do Embaixador Seixas da Costa no seu blogue e fiz-me à vida escolhendo, como convidada, dois ícones gastronómicos, daqueles onde só vamos a expensas de outrém. Em boa hora o fiz, porque comi divinamente em companhia não menos divina...
Tornei retemperada mas com o pé a pular-me para novo fim de semana prolongado. Nem digo onde fiquei para não despertar invejas e o fisco não considerar o facto como "sinal exterior de riqueza". Porque se tratou, sobretudo, de um sinal interior de beleza!

H.S.C

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A nossa ocasião...

"Quatro coisas são, na vida irreversíveis:
A pedra depois de atirada
A palavra depois de proferida
A ocasião depois de perdida
O tempo depois de passado"
(Provérbio chinês)

Nem eu sei porque me lembrei desta filosofia chinoca. Mas lembrei. De certo, agora, porque nesta crise conturbada sem fim à vista, ela nos toca particularmente.
Como toda a gente já perdi ocasiões. Até mesmo aquelas em que falei, quando deveria ter estado calada. Sucede aos melhores...
Mas a ocasião perdida para um país é irreparável. E se o país for Portugal, o meu coração estremece. Amo esta terra com paixão e não queria ter nascido noutro lado. Julgo poder dizer que jamais serei europeia antes de ser portuguesa.
Porque será, então, que receio tanto que tenhamos deixado passar a "nossa ocasião"?

H.S.C

sábado, 9 de maio de 2009

Já começaram...

Já começaram as agressões verbais e não só, a propósito das eleições europeias. Tinha que ser. Vamos ter isto em dose tripla. Por enquanto, estas são as mais inofensivas. A coisa vai começar a aquecer a partir das próximas.
Muito pouco se tem falado de Europa e da importância das suas instituições. Ninguém parece estar interessado em esclarecer os votantes. Quando muito, ficam-se por esse estranho elogio, quase colectivo, ao Dr. Durão Barroso que, agora, também conta com o apoio do PS nacional!
As campanhas deveriam ser conduzidas para ajudar o eleitor a tomar a decisão que, do seu ponto de vista, melhor servisse o nosso país. Nada disso. Elas servem, apenas, para cada uma das forças políticas a concurso ganhar votos de reforço partidário. E algum dinheiro, claro. Dos "contribuintes" que, neste domínio, têm... double face. A nossa, de pagantes de impostos obrigatórios, e a daqueles que gostam de "contribuir" para certos peditórios. Para, com a sua contribuição e de forma mais ou menos nebulosa, salvar interesses próprios...
Tudo o resto é, infelizmente, paisagem.


H.S.C

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Transparências...

Às vezes sinto-me envergonhada com o que se passa no país. Badalamos basófia, mas na altura da prova final, zarpamos de imediato. Ou, pior, fingimos que somos diferentes!
A 25 de Abril o Presidente Cavaco Silva pede, a quem de direito, contenção nos gastos eleitorais, depois de esquerda e direita andarem, durante meses a atacarem-se mutuamente e a insurgir-se com a falta de transparência no financiamento de "certos" partidos.
Pois bem, para começar, inicialmente estavam previstos 100 milhões de euros para financiar os três actos eleitorais, dos quais a fatia maior, 70,5 milhões de euros, dizia respeito às subvenções estatais decorrentes da lei.
A 17 de Abril a Assembleis da República aprova o orçamento suplementar que faz disparar aquela verba para 88,3 milhões. Razões? Difusas.
Do seu lado, as 13 forças políticas prevêm gastar 8,2 milhões. Mas, como se tudo isto não bastasse, a transparência foi à vida, com todos os partidos a estarem de acordo com as entregas em espécie por parte daqueles que os queiram financiar.
Queiram? Alguém me explica, nesta matéria, a diferença entre "querer" e "convir"?

H.S.C

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A banda desenhada

Aprendi muito com o Vasco Granja. Nem sempre me empolgava com as suas escolhas. Mas elas foram-me, sempre, imensamente didáticas.
Gosto muito, e há muitos anos, de banda desenhada. Corto Maltese e Lucky Luck - tão diversos - são os meus heróis. Com este último consigo, mesmo, sentir-me uma Calamity Jane...
Transmiti este gosto aos filhos e aos netos que, aliás, me ultrapassaram em conhecimentos.
A morte de Vasco Granja é também a pequena morte de uma parte das nossa vidas. Fica, enquanto cá estivermos, a sua suave lembrança.


H.S.C

Da riqueza ou do endividamento?

As previsões da Comissão Europeia para Portugal em 2009, tornadas públicas em Bruxelas, apontam para um endividamento público que consumirá 75 % da riqueza e para um defice na ordem dos 6,5%.
A Comissão traça um cenário de agravamento da economia nacional até final de 2010, com um desemprego que rondará os 10%, as exportações em queda contínua, um defice de cerca de 6,7% e uma redução do investimento privado.
Tudo confirmando, portanto, as previsões já feitas pelo Banco de Portugal. Que põem mais uma vez a nu que a crise internacional só veio agravar uma crise endémica que já existia no nosso país antes dela.
Mas, apesar dos números revelados para este ano, ninguém fala de orçamento rectificativo. Porque será?

H.S.C

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dia da Mãe

Ontem dividi o meu tempo entre família e profissão. Metade do dia passei-o nas comidas, a outra metade a assinar livros na Feira dos ditos. E como trabalho com várias editoras, parecia uma "salta pocinhas" a correr duma para a outra.
Maravilho-me sempre com a disponibilidade das pessoas para conversarem com os autores. Eu sou uma felizarda porque todos os anos descubro novos leitores e, surpresa, de classes etárias cada vez mais baixas...
A sessão com "As Nove Magníficas" correu lindamente. E pude confirmar algo que já intuía: a história divulgativa tem cada vez mais leitores. As pessoas gostam de conhecer o passado do seu país contado em moldes diferentes dos livros por onde estudaram.
Estafei-me, mas vim para casa feliz!
H.S.C

Dia da liberdade de imprensa

Na sequência de uma sessão de autógrafos dos livros que ainda posso escrever, lembrei-me da comemoração do dia da Liberdade de Imprensa. A qual, de acordo com o Relatório Anual da Freedom House, desceu pelo sétimo ano consecutivo e enfrenta tempos mais difíceis com a ameaça da crise económica.
De acordo com o relatório, a Itália e Israel desceram da categoria de "países livres" para "países parcialmente livres", o que é entendido como paradigma do declínio da liberdade de imprensa em países democráticos.
De acordo com o director executivo da Freedom House "a profissão de jornalista está encostada à parede e a lutar para sobreviver, à medida que as pressões dos governos, de outros actores poderosos e da crise económica global crescem". De facto, esta crise gera cada vez mais coacção sobre os media ameaçando o clima de lucros a que estavamos habituados nos últimos anos do século XX.
Em Israel as tentativas oficiais de influenciar a cobertura do conflito de Gaza terão sido uma das principais razões da descida. Já em Itália será o recurso crescente aos tribunais para limitar a liberdade de expressão que, juntamente com a concentração dos meios sob a batuta de Berlusconi, se apontam como os grandes responsáveis da queda verificada.
Não tenho elementos sobre Portugal, mas não estou nada descansada quanto ao seu futuro!

H.S.C

sábado, 2 de maio de 2009

O aniversário

O meu filho mais velho nasceu no dia 1 de Maio. Quando ainda não eramos livres - somos? - este dia era uma cruz. Não como a do Eng. Socrates, mas como a de alguém que queria festejar o aniversário do filho e o policiamento das ruas tudo dificultava.
Os anos foram correndo, a criança politizou-se e o aniversário acabou por ir à vida, dado que o jovem aniversariante queria sempre participar nas comemorações oficiais.
No princípio doeu-me. Depois, depois habituei-me. Se era aquele o festejo que o tornava feliz, porque não?
Um dia, bendito, ele foi pai. E essa circunstância alterou-lhe um pouco a visão dos festejos próprios, já que os meus netos queriam partilhar a data com o progenitor. Foi o bastante para eu ter, também e de novo, o aniversário do filhote de volta.
Ontem jantámos todos e ouvimos fado. Na voz da Aldina Duarte, de quem somos fãs. Casa repleta. Nem parecia haver crise. E eu fiquei comovida de voltar a poder celebrar os anos do meu "velhote", num dia 1 de Maio que é só meu e da minha família!

H.S.C