terça-feira, 21 de abril de 2009

Da liberdade

Vamos, nos próximos dois dias, falar de liberdade. Melhor, falar do 25 de Abril. O que, entre nós, significa o mesmo.
Ninguem nega, julgo, a importância que teve, para Portugal, o movimento que acabaria por nos abrir as portas ao sonho de sermos um país diferente. Mas creio que começa a ser necessário aprofundar o que representaram estes trinta e cinco anos. E o que significa ser livre. Para que possamos entender o que nos aconteceu e porque nos aconteceu.
As palavras revolucionárias são pertença de um tempo próprio. Por isso já não são suficientes. É preciso muito mais para se celebrar a liberdade.
H.S.C

4 comentários:

muipiti disse...

Redescobrir Abril é preciso!

Rui Pinho disse...

Sou leitor atento do seu blogue. Não o conhecia, apesar de a admirar. Leio-o desde que deu uma entrevista (penso que na Antena 1) num programa dedicado ao tema. Aprecio a sua sinceridade intelectual, e acho que revejo em si muito do que bebi em casa de meus pais. Fui criado (com mais seis irmãos) sem orientação política unica, sem imposições de espécie alguma, com a total liberdade de escolha. Nasci pouco antes do 25 de Abril, tendo apenas a experiência daí resultante, mas acho que nestes anos todos, em matéria de liberdade, regredimos. E porquê? Porque perdemos o sentido da palavra. Passamos da vontade de sermos livres ao exemplo de libertinagem. Irrita-me o facto de as pessoas acharem que a liberdade individual é superior à colectiva. Já não há o sentido do bem comum, diluiu-se no tempo. As pessoas acham que não têm nada a ver com tudo o que as rodeia. Já ninguém quer saber dos outros, vivemos cada vez mais fechados em nós e nos nossos, no nosso núcleo de família e amigos. Estamos a tornar-nos um povo egoísta. Eramos uma espécie de bairro antigo, uma Alfama gigante, ou uma Ribeira estendida. Todos nos preocuvamos com os nossos mas sem esquecer o comum. Tudo isso se perdeu para cada o individuo. O País está transformado num condomínio de luxo, onde todos entram pela garagem e só nos conhecemos pelos carros. As pessoas da manutenção que tratem do resto...

Helena Sacadura Cabral disse...

Tenhamos esperança que a geração dos meus netos não queira alinhar nesta falsa modernidade. Como já, aliás, muitos da sua geração, felizmente!
Sei do que falo porque os conheci, como alunos, na Universidade. E que tenho, hoje, o privilégio de ter como amigos. É gente que sofre ao ver o país no estado que está e ao perceber que parte do seu futuro foi hipotecado. Mas que não desiste de lutar pelo que de ambos resta.
Abençoados sejam!

Rui Pinho disse...

Lutar, lutaremos sempre. Se nos deixarem...
Continue a testemunhar, que nós, do tempo em que os mais experientes eram ouvidos, havemos de beber do excelente que testemunha. E havemos sempre de lutar.
Bem haja!